Por que a Convivência com o Biochip foi importante?


Estabelecer conexões com a vida foi a proposta do curso desde o primeiro dia. A inovação arrojada de criar um oásis de vida no meio da metrópole, sob os narizes mais ricos do país. O encantamento, no entanto, não se dá só por isso. Mas, pela simplicidade. Todas as circunstâncias se tornam consequência da comunhão humana sempre pulsante e constante. Conviver com o Biochip vai muito além de nós, nossos corpos e organismos - igualmente importantes - trata-se de compreender, sentir, investigar a rede única que vibra em todos nós. Esta rede, ao contrário das conhecidas, não nos prende, mas liberta da cólera do capitalismo. Não há um desvendamento do insondável, mas um contato com ele, sua evocação. Afinal, o conhecimento completo é perigoso, ele incita o poder, a ganância e a queda do homem. Há, portanto, uma experimentação conjunta de corpo e espírito não apostar nos sentidos como canais de entrada e consciência do ser das coisas.

Todos esses investimentos nos aproxima da harmonia dos seres vivos, tanto para os céticos quanto para os crentes, uma paz genuína e duradoura. Neste convivência, a corrupção da vida “inventada” não tem vez e dá espaço para a colaboração e a união mútuas, sem disputas e concorrências. Vencedor é aquele que consegue alcançar o bem-estar coletivo, que oferece sua disposição em prol de todos. Neste espaço há uma crítica social profunda, sem agressividade, uma crítica pacífica; A partir do local, que elimina qualquer relação artificial com a vida, alheio ao ambiente do qual fazemos estamos incluídos na maior parte do tempo. Depois, a metodologia que nos põe à prova todos os dias, com o esforço e a entrega da experiência, baseada por uma ideia teórica - seja pela tradição oral ou o registro impresso -, não limitada a ela, sempre em constante expansão.

Por fim, mas fundamental, está a presença da Ana Branco, como o fôlego motriz, o fogo-fátuo para a permanência desta proposta por tantos anos. Uma convivência só é possível pela vivência. Ela sabe viver. A vida é tamanha que não consegue ser contida em um único corpo, ela precisa de multiplicar, verter-se em outros corpos, tanto quanto for possível. Tal característica precisa de uma válvula especial para se manifestar e, há anos, se mostra dessa maneira madura, consciente, carinhosa e paciente. Ana, por onde passa, arranca sorrisos, lágrimas e agradecimentos. Sou grato pela sua vida, pois através dela pude ver o mundo de uma outra maneira, um modo menos falseado, mais verdadeiro e honesto, comigo e com os outros. Conviver com o Biochip é conviver com você, estamos na rede, uma que não pode ser arrebentada.

Meu agradecimento também se estende a Luisa Studart, monitora da disciplina, que se importa com o desenvolvimento de cada um e oferece todo suporte necessário para que essa experiência seja igualmente marcante quanto foi na vida dela. Ver a doação de uma menina tão jovem é a resposta para muitas incerteza internas. Cada dia só se passa uma vez, que sejamos mais Luisa e deixemos ser, esquecendo o parecer. Aos alunos, colegas de sala, irmãos de vida, deixo meu registro aqui, pois sem eles, não seria tão completo, mágico, puro e genuíno. Aprendi que posso ir bem sozinho, mas vou infinitamente melhor se formos juntos. À vida.

Gratidões - G2


Reconhecendo areias

Agradeço à areia
Pelo fato de revelar toda a ancestralidade embutida nela, pela permissão em se deixar ser manipulada, refeita, ressignificada e, ainda assim, ser areia. Também vejo o poder transformador de sua essência: rocha que se torna grão. E permanece sem perder a própria grandeza de existência. O caráter ambivalente de rocha e, também, areia demonstra a força e a maleabilidade de seus usos. Isso permite servir de acolhimento para os pés descalços, por exemplo, e como fortaleza na sua forma mais condensada, rígida e imponente.

Que gerou em mim a percepção e a comunhão com a areia, o poder de sentir a pulsação da estrutura viva entre nós. Diante disso, sinto a pequenez e a importância de todas essas articulações em uníssono, em um movimento para clamar por respeito, compreensão e carinho. Sentimentos vívidos e latentes durante a dinâmica me remeteu a todo tempo a passagem bíblica de Eclesiastes 3:20 que diz: “Todos vão para o mesmo lugar; vieram todos do pó, e ao pó todos retornarão”. Durante esse período pude perceber a relação estrita, próxima e quase indissociável entre mim e a areia, apesar de nossas particularidades bem distintas. Essa ideia me remete ao primórdio da concepção e do fim da vida, no qual todas as coisas criadas retornam à sua fase fundamental: o pó. O pó é o elo que permite vivermos entre o início e o fim, sem sabermos ao certo se acabamos de começar ou se começamos de acabar. Nossa distração não está na mente livre, mas em acreditar que todas as respostas se estabelecem sob a potência de um mesmo caminho. Mal sabemos que há tantos rumos quantos grãos em pó, de rocha, areia.

Reconhecendo a terra no processo de compostagem

Agradeço à terra no processo de compostagem

Pelo fato de nos deixar desvendar os mistérios da mãe-natureza, da fertilidade, da multiplicação e da criação da vida. Por permitir acompanhar todo o processo de desenvolvimento da capacidade produtiva, de forma natural, sem causar impactos negativos ao meio ambiente e aos demais seres vivos. A terra nos deu a oportunidade de ver o microcosmo do mundo embutido nela, em seus pedaços e grãos irregulares, e que, justamente por sua peculiaridade, formam uma estrutura única e tão potente que é capaz de saciar a fome de um planeta inteiro. E oferecer, com qualidade e variedade, opções nutritivas e saudáveis para o funcionamento da máquina humana tão ágil e frágil.

Que gerou em mim o sentimento de pertencimento, de coragem, como se houvesse uma ponte robusta de contato entre nós (a mim e a terra), um laço pouco explorado, cuidado, exercitado, mas permanente, apesar de qualquer outra circunstância. O contato com a natureza pode ser visto, muita das vezes, como uma seção separada, na qual você passa a conhecer. No entanto, toda oportunidade como essa fala mais sobre nós, nossa afetação, nossas defesas e preconceitos que sobre aquilo que passamos a experimentar naquele momento. A experiência é intrínseca ao ato, à entrega e à vivência, não passa de uma resposta de mesma intensidade a partir da nossa disposição. A terra tem seus filhos e eles cobrem a face do mundo. Para ser é preciso manter, reivindicar e lutar pelos seus direitos que se acabam todo dia pelo envenenamento e a matança desenfreada.

Reconhecendo conchas

Agradeço às conchas

Pelo fato de nos remeter ao mar e à origem da vida, que vem da água. Desde tempos longínquos, onde os micro-organismos precisavam dela para se manterem em atividade e multiplicarem seus corpos quanto para a vida humana, desde a fecundação até a morte. As conchas presenciam movimentos sucessivos, porém não os mesmos. São parte de uma história, um registro próprio, rico, valioso e raro. Um arcabouço de conhecido particular, nos quais, apenas as conchas estão aptas a acessar. O contato com suas anatomias, cores, texturas, marcas e espessuras são apenas uma parte mais latente de toda produção de conhecimento ali embutido. O processo de coleta desses objetos-vivos remonta à nossa própria memória e o mosaico que se forma nela com registros marcados na mente, aos quais procuramos quando precisamos voltar ao tempo, às conexões já vividas e os sentimentos que, outrora foram tido.


Que gerou em mim um ânimo, uma disposição avassaladora em perceber o poder guardado em corpos minúsculos e nem sempre valorizados, mas que, ao mostrar sua face, exibem uma coleção de momentos marcantes. Estes podem afetar o mundo de uma maneira antes não pressentida, simplesmente pelo fato do endurecimento do olhar e do desfoque da valorização em nome de uma aparência atraente e coerente com as perspectivas mercantis. A perda de sentido e as doenças da alma se instalam nessa ausência do supérfluo que, por assim ser, é volátil e abandona os indivíduos com a mesma fugacidade que os encanta.


Apresentação da sala de aula e bibliografia

Agradeço à sala de aula e à bibliografia

Pelo fato de serem instrumentos de contestação pacífica e que, por isso, são mais eficazes. O relacionamento com esse espaço e a vivência relatada pelos autores que embasam a perspectiva da vida como aliada dos seres vivos provoca um entusiasmo inexplicável. Isso nos envolve de tal modo que somos impedidos de acessar o momento que aquela perspectiva se introjetou em nós, na nossa mente e coração. Suspeito que seja pela ternura e simplicidade com qual todos assuntos são abordados. A imposição só é usada quando falta argumentos suficientes para convencer. A proposta da aula e dos teóricos é outra. Sobram argumentos, investigações e pesquisas e faltam imposição, cerceamento e cárcere intelectual. Há sempre a opção de deixar toda a informação, mas isso só é feito por quem não entende o propósito, que mantém sua mente afetada pela construção midiática, capitalista e de controle que os governos corruptos exercem desde a institucionalização do combate, onde o outro é visto com um inimigo, um adversário a ser vencido a todo momento e a qualquer custo. Neste panorama é que nasce o embrutecimento da humanidade.

Que gerou em mim a vontade explorar cada vez mais esse universo e tentar entender mais sobre mim, aqueles ao meu redor, a função de todos nós e o modo que posso fazer para aumentar minha capacidade de servir ao outro e proporcionar momentos mais agradáveis, de harmonia e carinho. A invisibilidade humana destrói o emocional, por outra via, o reconhecimento, a inclusão e o olhar potencializam o exercício e o fôlego criativo do ser humano de inventar e inovar, a fim de tornar a convivência mais sadia para todos. O pensamento coletivo só se estabelece por meio do olhar correspondido do outro, que valida sua presença e, ao mesmo tempo, indica um reconhecimento da sua capacidade, a qual ele demonstra confiança. Desta forma, esta se torna uma das chaves primordiais para o entraves enfrentado pela crise relaciona que vivemos.

Festa da Prova

Receita: tabule de cevadinha
Ingredientes: cevadinha germinada, cebola roxa, tomate, pimentão amarelo, pimentão vermelho, coentro, salsa, cebolinha, limão-taiti e hortelã.

AGRADECIMENTOS – G1

Corda de Rami

Agradeço à corda de Rami.

Pelo fato de ser aparentemente frágil e, ao mesmo tempo, resistente para manter a tensão de corpos únicos, diferentes em tamanho e anatomia. Por emprestar e ensinar sobre resistência, conforto e sabedoria. Além disso, pela flexibilidade intrínseca que possibilita o manuseio, responsável diretamente pela produção e conhecimento. Por também permitir o aperfeiçoamento pessoal, a partir da combinação entre o conhecimento humano prévio e as informações fornecidas pela corda e seus encaixes.

Que gerou em mim a quebra do mito da independência. Pude perceber a inefabilidade humana até mesmo diante de tarefas, a princípio, simples como se relacionar com uma corda a partir de mecanismos sensoriais do corpo. A presença atuante de cada ser vivo contribui diretamente com a existência e o desenvolvimento das partes. Para, assim, constituir uma rede homogênea e coerente. Perceber tal condição nos possibilita a agir de modo mais consciente e honesto com o mundo a fim de combater violências, injustiças e destruição para dar lugar a um ambiente harmônico e de valorização e preservação da vida.

Corda de cizal (I) – 13/03/2018

Agradeço à corda de cizal.

Pelo fato de me apresentar uma nova perspectiva sobre mim, o outro e o todo. Essa percepção se deu por meio do movimento solidário, interdependente e necessário. A troca entre os componentes humanos e a corda coloca à disposição os pontos de equilíbrio possíveis, dados mediante a relação física e espiritual de toda a cadeia de seres vivos que sempre tendem à homeostase do planeta. A experiência com a corda de cizal demonstra a potência do macrocosmo a partir de um microcosmo, a sala de aula, que reverbera em nós toda capacidade inovar e nos reinventarmos diante da ausência.

Que gerou em mim confiança no desconhecido, afeto e, também, solidariedade. A doação dinâmica que a rede universal exige nos impele à decisão. Então, a partir disso, o olhar é afetado. Tal condição me levou a compreender que a necessidade do outro e a minha, nem sempre caminham ao encontro entre si, mas mantêm um ponto em comum. A colaboração tem por condição ceder. Essa atitude só pode ser entendida na perspectiva do outro. Ver além de nós mesmos é fundamental para a permanência dessa rede coletiva, colaborativa e comum.

Corda de cizal (II) – 15/03/2018

Agradeço à corda de cizal.

Pelo fato de expor a nossa interdependência essencial e os elementos fundadores da existência e manutenção da vida. As informações que traz consigo possibilita acrescentar em nós perspectivas incomuns ao ciclo nocivo no qual a vida capitalista nos conduz. Flexibilidade e força tornam-se questões latentes ao aprendizado construído no manuseio.

Que gerou em mim gratidão por todas as tensões da vida e as pessoas que permitem manter essa rede viva, bem como todos os seres vivos. Posso citar algumas dessas relações tensionadas, como o sistema de formação e divisão celular que possibilita a construção da vida, o amparo família e o intercâmbio de conhecimento entre esses atores para que sejamos capazes de expandir e aperfeiçoar nosso cuidado e atenção para com o outro. Tal doação reverbera no nosso olhar, conduta e apresentação no mundo. O agradecimento se estende à teia, em toda a estrutura, que além de ser necessária aos participantes, se dá por meio do afeto e do olhar sobre a contribuição de outro para a rede e todos os pontos. As intersecções de contato complexificam e mostram novos métodos de tornar mais, e cada vez mais, dinâmica, saudável e promotora de transformações diárias.

Investigação com cenoura – 20/03/2018

Agradeço à cenoura.

Pelo fato de surpreender o paladar e, com isso, a vida como em sua totalidade.

Que gerou em mim observações únicas e inesquecíveis. Na cenoura, a forma do corte altera o sabor. O mesmo ocorre diante da nossa postura com o mundo. A forma de se fazer existente e atuante neste espaço vivo e comunicativo. A cenoura, quanto mais ralada, ou seja, em menor tamanho, é mais adocicada e o inverso ocorre ao ter um corte maior e mais grosso, a doçura diminui. Quando somos mais otimistas e vemos o nosso cotidiano com mais amor e solidariedade, conseguimos nos importar menos com as diferenças e unir o “céu” e a “terra”, da mesma forma que a cenoura é capaz de fazer. Ela realiza essa função desde a sua gênese, assim como podemos fazer. Perceber a diferença nos olhares dos outros é importante para conhecer novas perspectivas, mas saber, acima de tudo, que somos iguais na humanidade. É o que torna possível nos desenvolvermos baseados em uma ética universal, em níveis, coletivo, local e global.

Investigação com fermentação 10/04/2018

Agradeço à cenoura e aos repolhos branco e roxo.

Pelo fato de coexistirem harmoniosamente em um espaço pequeno e por se permitirem adaptar para que coubessem, de modo a agregar mais elementos simultaneamente. Seja por meio do corte, que forja ao tamanho e a espessura ou pelo aperto da arrumação em um espaço delimitado e estreito. A construção contínua e conjunta acontece tanto no microcosmo do pote quanto no macrocosmo da cooperação dos alunos, que unem forças para juntos alcançar o mesmo objetivo.

Que gerou em mim a empatia para entender as minhas limitações, as do outro e dos elementos constituintes da dinâmica, a exemplo do funcionamento no qual se aplicam o mundo, a existência das espécies e suas variações. O espírito do reconhecimento e contato entre nós, e todo o ecossistema fundamental à manutenção da vida.

Reconhecimento dos fermentados - 12/04/2018

Agradeço aos alimentos fermentados.

Pelo fato de mostrarem um processo de digestão natural e fora do corpo humano. Por revelar, através da experiência e contato, um modo menos controlado de viver e alimentar-se. Tal momento evoca a força implacável da natureza da coisa-em-si, em existir, sobreviver e se adaptar. Esse momento é uma reapresentação do que o ser humano, assim com todos os seres vivos, enfrenta a cada segundo: a tensão da vida. Diante disso, resulta uma transformação completa do ser em situações incomuns ocorridas. A fim de se manter pertencido, a mudança vem a ser o caminho possível, não só uma alternativa. O que há por vir permite o ser continuar a ser, a manter-se na oposição das forças e assim, repleto de potência criadora

Que gerou em mim entusiasmos por me lembrar – afinal, sabemos sempre – da força fundamental do nascimento, da criação se reverbera de modos distintos, mas igualmente valiosos em nossas atitudes que devem e merecem ser pensadas na coletividade, organização capaz de suportar o tecido vivo que abrange não só o mundo, mas o universo. Estar atento e excitado é um caminho capaz de preparar um olhar solidário e consciente, disposto à manutenção dos seres e, logo, de si mesmo, já que o processo de vida é, ao mesmo tempo, cadenciado e inter-relacional.

Investigação com pigmentos vivos – 17/04/2018

Agradeço à beterraba, abóbora, inhame, maçã e repolho roxo.

Pelo fato de dar sabor às cores, texturas e clareza para a nutrição humana. Por promover o nosso contato com mais de nós mesmo, nossa natureza terrestre e ancestralidade. A combinação e a coexistência permitem ver sobre como podemos sempre inovar e propor estruturas diferenciadas a partir de uma matéria-prima conhecida. Para isso, se faz necessário ter um olhar aberto sobre as especificidades de cada forma de vida e perceber as possibilidades de aplicações delas.

Que gerou em mim um olhar sensível à vida, aos alimentos, ao outro e ao nosso cotidiano, focado na produção desenfreada, sem nos atentarmos às nossas reais necessidade. Ter contato interno com os alimentos naturais nos faz ver quem e de onde viemos. Estudar sobre essas questões traz à tona discussões que passam despercebidas aos nosso olhos e só se tornam evidentes ao serem confrontadas por situações experimentais, que exigem nossa total capacidade e se revelam por meio de nossas atitudes, sejam ofensivas ou defensivas.

Investigação com desidratação de sementes germinadas - 19/04/2018

Agradeço à plantação das sementes.

Pelo fato de promover a origem e a renovação da vida. Mostrar a força geradora na qual a vida se estabelece, a partir do processo inerente à ela: o nascimento. A exposição do material vivo, básico e natural remonta a nossa própria condição humana e nos leva ao caminho mais fundamental, do qual nos afastamos no decorrer da existência das sociedades contemporâneas capitalistas. O processo lucrativo e de ascensão de governos corruptos promove uma desnaturalização da capacidade de reconhecimento de si e de outro, impede um olhar amplo e estabelece recortes independentes, autônomos e inconscientes.

Que gerou em mim um sentimento pacífico com o qual pude perceber na objetividade do processo, a singularidade e o raciocínio complexo embutido em nosso ser, dotado de infinito armazenamento de informações, um poderoso biochip. A perspectiva do cuidado, manutenção e incentivo, assim como nas sementes, promove a germinação de ideias, ideais, sonhos e novos modos de se apresentar perante a vida. Com o otimismo, pude perceber a potência castrada, no entanto existente, em nós mesmos. Ela só precisa de água, terreno fértil e ar para respirar em um nascer autêntico.

Investigação com desidratação de raízes – 26/04/2018

Agradeço ao aipim.

Pelo fato de, ao ser apertado, liberar um sumo doce e medicinal protegido por um invólucro natural proveniente do contato da raiz com a terra. Perceber a sabedoria ancestral incluída na história dessa raiz apresenta apenas uma parte de tudo que ela sabe e traz consigo na forma como a consumimos e o objetivo que temos nela, seja como produto nutritivo ou medicinal.

Que gerou em mim um sentimento de curiosidade para descobrir o que há em mim, no meu interior que pode expor mais sobre quem eu sou e a minha capacidade de entrega às situações. Me despertou vontade entender e saber mais sobre o conhecimento dela e com isso, arriscar novos métodos e formas de aplicação no mundo. Esse contato com o aipim me remeteu à infância quando meu pai cozinhava e fritava essa raiz para comermos. A nossa relação naquele momento e espaço (da cozinha) trazia conforto e felicidade, porque dividíamos o alimento, provávamos todas as versões, cozida e frita. Assim, pude ver que novas informações foram incorporados ao alimento, a partir experiências particulares, o que só mostra a capacidade criadora e infinita do aipim, bem como de todo organismo vivo.

Investigação com alteração de temperatura - 15/05/2018

Agradeço à preparação da sopa e do risoto.

Pelo fato de quebrar paradigmas culturais de comportamento culinário, nos quais se tornam comuns modos de corte e preparo e, sobretudo, de aceitação ao diferente. Este que, em primeiro momento, mostramos aversão. Tal comportamento incitado, em algum nível, durante a prática só expõe o modo de ação perante ao outro, ao diferente. Uma metáfora e também uma não-metáfora da vida, a partir da forma de cozinhar e comer. E como isso se impõe de maneira coercitiva na nossa mente e paladar.

Que gerou em mim um estranhamento, mas ao provar, uma descoberta por aprender visualmente e pelo paladar a expansão de possibilidade de ser e estar. A batata crua em cortes comuns à maçã e vice-versa pôde dizer sem palavras, mas pela experiência que a classificação das coisas as impede de transformá-las em outras, é um combate à experiência e uma celebração ao controle social, no qual está a alimentação com uma de suas vias mais potentes e fundamentais. A afetação da vista se torna precursora de um sentimento capaz de alterar e alertar sobre a degradação feita pelo homem a si mesmo.

Reconhecendo areias – 17/05/2018

Agradeço à areia.

Pelo fato de mostrar toda a ancestralidade embutida nela, pela permissão em deixar ser manipulada, refeita, ressignificada e ainda, ser areia. Também vejo o poder transformador de sua essência: rocha que se torna grão. Ainda assim, sem perder a própria grandeza de existência. O caráter ambivalente da rocha e, ao mesmo tempo, areia demonstra a potência e a maleabilidade de seus usos. Isso permite rever que acolhimento para os pés, por exemplo, na areia.

Que gerou em mim a percepção e comunhão com a areia, o poder de sentir a pulsação da rede viva, entre nós. Dessa forma, sinto a pequenez e a importância de todas essas articulações, que em uníssono clamam por respeito, compreensão e carinho. Sentimentos vívidos e latentes durante a dinâmica. Perceber o movimento de modificação mútua entre mim e a areia, que permite o toque, pois concomitantemente me toca para então construirmos juntos um desenho. O simulado domínio sobre tudo é quebrado diante dessa experiência prática com o que, a príncipio, serve como instrumento dominado e a serviço do outro.

FILMES

Filme “Ponto de Mutação” - 22/03/2018

Agradeço ao filme “Ponto de Mutação”.


Pelo fato de explorar o potencial humano e entender a capacidade múltipla e eficiente da sinergia do mundo. O questionamento de diretrizes assentadas pela manipulação da máquina midiática, concentrada nas mãos de conglomerados empresariais, promove a queda de paradigma. Diante disso, nosso olhar é posto à prova a fim de estimular uma nova percepção. A construção narrativa traz uma imersão em nós mesmos e na condição coercitiva na qual se impele esta sociedade.


Que gerou em mim um incômodo com a apatia humana e a falta de engajamento à mudança. Esses pontos revelam a engrenagem fundamental para o funcionamento político, social e econômico do país. O sentimento de indignação e inconformidade é importante como propulsor de mudanças no comportamento de consumo, o qual passa a ser respeitoso com a natureza e os órgãos que compõem toda cadeia produtiva. A partir da consciência desta situação, propor ações efetivas, mesmo que graduais, para alterar a estruturada de maneira sólida e permanente.

Filme “Camelos Também Choram” - 05/04/2018

Agradeço ao filme “Camelos Também Choram”.

Pelo fato de explorar a interação e a colaboração entre os seres vivos. A ideia da interdependência mostra como somos aptos de sermos solidários ou não, em alguma medida, com a dor do outro. Tudo isso só é possível por meio da construção social, do coletivo, com a percepção interseccionada dos espaços comuns e coexistentes em si: meu e do outro. Também é visível como os contrastes, apesar de opostos, são essenciais para essa existência ambivalente.

Que gerou em mim uma reflexão sobre as minhas ações perante o mundo. Acho urgente a necessidade de voltar o olhar para o outro, cujo propósito, sobretudo, é validar aquela existência e seus modos de existir, sempre com respeito e em busca de compreender. Precisamos nos atentar de que forma nossas atitudes estão voltadas ao alívio, colaboração e conforto, que significam benefícios nas duas direções, de quem envia e quem recebe. Desenvolver essa vontade e manter essa intenção nos remete à forma mais primária de convivência dos seres humanos, na qual o centro de interesses é coletivo, por entenderem a relação vital dominada pela existência mútua de todos os seres.

Filme "La Belle Verte" - 24/04/2018

Agradeço ao filme "La Belle Verte".

Pelo fato de apresentar de uma forma lúcida, um outro estilo de vida. Baseado no respeito à natureza e ao outro, com uma harmonia coletiva, na qual a importância se encontra na relação com o outro e as ambições se estabelecem com foco em promover um ambiente saudável e abundante de se viver, contrário ao estabelecimento de hierarquias, conflitos e concorrência. Em prol de uma cadeia globalizada coerente e harmônica, de acordo com preceitos éticos universais, com tolerância, afeto e solidariedade. A fim de fortalecer as aptidões de cada ser vivo e auxiliar nas fragilidades e, sem precisar, se valer disso para sobrepujar aquela existência.

Que gerou em mim um questionamento sobre a forma que ajo no dia a dia e como a minha presença pode ser capaz de acrescentar ao outro uma vida melhor. Pensei sobre como esta rede universal é suficiente importante para mim além do discurso e como eu posso, com ela, impactar a história de outras pessoas. Vi a necessidade de tirar a discussão do campo metafísico e ver, sob meus olhos, a mudança que eu anseio. Até que ponto o meu desejo é forte o suficiente para romper o ciclo da vida e as naturalizações feitas com ele. Identificar essas questões pode ser o início de um efeito globalizado capaz de transformar a utopia cinematográfica em um modo de ver o mundo em escala universal.

Filme "Futuro Roubado" - 10/05/2018

Agradeço ao filme "Futuro Roubado".

Pelo fato de ser uma tentativa de combate às mentiras, propagadas sob forma de verdade dentro de um processo que busca trazer a aceitação e, sobretudo, o consumo dessas pessoas. Para alcançar esse objetivo são possíveis todos os esforços, mesmos que eles custem a vida de outros. O sistema social ao qual estamos inseridos não admite o estabelecimento de relações concretas, sem um desejo agregado. Dessa forma, ele se vale disso para difundir as ideias e costumes que beneficiem essa estrutura.

Que gerou em mim um olhar preocupado. Ao saber outra versão da história, nosso pensamento é automaticamente e irreversivelmente afetado, de modo que não possamos alterar aquela informação sabida. No entanto, esta traz consigo uma questão de responsabilidade social a quem a teve acesso. As atitudes e omissões demonstram nosso compromisso com a vida e, ao mesmo tempo, com nós mesmos. Entender a importância de ações efetivas nos campos político, ideológico e econômicos são a chave motriz para o desmonte dessa estrutura opressora que condena as pessoas aos prejuízos da saúde, com doenças e mortes precoces.

Filme "Dioxina"

Agradeço ao documentário "Dioxina".

Pelo fato de apresentar a verdade sobre o malefícios das toxinas em nosso organismo e apresentar de que forma isso é introduzido em nosso cotidiano de uma forma tão dissimulada ao ponto de ser inacessível ao público que continua a se drogar sem saber como está se autossabotando.

Que gerou em mim indignação por uma sociedade que se vale da dor do outro para gerar lucro, investimento e dominação. O filme é só uma das faces desse sistema que propaga discursos de paz, mas que, em contrapartida, vislumbrar estratagemas suficientes para manipular os interesses do público e assim, moldá-los de forma a criar situação pertinente para colocar em prática doutrinas sociais e impô-las. A atenção e o alerta são urgentes e precisam ser mantidos para que haja um movimento em prol da dissolução dessas construções mortíferas.

Filme "A Carne é Fraca"

Agradeço ao filme "A Carne é Fraca".

Pelo fato de revelar um modus operandi no que se refere ao consumo de carne no país. O Brasil é um dos maiores produtores de gado no mundo e entender a realidade da indústria e do comércio desse tipo de produto é saber sobre, em que medida, nós nos preocupamos conosco e com os outros. Conhecer as estratégias e o alcance desse tipo de procedimento coloca em questão a maneira que lidamos com a natureza e os seres vivos, exibe a face do sistema governamental mundial, baseados na exacerbação da vida em todos os seus vieses. O alimento de origem animal que chega ao prato de milhões de pessoas dita o meio mais eficaz de produção em massa, estabelecido de acordo com a rapidez e a obtenção de lucro.

Que gerou em mim um repúdio ao que nos tornamos quando somos expostos a ambientes gananciosos. Entendo que o consumo de carne é algo a ser modificado a longo prazo tendo em vista as construções realizada até que essa ideia fosse sedimentada no coletivo. Hoje, essa questão está sendo cada vez mais discutida e apoiada por motivos em defesa dos direitos do animais e do meio ambiente. No entanto, a produção desse produto deveria obedecer normas éticas que minimizassem o impacto da morte nos animais, com uma atitude de preservação e cuidado desses seres que se tornarão parte de outros, com a ingestão dos seres humanos. A perspectiva cruel aplicada, bem como as alterações genéticas e o processo de envenenamento só me faz ter aversão desse caminho que o mundo tomou. A difusão desse tipo de conteúdo deve ser ainda maior e só pode ocorrer com a mediação de uma força-tarefa, pois vai de encontro aos interesses das indústrias e do capital. Como os meios de comunicação estão concentrados nessa elite, tal atitude jamais se será possível. A internet então, se mostra como esse instrumento promissor e reivindicação, mas que enfrente problemas como a credibilidade, já que esse espaço não configura limite possível e permite que vozes independentes se expressem, mesmo com conceitos equivocados. Além da credibilidade, os meios comunicativos se estabelecem como mediadores e, portanto, validadores do discurso. Investigar e combater esse mecanismo se torna a maneira mais emergencial de conquistar robustez para ir à frente. Eu acredito que a discussão em espaços acadêmicos sobre esse assunto é uma das formas mais estimulantes nesta direção.