Agradecimento ao BIOCHIP


Eu agradeço às aulas de Biochip (bioshippo como chamo carinhosamente) por ter despertado em mim muitas memórias, muitas flores da minha essência que eu nem sabia que estavam tão belas

O que gerou em mim

Muitas redescobertas, encontros, confiança nos meus processos, no meu corpo, na minha passagem com essa forma física pela Terra. De mais forte fica em mim a crença no grupo e em mim nele. No que sentimos juntos, no que pensamos e no que vivemos e construímos. Fico com um vazio no peito com o fim desse ciclo, mas me entusiasma o abismo do inesperado próximo período. Mas sei que é assim, um dia, depois outros, e isso é banal, mas misterioso e excitante. Quais serão os novos encontros?

Era sempre necessário e importante estar na tenda, ouvindo os carros, cheirando a fumaça e as plantas ao mesmo tempo, sentindo que mesmo no meio e atravessados pela cidade, pelas grandes instituições religiosas (Igreja Católica, Academia, polícia, carros...) nós conseguimos viver felizes e construir vários momentos legais, o urbano não impede nada. Quem tem o poder somos nós. Há vida em tudo e quando há morte há vida novamente, não existe medo, nem pontos cegos, temos movimento.

Quando estava num dia confusa, intrigada, questionando muito minhas escolhas chegar na tenda dissolvia tudo, rapidamente. Sempre ficou olha as plantas no caminho, as composteiras, eu sei que a Ana enfeitiçou aquilo ali, encheu de duendes. Por que a calma entra na primeira respirada. Sumia com o drama e a insegurança.

Os conhecimentos da cenoura, do inhame, dos balões, dos filmes, da dioxina, da infertilidade dos meninos, das florestas de monocultura de eucalipto, da compostagem, da horta de orgânicos, das Conchas, do mar, do fermentado, da areia, do mar, da temperatura... me ensinaram uma coisa só: esteja disponível para o outro. Da poeira aos meus colegas, quem quiser fazer parte de mim, quem estiver disposto, irá me fazer bem.

Agradeço muito aos colegas do grupo. Um dia falei sobre ser uma pena o dia não ter mais de 24 horas, porque eu queria viver muitas coisas que não consigo com essa restrição. O João falou “ainda bem que é só 24 horas. ” E riu. E ele tem razão. Vários dos contatos me trouxeram calma e fé. Me sentia parte e a vontade. Percebi que não precisamos de euforia, nada além de estarmos disponíveis a o que nos propomos a fazer, o resto flui. Toco em baterias de Escola de Samba por isso também, pelos grupos que posso ser. São tantos! Cada ensaio é, cada quadra é um. A quadra e a tenda são as agentes maiores, as que nos permitem estar juntos daquela maneira. E é bacana porque qualquer lugar tem esse poder, poder de unir e de gerar. Gerar em nós o sentimento de sermos gentes, a tal da “gência”, que criei em mim junto com vocês.

Agradecimentos Marta Lopes

13/03/18

Agradeço à corda

Pelo fato de deslizar em nossos corpos

Que gerou em mim o pensamento de que o peso do grupo é único mas que assim como em meu corpo precisa entender seu equilíbrio uma atenção à necessidade de movimento do outro e a minha é importante. A necessidade de harmonia entre forças.

Pensar no meu centro de peso.

Talvez o meu corpo assim como o da minha mãe se equilibram e para isso é preciso parar e mover, achar uma segurança não só no se deixar levar mas no se deixar propor e entender a proposta do outro como um estímulo a repensar as minhas pretensas estruturas.

Quais espaços e movimentos eu posso executar se eu estiver mais harmonizada com uma rede?

O quão tranquilo é se envolver com os estímulos e necessidades do outro? O outro sou eu, eu estou bem.

O quanto eu posso demandar das outras pessoas? O quanto elas aguentam? o quanto eu suporto?

Não preciso carregar ou ser carregada, existe um meio que é ativo, estimulante mesmo que não seja extremo ou intenso de maneira inabalável.

15/03/2018

agradeço à corda de sisal pelo fato de me unir às outras almas

“o que você faz com o que você vive”

Gerou em mim um sentimento de impotência e de potência em grupo. Depois veio o sentimento de que eu devo dar conta de mim, do meu mundo para que eu possa existir segura em grupo. Não tentar resolver o mundo do outro pois o corpo, o físico, o que nos coloca na Terra, é dele.

Fiquei por vezes desesperançosa na possibilidade de transmitir essa sensação de respeito e acolhimento para grupos maiores. Com a morte, execução da Marielle muitos encontros estremeceram em mim e o medo, a raiva, a tristeza vinda da violência me fez sentir impotente pois de fato não há um que dirá o que deve ser feito, como se deve viver, para onde se deve ir. O peso de levar o protagonismo desequilibra e desnorteia a todos. A liberdade de ser eu, de ser uno nos permite ser em conjunto.

Pensei ao olhar as formigas e ao ouvir a Ana dizer de que a fala, a palavra não passa informações que talvez a palavra possa hoje ser usada mais como uma base, mais como um chamado, ela é uma corda. Tem um significado para todos mas ele nunca é o mesmo. É um acordo, uma comunhão, um agradecer e reconhecer a presença do outro. Então eu agradeço ás mãos dadas, ao tempo andado juntos e à palavra que busca sua capacidade de nos trazer para perto.

20/03/18

Agradeço à cenoura pelo fato de ser múltipla

Que gerou em mim

vontade de explorar novas formas de qualquer coisa no mundo. Experimentar relações novas, rever relações velhas e propor para mim novas maneiras de me tocar. Os gostos e as texturas são infinitos, o que torna tudo possível e me encuca o porquê de fazermos as mesmas escolhas sempre. Vejo sempre as mesmas opções então o meu arsenal de escolhas é menor, me deixando fluir eu me expando, me enraizo e o mundo me rodeia.

O líquido, o nojo, o doce, é tudo deglutível, dá para construir de forma simples, dá pra entender que a gente pisa no nojo e o sufoca. Agora trouxemos para dentro de mim. O encontro gera o amor

22/03/18

Agradeço ao filme ‘ponto de mutação”

pelo fato de

Que gerou em mim

uma reflexão sobre a necessidade de valorização das ações femininas. Essa valorização não vem, para mim, na necessidade de exaltar mas de desvelar. Existe, o que existe age. Precisamos só olhar, ouvir, comer, reconhecer essa agência pois a grande mazela é a ignorância, temos tudo, inclusive a gÊncia, a virtude, a felicidade e a vida. Somos insatisfeitos a toa.

27/03/18

Agradeço à corda de rami

pelo fato de me dar novas marcas temporárias

que gerou em mim

uma necessidade de cuidado com as amarrações e posições propostas. A minha pele reage de forma quase imediata a toques agudos: picadas, arranhões, apertos, esbarrões deixam rastros em minha superfície.

Para mim o que existe de mais interno em uma relação é a superfície dos corpos que interagem. Ela É a interação entre dois ou mais e essa interação deixa seu legado, deixa sua forma em tudo mais interno dos corpos em relação.

A corda e eu nos tornamos interior, um corpo e a nossa superfície é a nossa interação com o mundo.

A corda me fez entender que a dualidade de interno e superficial depende de um referencial mas que até esse pode se emaranhar e esse formar uno e latente.

abril/18

Agradeço ao filme “Camelos também choram”

pelo fato de

Que gerou em mim

a percepção de eu sou um bicho, de que linguagem é mais uma forma de entender o outro do que um sistema de signos. Vi que sou como a mãe camelo, como o arco que toca, como o filho, como o vento, consigo fazer tudo o que eles fazem desde que eles me ajudem a fazer e eu os ajude a entender as potências que vejo neles e os ajude a ativá-las. O ser humanos, ou qualquer outro animal não difere de nada, não têm potências diferentes. Cada forma de energia ao se reconhecer na outra pode revelar para a outra suas descobertas, receber as descobertas alheias e assim criar uma terceira forma energética, um terceiro conhecimento. a Comunhão, a harmonia.

12/04/18

eu agradeço ao fermentado por ter gerado em mim alimento. Me trazido novos sabores, uma atenção ao que já estava comigo. Por ter construído junto com os outros e esperado o tempo que os pedaços precisam para se unirem.

17/04/18

Eu agradeço às cores

por gerarem em mim o sentimento de que tudo o que existe eu percebo. Vi a cor, senti o gosto da cor, a textura da cor, cheirei a cor e ouvi a cada uma delas. O repolho disse: - Venha mas com calma- Fui aos poucos, senti que ele é tão igual mas exótico ao meu paladar. Precisei tratá-lo com mais cautela e carinho. O branco do inhame, leitoso, faz uma base que me lembrou várias outras cores: o verde claro do abacate, o branco translúcido do pepino, o amarelo da batata. O ´fúcsia da beterraba eu já conhecia, está com as meninas desde a infância mas precisei ao longo da vida acolhê-lo, como boa menina que não queria ser só isso. O laranja da abóbora inebria com o cheiro e a forma instigante, me senti acolhida, um abraço de mãe. A maçã, sempre encantadora e sem vergonha, aproximou todas as outras cores de nós. Acho que só um pouco de cada.

19/04/18

Eu agradeço ao texto de Jesus por trazer mais um conhecimento sobre a valorização da vida. Se eu sou vida eu tenho que ingerir vida para ser mais vidas. A morte é outra fase, outro tempo que não é o agora

Eu agradeço às sementes por suas diversas formas e me fazerem ver outras formas físicas que a vida tem. Com o tempo, com o relacionamento as formas se agregam.

Agradeço aos instrumentos por ativarem minha memória óssea e me ligarem aos meus antepassado. Percebi que tudo o que eu sou e o que sei vem deles, é eles. Os meus gestos, meus gostos, meus afetos, minhas emoções, eu sou eles e serei os vierem!

22/04/18

Eu agradeço ao filme La Belle Verte

por me mostrar que é sim possível construir um filme que passe uma mensagem revolucionária de vida e de forma fácil, acessível e amorosa. Me encoraja a seguir estudando cinema e a comprar as brigas que precisar para transmitir união e alegria a o maior número de pessoas possível

Agradeço ao pão por gerar em mim

a noção de que é muito mais simples ubir os elementos do mundo do que achava. Quando fazemos isso e comemos geramos uma união que só um ser humano é capaz da conceber mas temos que nos unir a ela. É lindo entender que temos particularidades mas que elas não nos separam do mundo, como prega a racionalidade ocidental. Quanto mais entendemos nossas virtudes mais nos unimos ao mundo. Somos todos terra.

Agradeço à tenda, à Ana por nos proporcionar o mundo e a vida.

26/04/2018

agradeço ao aipim e aos meus amigos pelo fato de me unir à Juju e ao Roberto

Que gerou em mim

um sentimento de acolhimento. Eles me esperavam e eu a eles. Se eles torcessem junto comigo o leite saia mas se fizéssemos sozinhos não dava certo. Me lembrou minha família nas férias. Eu criança com meus primos, a brincadeira só dava certo se fossemos juntos e se um cuidasse do outro para que o grupo continuasse tenro e forte.

Agradeço à música por ter me guiado, me embalado ao longo das horas e de todo o processo. A minha atenção ficou nas ações e me divertiu bastante.

10/05/18

eu agradeço ao filme (“Futuro Roubado” - livro) “Agressão ao homem”

pelo fato de ser claro e acessível

que gerou em mim

a percepção de que a estrutura artificial da nossa vida urbana moderna age na nossa possibilidade de permanência na Terra, na natureza. Estamos vivendo um mundo alegórico e toda a proteção e conforto que estamos que estamos criando na verdade é um afastamento do mundo real. O fato dos espermatozóides estarem diminuindo mostra que podemos deixar de existir como espécie. Tudo bem, seguimos como energia, sempre.

Me chama atenção também a mudança de sexo de várias espécies. Todas para o feminino. Será que estamos chamando por cuidado? por uma valorização do feminino ao invés de buscarmos geração, nutrição, proteção e cuidado de uma forma masculina, de artificializarmos um equilíbrio entre essas duas forças, que na verdade são uma? Estaremos de fato fragmentados? Qual é a relação do que estamos deixando vazar com o que geramos e com o que mata nossa espécie, nossa estrutura energética?

Eu agradeço ao filme “Conexão Dioxina”

pelo fato de existir de forma simples e direta

O que gerou em mim

A noção de que esse dióxido gera várias mazelas em mim e no mundo. Que o Brasil pode ser uma grande resistência aos males da dioxina se se entender como potência pensadora e ao invés de se importar qualquer tecnologia valorizar as que já temos e construirmos uma consciência interna de que podemos sim viver sem dioxina além disso valorizar várias tecnologias e culturas locais.

17/05/18

eu agradeço à areia

pelo fato de que posso escrever de outras formas

o que gera em mim

- a cor da areia com a prancheta é uma situação

- a cor da areia com o móvel é outra situação

- o desenho nesses dois físicos tem possibilidades diferentes de ações, texturas, formas, movimentos, combinações, sons, relações (dualidades: aproximação x afastamento; um grão x um monte; igualdade x semelhança x diferença), da dimensão de um movimento (a micro ação do sopro é muito mais visualmente ruidosa em cima do móvel, por conta do contraste, do que na prancheta)

- na prancheta eu aprendi que mesmo com foco uma ação atinge todo o seu redor.

- eu gero sons que me ninam e possibilitam movimentos de outras partes do meu corpo e de quem me ouve. O poder da voz, o som de sai do âmago

- Sem julgar eu fluo

- areia e água → sou movimento → não binarismo, não sou definida por antíteses mas por fluxos

24/05/18

Eu agradeço à composteira

pelo fato de incubar e proteger

o que gerou em mim

a certeza de que sou T(t)erra, sou gongolo, sou formiga, pedra, semente, concha, germes, bactérias, vida, morte e mudança.

Decidi fazer várias composteiras e oferecer ao Índio, barraqueiro que vende coco na Lagoa. Sem precisar plantar nada, só quero fazer do coco terra, ao jasmim do Índio trazer companhia, ao Índio trazer uma nova agência, um novo movimento e eu ser terra, mais um pouquinho.

20/03/18

Agradeço à cenoura pelo fato de ser múltipla

Que gerou em mim

vontade de explorar novas formas de qualquer coisa no mundo. Experimentar relações novas, rever relações velhas e propor para mim novas maneiras de me tocar. Os gostos e as texturas são infinitos, o que torna tudo possível e me encuca o porquê de fazermos as mesmas escolhas sempre. Vejo sempre as mesmas opções então o meu arsenal de escolhas é menor, me deixando fluir eu me expando, me enraizo e o mundo me rodeia.

O líquido, o nojo, o doce, é tudo deglutível, dá para construir de forma simples, dá pra entender que a gente pisa no nojo e o sufoca. Agora trouxemos para dentro de mim. O encontro gera o amor

22/03/18

Agradeço ao filme ‘ponto de mutação”

pelo fato de

Que gerou em mim

uma reflexão sobre a necessidade de valorização das ações femininas. Essa valorização não vem, para mim, na necessidade de exaltar mas de desvelar. Existe, o que existe age. Precisamos só olhar, ouvir, comer, reconhecer essa agência pois a grande mazela é a ignorância, temos tudo, inclusive a gÊncia, a virtude, a felicidade e a vida. Somos insatisfeitos a toa.

27/03/18

Agradeço à corda de rami

pelo fato de me dar novas marcas temporárias

que gerou em mim

uma necessidade de cuidado com as amarrações e posições propostas. A minha pele reage de forma quase imediata a toques agudos: picadas, arranhões, apertos, esbarrões deixam rastros em minha superfície.

Para mim o que existe de mais interno em uma relação é a superfície dos corpos que interagem. Ela É a interação entre dois ou mais e essa interação deixa seu legado, deixa sua forma em tudo mais interno dos corpos em relação.

A corda e eu nos tornamos interior, um corpo e a nossa superfície é a nossa interação com o mundo.

A corda me fez entender que a dualidade de interno e superficial depende de um referencial mas que até esse pode se emaranhar e esse formar uno e latente.

abril/18

Agradeço ao filme “Camelos também choram”

pelo fato de

Que gerou em mim

a percepção de eu sou um bicho, de que linguagem é mais uma forma de entender o outro do que um sistema de signos. Vi que sou como a mãe camelo, como o arco que toca, como o filho, como o vento, consigo fazer tudo o que eles fazem desde que eles me ajudem a fazer e eu os ajude a entender as potências que vejo neles e os ajude a ativá-las. O ser humanos, ou qualquer outro animal não difere de nada, não têm potÊncias diferentes. Cada forma de energia ao se reconhecer na outra pode revelar para a outra suas descobertas, receber as descobertas alheias e assim criar uma terceira forma energética, um terceiro conhecimento. a Comunhão, a harmonia.

12/04/18

eu agradeço ao fermentado por ter gerado em mim alimento. Me trazido novos sabores, uma atenção ao que já estava comigo. Por ter construído junto com os outros e esperado o tempo que os pedaços precisam para se unirem.

17/04/18

Eu agradeço às cores

por gerarem em mim o sentimento de que tudo o que existe eu percebo. Vi a cor, senti o gosto da cor, a textura da cor, cheirei a cor e ouvi a cada uma delas. O repolho disse: - Venha mas com calma- Fui aos poucos, senti que ele é tão igual mas exótico ao meu paladar. Precisei tratá-lo com mais cautela e carinho. O branco do inhame, leitoso, faz uma base que me lembrou várias outras cores: o verde claro do abacate, o branco translúcido do pepino, o amarelo da batata. O ´fúcsia da beterraba eu já conhecia, está com as meninas desde a infância mas precisei ao longo da vida acolhê-lo, como boa menina que não queria ser só isso. O laranja da abóbora inebria com o cheiro e a forma instigante, me senti acolhida, um abraço de mãe. A maçã, sempre encantadora e sem vergonha, aproximou todas as outras cores de nós. Acho que só um pouco de cada.

19/04/18

Eu agradeço ao texto de Jesus por trazer mais um conhecimento sobre a valorização da vida. Se eu sou vida eu tenho que ingerir vida para ser mais vidas. A morte é outra fase, outro tempo que não é o agora

Eu agradeço às sementes por suas diversas formas e me fazerem ver outras formas físicas que a vida tem. Com o tempo, com o relacionamento as formas se agregam.

Agradeço aos instrumentos por ativarem minha memória óssea e me ligarem aos meus antepassado. Percebi que tudo o que eu sou e o que sei vem deles, é eles. Os meus gestos, meus gostos, meus afetos, minhas emoções, eu sou eles e serei os vierem!

22/04/18

Eu agradeço ao filme La Belle Verte

por me mostrar que é sim possível construir um filme que passe uma mensagem revolucionária de vida e de forma fácil, acessível e amorosa. Me encoraja a seguir estudando cinema e a comprar as brigas que precisar para transmitir união e alegria a o maior número de pessoas possível

Agradeço ao pão por gerar em mim

a noção de que é muito mais simples ubir os elementos do mundo do que achava. Quando fazemos isso e comemos geramos uma união que só um ser humano é capaz da conceber mas temos que nos unir a ela. É lindo entender que temos particularidades mas que elas não nos separam do mundo, como prega a racionalidade ocidental. Quanto mais entendemos nossas virtudes mais nos unimos ao mundo. Somos todos terra.

Agradeço à tenda, à Ana por nos proporcionar o mundo e a vida.

26/04/2018

agradeço ao aipim e aos meus amigos pelo fato de me unir à Juju e ao Roberto

Que gerou em mim

um sentimento de acolhimento. Eles me esperavam e eu a eles. Se eles torcessem junto comigo o leite saia mas se fizéssemos sozinhos não dava certo. Me lembrou minha família nas férias. Eu criança com meus primos, a brincadeira só dava certo se fossemos juntos e se um cuidasse do outro para que o grupo continuasse tenro e forte.

Agradeço à música por ter me guiado, me embalado ao longo das horas e de todo o processo. A minha atenção ficou nas ações e me divertiu bastante.

10/05/18

eu agradeço ao filme (“Futuro Roubado” - livro) “Agressão ao homem”

pelo fato de ser claro e acessível

que gerou em mim

a percepção de que a estrutura artificial da nossa vida urbana moderna age na nossa possibilidade de permanência na Terra, na natureza. Estamos vivendo um mundo alegórico e toda a proteção e conforto que estamos que estamos criando na verdade é um afastamento do mundo real. O fato dos espermatozóides estarem diminuindo mostra que podemos deixar de existir como espécie. Tudo bem, seguimos como energia, sempre.

Me chama atenção também a mudança de sexo de várias espécies. Todas para o feminino. Será que estamos chamando por cuidado? por uma valorização do feminino ao invés de buscarmos geração, nutrição, proteção e cuidado de uma forma masculina, de artificializarmos um equilíbrio entre essas duas forças, que na verdade são uma? Estaremos de fato fragmentados? Qual é a relação do que estamos deixando vazar com o que geramos e com o que mata nossa espécie, nossa estrutura energética?

Eu agradeço ao filme “Conexão Dioxina”

pelo fato de existir de forma simples e direta

O que gerou em mim

A noção de que esse dióxido gera várias mazelas em mim e no mundo. Que o Brasil pode ser uma grande resistência aos males da dioxina se se entender como potência pensadora e ao invés de se importar qualquer tecnologia valorizar as que já temos e construirmos uma consciência interna de que podemos sim viver sem dioxina além disso valorizar várias tecnologias e culturas locais.

17/05/18

eu agradeço à areia

pelo fato de que posso escrever de outras formas

o que gera em mim

- a cor da areia com a prancheta é uma situação

- a cor da areia com o móvel é outra situação

- o desenho nesses dois físicos tem possibilidades diferentes de ações, texturas, formas, movimentos, combinações, sons, relações (dualidades: aproximação x afastamento; um grão x um monte; igualdade x semelhança x diferença), da dimensão de um movimento (a micro ação do sopro é muito mais visualmente ruidosa em cima do móvel, por conta do contraste, do que na prancheta)

- na prancheta eu aprendi que mesmo com foco uma ação atinge todo o seu redor.

- eu gero sons que me ninam e possibilitam movimentos de outras partes do meu corpo e de quem me ouve. O poder da voz, o som de sai do âmago

- Sem julgar eu fluo

- areia e água → sou movimento → não binarismo, não sou definida por antíteses mas por fluxos

24/05/18

Eu agradeço à composteira

pelo fato de incubar e proteger

o que gerou em mim

a certeza de que sou T(t)erra, sou gongolo, sou formiga, pedra, semente, concha, germes, bactérias, vida, morte e mudança.

Decidi fazer várias composteiras e oferecer ao Índio, barraqueiro que vende coco na Lagoa. Sem precisar plantar nada, só quero fazer do coco terra, ao jasmim do Índio trazer companhia, ao Índio trazer uma nova agência, um novo movimento e eu ser terra, mais um pouquinho.

13/05/18 – sitio são cosme e damião

Eu agradeço à ida ao sitio por me mostrar a simplicidade o que gerou em mim uma grande perturbação. Voltei para casa me sentindo estranha e pensando “O que de fato é complexo e o que é simples? ” Fiquei fisicamente me sentindo bem mal por um tempo, meio triste. Acho que o tempo lá no sítio fez tanto sentido para mim. Ter interagido com o Paulo (acho que é esse o nome do dono do sitio), escutado ele falar da interação dele com agrotóxicos, da depressão e da saída dele dessa vida, de como tudo melhorou, me alegrou. Às vezes sinto que vejo coisas obviamente prejudiciais ou equivocadas, mas que as pessoas, eu inclusive, não mudam por medo. Eu nem vi aonde poderia se esconder o medo ali, mas voltando para casa eu vi. Na minha cama, nas palavras repetidas a meus pais, nas mesmas comidas embaladas, no cheiro de frango que me enjoo, e nas minhas resistências que ainda não me permitiram acabar com esses incômodos. Às vezes basta uma palavra diferente. Bem simples.

15/05 – Desenho de investigação com alteração de temperatura

Agradeço ao calor por me mostrar que também sou calor o que gerou em mim uma questão central

Quando eu troco calor com algo, quando eu toco, eu cedo um pouco de mim para o outro, que cede um pouco dele para mim? Acho que sim. Parece que sim e eu achei belo que sim. Se eu toco eu me dou e recebo. Mas existe o calor que me queima, que me tira a vida, que me machuca, mas que também me altera. O calor inevitavelmente altera mas pode ser uma alteração cuidadosa né, não precisar ser desesperada, desoladora (só as vezes).

24/05 – Reconhecendo conchas

Agradeço às conchas pelo fato serem antigas e abrigos o que gerou em mim um desconforto.

Ao perceber que a concha é um eterno abrigo (abrigo de bichinhos, mas também abrigo de memórias) eu fiquei um pouco pesada. Senti o mundo tão complexo. Mas depois desisti de querer entender. Não dá mesmo, posso ir vivendo coisas e interagindo com a natureza mas entender eu não preciso. O mistério é o mistério.

29/05 – Desenho de investigação com manutenção de temperatura

Agradeço às mãos cancerianas da Ana pelo fato de serem sábias o que gerou em mim felicidade. Todas as partes do meu corpo ficam felizes quando a mente percebe a força e o conhecimento que ela não tem, mas outras partes têm. As mãos que medem temperatura, que cortam, limpam, que criam e acariciam feito patas de caranguejo, dando uma leve entortadinha para fora, feito uma patinha cheio de delicadeza. Eu já sou centauro, 4 patas e duas mãos. Parecem membros em abundância. Dá para fazer tanta coisa ao mesmo tempo que olhar para as garras delicadas me ensinou que até com as patas de cavalos, cascudas, dá para sentir o calor subir, o frio sair e ficar ali, entre os dois.

05/06/18 – reconhecendo argila

Agradeço à argila por ter gerado em mim um reconhecer do meu poder criador o que gerou em mim tranquilidade. Muita tranquilidade. Eu não preciso ansiar demais por nada. Fiquei pensando que em grupo nós já construímos tantas coisas. Que a união de nós ali na tenda permitiu e gerou tantas mudanças em mim e nenhuma foi dolorosa. Todas eu acolhi por que junto me sentia acolhida, livre para ser do meu jeito. Junto eu posso gerar muita coisa interessante, muitas mudanças e muitas estabilidades, quando estivermos cansados.

07/06/18 – desenho de investigação com frutas

Eu agradeço às mandalas e aos outros desenhos com as frutas por ter gerado em mim um processo terapêutico. É bom às vezes ter o tempo que eu sinto que preciso com as outras coisas. Ver os outros terem seu tempo, seus grandes desenhos e oferece-los aos amigos. É bonito você se dedicar e oferecer sua dedicação como amor a outra pessoa. Às vezes eu fico com medo de me doar demais a pessoas que às vezes não conseguem se encantar por si mesmas como eu por elas, mas quando todos nós devemos fazer, sentir e oferecer essa barreira se dilui e o medo de não ver e não ser vista vai embora.

14/06 – Balões

Agradeço aos balões pelo fato de com o ar subirem aos céus o que gerou em mim um peito cheio de esperanças.

É duro saber que um grupo de pessoas burras e conservadoras podem acabar com algo tão belo como a soltura de um balão no nosso país. É tão bonito fazer algo e doar ao céu, às outras pessoas, se comunicar com várias outras casas, espaços e cantinhos das cidades, tudo com a delicadeza e singeleza do ar. Mas eu fico reenergizada ao ver que a simplicidade do Tura e Mônica ao tratar da feitura dos balões e da forma como eles burlaram o impedimento, com a parceria de amor entre os dois. Me faz feliz de verdade porque eu quero viver uma vida assim, com um sentido simples. Sem competir, eu quero fazer, tocar, experimentar e pronto. Eles acreditarem na simplicidade da parceria e do balão os fez construir vários processos jamais vistos antes. O cara é um super inventor e ela uma super produtora de vida, de possibilidades, de movimentos, renovações, pura e simplesmente por irem fazendo. Me sinto próxima dessa sensação sempre, dessas pessoas, acho que é por isso que apesar de várias coisas serem duras aqui no Rio de Janeiro eu sou muito feliz.

19/06 – Preparação para a prova – demonstração festa junina

Eu agradeço à canjica de banana pelo fato de ser canjica o que gerou em mim uma nostalgia.

Minha família paterna é de Aracaju e tem uma tradição bonita. Todo dia de São Pedro a galera faz um pirão para a rua inteira, em homenagem a São Pedro. Quem quiser comer e participar da festa é super bem-vindo. Minha tia Tânia, antes de abrirem as portas para a comilança, faz uma apresentação com espadas de fogo. É lindo, ela fica tão poderosa. Depois todos comem até não terem mais energia ou não ter mais comida. Ano que vem quero ir para lá, gravar essa festança, mas estava meio triste de, por não comer mais carne e derivados de animal, não poder fazer mais parte do ritual do pirão. De não comer o afeto. Eu sei que comida não é só isso, mas é afeto também.

Mas a canjica!

A canjica. Me inspirou a pensar outras coisas que eu posso inventar para essa celebração, o que vai me integrar também no ritual de feitura, na cozinha, na fofoca, no corte e no calor. Tenho agora até junho de 2019 para aprender a fazer essa canjica e outras delicias e colaborar com o carinho que a minha família nutre.