LUIZA FIALHO CONCLUSÃO 2015.1



Agradecimentos da disciplina Biochip

por Luiza Fialho

10.03.15

Agradeço a rede feita de corda de rami pelo fato de ter me mostrado que

quando a gente confia junto, a gente relaxa e fica em paz.

Como o movimento organiza; como só ficamos confortáveis quando cada

parte da rede está confortável também. Se um ponto gera movimento, a

rede toda está em movimento. Agradeço por experimentar o movimento

natural ao invés do movimento imposto. Este momento gerou me mim paz e

vontade de voltar para a rede. Já sinto saudade.

No dia a dia nos permitimos nos atropelar. Como essa experiência foi

importante para eu me lembrar de respirar. Além disso, tanto na rede como

na vida, precisamos estar dispostos a ceder, precisamos querer fazer parte.

A fala como ordem não adianta nada.

Essa experiência também me gerou esperança e vontade de buscar mais

redes para a construção de projeto, ideias e nas minhas relações. Quando

estamos em rede a pressão é distribuída e o bem estar é compartilhado.

Obrigada.

12.03.15

Eu agradeço a corda de sisal pelo fato de ter criado uma rede menor,

possibilitando o contato direto com cada integrante dela. Confiamos juntos

muito mais rápido, estávamos confortáveis, brincando lado a lado, se

movimentando lado a lado. Isso gerou em mim um sentimento de

pertencimento daquela rede e mais ainda: Agradeço a rede por termos

vivenciado a experiência de receber outra rede em nós. Como estávamos

abertos para isso a adaptação aconteceu de forma divertida, natural, leve...

criamos uma rede ainda mais bonita, mais forte... O que gerou em mim um

sentimento de segurança e alegria geral. A sensação foi como se eu tivesse

acabado de fazer um monte de amigos, quando eles saíram eu senti um

vazio, senti saudades.

Agradeço também a rede pelo fato de vivenciar a experiência de entrar em

uma nova rede e fazer parte dela e de um grupo novo, gerou em mim

coragem para poder “se jogar” nesse novo. Ainda que de maneira sutil, a

rede provoca e desperta muitas questões em mim. Como por exemplo o

fato de eu ser exibida – e rabisquei tanto no papel original que dava pra ver

como era difícil de falar sobre isso –, só percebi agora que, talvez, na

semana anterior eu tivesse gostado de ficar no meio da roda, por algum

momento, sem nem me tocar de que estava gostando, é claro que eu queria

que a rede desse certo, mas, talvez, a vontade de aparecer estivesse no meu

inconsciente. Agradeço por ter percebido isso, hoje já foi diferente. Quando

estamos em rede, assim como na vida, devemos buscar a harmonia pelo

equilíbrio, se todos nós tivermos o mesmo peso e a mesma leveza será

maravilhoso. A rede compensa qualquer diferença. =)

17.03.15

Eu agradeço a cenoura pelo fato de ter me permitido investigar formas,

experimentar sabores. A partir dessas formas, gerou em mim aquela

sensação gostosa de “Hmmmmmm, que delícia!”. Agradeço também por ter

visto a partir da cenoura sobre como todos nós queremos juntar o céu com

a terra de alguma forma. Como ela faz isso com facilidade, gerou em mim

encantamento e inspiração.

Como podemos driblar nossa percepção como formas lúdicas, como cada

forma tem uma textura, um sabor diferente. A cenoura ralada fininha fica tão

doce! Aquela parte de cima que ninguém come é meio salgada! Tudo foi

aproveitado, experimentamos e bebemos o experimento de cada um,

celebramos, trocamos...

Como sou grata por participar disso, por fazer parte.

19.03.15

Eu agradeço a corda de rami pelo fato de ter provocado amarrações em

dupla, o que gerou em mim, antes de mais nada, conforto e tranquilidade.

Acredito que por eu ter chegado hoje tão esbaforida a aula tenha caído

como um respiro, um momento leve, que é como eu gostaria que fossem

todos os meus dias. (Vou buscar isso!)

Bastou poucos minutos ouvindo sem querer falar em seguida, sem

ansiedade mas, ouvindo e internalizando o movimento, internalizando sobre

como fazemos parte de um sistema interdependente; como é mais fácil se

entregar quando os dois estão de costas, como é gostoso se jogar e como

temos que tomar cuidado para o conforto não se tornar comodismo,

acomodação... ainda que a pausa do movimento da rede tenha sido

importante para lembrar de respirar, dividir tensões etc.

Agradeço também a corda pelo fato de ter experimentado entrar na teia de

outra dupla e receber outra dupla em nossa teia. Um grupo novo gerou em

mim mais movimento, movimento sincronizado, natural, foi outro tipo de

satisfação: uma satisfação que se move e que é compartilhada.

Eu agradeço a corda de rami pelo fato de ter experimentado virar rede em

mim mesma. Esse movimento foi de descoberta constante e percebi, em

mim, a vontade de dividir essas descobertas – falando – , acontece que a

maioria estava ocupada com as próprias descobertas e a forma que

aconteceu esse compartilhamento foi visual, estávamos observando e

aprendendo juntos, um experimentando a ideia do outro. Gerou em mim

essa provocação com relação a fala. Já tinha descoberto que falar não

adianta e que a linguagem é o movimento. No exercício individual essas

questões ficaram mais fortes, mais claras.

31.03.15

Eu agradeço ao experimento de saborear as cores pelo fato de ter estado

presente em cada parte do processo, o que gerou em mim muitas surpresas

positivas! Experimentei a troca com o outro enquanto ralávamos a

beterraba ; agradeço a beterraba por ser tão doce e ter uma cor que pinta a

pele fácil, me pintei de beterraba, nos pintamos! Gerou em mim alegria

geral e vontade de compartilhar essa experiência! Agradeço a abóbora pelo

fato de ter sido apresentada a uma abóbora doce, que não era quente, nem

frita, nem cozida e que gerou em mim muita satisfação, foi muito divertido

brincar com a massinha de abóbora formada pelo voal quando fizemos o

suco. Me foi revelado um cheiro delicioso! Agradeço também ao inhame por

ter me surpreendido com tudo: sabor, cheiro, textura... fiquei apaixonada

pelo inhame – só o imaginava como purê – hoje, parece que se abriu um

universo de formas de se comer/beber o mesmo alimento. Agradeço ao

repolho roxo também pelo fato de mesmo sendo um tanto “exótico” se

apresentou como cor e gosto, mostrou que em determinadas misturas pode

se tornar um luxo! Agradeço ao momento, por ser tão gostoso e leve, por

estarmos juntos e se divertindo. A aula gerou em mim muito amor.

07.04.15

Eu agradeço ao processo de fermentação pelo fato de me mostrar outro

caminho possível para a alimentação. O processo de cozinhar vivo gerou em

mim prazer, satisfação e calma – desde ralar os alimentos até fazer a

compota da melhor forma possível –. Enquanto isso ouvimos histórias, nos

reconhecemos no outro... foi uma delícia danada!

Agradeço ao conhecimento compartilhado, as histórias compartilhadas, aos

que estavam aqui presentes pelo fato da troca, por eu poder absorver e ver

a transformação acontecendo nos alimentos (como a soja fermentada) e em

nós mesmos. Gerou em mim esse sentimento bom de gratidão mesmo. =)

09.04.15

Eu agradeço a aula de fermentados pelo fato de ter podido desmistificar o

“tabu” de comer o alimento “borbulhando” em processo de digestão.

Gerou em mim uma experiência incrível de sabores, texturas e surpresas.

Agradeço aos alimentos que picamos na aula de hoje: pimentão, cenoura,

tomate, maçã, alho, cebola, e especialmente a cebolinha – que me mostrou

o quanto ela é surpreendente por dentro, tem uma babinha muito gostosa!–

pelo fato de termos mais um momento reunidos, compartilhando histórias e

os próprios alimentos! Um ensina o outro, sem falar nada, descobrimos

diferentes formas de picar o mesmo alimento.

Agradeço ao momento do fazer, onde todos nós paramos para olhar a

mistura dos ingredientes e também pelo fato de termos tido a grata

surpresa de um ingrediente extra, trazido pelo João – uma misturinha de

côco maravilhosa –. Gerou em mim gratidão, despertou curiosidade através

do cheirinho que começava a se espalhar pela sala, tudo muito gostoso.

Agradeço ao momento em que paramos para comer e à música de gratidão

que cantamos, pelo fato, de estarmos todos ali, naquele momento. Gerou

em mim um sentimento tão bom que eu tive vontade de congelá-lo no

tempo, guardar pra mais tarde, só pra poder mostrar pra todo o mundo o

que estávamos vivendo ali e reviver de novo e de novo.

14.04.15

Eu agradeço a experiência com a areia, pelo fato dela ter me ensinado,

ainda que por um segundo, a virar areia. Faz dias que eu quero ir a praia ,

ontem prometi para mim mesma que iria hoje, porém discuti como não

discutia há muito tempo em casa, fiquei arrasada, perdi a hora da praia, do

trabalho, vim pra aula ainda com o chôro embargado e virei areia. Que sorte

a minha, encontrei paz, tive a chance de ser pequenininha como o toque de

um grão de areia que quando despejado no braço se fez tão presente.

Quando abri os olhos procurando identificar qual grão era o de cada toque

no meu braço percebi que era impossível e não fazia sentido trata-los como

diferentes naquele momento... Como fui grão na medida em que somos

todos areia, iguais. Diferentes grãos, mas iguais... formamos uma textura,

quando juntos podem se aprofundar em nós, podemos virar chuva de areia.

Gerou em mim muitas reflexões, felicidade, sorriso no rosto, paz, sentimento

de agradecimento por ter entendido isso.

28.04.15

Eu agradeço a aula de desidratação com semente germinada pelo fato de

ter podido trabalhar em conjunto, rir em conjunto e estar em conjunto

ralando abóboras, chuchus, descascando amendoim e fazendo o nosso pão

vivo. Agradeço a aula por estar curtindo todas as etapas do processo e

tenho certeza que a parte em que comermos será: “Hmmm! Delícia!”

O sabor está sendo construído, hidratado, fermentado, desidratado. Me

sinto parte de um ciclo e sei que ele não começa e nem acaba em mim, eu

só sou um pontinho e isso também é incrível! Agradeço a experiência de

conhecer o amendoim germinado com casca e o ter conhecido branquinho;

agradeço ao chuchu por ter desmistificado que ralá-lo sem tirar a parte

branca é possível e que não amarga. Isso tudo gerou em mim um

sentimento de pertencimento a algo maior, gera vontade de compartilhar

trocar, eu gostei muito de aprender sobre esse pão alternativo, estou

encantada.

Gratidão dos filmes

Agradecimento referente ao filme CAMELOS TAMBEM CHORAM

Agradeço ao filme, pelo fato de ter me mostrado de perto uma mágica que

acontece frequentemente. Assistir o ritual daquela família nômade e

perceber a sensibilidade deles com a natureza, com a música e com os

camelos foi incrível. Como o som do vento conversou com a mãe do

camelinho branco e que emocionante foi vê-la chorando. Gerou em mim um

sentimento de encantamento, como tudo está ligado, como o universo é um

mistério e, ao mesmo tempo, parece simples quando tudo se resolveu com

a música certa que ela precisava escutar. Agradeço a visão especial que o

filme trouxe sobre viver de uma forma diferente. Quando as crianças vão até

uma outra cidade e uma delas se encanta com a televisão, ao chegar em

casa e pedir uma para a sua família ela ouve que uma televisão só mostrará a

ela imagens de vidro e eu achei este comentário sensacional! O filme gera

reflexões constantes, tem muitos detalhes para serem digeridos, e cada vez

que assisto o filme me conta uma coisa nova.

Agradecimento referente ao filme PONTO DE MUTAÇÃO

Agradeço ao filme ponto de mutação pelo fato de ter me mostrado que

apesar de antigo, tráz uma proposta de um mundo sustentável, colocando

debates muito pertinentes sobre as relações humanas dadas pela interação

de uma cientista, um político e um poeta… gerou em mim vontade de que

essas relações sejam construídas, de que conversemos mais com pessoas

diferentes e com cabeças diferentes, isso faz a sociedade caminhas pra

frente: cabeças diferentes abertas a um novo, que ainda não existe.

12.05.15

Eu agradeço a aula em que provamos os verdes pelo fato de ver beleza em cada tom da paleta, em cada textura, em cada cheiro. Como achicória rende suco comparado aos outros verdes, como a grama de trigo é doce! Como a hortelã pode mudar tanto de cor quando vira suco? Como é diferente prova-los sozinhos e misturados! Gratidão por ter experimentado isso. Gerou em mim ainda mais curiosidade com relação aos outros verdes que ainda podemos experimentar por aí. Agradeço pela abundância, pelo fato de deixar-nos tão criativos! É uma outra forma de pensar, de entender que não somos engrenagens, mas seres completos. Aula de viver a vida. Agradeço pelo fato de estar tão presente, como todos os outros alunos, pelo fato de conseguirmos superar tão facilmente o chamado “mal do século” que é a ansiedade com tanta facilidade, sem fazer força. Lá o tempo espera. Gerou em mim vontade de compartilhar essa sensação e esse aprendizado com o mundo! Que todos saibam que outro caminho é possível! Gratidão!

15.05.15

Eu agradeço ao filme turista espacial pelo fato de me provocar a respeito de como um filme de total ficção pode ser ao mesmo tempo tão real? Agradeço ao filme pelo fato de ter a sensação de me sentir parte do rumo em que o mundo está tomando no filme e na realidade, de me incomodar com isso. O sistema, o egoísmo humano, a má utilização dos recursos naturais, sobretudo a falta de pureza do ser humano, tomado por sentimentos ruins, transtornado pelo ritmo de vida imposto pela sociedade. Gerou em mim vontade ser a mudança, de buscar um caminho alternativo e de compartilhar esse filme com todos! Assim, quem sabe vejamos como somos o retrato da ignorância e o que devemos fazer para mudar isso, principalmente a partir das pequenas coisas, como paciência com o outro.

17.05.15

Eu agradeço a aula de desenho na horta, pelo fato de ter me aproximado tanto com a natureza, gerou em mim um contentamento pleno. Agradeço a generosidade dos donos da casa por nos deixarem virar criança e se atracar com chuchus, tomates, flores, manjericão, pé de tangerina... que delicia! Cozinhar naquele lugar foi realmente incrível, sensação única e tão simples! Fizemos uma mesa linda, com mandalas salgadas no azulejo. Agradeço ao “nhonhoim”, ao “croc croc”, ao doce da cenoura, ao ardido do rabanete, todos juntos formaram uma mandala linda e que prazer foi oferece-los para os nossos amigos. Gratidão pela música cantada, pelo solzinho que estava tão gostoso e pelas companhias sensacionais! Precisamos sentir mais a terra, escutar o que ela tem para nos dizer, estar em contato mesmo. Pois esse exercício gera em mim um sentimento de gratidão sem igual, e como é bom se sentir grata. Agradeço por a cada dia que passa, aprender um pouco mais sobre gratidão, pelo fato de me sentir mais e mais preenchida por ela. Gerou em mim paz, leveza, alegria por ter percebido isso.

“Toda gente cabe lá Palestina, Xangri-Lá Vem andar e voa Vem andar e voa Vem andar e voa Lá o tempo espera Lá é primavera Portas e janelas ficam sempre abertas Pra sorte entrar Flores enfeitando Os caminhos, os vestidos, os destinos E essa canção” Marisa Monte – Vilarejo ; até parece que ela foi também! Gratidão.

19.05.15

Eu agradeço a argila pelo fato de ter conhecido mais sobre ela hoje. Gerou em mim empatia e mais respeito pela terra. Agradeço por ter descoberto que a argila tem eletricidade e que é uma velha senhora de uns 15 milhões de anos. Gerou em mim muito respeito por isso. Agradeço a chance que tivemos de nos tornar argila pelo fato de sentir sua textura, de compartilha

la com o nosso grupo, de formarmos algo único em grupo. Agradeço a aula como um todo, pelo fato de mais uma vez escutar sobre como devemos estar atentos ao meio em que vivemos e a aprender com os animais. Hoje falamos sobre como as formigas são solidárias e vejo como podemos aprender com elas. Isso gera mim uma plenitude e conforto pela sensação de que somos todos iguais nesse ponto vivo da coisa. =) Agradeço pela reflexão quanto a moradia pelo fato do exemplo dos índios que queimam a casa antiga para começar uma nova história, e sobre como construímos esse pensamento de armazenar coisas, de guardar tudo para sempre ao invés de buscarmos nos integrar a um ciclo mais sustentável. Gera em mim vontade de mudança e busca constante por estar atenta as sutilezas, para enxergar aprendizados óbvios.

26.05.15

Eu agradeço a aula de desenho de investigação com manutenção de temperatura, pelo fato de ter experimentado novos sabores e cheiros como o feno grego, maravilhoso! Fizemos um delicioso risoto vivo: comemos juntos, cantamos juntos, agradecemos juntos, limpamos juntos... foi tudo uma delícia! Gerou em mim vontade de compartilhar com a família. Agradeço a turma gostosa, pelo fato de trabalharmos tão bem em grupo, penso que estamos gerando um movimento em rede que está se difundindo em nossas outras relações no que diz respeito a coletivizar processos, sou muito grata por isso, gera em mim novas perspectivas a respeito do mundo. Agradeço diretamente ao feno grego pelo cheirinho e mal posso esperar para sentir o cheiro do meu suor amanhã. Agradeço a panela de barro, ao ato de cozinhar com as mãos, pelo fato dessa energia boa que gerou em mim muita paz e alegria.

02.06.15

Eu agradeço a aula de investigação com frutas pelo fato de ter podido desfrutar da goiaba, doabacaxi, da manga, doamendoim germinado, do abacate, das uvas passas...Que presente! Que delícia! Fizemos mandalas lindas e dentro de cada unidade formamos, na mesa, uma única mandala, feita das nossas partes, que já não eram mais nossas, pois a oferecemos ao outro. Com a mesma alegria, pude receber parte da nossa mandala pelo outro também, que sentimento bom. Comer a beça e ainda sair flutuando! Agradeço também por ter ouvido sobre como somos criativos na abundância e sobre como podemos descobri-la, percebe-la. Comer é se sentir amado, como é maravilhosa a sensação de oferecer comida a alguém.

09.06.15

Eu agradeço ao fogo, pelo fato de ter sido provocada a repensar sobre a forma em que sempre lidei com ele. Gerou em mim a sensação de estar me abrindo ao novo e quebrando alguns paradigmas estruturais, como o fato dele ter de sair debaixo da panela para o centro da mesa, pelas provocações geradas na barraca, como por exemplo: “Como estudar uma coisa que só aprendemos a destruir? Por acaso para estudar a água secamos antes tudinho?” Gratidão, Ana. Fogo é um ser vivo, é o sol na terra. Ele nos ilumina e é impossível de ser poluído, olha só, que máximo! Agradeço também aos autores apresentados hoje, em especial, Humberto Maturana, que muito me emocionou com a Plegaria del estudiante, traduzida belíssimamente aqui, na barraca: “Não quero a verdade, dê me o desconhecido”. “Me diz que o desconhecido não se pode ensinar e eu digote que, tão pouco, se ensina o conhecido”. “ Eu tomarei de ti a tua ignorância para construir a minha inocência”. “ Não te das conta de que tem querido combater a ignorância com a instrução e a instrução é a afirmação da ignorância, porque destrói a criatividade?” Gerou em mim identificação imediata, como se as palavras fossem para mim, como se uma janela se abrisse para dentro de meus olhos... Gratidão

16.06.15

Eu agradeço... pelo fato de... que gerou em mim... Que aprendizado! Conviver com o Biochip nesse semestre foi muito melhor do que eu poderia imaginar! (Eu imaginei tantas coisas...) A aula desperta um novo eu, de forma leve e tão natural que me faz acreditar que esse novo eu sempre esteve comigo, porém, agora, mais atento, desperto. Fechar os olhos e reviver o que passamos na barraca; as conversas geradas a partir das experiências vivenciadas aqui (na barraca); os nós e desnós estruturais que acenderam em mim como o aprendizado com o fogo... Hmmmm, que delícia! Muito obrigada mesmo! Experimentar as cores; os verdes; virar areia; virar argila, deixa-la ser em mim; me emocionar com a terra; encantar-me com alfaces, tomates, chuchus de Correias; virar criança todos os dias. A aula desperta o melhor mim. Meu eu criativo? Sai pra fora, brincando! Levo comigo, além do conhecimento sobre um caminho de alimentação viva, uma nova perspectiva de mundo, uma nova forma de enxergar caminhos (aliás, que presente ter sido apresentada a Humberto Maturana). Levo comigo o aprendizado de que somos terra, de que

devemos nos atentar para as sutilezas, de buscar formas para desviar àquilo que é imposto (como a água que desvia), de aprender sempre com a cenoura que consegue ser ponte entre o céu e a terra. Levo ainda mais curiosidade, respeito e a alegria de ouvir histórias, de saber calar sem fazer esforço, levo a rede que criamos e a ideia de rede para outros lugares, outras relações... MUITO OBRIGADA!

19.06.15

Eu agradeço ao filme de hoje, a conversa com o Tura e Monica, pelo fato de ser tão óbvio e só agora conseguirmos enxergar. Por ser tão claro que o coletivo move e direciona ações...Gerou em mim vontade coletivizar ações por onde quer que eu passe, quero procurar fazer isso, sempre. Agradeço a demonstração linda de fé e religiosidade de todos os entrevistados e especialmente ao Tura que, apesar de se dizer ateu, só demonstra fé e amor pelo que ele acredita e faz. Gerou em mim uma admiração profunda por balões, por baloeiros, pelo fogo, pela vida. Agradeço o aprendizado de assistir a um trabalho que não tem ego; que envolve um amor profundo, mas que liberta; que não tem assinatura. Pelo fato de que, talvez, dentro do design exista muito ego e muita assinatura de uma pessoa só, que ignora a tudo e a todos os que passaram pelo o processo de construção de uma ideia. Ninguém faz nada sozinho, mas estou cercada de pessoas que adoram ter reconhecimento exclusivo, assinatura. Hoje vi o quanto isso me incomoda e o quanto eu posso me alegrar com esse outro caminho óbvio, que só precisa ser visto e que vou frisar ainda mais nas minhas relações de trabalho. Gratidão por esse sentimento que gerou em mim, de atitude e amadurecimento.

20.06.15

“Eu agradeço porque eu posso”. Que lindo foi o nosso dia em que as horas passaram alheias a nós ao invés de nos ditar o ritmo dos compromissos e nos impor o que fazer, como correr atrás de coisas que não são importantes. Como eu quero conservar essa sensação de leveza única para sempre. Eu agradeço à companhia, aos novos e aos experientes integrantes da disciplina. Agradeço a eles pelo fato de conservarem um afago dentro do peito e um sorriso sincero, um prazer inenarrável de estar alí. Gerou em mim um sorriso frouxo e um coração quentinho, abraçado por toda aquela delícia. Eu realmente não sei dizer com palavras a mudança que está acontecendo em mim, e o que acontece toda a vez que eu entro naquela

barraca mágica . É uma emoção muito grande, está a flor da pele! Deus nunca esteve tão presente nos últimos tempos. Particularmente, eu estava com um sentimento de raiva antes da festa da prova, por uma briga tão boba com uma amiga que não vale a menor justificativa. Como nós deixamos crescer sentimentos ruins dentro da gente? O que eu sei, é que sem precisar falar nada sobre isso, sem precisar pensar sobre o que me deixou assim, eu saí da festa da prova com o peito limpo e aberto, com desejo de amor e de abraço ao invés de briga, não temos nada a ver com briga, somos criaturas de amor, de luz! Já fizemos as pazes, nos abraçamos, choramos, pedimos desculpas... O sagrado está presente em cada pontinho de nós e em cada pedacinho daquele lugar mágico. Que essa sensação fique eternizada para sempre em mim e que ela reviva diariamente. Agradeço por me enxergar no outro, agradeço por ser apresentada ao óbvio, agradeço por começar a conseguir passar esse aprendizado a diante, levar um pouco disso tudo para outros lugares e outras relações como é de meu desejo. Agradeço por ter conhecido a Ana e me emocionar toda vez que falo dela. Agradeço a isso tudo pelo fato de despertar em mim o melhor de mim, o que eu quero ser quanto indivíduo completo, terráqueo e cheio