Mundo das coisas no avental





Equipe:
Gabrielle Ferreira Pinto
gabrielle189189@gmail.com
Paula Luiza Luna Januário da Silva
paulalunaa@hotmail.com

Grupo social:
Ambrozina Lima de Souza
ambrolima@yahoo.com.br

Escola Municipal Goiás
Rua Goiás, 248. Encantado, Rio de Janeiro - RJ. CEP: 20756-120

Resumo:

Nós fizemos o projeto em Engenho de Dentro na Escola Municipal Goiás juntamente com a professora Ambrozina de Souza. Sua aula ocorria diariamente no período da manhã em uma turma denominada TGD (transtornos globais de desenvolvimento) com autistas e, especialmente, com um aluno hiperagressivo. Sua principal função era praticar a alfabetização e o reconhecimento dos números com a turma de forma lenta e repetitiva a fim de que o problema de fixação fosse superado. Em todo início de aula a professora tinha o cuidado de passar a rotina no quadro determinando em ordem cronológica quais eram as tarefas e os acontecimentos naquele dia, essa sua atitude chamava a atenção dos alunos para si e dificultava a constante dispersão daquele grupo. A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular de Ambrozina reconhecemos como tema para o projeto: "Vamos cantar e escrever o que a gente sente para cair no mundo". A professora desenvolvia seu método de ensino além das palavras pois possuía uma coletânea de cds de datas comemorativas que eram colocados todos os dias. Ela se aproveitava das letras para mostrar aos alunos como se escrevia e como era a estrutura de palavras simples do dia a dia como: ovo, sol e uva. Foi definido como objetivo do projeto que deveríamos nos focar em: juntar os pedaços dos bonecos com o próprio corpo; juntar as letras para fazer a escrita; e juntar o som com o tempo. Sempre no movimento de unir o abstrato (mundo interior) com/para perceber a realidade (mundo exterior). Como objeto final foi feito um avental que poderia ser colocado na parede tomando a função de painel, um globo que abria ao meio, mapas dos continentes, elementos que representavam a variação do tempo: nuvens, o sol, gotas de chuva, raios; 4 bonecos de dedos de animais (sapo, porco, galinha e coelho) e seis bonecos de dedos representando cada um dos alunos. O avental foi feito de carpete azul e tecido branco costurados à máquina. Já o globo foi feito de tiras de folhas de revistas coladas uma na outra usando um molde circular para a manutenção do formato redondo, depois de secos os semicírculos receberam uma cada de papel kraft, foram cobertos por malha azul e as partes foram unidas por um zíper verde. Os elementos do tempo foram feitos de feltro branco, azul e amarelo, preenchidos de acrilon e costurados à máquina. Tanto os animais quanto os bonecos de dedos dos alunos foram feitos de feltro, bordados à mão e costurados os acabamentos à máquina. A professora coloca o avental e abre o globo para retirar de dentro os elementos que compoem o planeta. Inicialmente ela se preocupa em alertá-los sobre o espaço/tempo, então, ela gruda nuvem, sol ou chuva para comentar sobre o tempo lá fora. Ela utiliza os continentes para dar noção a eles de que eles vivem em um planeta no qual existem países, cidades e continentes distantes um do outro. Os bichinhos servem para contar uma história, comentar sobre as direfenças entre o ser humano e o animal, para cantar músicas que fazem referência a sua espécie e para aumentar o contato com os alunos e a participação dos mesmos nas atividades, já que precisam colocar os dedos nos bonequinhos. Os bonecos dos alunos são usados para fazer a chamada ajudando na representação de quem está presente e de quem faltou, valorizando também a participação pois eles levantam e grudam seu próprio boneco no avental. No final de seu uso a professora pendura o avental na parede o que permite que os alunos tenham acesso direto as informações passadas naquele início de aula.

Conclusão final Paula::

Escolhi fazer esse projeto pois meu objetivo era continuar com a proposta do projeto 1 de trabalhar diretamente com pessoas. Foi incrível ter tido novamente essa oportunidade em um lugar diversificado como Escola Municipal Goiás. Me senti viva, me senti útil, me senti grata por cada dia que eu ia a escola e era recebida com um sorriso pela parceira e de braços abertos pelos alunos. Desde o porteiro até a diretora, todos contribuíram para a desconstrução de pensamento que eu tinha sobre autistas e “seus mundos”. Esse processo ampliou minha visão de mundo pois cada dia que eu chegava e via o transporte especial trazendo os alunos, a quantidade de remédios e seus respectivos familiares esperando o horário da saída para levá-los ao tratamento do dia, eram novas experiências que me tiraravam de minha bolha e me faziam perceber que o que era novo para mim era o dia a dia deles. Ter participado tão de perto de tudo isso foi único. Agradeço a Gabrielle pelo fato de ter sempre estado atenta a cada etapa do projeto, me animando e fazendo tudo com afinco e dedicação. Agradeço pelas palavras ditas no momento certo, sua compreensão perante meus problemas pessoais e conversas no longo caminho até a PUC. Pela nossa amizade que foi construída com risadas e brincadeiras, mas fortalecida pela nossa entrega e paixão pelo projeto. Seu jeito de ser me motivava e despertava em mim a vontade de me dedicar tanto quanto ela para que o projeto fosse executado da melhor maneira possível. Agradeço a Ambrozina pelo fato de ser esse ser humano que se preocupa tanto com o próximo a ponto de ir além de suas forças pelos seus alunos, que segundo ela, são sua família. Anos com a mesma turma não fizeram que a professora desistisse ou desanimasse, sua alegria diária, amor e dedicação, renovavam a esperança dos que estavam a sua volta. Com ela aprendi a entender mais o próximo, sua vida despertou em mim um desejo de ser útil pois quando ajudamos alguém recebemos mais do que oferecemos. E sua alegria em meio a um trabalho cansativo reflitia isso.

Conclusão final Gabrielle:

Fazer esse projeto foi uma experiência única recheada de desconstruções e aprendizados. Me ensinou que uma sala de aula não tem que ser do modo “tradicional”, que, aliás, podemos repensar todo nosso modo de viver e de se comportar. Ter escolhido trabalhar em uma turma com jovens autistas com certeza mudou minha percepção do mundo e fez com que eu valorizasse mais todos os presentes que a vida me dá. A professora Ambrosina se tornou, para mim, um exemplo. Agradeço a Ambrosina pelo fato de dar suas aulas de maneira tão dedicada e altruísta, o que me mostrou quão importante é a função de um professor, gerou em mim inspiração e renovou minhas crenças nos seres humanos. Agradeço também pelo carinho e cuidado que ela tem com as pessoas, seu jeito de ser e agir em pró do outro e por seu otimismo ao encarar a vida, mesmo quando se trata de casos ou pessoas que a colocam para baixo. Isso me ensinou que, não importa o que aconteça, não devemos perder a fé e a motivação para seguir fazendo o que acreditamos ser certo. Agradeço a Paula por ter me escolhido como dupla e por ter se tornado minha amiga nesse caminho, o que não foi muito difícil, já que ela é uma pessoa maravilhosa, divertida, companheira, bastante comunicativa, entre outras coisas. Com isso aprendi uma outra perspectiva, um outro olhar sobre a vida, além de várias histórias que me enriqueceram como ser humano. Por fim, não posso deixar de registrar aqui nossa frase: “Vai dar tudo certo!”

Avaliação completa do Intercessor

Considerando o resultado positivo dos materiais elaborados de forma eficiente e criativa, bem como o envolvimento com a turma assistida e com a professora, no geral, o desempenho da dupla de alunos da PUC foi excelente.

Disciplina: DSG 1002
Turma: 1AC
Professores: Ana Branco, Luis Vicente Barros, Luciana Grether, Vanusa Maria de Melo

e-mail: anabranc@puc-rio.br

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