Juliana Rangel CONCLUSÃO 2016.1



Agradecimentos das aulas de Biochip

Dia 07/03/2016
Eu cheguei na faculdade com pressa, dor e energia negativa. Logo chegando na aula, fui sendo tomada pela calma, e assim, diluindo conforme a troca ia acontecendo, as informações sendo passadas. Quando fomos formando a teia, minhas dores começaram a diminuir. Quando fizemos a caminhada para fora da sala, eu era a “última”, e fui sentindo a calma me tomando. Ao formarmos a roda e mirarmos o desenho coletivo, senti carinho. Primeiro pela turma, pelas plantas, pelo agora. E então, ao tencionarmos a corda e sentirmos o colo, pelo Sisal. Senti carinho, um abraço apertado por toda a conexão que me proporcionou aquele colo num momento tão sensível. Me senti cuidada, as dores passaram e me senti plena. Ao afrouxarmos a corda, realmente senti saudade! E foi aí que aprendi, eu acho. Aprenci que o Sisal está realmente vivo! Ele gravou as informações na gente e eu ainda conseguia sentir o balanço e a calma, até me trouxe sono e sorrisos. Na caminhada de volta para a sala, eu vim andando sem nem perceber os passos, só sentia o embalo na cintura, como nos foi avisado que aconteceria. Isso me deixou muito impressionada. Gratidão! Ao dia de hoje e ao colo que eu estava precisando. Gratidão ao aprendizado, cada vez mais minha vida ganha sentido e amor. Gratidão ao Sisal por me dar esse presente, e a turma, que juntos me proporcionaram essa experiência. P.S.: As dores realmente melhoraram.

Dia 11/03/2016
Gratidão primeiro pela aula de hoje, que me fez sair de casa em um dia difícil. Hoje eu senti muitas diferenças em relação a aula passada. Encontrei mais dificuldade em uma teia pequena do que nas teias maiores. Acho que isso vai me dizer muitas coisas sobre estar em coletivo, vou ficar pensando sobre. Adorei a parte em que entramos e recebemos as teias. Me provocou memória das informações das minhas vivências, acho que isso pode me trazer paz e aceitação sobre elas, uma vez que já me foi difícil entrar em teias antes, e entender que isso é natural, traz cura. Hoje eu senti gratidão por conhecer melhor a turma, tomar banho de chuva, receber cola da teia de novo e de ter o presente de aprender mais e mais. Isso tudo tem me feito muito bem. Estou ansiosa para a próxima aula.

Dia 14/03/2016
Que gratidão depois de quase vinte e um anos finalmente conhecer a cenoura. Como é engraçado isso, o jeito louco que a gente vive... Sem nem se conhecer, sabe? Eu estou feliz e sentindo amor ao ver como as coisas realmente tem vida! Muda o gosto, a forma, a cor. Isso é lindo demais! Quero fazer uma comparação aqui: eu me apaixonei pelos mês pelos quando descobri que eles tem vida própria, por mudarem de cor e forma ao receberam a chance de crescerem e existirem, e essa foi uma das coisas mais maravilhosas e importantes que aconteceram comigo. E agora, aprendendo tudo isso, tenho sentido como se eu estivesse tendo o presente de viver isso de novo, mas dessa vez, estando em toda parte. Hoje eu também quero agradecer por ver a turma se abrindo e conhecendo cada vez mais. Essa nossa convivência vai ser linda e muito rica, já dá pra ver. Ansiosa de novo para a próxima aula.

Dia 21/03/2016
Gratidão a corda de Rami, que hoje nos uniu mais ainda. Primeiro por nos interligou em duplas e depois nos trouxe consciência corporal, nos deixando assim, coletivamente mais presente e mais próximos. Eu gostei muito da cordinha de Rami, ela é carinhosa, tem uma textura de carinho. Na parte da teia individual, eu sinto que não experimentei tanto quanto gostaria, porque estava de saia e infelizmente senti vergonha de deitar e botar minhas pernas pra cima. Mas a partir disso, consegui aproveitar meu processo de outra maneira, observando minuciosamente os colegas e aprendendo movimentos que eu nem imaginava, quero então experimentar eles em um outro momento. Inclusive, fiquei doida pra fazer isso em casa para relaxar, acho que vai ser super gostoso! Hoje eu cheguei triste que faltei a aula passada, mas como sempre, só de chegar aqui já sarou..

Dia 08/04/2016 Gratidão imensa ao filme que assistimos hoje, Camelos Também Choram. Que coisa mais linda, sutil, cheia de amor e poesia. Me deixou totalmente sem palavras. Foi importantíssimo ver todas aquelas coisas, paisagens e vivencias de uma realidade completamente diferente da nossa, e caramba, a questão dos camelos mãe e filho me perpassou demais em vivencias pessoais. Mexeu muito comigo. Eu não consigo expressar a gratidão que estou sentindo de ter visto aquela cena, em que com a música e carinho, eles fazem os camelos se aproximarem. E ao isso acontecer, toda a emoção retida no camelo mãe se extravasa e ela chora! Ela chora! ISSO É MAGNÍFICO DEMAIS PRA MIM, não consigo me expressar em palavras. Esse filme foi uma das coisas mais lindas que já vi e quero muito agradecer demais por ter me proporcionado isso. Gratidão!

Dia 11/04/2016 Eu agradeço a argila por: Ter me conhecido Ter me feito carinho Quando mais nos conhecíamos, mais macia ela ficava e mais carinho me fazia Ter me dado a resposta para as perguntas que venho me fazendo sobre meu corpo e gênero. Agora eu sei que o que eu sou e o que quero ser é isso, argila! Eu quero ter e fazer minha própria forma, como ela, mutável e não cristalizada, maleável e que pode voltar e mudar quando quiser Existir, por ter vivido tanta coisa até chegar a esse ponto Ter nos proporcionado a fala da Ana Branco sobre ser brasileiro e que é isso que estamos aprendendo aqui. Ter me ensinado e conversado comigo através da minha mão Ter sarado a feridinha da minha unha que estava doendo a beça Gratidão a essa aula cada dia mais! É ela que tem que trazido sossego, paz e a esperança de que não está tudo perdido. Aqui eu posso existir.

Dia 15/04/2016 Eu agradeço demais por finalmente ter conhecido as cores de verdade! Que coisa mais legal e divertida! Foi muito interessante ter trabalhado em grupo, vendo a turma se unindo cada vez mais, e fazendo atividades tão lindas e coloridas e cheirosas, gerando em pigmentos incríveis. Que depois, conhecemos tomando-os e assim descobrimos que estes são as cores de verdade e que elas estão VIVAS! E tem sabores variados e texturas diferentes. Eu inclusive peguei uma massinha roxa depois, vou passar minha tarde brincando com ela, conhecendo ela ainda mais. Foi muito divertida essa aula, que incrível. Estou ansiosa pra contar pra todo mundo sobre essa experiência.

Dia 29/04/2016
Gratidão as filme La Belle Verte por ele simplesmente existir e ter se mostrado pra mim! Eu não vou ter muito mais o que falar sobre ele além de que o meu sonho é poder ir para aquele planeta, ou pelo menos para aquela tribo indígena LINDA com aquelas pessoas incríveis e amorosas demais. Mas é sério, eu queria mais do que a gente pudesse viver como aquele planeta. E eu fiquei em choque como sem nem saber, vejo um filme que traduz isso tudo, e que depois que acabou, vi muitos outros alunos dizendo a mesma coisa. Tomara que um dia aconteça! Tomara que a vivencia que temos no Biochip nunca acabe e sempre se expanda, e cada vez mais gente pense mais e mude mais e que um dia, possamos viver daquela maneira juntos. Sei que isso tudo parece besteira, mas é um sonho, e ele é lindo.

Dia 09/05/2016
Gratidão as conchas por se mostrarem pra mim. Fiquei pensando em quanto tempo e quanto chão levou para cada uma delas chegar até a minha mão. O quão difícil foi? Ou fácil? Qual deve ter sido a história de cada uma delas, assim como eu tenho a minha? Foi aí que eu percebi a nossa semelhança! De acordo com a história de cada conchinha, elas ficaram cada uma com uma cor diferente, formato diferente, ranhuras diferentes, texturas e espessuras e etc. Quais serão as minhas? Como meu formato e cor e marcas contam a minha história? Vou começar a olhar para mim mesma como olhei para elas e procurar por essa resposta. Além disso, percebi que entre elas também haviam semelhanças e então separei-as em grupos de cor. Me diverti muito fazendo isso, achei que é importante comentar. Ficou lindo no final! A prova de que a comunicação visual pode ser feita de uma maneira mais real e viva! Gratidão por me proporcionarem a experiência de fazer Design vivo.

O biochip foi essencial pra eu aprender como vivemos errado, e como podemos viver certo, juntos.

Não é uma aula só sobre comida, é uma aula sobre a vida.

Essas aulas foram a força e o motivo pra eu continuar vindo na PUC durante um semestre bem difícil. Durante essa crise que estamos vivendo, comecei a ter a esperança necessária pra fazer mudanças.

Mudanças essas, que aprendi com vocês que começa lá do inicio, quando escolhemos o que comemos.

Hoje eu quero agradecer a cada comidinha, cada manhã, cada miquinho que vinha sorrateiro assistir nossas aulas, cada historinha que a Ana nos contou, cada concha, argila, filme, corda que conhecemos, e a cada um de vocês. Tudo isso é o princípio da mudança, que me proporcionou o enorme presente de pensar coisas novas e me sentir diferente.

Há três meses atras, chegamos aqui outras pessoas, tenho certeza disso, e aprendemos juntos, na pele, o que é a informação. Por isso eu sinto um carinho tão grande e tão eterno.

Obrigada de coração, eu vou sentir tanta falta disso aqui.