23 de Junho de 2005 

  Escola Jardim dos Pirilampos - Gávea

   Patrícia Berwanger

 

Hoje, como estava mais tranqüila por causa do fim de algumas aulas, segui mais cedo para a feira com o intuito de ficar mais tempo convivendo com o vivo e com as crianças. Ao chegar, as cadeiras estavam esperando alguém para montá-las e foi com muito prazer que eu o fiz. Confesso que estava ansiosa por rever meus amiguinhos pirilampos.

Primeiro chegou Sueli de roxo escuro, depois Socorrinho de rosa claro e eu estava de roxo médio! Depois de uns minutos chegou Vânia com as crianças. A menina Maria Luisa veio em minha direção com olhar de reconhecimento. Eu pensei um pouco e disse seu nome. Ela deu um sorriso!  Uma outra menina se aproximou. Perguntei seu nome e ela disse Paula!

Fomos até a barraca das sementes. Sueli ofereceu amendoim. O pequeno Pablo ficou curioso. E Francisco quis comer logo o seu amendoim. Depois na barraca das verduras, o mesmo Francisco também quis comer banana e até chegou a descolar uma do cacho e botou pra dentro!

Quando sentamos para desenhar com as massinhas, Maria Luisa pediu para eu desenhar com ela e logo depois, Paula pediu o mesmo. Eu sugeri desenharmos as 3 juntas!! Maria L pareceu indiferente, mas Paula abriu um sorrisão!

Pablo só queria saber de desenhar dinossauros! Laza ficou ao seu lado desenhando um.

Na barraca da D. Mágica, Natalia não queria parar de beber o suco. Toda hora pedia mais.

Na hora do fogo escutei 2 crianças pedindo mais tempo com os pais. Não registrei quais crianças eram. Na hora do abraço fui derrubada no chão por Heitor!! Foi muito bom!

 

Agradeço a Ana pelo abraço que deu nas crianças. Foi muito maternal, entregue, lindo!

Agradeço a Socorrinho pela delicadeza de sempre e por ficar tão feliz com a minha presença. Gerou em mim confiança e felicidade de tê-la por perto!

Agradeço a Sueli por ficar tão feliz, assim como eu, quando damos as mãos para as crianças.

Agradeço a Fátima, pois me lembrou do carinho que eu sentia por Pietra e do dela por mim.

Agradeço a Vânia por estar por perto e ser tão carinhosa.

 

23-06-05

 

Socorro Calháu     

 

A experiência da feirinha hoje foi bastante diferente. Em lugar das crianças do Ensino Fundamental da Luiz Delfino, recebemos os pequenos da Educação Infantil dos Pirilampos. Muito interessantes, pequenos, cheios de vida e sapequice.

Foi diferente por causa de uma série de fatores. São crianças que já viveram essa e outras experiências com o alimento vivo com a Sueli lá nos Pirilampos. Essas crianças já possuíam uma relação de afeto com a Sueli e isso torna tudo mais simples.

Por serem crianças de pouquíssima idade, quatro e cinco anos, o tempo de concentração também é muito pequeno e eles se fixam muito pouco em cada atividade. Precisam mudar a toda hora, variar, fazer de novo, trocar. Uma outra característica que pude observar  foi a dificuldade em atenderem aos nossos pedidos, alguma dificuldade em relação aos limites.

Patrícia estava conosco desde o início e isso também nos enchia de alegria, pois ela é a nossa companheira/filhinha nessa tarefa e sempre traz mais alegria para a atividade com uma luzinha linda que fica dançando no seu olhar.

Alegres e alvoroçados, como um bando de passarinhos, chegaram um pouco atrasados. Correram ao encontro da Ana Branco para abraçar. Dali, fomos direto para a barraca das sementes. Queriam pegar, mexer, misturar, enfim, uma deliciosa confusão. Provaram as sementes que Sueli mostrou, comeram amendoim.

Quando chegamos à barraca do Tuíca começaram a despregar as bananas dos seus cachos o que causou em nós preocupação em relação ao estado que os cachos ficariam para serem comprados por outras pessoas. Três crianças quiseram comer as bananas, começaram a descascar, mas não concluíram a ação. Passamos rapidamente pela Anne, vimos o cacau, e os legumes que ela trouxe com muita curiosidade.

Depois, fomos direto para a mesa de massinhas. Victor, Francisco, Natália, Paula, Heitor, Pablo, entre outros, adoraram esse momento. Amassaram bastante, bateram a massa, esquentaram as mãos, mas não modelaram muita coisa que pudessem nomear. Pablo pediu um dinossauro à Sueli que fez prontamente.

Heitor cantou os hinos do Botafogo, Flamengo, Fluminense, América e o Hino Nacional, uma gracinha.

Sueli levou aveia germinada e beterraba para fazerem massinha ao vivo. As crianças mexeram na máquina, disputaram o lugar, alguns ficaram mais tempo, outros menos. Passaram também batom de beterraba.

Lázaro (Marcos?) chegou e ficou conosco, ajudando e se encantando com as graças das crianças. Ficou especialmente ao lado de Heitor que não parava de entoar os hinos dos clubes.

Fomos para a barraca do suco, onde muitos queriam beber o suco sem parar. Cantaram “tembiuporã” com muito emprenho, já conheciam.Natália tomou três copinhos. Que lindinha! O bigode ficou uma graça!

Sueli fez a fogueira e cantamos a música. As crianças colocaram a folhinha, fizemos os pedidos. Uma menininha linda, acho que é neta da Ana Branco, juntou-se a nós timidamente.

Ao final, abraços apertados e muitos carinhos.

Quinta - feira tem mais!

 

23.6.05   Sueli Carvalho       

 

Hoje recebemos os Pirilampos: Pablo (3 anos), Natália (3 anos), Heitor (3 anos), Francisco (3 anos), Maria Luiza (5 anos) e Paula (6 anos).

 

Fomos rápidas na nossa visitação na barraca das sementes. Pedi para que eles vissem as sementes que dormiam e tocassem com suas mãozinhas para senti-las. Socorro abaixou-se e colocou o ouvido perto delas e disse que ia escutar se elas estavam roncando. Assim fizemos várias historinhas breves, pois são crianças muito pequenas e não se concentram por muito tempo.

 

Fomos até a barraca das hortaliças e perguntei qual a cor que elas mais gostavam. Maria Luiza pegou a tangerina. Neste momento falei que ia passar perfume de tangerina e quem queria? Paula esticou o braço e eu então coloquei o cheirinho no pulso dela, Maria Luiza e Patrícia também quiseram se perfumar.

 

Fomos até a barraca da Anne e eles olharam tudo, queriam mexer em tudo. Mostrei o aipim e os saquinhos de farinha, dizendo para eles que a farinha era tirada de dentro do aipim. Heitor pegou o cacau e eu falei que era com ele que faziam o chocolate e também lembrei do nosso chocolate que fizemos lá na escola (com abacate e ameixa preta).

 

Vânia chamou a atenção para a grama de trigo, lembrando de que eles já haviam plantado e tomado o suco que mora dentro dela. Heitor, Paula e Maria Luiza rapidamente lembraram.

Pablo e Francisco não fazem parte do “Biochipinho” lá na escola Pirilampos, pois são da turma dos menores, essa foi a primeira vez que ficaram um tempo maior nessa convivência. Já Heitor e Natália estão sempre visitando a turma dos maiores. Por causa do horário só Maria Luiza e Paula puderam comparecer hoje aqui na Feira da PUC.

 

Fomos fazer nossas modelagens, cada um escolheu uma cor. Notei que Paula e Maria Luiza pegaram as cores rosa e amarelo e amassaram sem parar, Patrícia juntou-se a elas. Pablo pediu para que eu modelasse um dinossauro. Peguei a massinha rosa e fiz. Ele adorou! Patrícia disse que parecia mais um jacaré. Rimos! Vânia e Fátima também modelaram e não pararam de provar a massinha.

 

Socorro organizou a feitura da massinha ao vivo, usando a aveia germinada e a máquina de moer, pois hoje fizemos massinha cor-de-rosa (beterraba). Heitor foi o primeiro a rodar a manivela e logo veio Francisco e Pablo. Paula e Maria Luiza ralaram a beterraba e amassaram a massinha, colocando o líquido rosa. Uma brincadeira muito alegre. Inventamos também de pintar a boca com o rosa da beterraba. Socorro, Patrícia, Paula e eu ficamos todas de batom rosa natural.

 

Fomos visitar o suco e logo os copinhos das provinhas ficaram vazios, pois eles todos já estão acostumados a beber o suco. Pablo participava pela primeira vez e não quis tomar. Francisco bebeu e repetiu, mesmo sendo a sua primeira vez.

 

 

Chegou a hora da fogueira, cantamos para o fogo e ele logo apareceu. Também fizemos nossos pedidos. O que me chamou a atenção foi o pedido de Maria Luiza: “gostaria que minha mamãe ficasse comigo!”. Pensei: “Caramba!” Agora entendi porque na escolinha ela implica muito com os amiguinhos e se chateia com muita facilidade.  Vânia pediu para que a festa junina da escola fosse linda. O fogo foi embora e eles também.

 

Conclusão:

 

Agradeço poder estar com esses pequeninos que nos embalou com muita alegria.

 

Agradeço o canto do Heitor, cantando vários hinos dos times (Botafogo, Fluminense, Flamengo...) com apenas 3 anos.

 

Agradeço poder ver Paula e Maria Luiza brincando sem brigar. Fazendo o preparo da massinha na máquina de moer e ralando a beterraba para colorir.

 

Agradeço aquela menininha que mora em Huston e está visitando o Brasil e que se juntou a nós na fogueira, mas não quis fazer pedido para o fogo.

 

Agradeço ver Vânia e a ajudante Fátima modelando e provando sem parar as massinhas.

 

Agradeço ter Patrícia integral junto de nós, encantando e sendo encantada pelas crianças.

 

Agradeço ver Socorro entrando no fluxo das crianças: ora ouvindo o ronco das sementes, ora cantando os hinos dos times, ora segurando a máquina para o preparo da massinha, ora tentando motivar o pequenino Pablo a provar o suco, ora também como uma menina pequenininha com os olhos brilhantes.

 

Agradeço Márcio se juntando a nós, brincando sem parar e com vontade de voltar.

 

Agradeço Ana Branco, mesmo muito ocupada não resistiu e abriu os braços para receber os pequenos braços no abraço muito longo.

 

Tudo isso gerou em mim muita alegria. Viva

 

17  11 05   Inez Arieira      Escola Jardim dos Pirilampos

 

  As crianças da Escola Jardim dos Pirilampos – Gávea chegaram às 11:00; eram 7 crianças que vieram com a professora Fátima e uma pessoa ajudando. Arrumamos as mesas de bambu, bem entre os dois lados da feirinha, próximo à ponte. As crianças chegaram e Socorro levou-os para a barraca das hortaliças e das sementes. Quando chegaram para brincar com as massinhas as mesas de bambu já estavam arrumadas com uma prancheta para brincar com as massinhas e um avental para cada um. Cada um recebeu 3 bolinhas de massinha com cores diferentes e expliquei como se fazia a massinha; fiquei impressionada de ver a atenção das crianças, a tranqüilidade em escutar e brincar.

  Eles já tinham vindo algumas vezes no semestre passado quando a Sueli era responsável pela barraca das massas de modelar para as crianças, e nesse semestre a Sueli está fazendo um trabalho com o alimento vivo na escola Pirilampos; eles estão bem familiarizados com o processo.

 Fomos até a barraca do Suco de Luz do Sol; cantamos “tem bioporã...”, brindamos e bebemos – todos beberam e gostaram. Eles já conheciam o suco e as massinhas, e uma menina me disse que “era saudável”.

  Fizemos uma roda em volta do fogo que Lazã preparou, e todos colocaram suas folhas secas e fizeram um desejo. Saíram se despedindo 12:10.

 

 

17/11/05   Patrícia Berwanger      Escola Jardim dos Pirilampos – Gávea

 

Esse dia foi especial. Recebemos os pirilampinhos, lindos e contentes! Eles têm uma naturalidade, uma sintonia visível com a matéria viva – as massinhas germinadas, o suco... as sementes...

Praticamente todos beberam o suco e todos brincaram levemente com as massinhas.

Encantei-me especialmente com Fernanda. Há um ano atrás ela me trouxe uma sementinha colhida no chão da puc, bem onde fazemos a oficina. Eu fiz um brinco com essa semente e dei a professora Fátima.

Nessa quinta, Fernanda virou-se para mim e perguntou se eu me recordava da semente que ela tinha me dado, ou melhor,do brinco! Eu disse “logicamente sim!”. Foi a semente da minha libertação. Pois essa beleza de ser vivo me fez parar, analisar sua textura, cheirar seu conteúdo... Vi a beleza real! E tudo mudou depois desse dia, tudo!!

Resolvi então agradecer a ela, uma menina de 5 anos, e ela entendeu! Agradeci por ter me dado o maior presente da minha vida!!! Agachadas, olhos nos olhos, ela colocou sua macia mãozinha em cima da minha, seu ser divino estava lá! E ela confirmou com a cabeça. Meus olhos se encheram d’água. Nos abraçamos longamente e fortemente! E depois desse dia eu nunca mais a esqueci!

Salve as crianças, seres divinos! Estou emocionada e acredito que ela também, pois foi um momento espiritual, lindo, que nós duas nunca mais vamos esquecer!

 

 

17/11/2005    Socorro Calhau    Escola Jardim dos Pirilampos - Gávea

 

A Mãe, hoje, preparou um dia lindo, deslumbrante. A primeira, de várias quintas-feiras chuvosas. Fiquei feliz!

Cheguei ao galpão no início da conversa de mãos dadas. Havia algo solene. Todos muito inteiros. Penso que a ausência da Ana, além de nos deixar saudosos, nos deixa também, com uma responsabilidade maior. Rezamos. Chamei o anjo da FÉ!

Subi com o Laza para montar mesas e barracas. Inez e Patrícia subiram em seguida. Os Pirilampinhos chegariam às 10 horas. Montamos as mesas em frente às bandeiras da  antiga prefeitura, como sempre. Percebemos então que havia um forte cheiro de cola que subia das oficinas e, por isso, Inez sugeriu que saíssemos dali e fôssemos para o outro lado, onde fazíamos no semestre passado. Enquanto trocávamos as mesas de lugar percebi os pirilampinhos chegando lá em cima.Laza viu primeiro.  Fui ao encontro deles com muita animação. Notei então que eram os mesmos que vinham no semestre passado. Meu coração se encheu de alegria.

Estavam ali: Heitor, Fernanda, Maria Eduarda, Pablo, Francisco, Paulinha e Natália. Fátima, é claro, estava com eles do mesmo jeitinho que sempre: carinhosa, animada, amorosa. Nos abraçamos. Enquanto Patrícia, Laza e Inez terminavam a mudança e davam os últimos retoques na nossa sala de aula, levei os pirilampinhos à barraca do Tuíca. Tocamos e cheiramos repolhos, alfaces, cenouras, hortelãs, beterrabas. As crianças, como sempre, não conhecem o rabanete, confundem com beterraba. Acho que os rabanetes são muito pouco utilizados, por isso não se cria uma intimidade com eles.

Fomos para a barraca das sementes. Francisco como das outras vezes queria provar todas, Eduardaos amendoins, Heitor não quis provar nada, como sempre, Paulinha falou da germinação, oito horas na aguinha, oito horas no ventinho, como ensinava a Sueli. Fernanda sugeriu que cantássemos a música da sementinha. Cantamos. Inês e Tissa vieram ter conosco.

Fomos então para as mesinhas brincar com as deliciosas massinhas feitas por Inez. Inez distribuiu as massinhas conversando animadamente com eles. Laza, Patrícia e eu sentamos com as crianças. Inez explicou como fez e mostrou os ingredientes. As crianças começaram a brincar. Achei muito interessante como essas crianças que já fizeram várias vezes a oficina ficam mais concentradas e mais integradas à atividade. Fátima fez bichinhos: cachorro, patinho e um jacaré. Pablo falou como sempre dos dragãos. Laza ficou ao lado de Maria Eduarda e brincaram muito. Heitor me pediu que fizesse um tubarão. Tentei, mas Paulinha disse que ela sabia fazer e, portanto, pegou a massinha de minha mão e fez um tubarão para ele.

A presença de Heitor me recordou a queimadura que ele fez no dedinho na última oficina do semestre passado. Recordei o quanto sofri quando vi a bolha no seu dedinho e as lágrimas. Sueli e Lazãa haviam me consolado dizendo que aquele fato certamente havia gerado um aprendizado para ele.

Estava um forte calor. As crianças estavam com sede. Fui buscar água. Quase todos beberam. Fomos para a barraca do suco. Com exceção de Heitor todos beberam e repetiram. Cantamos “tembiuporã”.

Passamos para a fogueira que há muito não conseguíamos fazer por causa da chuva. Laza apanhou folhinhas secas e guardou no seu bolso. Distribuiu entre as crianças. Fátima falou com Heitor que não poderia tocar no “espírito do fogo”, pois poderia queimar as mãos novamente. Ele respondeu que ia pegar sim, mas ia esperar passar o “vermelhinho”. Fátima disse que não, não devia tocar em nada, era perigoso. Enquanto Laza fazia a fogueira pude observar que Heitor estava deslumbrado com o fogo. O aprendizado não havia deixado medo nele. Achei isso uma coisa muito interessante. O que normalmente acontece com crianças que se queimam é tomar verdadeiro horror pelo fogo. Heitor, não. Estava deslumbrado, como da primeira vez.

Laza ficou bem perto da fogueira numa atitude de carinho e proteção, evitando a possibilidade de acidentes. Paulinha pediu amor para todas as crianças. Havia lindos pedidos de crianças que já estão sintonizadas com a natureza e com esse ritual. Heitor permaneceu sentado perto do fogo. Eu e Fátima tememos que pusesse sua mãozinha na brasa. Ele repetiu: vou esperar o “vermelhinho” ir embora! Fátima não deixou. Falou que não queria que ninguém tocasse o fogo. Que o fogo era para ver e não para tocar. Puxou Heitor. Ele resistiu um pouco e acabou cedendo a contragosto. Fiquei me perguntando como será a relação de Heitor com o fogo depois de adulto.Ele me parece fascinado pelo fogo.

Hora de ir embora. Começamos a nos abraçar. Fernanda deu um abraço longo e emocionado na Patrícia. Foi muito bonito.

Nos despedimos. Eu, Laza, Inez e Patrícia estávamos no céu. A oficina foi cheia de beleza e paz.