Almofadas que compartilham o mundo das letras coloridas
e macias.





Equipe:
Inajah Cesar Moreira
inahcesar@yahoo.com.br

Mariana Castro
marirccastro@gmail.com

Grupo social:

Turma de Educação Infantil
Rosana Candreva

CIEP Presidente Tancredo Neves
Rua do Catete, 77 – Catete – Rio de Janeiro / RJ

O projeto foi realizado no CIEP Presidente Tancredo Neves em uma turma de Educação Infantil. A turma passa o dia em um rodízio de atividades. Grupos se juntam para brincar, contar histórias e fazer pequenos trabalhos com o auxilio da professora. Observamos que a função da Rosana dentro de sua sala é norteada pelo respeito ao que há em volta e aos amigos, fazendo com que seus alunos percebam que estar na escola vai além de aprender a ler e escrever. A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular da Rosana reconhecemos como tema para o projeto: “Com respeito príncipes e princesas compartilham um mundo novo". Uma das atividades que está relacionada com a frase tema é a roda, onde todos compartilham e aprendem juntos, exercitando o ato de ouvir e falar. Com as primeiras experimentações observamos que era importante pra Rosana que seus alunos se divertissem brincando e aprendendo, mas que ela pudesse estar no comando. O lúdico deveria estar presente para despertar a atenção e curiosidade dos meninos, mas era importante o uso de uma ferramenta que permitisse uma intervenção da professora caso fosse necessário. Realizamos como objeto final um conjunto composto por almofadas coloridas que se relacionam e ilustram letras, números e comandos educativos. As almofadas foram confeccionadas em brim (azul, amarelo e vermelho) e os desenhos bordados a mão a partir de recortes de tecidos variados. O objeto final foi utilizado em roda, onde as crianças podem compartilhar todos os seus aprendizados. Rosana colocou todas as almofadas em uma esteira de bambu e deixou que os alunos fizessem associações livremente, porém um de cada vez, respeito a vez do outro.

Conclusão (Inajah Moreira)

Fazer projeto permitiu que eu pudesse voltar a um lugar de que sempre me lembrei com muito carinho e perceber que os mesmos valores que eu recebi a anos atrás ainda estão vivos ali, no cuidado e no amor que existe na relação entre professores e alunos. Através de um olhar mais educado e atento pude aprender com cada menino que estava naquela sala nos recebendo com tanto amor, como se já fizéssemos parte daquela família, porque a sala da Rosana era isso, um ambiente completamente familiar, onde a cumplicidade e o cuidado pairavam no ar. Observei no tempo de convivência a importância de pequenos gestos e declarações, do valor de uma palavra bem colocada e cheia de sentimentos. Reconheci em muitos rostinhos o meu próprio quando fazia parte daquele ambiente, porque independente do motivo, absorver o CIEP deixa marcas para sempre e é confortante poder dizer que assim como eu, muitas crianças vão sair dali com lembranças de momentos de amizade e com certeza vão poder reconhecer que ali começou sua construção de caráter e valores humanos. Viver projeto serviu para abrir olhos e coração, enxergando no outro um pouco de mim e me deixando ser percebida da mesma forma, através de tudo que pode ser compartilhado e sentido. Estar rodeada de “almas afins” na barraca só enriqueceu meu aprendizado sobre o que me falta, completa, prejudica e define. Observei através dos olhos do outro a minha teimosia e o meu medo de não acertar. Senti a minha dureza quanto a voltar atrás, mas através disso pude dar mais valor ao passo seguinte.

Senti que muitas vezes quero realizar mais do que posso e atrapalho o tempo natural das coisas. Respirei fundo e treinei esperar, a ser um pouco mais paciente, a observar e ler, com cautela. Soube pedir ajuda, soube ajudar como se estivesse fazendo por mim e para mim, enxergando com o coração que o beneficio era só meu e o aprendizado também. Encontrei cumplices, pude reconhecê-los e foi o ponto de partida para que eu percebesse que eu podia amar mais, me doar mais, mesmo quando achava não ter nada a oferecer. Me permiti falar, mas com mais cuidado, porque o que eu queria era ser doce, mesmo quando tinha alguma coisa errada. Aprendi sobre pedir desculpas, não por um atraso, mas por algo capaz de ferir ou chatear o outro e a nós mesmos e foi ai que comecei a pensar mais antes de simplesmente dizer e a me manter calada na hora certa. Através dessa convivência que parecia diária, como quintal de família, pude me fazer transparente em todos os momentos, mas principalmente quando algo ou alguém me traziam felicidade, olhar nos olhos e sorrir. Aprendi a olhar atenta e deixar que entre uma piscada e outra algo fosse dito ou desvendado. Reconheci o valor de um sorriso e da falta dele, e como eu sorri. Foram muitos os momentos em que o sorriso parecia não querer ir embora. Olhando para tudo que foi vivido, vejo o projeto como um momento de autoconhecimento somado a importância de conhecer, aceitar e amar o outro, convivendo com qualidades e defeitos, aceitando dias de sol e de chuva com a mesma intensidade. Esse projeto me ensinou a ler o mundo, captando todos os detalhes e sempre me permitindo errar para depois acertar, num constante exercício, aceitando e recebendo com calma os imprevistos e surpresas, já que eles podem surgir para melhorar, trazer alegria e fortalecer nossa confiança e fé. O Projeto me permitiu parecer forte todo o tempo, senti a importância de estar leve e inteira em tudo que eu fizesse, deixando as certezas e expectativas de lado, esperando o tempo de fluir.Com a escrita das gratidões pude ver o valor de tudo que é sutil e anteriormente passaria despercebido. Através de todo esse registro pude observar como fui ficando mais atenta aos detalhes, dando valor as partes, separadamente do todo.

Agradeço a Rosana que me conquistou a partir do dia em que enxerguei como ela era querida por todos. Tudo era a Tia Rosana. E justamente por isso foi tão importante estar por perto. Reconhecer seu amor pelo trabalho, sua dedicação e atenção em grau elevado para a formação de crianças justas, porém sem julgamento ou rótulos. Agradeço a Rosana por permitir que seus alunos sejam livres e cheios de opinião, sem rédeas para que todos caminhem juntos, o que ocorre normalmente e do jeitinho deles, de uma forma doce e atrapalhada. Minha gratidão também à forma como ela nos ensinou com suas histórias e por nos incluir e permitir que fôssemos tão amadas em seu espaço. Minha gratidão a tudo que nos foi dito como justificativa de suas escolhas, deixando claro o que norteava o seu trabalho. Essa convivência me ensinou a cuidar e a respeitar, olhando com carinho para todos que estão a minha volta e a ser sincera e doce em todas as minhas relações, sempre compartilhando para crescer.

Agradeço a Mariana por uma parceria intensa e cheia de aventuras e verdades. Agradeço pelo controle na hora de agir e de realizar o trabalho, visando sempre o que era melhor para todos que estavam envolvidos. Pude aprender que a construção de uma amizade começa com tranquilidade, assim como no projeto, mas são as turbulências que tornam tudo mais forte. Agradeço a Mari por não ter me deixado sozinha em nenhum momento, sempre sorrindo e com palavras amáveis quando eu precisei. Minha gratidão a tudo que foi construído e realizado com carinho e dedicação por ela, que muitas vezes cansada mantinha o ritmo sempre enxergando lá na frente. Esse tempo em que passamos juntas, trocando experiências, satisfações, tristezas e alegrias me fizeram aprender sobre a importância de estar perto de alguém admirável, que nos conquista com pequenos detalhes e nos deixa cientes do quanto ainda há para ser aprendido. Todo o meu carinho a essa menina que me ensinou a ter confiança e mais determinação.

Conclusão (Mariana Castro)

É difícil responder à essa simples pergunta “Para que serviu fazer projeto para mim?”. Pude escutar respostas de colegas lá na barraca, mas isso é algo tão pessoal que em nada me ajudou a escrever a minha. Bom, para mim, fazer projeto serviu para me fazer aprender a amar. Amar quem te cerca, quem te aconselha, quem te olha, quem, de alguma forma, troca algo com você para o seu bem. Foi assim que me senti durante todo o semestre: amada, acolhida. Ao mergulhar em um universo de uma escola pública, aprendi a ser extremamente grata por tudo o que tenho e sou na vida. Aprendi a amar de uma maneira muito intensa 25 crianças e sua professora logo nas primeiras semanas de trabalho.

Fazer este projeto me serviu para, daqui pra frente, sempre querer dedicar meu tempo, paciência, conhecimentos e amor para aqueles que precisam de mim. Foi isso que Ana e Vicente fizeram conosco desde o primeiro dia de aula e foi isso que fiz com a turma da Rosana. Na verdade, acho que o que aprendi não foi a amar, mas sim a dar um novo sentindo a este verbo. Incluir nele outros infinitivos que fazem dele mais rico, mais verdadeiro. Pude constatar que, mesmo diante de inúmeros obstáculos, não desisti e enfrentei meus problemas para que a minha “obrigação” com aquela turminha fosse cumprida. Acordar cedo, virar a noite, machucar as mãos, refazer experimentos... tudo isso valeu muito a pena, pois me fez sair desta barraca uma pessoa diferente: maior; melhor.; uma pessoa que agora conjuga de outra forma o verbo amar.

Agradeço a Rosana por nos acolher com tanto carinho durantes todo o semestre e sempre ter um tempo para dedicar as crianças e a nós. Isto gerou em mim muito respeito e admiração por uma profissional que não tem igual, em toda a sua paciência com as crianças e em seu jeito meigo e protetor de tratar cada um. Isto me fez aprender a ser uma pessoa melhor, uma pessoa que acolhe aqueles que precisam de atenção e que supera qualquer desafio para ser o melhor que pode.

Agradeço a Inajah por ser, acima de tudo, minha grande companheira durante toda esta jornada. Isto gerou em mim estreitar meus laços de amizade com ela e descobrir nela uma amiga na qual posso contar em todos os momentos. Ela esteve sempre ao meu lado, choramos e rimos juntas. Nunca, em todo esse tempo, ela me abandonou, jogou o trabalho todo pra mim. Se chegamos até aqui foi juntas, tendo compartilhado variados momentos de planejamento, produção, compra de material, sorrisos e abraços carinhos. Fez-me aprender que quando você confia no outro e se entrega para ele, você recebe toda essa confiança de volta. Com certeza, uma das melhores coisas que me aconteceu neste semestre foi tê-la bem perto de mim para poder também aprender a amá-la.

Conclusão (Rosana Candreva)

Toda dinâmica de seleção de palavras, de formação de uma única frase significativa até a confecção de materiais pedagógicos foi muito interessante e gratificante, pois proporcionou-me momentos de reflexão sobre as dificuldades, facilidades e necessidades reais vivenciadas no ambiente escolar; dos recursos e estratégias utilizados para atingir objetivos que norteiam a minha prática pedagógica de contemplar os valores humanos, o universo lúdico infantil e a inserção dos alunos de Educação Infantil no mundo letrado, que é um mundo novo, de inúmeras possibilidades de desenvolvimento pessoal e coletivo. Sendo assim, a frase “Com respeito príncipes e princesas compartilham um mundo novo” tem toda a correlação à minha filosofia de trabalho. Todo o processo contribuiu de forma positiva e com certeza atingiu sua finalidade. Parabéns pela iniciativa e trabalho!

Disciplina: DSG 1002
Turma:
Professores: Ana Branco e Luis Vicente

e-mail: ana.branco@rdc.puc-rio.br

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