Antonio Vignoli CONCLUSÃO 2016.2



Nesse semestre, com a convivência com o biochip no decorrer do nosso curso tive uma experiência incrível e surpreendente, pude aprender muitas coisas e mudei muito a minha forma de pensar.

Aprendi muito sobre a alimentação viva, sobre a informação contida nos modelos vivos e a importância que eles tem para a nossa alimentação, mas pude aprender coisas que foram muito além disso e que superaram todas as minhas expectativas. Para mim a alimentação viva é apenas uma materialização de uma parte de tudo que eu consegui adquirir de experiência e conhecimento no decorrer do nosso curso. Eu mudei meu olhar, mude minha forma de pensar. Todas as aulas e a experiência que eu tive participando delas fizeram muito mais do que me ensinar sobre alimentação.

Passei a me conscientizar da importância da vida, da terra e da nossa relação com ela. Como temos que construir uma relação orgânica e sustentável com a mãe terra, que nos provê tudo que é necessário para a nossa vida. Nossa sociedade precisa aprender a lidar com a vida de uma forma respeitosa, de cuidar da vida e saber valorizá-la. Se nós tratamos a terra do jeito errado ela reage, se tiramos seus elementos fundamentais ela entra numa espécie de processo de doença, que é o que acontece hoje no nosso mundo. E esse curso me mostrou que é possível mudar essa situação, que é possível reverter muito do caos em que vivemos, e que o primeiro passo pra isso é mudar nós mesmos, mudar esse micro cosmo que é o nosso corpo e mente, porque dessa forma podemos afetar os outros, podemos sim fazer a diferença e trazer a mudança necessária e precisamos acreditar nisso.

A experiência que eu tive nesse semestre fez com que eu abrisse a minha cabeça, me desprendesse de concepções que eu julgava estarem estabelecidas e abriu minha visão. Entendi a importância de não julgar e simplesmente se abrir para novas experiências e para o desconhecido, de simplesmente se permitir. E para isso as aulas mais importantes pra mim e que mais me marcaram foram as aulas que de reconhecimento da areia e das conchas. Na das conchas quando foi explicada a proposta daquela aula a minha primeira reação foi de estranhamento, de achar que aquilo não ia ter muito efeito e achar que eu não ia adquirir muito daquilo. Mas no momento em que eu peguei as conchas na minha mão eu senti vontade de chorar, e eu não consigo explicar porquê e hoje entendo que isso também não precisa de explicação. Eu senti uma conexão forte com aquelas conchas e vi que sim, que ali tinha vida, e elas estavam me afetando, fisicamente e mentalmente, pois comecei a sentir certos arrepios pelo corpo e em um dado momento eu senti quase como se eu estivesse num estado de transe. Acessei memórias minhas da época da infância quando brincava com as conchas e eu as contemplava, tentando entendê-las de alguma forma. Assim também como na aula da areia que eu tiver uma forte conexão com aquele elemento, e pude ver que mesmo sendo areia, mesmo parecendo em um primeiro momento que aquilo era simplesmente algo sem vida, eu vi que não, que na verdade eu estava equivocado d que aquilo era um elemento vivo. Porque eu também senti uma grande conexão com a areia, ela me afetou, com a vivência que eu tive com ela eu pude ter reflexões e sensações que me surpreenderam, pois eu nunca esperava ter. Com essas experiências eu pude ver a força de coisas que eu julgava serem simples e o poder que elas tem em nos afetar e nos trazer conhecimento.

Todo o processo das aulas, toda a forma como elas foram feitas me mostraram também que é possível adquirir conhecimento de uma maneira diversa daquele modelo clássico e arcaico de uma sala de aula em que a própria configuração espacial da uma ideia de hierarquia e no qual há uma imposição do conhecimento. Nessas aulas do curso eu senti que eu pude construir o meu próprio conhecimento, ele não foi imposto a mim. E o mais incrível é que para cada um de nós nas aulas o aprendizado foi diferente, as experiências foram diferentes e o que adquirimos delas e as conclusões que chegamos foram diversas e tenho certeza que todas elas foram especiais do seu jeito para cada um de nós. Essa forma de aprendizagem me fascinou, pois, numa aula em que todos nós temos a mesma proposta (como o reconhecimento da areia, por exemplo) cada um de nós tem reflexões diferentes e adquire uma sabedoria única dessa experiência, e particularmente nessa aula da areia foi muito interessante ver os relatos de cada um e como aquela experiência gerou resultados diferentes em cada um, e todos eles fascinantes na sua forma.

Acho que o aprendizado que se pode adquirir desse curso é tão vasto que eu mal consigo encontrar palavras suficientes pra descrever tudo que eu passei. Desde as primeiras aulas, como a do suco de luz solar, que era tão gostoso e superou minhas expectativas. Nas aulas da vivencia em rede que pude me conscientizar de que é possível confiar nos outros, e que se confiarmos as coisas darão certo, a rede vai se sustentar por conta própria, e nela todos nós temos o mesmo grau de importância e relevância. Ai eu vi que nós podemos ter uma sociedade horizontal, podemos se confiarmos uns nos outros. Com essas aulas e outras, eu pude ver que é possível fazer as coisas de um jeito diferente do que está por hora estabelecido, que é possível quebrar paradigmas, é possível sim e quando mudamos a nós mesmos e quando acreditamos e confiamos podemos fazer muito, fazer o melhor pro nosso planeta, para terra, para a nossa sociedade, e para toda forma de vida que nos circunda.

Ana, eu tenho muito à agradecer pela experiência que você me propiciou nesse semestre. Obrigado por fazer, através desse curso, eu mudar a minha visão, eu me permitir a ter novas experiências e a não me deixar levar por julgamentos. As lágrimas escorrem enquanto eu escrevo porque a minha emoção, quando penso em tudo que isso significou pra mim, é profunda. Eu, quando me tornar um profissional do Direito, tenho certeza que vou levar toda essa experiência que eu consegui adquirir nesse curso. Quero poder ser a vanguarda nesse ambiente jurídico que é tão conservado, quero poder mostrar que muitas coisas podem ser feitas de um jeito diferente e podem ser feitas de um jeito muito mais benéfico para todos e você acentuou essa vontade em mim. Você é uma pessoa incrível Ana, e acho que nunca vi uma pessoa tão especial como você, que tem essa energia tão única que consegue contagiar as pessoas a sua volta. Com certeza parte da boa experiência que eu tive com esse curso foi por causa da convivência que eu pude ter com você e do jeito que você consegue transmitir seus pensamentos. Sinto que eu sou uma pessoa melhor depois de tudo isso e que eu cresci como ser humano, e espero que eu possa passar esse sentimento e os ensinamentos que eu pude adquirir para as outras pessoas com quem eu convivo e me relaciono. Ana, mais uma vez muito obrigado por tudo e saiba que pra mim, você resignificou a palavra gratidão.

Gratidões

Eu agradeço à terra e a experiência que ela me proporcionou. Hoje pudemos entrar em contato com a terra de diferentes idades e foi muito interesse poder ver como a terra mais nova é diferente da mais antiga e poder entrar em contato com elas. Poder sentir a sua densidade, a sua espessura, entrar em contato com todos os seres que nela vivem e que dela dependem para sobreviver (como as minhocas) foi realmente revigorante. A sensação das minhocas se movimentando pelos dedos das minhas mãos foi algo que no inicio pareceu um pouco desconcertante, mas depois de um certo momento de adaptação pareceu uma sensação agradável, e poder estar entrando em contato com aquele ser que depende tanto da terra, e que é também tão essencial pra que essa mesma terra sobreviva, me gerou algumas reflexões.

Comecei a ver que a terra era como uma rede viva, uma teia de seres que dependem um do outro e que juntos formam esse elemento que nos é essencial. Porque a terra é essencial para a nossa vida, ela é nossa base, entrando em contato com aquela terra hoje comecei a refletir sobre a importância da nossa relação com a terra, de como é fundamental entendermos a sua dinâmica e saber cultivá-la e tratá-la da forma certa, pois a terra não é simplesmente algo que está a nossa disposição para usarmos de qualquer forma como um simples objeto. A terra é vida e como tal deve ser respeitada. Acho que através da conexão que eu tive com aquela terra hoje eu pude adquirir um pouco da sua sabedoria de alguma forma, de uma forma que, com certeza, nenhum livro ou nenhuma simples explicação poderia me proporcionar.

Agradeço ao pimentão, à maça, uva passa, cenoura, aipo, cevada e tudo que foi utilizado para fazer a nossa comida de hoje. Foi uma experiência realmente deliciosa e pude aprender como podemos fazer uma comida viva mas que seja também quente, mas nunca passando da temperatura que o nosso próprio corpo suporta. A comida ficou com uma aparência bonita e colorida, e os alimentos usados para fazê-la criaram uma harmonia entre si. Me lembrou uma refeição natalina e foi realmente muito saborosa. Com alimentos vivos pudemos criar uma comida realmente gostosa e quentinha, ótima pra dias mais frios.

São aulas como essa que me fazem perceber que podemos criar comidas realmente saborosas com os alimentos vivos, e isso me da um ímpeto de mudar meus hábitos alimentares, de me esforçar para comer uma comida viva, que é verdadeiramente rica e que não precisamos ficar restritos a uma comida morta que acaba não nos dando o que realmente precisamos. Vejo que o mundo da comida viva não é um mundo restrito, mas um mundo cheio de possibilidades que inclusive estimulam nossa criatividade e criamos assim uma relação com a nossa comida, pois nós que a preparamos e a experiência de se alimentar fica muito mais gratificante.

Agradeço aos filmes que vimos hoje na aula por me gerarem novas concepções sobre o cultivo dos alimentos na terra. Pude ver que no cultivo dos alimentos é preciso que saibamos trabalhar com as diferenças, a saber lidar com elas. Quando existe uma praga ou ervas daninhas é preciso que se saiba lidar com elas e trabalhar com elas para que o cultivo possa ser feito, e não aniquilá-las com agrotóxicos, pesticidas ou qualquer outro tipo de veneno que é altamente prejudicial e não afeta somente os alimentos cultivados como também a nós. E foi demonstrado que é possível cultivar alimentos normais, sem venenos ou sem que sejam geneticamente modificados. Mas há uma grande pressão das multinacionais que vendem esse veneno para que não haja outro método que não os que envolvam o uso desses agrotóxicos e isso prejudica o desenvolvimento de técnicas que sejam sustentáveis. Podemos reprogramar as sementes, pois através das diversas vezes que as plantamos elas vão ficando mais resistentes e gerando mais alimento de uma forma natural.

Agradeço à areia por fazer com que eu tivesse uma experiência incrível na aula de hoje. Através da conexão que tive com a areia hoje pude ter uma serie de sensações e pensamentos. Primeiro quando eu entrei em contato com a areia inicialmente pude senti-la em minhas mãos, deixar ela escorrer pelos meus dedos e sentir sua espessura, sua temperatura e toda sua dinamicidade. Botando ela em cima da tabua comecei a trabalhar com ela e explorar o que eu podia tirar do contato com ela.

Comecei a fazer desenhos e composições com a areia. Fazia movimentos lentos e ia os fazendo com muita precisão e calma, assim fui vendo a maneira que eu deveria trabalhar com aquele material para deixar a minha composição do jeito que eu queria. Fui vendo o jeito que a areia se comportava com cada gesto que fazia nela, sentia como se eu estivesse a conhecendo e descobrindo como eu deveria me relacionar com ela. Senti que ela era sim um elemento vivo, pois era como se ela respondesse aos estímulos que eu a dava. Eu ia sempre mudando as minhas composições e criando coisas novas e cada vez mais interessantes e abstratas, que me geravam reflexão. A areia é um material muito interessante e dinâmico, fui criando composições que eu gostava e que muito me agradavam mas eu as desfazia e fazia novas, podendo assim experimentar toda a dinamicidade desse elemento. As linhas e as formas que eu criava nas composições eram sinuosas na sua maioria, e eu ia as criando com delicadeza e suavidade, como se eu tocasse no corpo de uma pessoa. Fui começando a sentir que havia também uma certa sensualidade naquelas composições e na própria areia. Fazer aqueles desenhos com a areia me dava também uma sensação de relaxamento, quase como uma terapia e eu simplesmente não queria parar de fazê-los, era como se o contato com aquela areia e aquela concentração em fazer aquelas composições me deixasse mais relaxado e deixasse os meus pensamentos mais livres.

Pude experimentar diversas sensações na experiência de hoje e foi muito interessante e gratificante. E ao final cada um contou sua experiência, o que não é algo que fazemos normalmente, e foi muito interessante. Pois pude ver como a experiência foi diferente para cada um de nós e enriquecedora de uma jeito único para cada um.

Agradeço à batata, à maça, ao alho poró, ao pimentão e ao agrião por me proporcionar uma deliciosa comida viva na aula de hoje. Hoje, para fazer nossa comida, cortamos a batata fatiada, do jeito que normalmente cortamos a maça e cortamos a maça em cubinhos do jeito que normalmente cortamos a batata, para que pudéssemos estimular nossa memória gustativa.

Cortamos todos os alimentos para preparar a nossa comida, o que é sempre uma tarefa muito prazerosa. A cada vez que temos uma aula desse tipo sinto cada vez mais que o processo de fazer a comida, de cortar, de preparar, etc. é muito gratificante. Pois parece que assim se cria uma identidade com aquilo que comemos. Nós comemos algo que nós fizemos, que nós criamos, e isso muda a relação com o ato de se alimentar, deixando uma sensação recompensatória quando comemos a comida e a saboreamos.

Eu agradeço ao aprendizado que tive na aula de hoje. Pude aprender que fogo e também vivo e ele tem uma dinâmica peculiar e que tem um poder de ser um acelerador do processo de decomposição, de acelerar esse movimento cíclico. Vi também a vasta bibliografia que envolve a teorização do biochip e do curso, e me surpreendi com o fato de se terem fontes bibliográficas que chegam até ao período da Antiguidade. Fiquei também encantado com a arte que é o balão e entender as especificidades do balão brasileiro e ver que essa arte que é o balão é diferente em cada lugar e em cada cultura do mundo.