Brincando com coragem para confiar e conseguir






Equipe:
João Guilherme Bach
jg.bach@hotmail.com
Sabrina Freitas
sabrina5s5freitas@gmail.com

Grupo social:
Leo Souza Nader
leonader@gmail.com

Escola municipal Pedro Ernesto
Rua Professor Abelardo Lobo número 5, Lagoa

Resumo:

Nosso projeto foi realizado na Escola Municipal Pedro Ernesto, localizada à rua Professor Abelardo Lobo nº 25, Lagoa, onde fomos gentilmente acolhidos pela coordenadora de ensino, Prof.ª Amanda da Silva Oliveira. Nosso intercessor foi o professor Léo Souza Nader, que dá aulas de Educação Física para alunos com idade de 7 a 10 anos das turmas de primeiro ao quarto ano do ensino fundamental, que nos cativou ao nos receber de “braços abertos” e pelo seu interesse no projeto e na vontade de participar. Também ficamos encantados com o local agradável onde ocorriam as aulas de Educação Física, com árvores, brinquedos, quadra de esporte e um amplo espaço para as crianças brincarem. Durante os encontros observamos e registramos as atividades do intercessor, quais sejam: equilíbrio na corda bamba (slackline), pular corda, “plantar bananeira”, futebol, “pique-pega”, jogo de pisar no pé entre outras. Um aspecto que nos chamou atenção foi a forma como o professor tratava as crianças, que apesar da pouca idade, respeitavam o professor e participaram ativamente das atividades propostas por ele sem que fosse necessário brigar ou repreendê-las. O intercessor dava bastante liberdade às crianças, se preocupando com o bem-estar e a segurança de cada um. Em um dos nossos encontros ele comentou: “Essas crianças vêm de um lugar onde o estresse e discussões podem ser frequentes, então vir para a aula e eu ficar brigando, tentando fazê-los seguir a atividade não é a coisa certa”. A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular do professor Léo reconhecemos como tema para o projeto: “Coragem para confiar e conseguir”. Conversando sobre os experimentos priorizados pelo intercessor com os professores Ana Branco e Vicente Barros, chegamos ao conceito definido pelo Partido adotado, presente nas atividades que envolveram manter o equilíbrio, poder confiar numa coisa que ele não está vendo ou enfrentar o desconhecido de olhos vendados. Essas atividades trabalharam a confiança e estimularam a coragem por ter que enfrentar algo conhecido e visível com o slackline ou o desconhecido com uso da caixa de areia que esconde bichos ou com o uso de vendas para caminhar em direção ao som. Também trabalharam a coragem através da percepção sensorial das crianças e na capacidade de enfrentar o desconhecido aumentando a confiança nela e nos outros para conseguir vencer o desafio proposto. O objeto final foi composto por três elementos que se complementam: o Bastão do Equilíbrio com Guizos feito com peças e um cano de PVC de dois metros dividido em três partes para melhorar a portabilidade, fitas com peças de plástico para regular a altura e desconectar com facilidade do bastão, argolas de alumínio e guizos para os chocalhos; o Cano Misterioso com extensão de um metro e feito de tecido de algodão e com uma abertura em cada lado com diâmetro de quarenta centímetros feitas com arames encapados por mangueiras de plástico e o Busca Sonora composto pelo Cano Misterioso e os chocalhos com guizos. O intercessor utilizou o Bastão do Equilíbrio com Guizos para ajudar no equilíbrio da criança que andava na atividade do slackline. O aluno segurava o bastão com as mãos entre as divisões do bastão ao mesmo tempo em que o professor segurava no bastão e não no braço do aluno aumentando sua confiança, pois sabiam que o professor estava garantindo a segurança dela sem ser segurada diretamente por ele. Os chocalhos pendurados nas pontas, por fitas reguláveis, emitiam som ao encostar no chão avisando à criança que precisava melhorar o equilíbrio. O intercessor utilizou o Cano Misterioso para estimular o contato físico entre os alunos. O professor colocou o braço de um lado do cano, o aluno colocou o braço no outro e tentou encontrar a mão do professor e, sem ver o que tinha dentro do cano, tentava descobrir o que havia em sua mão ou qual movimento o professor estava fazendo, se mexendo, apertando ou segurando um objeto estimulando o contato físico, a imaginação, a confiança no outro e a coragem de enfrentar o desconhecido sem ver. Para a atividade de Busca Sonora o intercessor fez um capuz dobrando o cano misterioso em dois torcendo-o no meio e juntando as bordas. Chamou três alunos. Um para usar o capuz e dois para segurar os chocalhos. Os dois alunos com os chocalhos escolheram um lugar da quadra para ficar parado. Em seguida o intercessor pediu para que um deles balançasse o chocalho até que a criança que estava com o capuz o encontrasse. Depois era a vez da segunda criança sacudir o chocalho e a de capuz seguia em sua direção. A brincadeira terminou somente quando os dois alunos são encontrados estimulando a capacidade de localização a partir de estímulos sonoros e a coragem de andar sem ver o que está à frente, mas somente o que está abaixo. O uso de capuz e não de vendas para os olhos aumentou a segurança, pois permitiu que a criança visse o chão e se sentisse mais confiante para encontrar o colega que sacudia os chocalhos.

Sabrina

Quando eu soube, nos primeiros dias do projeto 2 de Planejamento, que eu teria que encontrar uma escola pública e trabalhar como trabalhei no projeto 1 me animei. Pensei logo em ir a escolinha que estudei e não ficava muito longe da PUC, infelizmente não consegui. Também não consegui outra onde eu queria muito fazer este projeto, foi frustrante. Mas se não fosse assim eu não teria feito na escola Pedro Ernesto. Fazer esse projeto até o fim serviu para ver que não poderia ser de outro jeito, eu estava na escola certa com o professor intercessor certo para desenvolver a coragem, confiança, força, persistência, atenção e tudo mais que agradeci no projeto todo. O aprendizado gerado em mim me fez uma design e pessoa melhor. Fazer o projeto com as crianças da escola Pedro Ernesto, que em sua maioria vieram da Rocinha, como eu, mesmo morando em Guaratiba agora, eu me identifiquei com aqueles olhinhos brilhantes que queriam saber mais e mais sobre mim e o que eu fazia por lá. Falar do projeto e da PUC a elas era tão bom, me dava inveja por eu não ter tido alguém assim na minha vida, quando mais nova, para me inspirar ou pelo menos saber que existia algo mais além de brincar e ver TV. Acredito que mesmo muito tempo depois que este projeto acabar irei perceber coisas nele que não percebi antes que irão gerar mais aprendizados em mim. Nesses 6 meses foi gravado em mim experiências e aprendizados inesquecíveis para toda vida. Obrigada a quem estiver lendo por conhecer essa parte corajosa e confiante de minha vida. Agradeço ao Léo pelo fato de colaborar com nosso projeto sempre mantendo o equilíbrio entre as atividades das aulas dele e as atividades do projeto. Com isso foi melhor trabalhar com ele e gerou em mim confiança e respeito no projeto do começo ao fim. Sempre foi encantador as reações dos alunos com ele usando os objetos, a observação foi tão boa que eu ficava boba de surpresa, não sei como expressar isso. Só sei que conviver com a realidade das aulas dele eram bonito, nostálgico e puro. Agradeço ao João pelo fato de ter sido muito produtivo, essa parte produtiva de criar objetos e brincadeiras foi muito divertida e que gerou em mim o aprendizado, pois apesar de ser bastante criativa ele é uma pessoa de criatividades muito ligeiras, ele tinha boas ideias mais rápido que eu, ideias que dava vontade de conhecer e melhorar com ele. Eu o ajudei um pouco com a parte dos desenhos, digo um pouco, pois acho que não o ajudei a se animar tanto com essa parte como ele me animou para os experimentos. Foi uma dupla muito boa para conversar e trabalhar, soubemos entender e confiar bem um no outro sempre aprendendo algo mais com a convivência neste projeto.

João Guilherme

Quando percebi que o projeto 1002 seria bem parecido com o anterior eu fiquei bem animado, já tentando imaginar que outro curso eu iria trabalhar pelo período. Mas, quando descobri que iríamos fazer em escolas públicas fiquei sem saber o que fazer, nunca fui muito bom em conhecer pessoas ou trabalhar em um local cheio de pessoas desconhecidas (que eu sabia que ficariam olhando para mim) já me deu calafrios, mas mantive a postura e a confiança que “não iria ser tão mal assim”. De alguma forma eu estava certo, não foi nada mal, na verdade foi muito bom. Aprendi que tudo tem seu lado oculto, mas não que isso seja ruim, o lado oculto que me refiro é a história construída em que cada grupo de pessoas e, com o Léo, aprendi que é importante ter em mente esse “lado oculto” sempre que for fazer uma dinâmica ou desenvolver um produto. Aprendi com a Ana Branco que dar prioridade a materiais finitos (que se dissolvem na natureza em pouco tempo) pode ser uma escolha mais adequada para alguns objetos e inclusive produtos. Aprendi com o Vicente Barros a sempre observar o material usado (principalmente orgânico), pois nem sempre ele pode estar “saudável” o suficiente para atividades de força e impacto. Aprendi com o Léo o valor de ser recebido de braços abertos, de ser tratado com respeito e simpatia, a riqueza imensa que é trabalhar com crianças e como podemos contribuir para o crescimento saudável delas através do ensino e das nossas atitudes e, finalmente, aprendi o que é ser um bom professor, uma referência para seus alunos, um seguro ponto de apoio para as crianças. De certa forma também fui aluno do Léo neste semestre e agradeço muito por isso. Aprendi com a Sabrina por sempre estar disponível e atenta para detalhes do projeto que por muitas vezes passaram despercebidos por mim e ao mesmo tempo complementava nosso trabalho com suas habilidades, seu relacionamento com crianças me ensinando a “ver pelo lado delas”. Agradeço ao professor Léo pelo fato de ter tido paciência em experimentar tantas iscas e variações sempre de forma atenciosa e colaborativa, por suas sugestões que foram tão importantes para o andamento do nosso projeto e por ter acreditado em nossa capacidade de construir algo que pudesse ajudá-lo nas aulas com as crianças que gerou em mim gratidão por conviver com o professor, vê-lo se divertir como nossas iscas e seus alunos e, ao ser um verdadeiro intercessor para mim e minha dupla neste semestre, gerou em mim uma nova forma de ver o um novo mundo e como deve ser um professor numa escola pública.  Agradeço à Sabrina pelo fato de ter participado ativamente do projeto, sempre com novas ideias e materiais diferentes, por ter encontrado nosso intercessor, pela sua motivação, otimismo e bom humor que gerou em mim ânimo frente às dificuldades, reconhecimento das minhas competências, confiança na dupla e coragem para tentar o simples. Foram muitas horas juntos, conversando, discutindo sobre o projeto, rindo de ideias malucas, indo e vindo dos encontros com o intercessor e aos poucos fomos ficamos amigos e até estudamos juntos outras matérias.

Disciplina: DSG 1002
Turma: 1AD / 2015.1
Professores: Ana Branco, Luis Vicente Barros, Luciana Grether, Vanusa Maria de Melo

e-mail: anabranc@puc-rio.br

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