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CIEP Ipanema

 

Ipanema

JUNHO

Dia 8 das 12h as 14h

Dia 29 das 12h as 14h 

AGOSTO - Dia 31  das 12h as 14h

SETEMBRO

Dia 14 das 12h as 14h

Dia 28 das 12 as 14h

OUTUBRO - Dia 19 as das 12h as 14h

NOVEMBRO - Dia 9  das 12h as 14h

DEZEMBRO - Dia 7 das 12 h as 14h

 

Prezada Ana,

Mais uma vez , nossa ida e participação na Oficina de |Massas Comestíveis foi um sucesso . Nós todos, professores, funcionário e alunos   aproveitamos ,divertimos e aprendemos  muito nesse dia.

O roteiro da oficina estava muito bem estruturado (parabéns )  possibilitando uma ampla participação de todos , em todas as etapas da  visita. As crianças curtiram  tanto, que embora tenha sido uma experiência curta acredito que foi  transformadora. 

 Gostaria de poder agendar em agosto a ida  de pelo menos mais duas outras turmas. Além disso vou tentar me reunir  com as professoras que acompanharam as turmas  para poder pensar num prolongamento dessas atividades dentro da escola para consolidar o que aprendemos na oficina.

Muito obrigada pela oportunidade de poder levar nossa escola, tão carente de tudo e proporcionar uma atividade extremamente necessária para nossos alunos.

 

 Grande abraço, muitão obrigada ,Ligia Mefano , professora de artes do Ciep de Ipanema.

 

Relatórios de Gratidões

 

Laza

8 de junho CIEP Ipanema – 21 crianças + 3 professores

 

Agradeço a Paula por sugerir duas experiências novas, a primeira foi a de fazermos a aveia germinada passar no moedor 2 vezes e não 3 como de costume. Gerou em mim poupar tempo e observar que a massa,apesar de menos homogênea, é um pouco mais maleável do que quando passamos 3 vezes.

A outra gratidão a Paula foi por experimentar colocando canela na massa roxa com farinha de maça. Gerou em mim saborear um novo paladar numa massinha que já é tão popular.

Agradeço a Paula por sua confiança em ficar com as meninas quando separamos os grupos. Gerou em mim a oportunidade de falar das hortaliças e observar as nossas diferenças e semelhanças na mesma ação.

Agradeço aos meninos do meu grupo pelo seu interesse e envolvimento com as hortaliças. Gerou em mim querer descobrir os nomes daquelas que eu  não conhecia e investigar com elas texturas e cheiros.

Agradeço ao menino Max por saber que eu segurava em determinado momento era um maxixe. Esta ação dele fez com que um dos professores dele brincasse: “você é do norte mesmo !”. Isto gerou em mim alegria pela intimidade deles.

Agradeço a Valeska por ser uma “penetra” no grupo cheio de meninos isto gerou lembrar das ocasiões nas quais eu também fui um “penetra” e do quanto isso foi rico para mim.

Agradeço ao Darlan por ficar jogando pedaços de massinha nas meninas da outra mesa. Gerou em mim atenção e apurar o olhar para perceber seus movimentos.

Agradeço a pequenina Dalila pelo seu empenho em passar a aveia no moedor. Ver sua ação gerou em mim igual atenção e empenho nas minhas tarefas.

Agradeço a menina que não quis brincar no moedor. Gerou em mim perceber o quanto este momento é importante para que eu descubra os nomes das crianças. É nessa hora que eu tenho uns poucos minutos (talvez nem um) com cada uma em separado e tenho a chance de perguntar-lhes o nome. Acabou a oficina e não cheguei a perguntar o dela.

Agradeço aos professores por nos deixarem a vontade mesmo quando as crianças provocavam umas as outras. Gerou em mim liberdade ao lidar com elas.

Agradeço aos professores por entrarem na hora da fogueira gerando em mim alegria por vê-los participando da atividade.

Agradeço a Paula por vê-la brincado com as crianças de alongar e esticar para que tirassem os aventais e calmamente irem para a barraca de suco. Gerou em mim felicidade pela apropriação dela com o espaço e a oficina.

Agradeço aos trabalhadores “invisíveis” que nos ajudaram no nosso dia de hoje. Lourdes, Noel, Gerônimo e Vânia que fizeram sucos e doces para distribuir pelas crianças e professores. Gerou em mim lembrar deles quando usava cada um deles elementos. Ele estiveram conosco nas oficinas.

 


 Laza

29 de junho de 2006 – Ciep Ipanema

15 crianças 3 Professores

 

Agradeço a Paula que apesar de não poder comparecer, germinou as sementes de aveia para que pudéssemos ter a oficina de hoje. Gerou em mim cuidado.

Agradeço ao Duda por me ajudar a preparar as massinhas coloridas gerando em mim parceria para que pudéssemos terminar a tempo.

Agradeço a Ana Branco por também ter germinado sementes de aveia. O seu bolinho com o da Paula deu para que fizéssemos a oficina com fartura. Gerou em mim alegria.

Agradeço a Gesine por mais uma vez ceder um punhadinho de sal para que temperássemos as massas. Gerou em mim sabor.

Agradeço a Maria Helena por ajudar junto com a Ana a montar bancos e mesas gerando em mim conforto e tranqüilidade.

Agradeço a todos os 15 alunos do CIEP por se mostrarem tão interessados em tudo que foi proposto, principalmente nos nomes, texturas e cheiros que as hortaliças tem. Gerou em mim descobrir esse universo junto com elas.

Agradeço às meninas (que infelizmente não sei o nome) por fazerem cara feia quando ofereci as sementes para elas provarem e logo em seguida abrirem um sorriso e dizerem que era gostoso. Gerou em mim confiança e querer ter igual flexibilidade quando surgir algo que eu não conheça.

Agradeço ao menino de óculos que saborava a tudo o que era oferecido com o mesmo fascínio e entusiasmo. Sempre querendo provar mais e com os olhos brilhando. Gerou em mim me maravilhar e envolver com cada descoberta sua.

Agradeço a professora Ligia por falar que quando fez o suco na sua casa forçou muito o liquidificador gerando em mim lembrar dos primeiros sucos que fiz, antes de perceber em usar a peneira diversas vezes para extrair o líquido que ajudaria na próxima batida. Gerou em mim poder partilhar essas experiências.

Agradeço aos meninos que sentaram a minha esquerda por sua inventividade em fazer tantos desenhos bi dimensionais quanto esculturas de diversos tipos e formas:animais, jogadores de futebol... Gerou em mim querer identificar cada forma que eles experimentavam.

Agradeço a todos por entrarem na brincadeira de saborear e identificar as cores e sabores de cada massa. Gerou em mim felicidade por incluir o paladar nessa verdadeira brincadeira dos sentidos.

Agradeço ao fogo em homenagem a São Pedro, foi uma verdadeira festa junina. Gerou em mim felicidade e coroar a última oficina do semestre.

Agradeço a Ana Branco por colher tantos gravetos e folhas secas mesmo após as chuvas dos últimos dias. Seu gesto gerou em mim atenção ao meu fazer para que o mesmo acontecesse.


 

Socorro Calhau

Basta acreditar...

31 de agosto de 2006

Cheguei ao Galpão às sete e dez da manhã. O dia estava radiante, apesar de frio. Ninguém havia chegado, ainda. Peguei os plásticos brancos, forrei as mesas enquanto rezava para que tudo ficasse bem e desse certo na feirinha. Assim que forrei as mesas vi Laza e Mara chegarem e a partir daí todos foram chegando aos poucos.

Desta vez foi o Laza quem germinou a aveia. Estava seca, ele não lavou pela manhã julgando que assim seria melhor para a consistência final da massinha, pois na semana passada eu havia lavado e a aveia ficou muito molhada. Notamos que a aveia ficou muito seca e tivemos que fazer bastante força na moagem. Não sabíamos ao certo se era por não ter sido lavada, se era o tipo de grão ou se simplesmente era por causa do tempo seco.Após a primeira moagem notamos que a aveia estava bastante fininha, já no ponto. Pensei que a bitola da máquina estivesse mais fina e que isso teria sido responsável pelo aspecto tão fininho da massinha. Laza, cauteloso, fez um gesto com a cabeça como a me dizer que não estava certo disso. Decidimos que não haveria necessidade de moer novamente. Passamos, então, à tarefa de colorir a massinha. Estava realmente seca, e na hora de colocar a curcuma, precisamos molhar um pouco. A vermelha estava ótima na consistência pois o caldo da beterraba se encarregou de umedecer a massinha. Acabamos cedo e isso deixou o Laza livre para carregar a baleia e armar a feirinha. Laza arrumou o carrinho e subimos para a montagem das barracas. Nossa sala de aula ficou pronta rapidamente e como só teríamos crianças ao meio-dia  ainda esperamos um pouco. Ajudei um pouco com as barracas dos elétricos.

Passando um pouco das doze horas as crianças chegaram. Eram quatorze crianças. Fiquei um pouco assustada com o tamanho delas, a maioria era de adolescentes. Pensei, a dinâmica hoje precisa ser diferente, pois adolescentes não embarcam no mesmo tipo de fantasia que os pequenos de três ou quatro anos. A ver.

Fui ao encontro das crianças que já estavam bem perto de nossa sala de aula. Eram crianças do CIEP João Goulart que fica no Morro do Cantagalo, em Ipanema. Conheço muito bem aquela comunidade, já fiz trabalho de alfabetização de adultos lá. É uma comunidade muito bacana composta por pessoas muito interessantes, criativas e conscientes das questões sociais que precisam enfrentar. São fortes e alegres. Tenho um profundo respeito por eles.

Me apresentei e apresentei o Laza para eles e os conduzi até a banca de verduras. Chegando lá perguntei quem era o mais velho. E uma menina de doze anos disse que era ela. E o mais novo, perguntei: “Eu!” Respondeu um menino de nove anos.Eu falei que (eu) tinha quinze. Todos riram. Perguntei: “Qual é graça?” Eram, de fato, conforme eu supunha, adolescentes, em maior número, e alguns pré-adolescentes. Estavam acompanhados da professora de Artes que me disse que já se encontra há vinte anos trabalhando nessa comunidade. Mais tarde chegou a professora da turma.

Comecei a mostrar as verduras e os vegetais e fui contando para eles que nós, as pessoas que trabalhavam na feirinha, éramos vegetarianos que comíamos alimentos crus, quer dizer, vivos. Falei um pouco do efeito do cozimento nos alimentos e no nosso corpo. Laza estava ao nosso redor, acompanhando, às vezes, nos interpelando e fotografando tudo. Fui mostrando os vegetais. Uma menininha que estava ao meu lado falou que sua irmã era vegetariana também. Jonathan um menino muito “fofo” conhecia a maioria dos vegetais e legumes. Laza apresentou a hortelã e demais verduras que não estavam ao meu alcance.

Dali, fomos para a barraca da Ane. Falei sobre a grama de trigo. Ensinei como se fazia. Na barraca havia farinha de aipim, coco e mini-tomatinhos. Um menino falou que no sítio de seu pai tinha muitos tomatinhos iguais aqueles. Eu falei que era muita sorte dele poder comer mini-tomatinhos todos os dias. Ele me olhou como a me dizer, “mas eu não como”.

Fomos para a barraca das sementes. Perguntei ao Laza se  ele gostaria de conduzir a atividade com as sementes, ele disse que eu poderia continuar. Sempre fico com medo de atropelar o Laza, porque eu sou assim, “distraidona”, a “apressadona” e ele não. Ele é calmo, confiante, com outro tempo que eu preciso tanto aprender. Apresentei Maria Helena às crianças. Rodeamos a mesa e comecei a falar sobre sementes dormindo e acordadas e apresentei as sementes uma a uma às crianças e professores. Expliquei como se dava o processo de germinação. A professora propôs aos alunos fazerem na escola uma bandeja de grama de trigo e outra de grama de girassol. Sidney o “auxiliar” das professoras juntou-se a nós. Fazia uma cara de quem não acreditava que as sementes cruas pudessem ser gostosas. Quando eu oferecia sementes para provar ele se esquiva. Falei pra ele: “Sidney, que pena, você é o único que não vai ter estrelinhas nos cabelos”. As crianças riram. Sidney ficou sem graça. Eu completei: “Pior do que não ter as estrelinhas é não poder ver, mas isso é escolha”. Não contei a historinha da sementinha, mas não tenho dúvida que as crianças ficaram sabendo do efeito “estrelinhas” que as sementes germinadas desencadeiam.

Fomos para a nossa sala de aula, brincar com as massinhas. Laza assumiu a atividade. Peguei a câmera fotográfica e comecei a fotografar. Laza explicava como e de que eram feitas as massinhas. Falava sobre os ingredientes, suas cores e sabores. Eu fiquei fotografando e não sei se deu certo, pois a máquina avisou que a memória estava cheia. Sou semi-analfabeta digital e tenho uma câmera fotográfica à querosene de simples manuseio.

As crianças começaram a brincar, provaram a massinha, alguns gostaram, outros não, movidos por um ou outro que fazia careta. A professora que havia se afastado para observar as barracas de comida voltaram e estimularam as crianças a fazer esculturas com a massinha. Laza preparou a máquina de moer e ficou demonstrando como se fazia a massinha com as crianças que se juntaram a ele, organizando a participação e acompanhando as crianças com carinho e atenção na moagem da aveia.

O que sempre me surpreende nas crianças é essa capacidade de romper com o que está estabelecido pelos adultos. Pena que muitas vezes não estamos abertos para modificar, nem negociar nada com elas. Simplesmente não aceitamos e com isso reinauguramos uma concepção de infância adultocêntrica, sem criatividade e seu autonomia. Isso ficou claro para mim quando notei que dois meninos juntaram as placas de eucatex que servem de base para o manuseio da massinha (que colocamos uma para cada criança, sempre do mesmo jeito) e estavam construindo nelas um campo de futebol com todas as marcações: gol, pequena e grande áreas, córner, etc. Um deles fez um boneco e disse: “Esse aqui é o técnico!” Eu perguntei: “É o Parreira ou o Dunga?” Ele respondeu: “o Dunga, ora”. Eu repliquei: “Com esse barrigão! Coitado do Dunga! Tira um pedaço da barriga dele, o Dunga é magrinho,e desse jeito eles não vão ganhar a Copa.” O menino riu, mas não alterou nada no boneco, graças a Deus, não deu bola para o que eu disse. Quando ele colocou o boneco no campo, montado com as duas placas, o Dunga realmente estava muito gordo e não conseguiu se manter de pé por conta do seu “barrigão”. Adorei que ele tenha mantido o seu boneco como estava, e com isso, poder aprender, naquela experiência, por conta própria, sobre: tamanho, equilíbrio e proporção, entre tantas coisas. Rimos muito.

Depois de muita brincadeira deixamos a sala de aula e fomos para a barraca do suco. Falei sobre os ingredientes, apresentei a Lourdinha e  a Inês Braconnot. Inês estava hoje com as estrelinhas do sorriso multiplicadas, pois sua netinha estava na feirinha. Cantamos “tembiuporã”. Expliquei o significado daquele prelúdio de gratidão. Pedi que não tomassem o suco até todos serem servidos. Eles esperaram. Fizemos um brinde. A maioria das crianças tomou o suco. Se não estou enganada, apenas um não tomou, só provou. Laza tomou o suco sobrante que jazia no copinho abandonado na barraca do suco, solitário.

Dali fomos para o espaço da fogueira. Laza já havia providenciado os docinhos e o material da fogueira. Fizemos uma roda. Falei sobre a visita do fogo, sua característica acolhedora e agregadora. Falei também que o fogo adora ouvir nossos desejos. Laza distribuiu as folhas secas para que cada um fizesse o seu pedido. Cantamos a música da fogueira enquanto ele acendia o fogo. O tempo estava virando e havia um vento forte empurrando o fogo. Laza cuidava da integridade da fogueira e da nossa própria evitando que a fogueira voasse sobre nós. Fizemos nossos pedidos primeiro. Laza em silêncio eu em voz alta. Em seguida as crianças fizeram seus pedidos, todas fizeram silenciosamente. As professoras também. Terminada a fogueira Laza trouxe os docinhos. Hoje estavam especialmente deliciosos, banana, amendoim, canela e castanha do Pará. Falei que era um sabor para ficar guardado de lembrança para eles, bem no coração. Uma criança desencadeou no grupo uma cara feia, sem provar, que afetou algumas outras. Outras comeram e adoraram.

Terminando de comer os docinhos pensei com meus botões: (essas crianças tão grandes não vão embarcar na brincadeira dos dedinhos, vão ficar se esquivando, é melhor nem começar). No mesmo instante Laza propõe a brincadeira dos dedinhos explicando com prazer para as crianças e exibindo seu sorriso bonito e calmo, confiante no que estava fazendo. Para minha surpresa as crianças AMARAM, participaram até o fim. Pensei: Aprende Socorro!!!! Agradeci a Deus estar ali, naquela hora, aprendendo aquilo com Laza e seu jeito amoroso. Ao final, propus que nos abraçássemos. Demos um grande abraço coletivo que quase nos derrubou. Depois surgiram alguns abraços individuais. As crianças foram embora deixando em nós aquele gostinho de “quero mais”.

Quando as crianças se afastaram falei com o Laza: “as crianças eram muito grandes. Fiquei com medo que elas não embarcassem na fantasia”. Laza me olhou firme e disse: “Quando a gente acredita, acontece”. Pensei comigo mesma, é verdade.

 

Laza

 

31 de agosto de 2006

 

14 crianças – Lígia – Motorista e outra professora

 

Agradeço a Socorro por chegar tão cedo quanto eu (7 horas) para preparar as massinhas. Gerou em mim parceria e tranqüilidade quanto ao resultado do sabor das massas e seu preparo.

 

Agradeço a turma só chegar 12 horas gerando em mim paz para realizar todo o preparo com calma e poder montar mesinhas e banquinhos com capricho para tudo ficasse pronto antes do grupo chegar.

 

Agradeço ao tempo seco que tem estado no Rio de Janeiro gerando em mim aprender que a aveia é mais difícil de moer quando a veia está mais seca.

 

Agradeço a Socorro por ver sua falar mudar quando viu que o grupo de hoje é mais velho aquele que está acostumada. Gerou eu ouvir a mesma paixão em outras palavras.

 

Também agradeço a Socorro por transmitir toda seu fascínio pelo vivo para esses quase adolescentes (9 – 13 anos). Gerando em mim ver uma comunicação mais franca e observar o grupo querer saber mais de tudo.

 

Agradeço a Professora Lígia por querer saber tudo e contar das suas experiências em casa gerando em mim poder tirar dúvidas bem frescas, de quem está iniciando o processo.

 

Agradeço aos meninos e meninas do grupo por experimentar tudo mesmo fazendo cara feia antes de provar. Gerou em mim poder observar o quanto a confiança já estava formada em tão pouco tempo.

 

Agradeço ao grupo por resolver “fazer uma escala” na barraca de fermentados para ver o que acontecia ali. Gerou em mim vislumbrar que o dia em que a oficina vai ser dada passando por todas as barracas não está tão longe assim.

 

Agradeço a Norma e a Maria Cristina por fazerem provinhas para distribuir para o grupo. Gerou em mim generosidade.

 

Agradeço ao Jonatas por querer todas as cores de massinha logo para provar. Gerou em mim encantamento por sua curiosidade.

 

Agradeço ao menino que quis colocar mais beterraba no moedor o que gerou mim a descoberta do quanto a lubrificação é importante para o ato de moer fique mais fácil.

 

Agradeço a todos do grupo por fazerem questão de fazer um grande brinde. Gerou em mim comunhão.

 

Agradeço a Gesine por ter colocado muita canela no docinho gerando em mim perceber o quanto o docinho pode mudar de sabor de acordo com o tempero.

 


As estrelas são para sempre...

(Socorro Calháu, 14/09/2006)

Cheguei ao galpão às sete horas. Não havia ninguém. Em cinco minutos chegou Gesine que me abraçou apertado, com seus braços generosos e seu sorriso farto. Colocamos o plástico branco nas mesas, acendi uma vela ao centro e vi Laza chegar de mansinho, também sorrindo e nos abraçando com carinho. Daí em diante foi um “sem conta” de abraços, beijos e muito carinho na chegada de cada irmão e irmã de “sangue verde”.

As crianças hoje chegariam às 12 horas, teríamos um tempo maior para preparar as massinhas e montar sala de aula. Ana chegou, nessa revoada de todo mundo, feito passarinho trabalhador que está sempre de asa aberta “lidando” com alguma coisa. Nos abraçamos e deixamos nossos corações conversarem, sem que soubéssemos o que estavam falando. Como sempre, ela é muito gentil comigo. Me superestima. Coisas do amor, que nos fazem ver o outro com grandiosidade. O amor é como uma lupa que o outro usa para nos ver: ficamos enormes aos seus olhos. É uma mágica, criada pelo coração” que apaga nossas fraquezas e realça nossas virtudes. É uma bênção, o amor!

Laza trouxe a aveia germinada e os temperos. Eu levei pimentão vermelho, alho, cebola e beterraba. Queria muito experimentar fazer a massinha vermelha com pimentão, pois havia provado e adorado o sabor e a cor. Laza falou que acha interessante usar urucum por ser uma semente linda e emblemática no uso pelos indígenas brasileiros. Eu concordo com ele. Apesar disso, penso que subutilizamos o urucum e por isso, acabamos por desperdiçar aquele ouro vermelho que tanta nos encanta. Não conseguimos ainda extrair do urucum a tinta em abundância e apesar de deixarmos de molho no limão de uma noite para a outra, necessitamos pilar muito e espremer muito para tirarmos um “tantinho” de nada de cor. Precisamos aprender a fazê-lo se abrir para nós.

Separamos a aveia, que moemos juntos, eu e Laza, em quatro partes para fazermos da seguinte forma: a amarela, com curcuma alho, sal e orégano; a rosa escuro, com beterraba, farinha de maçã e gengibre; a laranja com urucum , cebola e sal; e experimentarmos fazer a vermelha, com pimentão vermelho, alho e sal. Laza preparou a massa amarela e a laranja, e eu a de beterraba. Pronto. Estavam deliciosas!

Passamos então à experiência. Laza pegou o moedor menor e começou a moer a aveia com o pimentão vermelho o alho e o sal. Ficou muito molhada por conta do pimentão que libera muita água. Depois de um certo tempo, mesmo sendo pouca massa, o excesso de água fazia com que a massinha refluísse e não fizesse seu ciclo completo no moedor e, portanto, subia e descia pelo gargalo. Laza insistiu bastante, mas não ficou conforme desejávamos.  O pimentão não ficou triturado e a água inundou a massinha deixando-a cheia de pedaços razoavelmente grades e que não deram a coloração homogênea que esperávamos que acontecesse. Acreditamos, eu e Laza, que a “bitola” da máquina não estava adequada, mas aquela era a menor que tínhamos, e a outra máquina estava sendo utilizada pelo pessoal da pizza.

Laza subiu com a Ana para o transporte e a montagem da feirinha. Pedi um pouco de farinha à Martha e sequei a massinha fazendo-a adquirir uma consistência boa ao manuseio, apesar disso, resolvemos não levar para a as crianças até conseguirmos um resultado bom com a cor e a homogeneidade. Deixamos para o nosso almoço. Assim, provei a massinha, estava uma delícia, reservei para mais tarde, lamentando um pouco não levar para as crianças e agradecendo muito o aprendizado.

Subi em seguida e fui montar a sala de aula. Aqui quero fazer um parêntese, pois, por conta de minha cabeça quadrada e obsoleta, viciada nos velhos jargões escolares, tenho chamado o espaço das brincadeiras com massinhas, de sala de aula e não quero mais me referir a ele dessa maneira. Explico. Sala de aula é um espaço que pressupõe alunos. Aluno, etmologicamente significa a/sem, luno/luz, ou seja, pessoas “sem luz” que vão ao encontro dos professores para serem iluminadas.  Ora, se é assim, está tudo errado. O que fazemos é justo o contrário. Na Oficina de Massinha de Modelar Comestível recebemos pessoinhas de pura luz. Crianças acontecidas para a vida plena. Alegres, vibrantes e cheias de amor para compartilhar conosco. Desta forma, as expressões aluno e sala de aula, tornam-se totalmente obsoletas e não traduzem toda a beleza, luz e energia daquele espaço Se alguém doa algo a alguém nesse processo, certamente não somos nós e não é a luz do nosso saber acadêmico que está em jogo. A luz que partilhamos com as crianças é a do alimento vivo, que produz estrelinhas nos nossos cabelos, brilho nos olhos e luz ao nosso sorriso e principalmente, fé na vida plena ao nosso coração. Mas isso já é outra história e a via de doação de luz, que acontece na oficina, é de mão dupla. Afetamos e somos afetados pela luz produzida nesses encontros e isso não combina com as definições clássicas de aluno e aula que ignoram o outro como sujeito ativo desse processo rico de aprendizagem para todos os envolvidos e não só para uma das partes.

Montei o espaço da oficina sozinha, pois Laza estava ajudando a Ana e ficando no lugar de Maria Helena que não veio hoje à feirinha. Mesmo de longe, Laza cuidava com seu olhar atencioso para que tudo desse certo. Acompanhava o ritmo da montagem da feirinha. Quando terminei já era hora de preparar o coração para achegada das crianças que se daria a qualquer momento.

De repente, Ana fala: “Socorro, chegaram!” De um salto fui ao encontro das crianças e das professoras. Hoje recebemos, de novo o CIEP João Goulart, da comunidade do Cantagalo, em Ipanema, com crianças um pouco mais novas do que as da última oficina. Ligia estava de volta e Sidney também. A professora da turma era Teresa. Vieram doze crianças ao todo. Me apresentei e perguntei os nomes. Era um grupo formado por duas Natálias, Juliano, Marcela, Larissa, Mateus, Ester, entre outros. A segunda Natália era filha do Sidney e esperei que ele participasse mais para motivar sua linda menininha.

Fomos para a barraca do Tuica, no caminho apresentei o Laza às crianças e começamos a falar sobre as verduras e os legumes. Quando peguei no rabanete falei que começava por “erre” e pedi que adivinhassem o nome. Um deles gritou: “rabada”, todos repetiram: “rabada”. Parei e expliquei a eles que éramos vegetarianos e que só comíamos alimentação viva, quer dizer sem cozinhar, nem congelar, ou outro processo qualquer. Ficaram surpresos. Após falar da alimentação viva, vegetariana, perguntei se haviam entendido porque não poderíamos encontrar uma “rabada” ali. Disseram que sim. Fui mostrando as verduras e pedindo para que falassem o que sabiam sobre cada um dos vegetais. O molhe de agrião estava tão bonitinho que falei para eles que também poderia servir como um buquê de noiva. Convidei Mateus para me dar o braço e cantei uns acordes da Marcha Nupcial segurando o agrião como se estivesse entrando na igreja. Eles acharam graça. Fiz o mesmo com o brócolis e Mateus ficou ao meu lado fazendo papel de noivo. Na hora do alho poró, ninguém conhecia. Falei o nome e disse a eles que se encostassem bem perto do ouvido poderiam ouvir ele se apresentar. As crianças começaram a escutar o alho poró. Ester ficou muito tempo com o alho poró encostado no ouvido, de olhos fechados, e quando abriu os olhos perguntei: “o que foi que ele te disse?” E ela respondeu com uma carinha linda; “Sou o alho poro!”. Essa história de ficar ouvindo o alho poró demorou um tempo e muitos experimentaram ouvir o vegetal. Laza ia e vinha como quem não quer perder nem um minuto da oficina. Atendia as pessoas que iam na barraca de Maria Helena e nos olhava de lá aproximando-se sempre que não havia ninguém para atender. Fez algumas fotos. Mostrou a hortelã para as crianças. Elas adoraram,  sentiram cheiro de bala e de pasta de dente.

Fomos para a barraca da Ane, onde vimos: fruta pão, tomatinhos, e algumas mudas que Ester identificou como hortelã e boldo, corretamente. Dali fomos para a barraca das sementes. Rodemos a barraca e comecei a falar sobre o alimento vivo, as sementes germinadas e as sementes que dormiam. Expliquei o processo de germinação e falei sobre as estrelinhas nos cabelos. Ester provou todas as sementes e repetiu, até a soja ela comeu duas vezes. As outras crianças estavam contaminadas pelo encantamento dela e o seu desejo de ter estrelinhas nos cabelos, luz nos olhos e brilho no sorriso. Falei que de quebra ainda iam ficar “muito mais sabidos do que já eram” se comessem sementes germinadas sempre. Ester só não gostou do nabão. Fez cara feia e pegou uma garrafinha na mochila para tirar o gosto “ardido” da boca. Ligia também provava tudo e incentivava as crianças. Sidney, de novo, não quis provar nada contrariando minha expectativa de que ele ia ter um comportamento diferente por causa de sua filhotinha. Mas também não precisava. Natália estava contaminada pela determinação de Ester de ter estrelinhas.

Ao final das demonstrações e das provas Ester (que nome é esse!!!) me falou: “E as estrelinhas já apareceram? Olha no meus cabelos.” Natália, Juliano, Larissa e mais duas meninas, que não me lembro agora os nomes, ficaram olhando, procurando, chegaram seus rostinhos bem perto da cabeça de Ester. Fez-se silêncio. Falei que as estrelinhas eram muito pequeninas, e que embora estivessem lá, não era sempre que as víamos, mas elas estavam lá. De repente, Natália gritou: “Estou vendo, estou vendo!!!” Os outros voltaram a se aproximar e Mateus, Juliano e mais uma menininha disseram: “É mesmo, também estou vendo!” Ester ajeitou os cabelos com as mãos, tentando protegê-los e como que para garantir que as estrelinhas não iriam cair.  Juliano me puxou e pediu que eu olhasse os seus cabelos e visse se haviam estrelinhas também como nos de Ester. Parei. Cheguei meu rosto bem perto de sua cabeça e falei: “É claro, está cheio!”. Ele sorriu orgulhoso. Nesse momento Albertina se aproximou de nós e pediu para provar as sementes, pois também queria ficar com estrelinhas nos cabelos. Foi muito lindo! Laza estava ao nosso lado acompanhado com seu jeito meigo e cuidadoso tudo o que fazíamos, interferindo sempre que era possível.

Fomos para o espaço da oficina. Laza assumiu a atividade. Dei uma corridinha até o galpão, pois percebi que não havia levado papel para a fogueira. Quando voltei, as crianças brincavam satisfeitas com as massinhas. Os meninos fizerem jogadores de futebol. Juliano fez o Cacá, Mateus fez o Ronaldinho Gaúcho. Laza foi para a máquina de moer e chamava um a um para a demonstração.

As crianças brincavam alegres e descontraídas. Fizeram pizzas e ofereciam a mim e a Ligia e nós comíamos de verdade as iguarias. Eles ficaram impressionados com a forma a e quantidade que eu comi, e se animaram a comer mais. Alguém fez um fogão. Após algum tempo fomos para abarraca do suco. Apresentei Lourdinha, Noel e Inês Braconnot que ia saindo e voltou prontamente. O sol estava muito forte e batia nos cabelos da Lourdinha de forma que fazia com que suas estrelinhas ficassem muito assanhadas. Mostrei às crianças: “Olha, pessoal, as estrelinhas da Lourdinha!” As crianças ficaram encantadas, era muito brilho. Algumas começaram a passar as mãos nos cabelos da Lourdinha tentando acariciar as estrelinhas.

Falei sobre o suco e seus ingredientes. Noel serviu o suco. Cantamos “tembiuporã”. Brindamos! Eu e Laza brindamos e bebemos com eles. A maioria das crianças bebeu. Dois ou três beberam só a metade.

Dali, fomos para a fogueira. Fizemos a roda. Anunciei que iríamos chamar o fogo para ficar um pouco conosco. No pilotis da PUC, bem ao nosso lado, acontecia um comício político com quatro candidatos falando num microfone muito alto que competia com as nossas falas. Precisei me concentrar muito para ficar inteira naquele momento. Soprava um vento forte que puxava a fogueira para o outro lado. Ligia propôs que fizéssemos uma “paredinha” para impedir que o vento entrasse. Laza começou a cantar a música da fogueira. Todos cantamos. Fiz meu pedido de amor para todos. Acho que o Laza pediu para que não falte sol, o barulho estava intenso no comício ao lado. As crianças colocaram suas folhas que o Laza havia distribuído minutos antes. Não consegui ouvir os pedidos. O fogo era impulsionado pelo vento o que nos obrigava a tomar muito cuidado.

Quando o fogo foi embora oferecemos os docinhos às crianças para selar nosso encontro e podermos guardar na nossa “memória afetivo saborosa” um gostinho de banana, amendoim e canela. Penso que só Mateus não quis comer. Laza propôs que fizessem uma fila para ganharem mais um. Ligia entrou na fila e também repetiu o docinho.

Refizemos a roda e Laza fez a brincadeira do “Pom, pom, pom, quem vem lá”, que todos adoram, principalmente porque nos une mais. É gostoso mesmo!

Propus que nos abraçássemos na despedida. As crianças quase nos derrubaram. Nos abraçamos forte. Ester me puxou para perto de si e disse baixinho no meu ouvido: “As estrelinhas duram até amanhã?”  Respondi: “ As estrelinhas, embora a gente não veja, são para sempre!”. Ela olhou para mim cheia de felicidade e exclamou, ajeitando os cabelos: “Ah... Que bom!”


Feliz feito passarinho

(Socorro Calhau, 19/10/2006)

 

Hoje cheguei no galpão às 7:08 e, apesar de já estar aberto, ainda não havia ninguém. Penso que talvez tenha sido aberto por Tuica que em poucos minutos apareceu. Cobri as mesas com os plásticos brancos, acendi a vela, desci o cesto da nossa oficina e comecei a organizar o material para a confecção da massinha. Hoje quem trouxe a aveia germinada fui eu. Também trouxe alho, cebola, curcuma e orégano. Chovia muito lá fora.

Por motivos variados, todos ligadas aos meus trabalhos na PUC e no SAPÉ deixei de comparecer a algumas oficinas, o que me deixou bastante triste e preocupada com uma agenda muito extensa que tenho atualmente.

Laza veio junto com os outros que foram chegando aos poucos, em bandos, como pássaros alegres em manhã de primavera, mesmo num dia chuvoso como este. Eu estava com muita saudade de todos, principalmente do Laza que tem sido um parceiro muito generoso comigo.

Moí a aveia duas vezes na máquina preta da Martha. A aveia ficou com uma textura maravilhosa. Laza trouxe o sal, a beterraba, o açafrão e o urucum, junto com isso sua tranqüilidade e confiança. Dividi a aveia moída em três partes. Laza começou a fazer a massinha de urucum e cebola. Eu ralei a curcuma e a beterraba para fazermos as massinhas vermelha e amarela. Laza e eu fomos fazendo e provando as massinhas que ficaram uma delícia. Nesse momento percebi que eu havia me esquecido de separar aveia para o mostruário e para a demonstração com a máquina. Falei com o Laza que poderíamos pegar aveia e colocar na água para hidratar e demonstrar já que esse produto de demonstração ninguém comia.

As crianças hoje viriam novamente do CIEP João Goulart, de Ipanema, da comunidade de Cantagalo. Eu estava ansiosa, pois o Laza falou que seriam crianças bem pequenas e eu, mesmo amando a todos, adoro os pequenos, pois são mais abertos e disponíveis para o novo, nos ensinam muito.

Quando as massinhas ficaram prontas estava na hora da roda de oração. Ana falou da ida a Niterói, falou de compaixão e de fé. Eu invoquei o Anjo da Realidade.

Laza subiu com Ana para a montagem da feirinha. Eu fui até a minha sala, pois havia marcado reunião com os alunos novos ao meio-dia, criando para mim uma armadilha: ou estaria na feira ou na reunião. Chegando na minha sala pedi à Ana Ribeiro para coordenar a reunião e solicitei a minha estagiária que ajudasse nos avisos e na distribuição dos livros novos. Ana Ribeiro, José Francisco e Laudelina falaram para eu ficar tranqüila que eles orientariam os alunos novos. Voltei para a feirinha acreditando, cada vez mais, que sozinhos não somos nada. Chegando ao pilotis (hoje a oficina não poderia ser ao ar livre por causa da chuva) encontrei Laza montando as mesinhas e os bancos para as crianças. Ajudei no que faltava. Organizei as pranchetas, os aventaizinhos e amostras. Laza ajudava na montagem da feirinha. Assim que o espaço da oficina ficou pronto ajudei Laza com as bandeiras.

Na hora marcada as crianças chegaram. Eram mesmos pequenos tinham idade entre cinco e seis anos. Fui logo me apresentando. Eles também. Chegaram: Alana, Priscila, Juan, Elisa (a outra filha do Sidney), Luis, Gabriele, entre outros.

Hoje começaríamos pelas sementes, pois o Tuica estava lá fora, na chuva, e não poderíamos levar as crianças até lá, a não ser que parasse de chover. As crianças circularam a barraca das sementes e comecei a apresentar cada uma por nome e condição de vida: as que estavam dormindo e as que estavam acordadas. Algumas as crianças conheciam, outras não. Falamos os nomes. Falei sobre o porquê de algumas sementes estarem dormindo e outras estarem acordadas. Comecei a falar sobre o processo de germinação e cantei: “semente, sementinha, o que você quer?” e coloquei o vidrinho com as sementes no meu ouvido e falei para eles que a semente havia respondido: “muita aguinha”. Coloquei água no vidro. Todos quiseram ouvir as sementes. Então, eu cantava: “semente, sementinha, o que você quer?” e colocava no ouvido de cada um. Pensei que eles fossem me dizer que não estavam ouvindo nada, mas todos, um a um disseram que ouviam as sementes responderem: “muita aguinha”. Vendo minha impossibilidade de colocar nos ouvidos de todos, Laza pegou outros vidrinhos com as sementes e colocou nos ouvidos das crianças, todos ouviam a sementinha cantar. Muito lindo!

Expliquei que depois de ficar oito horas na água, as sementinhas precisavam ser perguntadas de novo: “semente, sementinha, o que você quer?”. Coloquei o vidrinho no meu ouvido e disse para as crianças que elas estavam respondendo: “muito ventinho”. Assim, fui colocando novamente no ouvido de cada um o vidrinho para que ouvissem as sementinhas pedir “muito ventinho”. Novamente foi aquele encantamento em ouvir o pedido das sementinhas. Até Ligia, pediu para colocar o vidrinho no seu ouvido. Os pequenos são maravilhosos e nos encantam por sua espontaneidade.

Dali, fomos para a mesa e começamos a brincar com as massinhas. Nesse momento, Tuica pediu ajuda ao Laza para trazer sua barraca para o pilotis. Laza foi ajudá-lo e em menos de dez minutos a mudança estava feita.Hoje as massinhas estavam com uma textura muito gostosa e as cores bem fortes, graças, principalmente ao urucum de cotia que se revelou sem economia.

As crianças adoraram. Havia uma menininha da qual não me lembro o nome que comia a massinha sem parar, com gosto. Os outros também provaram e comeram, mas ela adorou. Laza arrumou a máquina e começou a fazer a moagem da aveia com as crianças. As esculturas eram: cestinhos, pulseiras, pizzas, bonecos, bichinhos, entre várias outras. As crianças ficaram muito tempo encantadas com a atividade. Quando todos já haviam passado por Laza na moagem da aveia fomos para a barraca do Tuica ver as hortaliças. Perguntei quais eles conheciam, de quais gostavam, e quais eram as desconhecidas. Tocamos, cheiramos, brincamos com as hortaliças.

A seguir, fomos para a barraca do suco para ver a extração da clorofila e prova o leite da mãe terra. Lurdinha , como sempre, nos encantava e se encantava com as crianças. Noel serviu o suco para as crianças. Cantamos “tembiuporã” sem economia de voz. Quase todos provaram e a maioria gostou. Hoje não haveria fogueira por conta da chuva e do vento.

Fizemos uma roda para a despedida e distribuição dos docinhos. Nos abraçamos emocionados. Fui para a minha sala cantando feliz feito passarinho.

 


De pé na terra a Bermar:
a emoção de deixar nossa criança brincar...

(Socorro Calháu, 09/11/06)

 

Hoje cheguei no galpão passando um pouco das oito horas da manhã. Já encontrei Laza, Ana, Lourdinha, Martha e tantos outros em plena atividade. A novidade era a chegada de um novo membro ao grupo, Bermar, que veio diretamente das Minas Gerais para fazer o serviço pesado de moer grãos para nós. Laza estava moendo a aveia para a nossa massinha nele. Todos nós nos surpreendemos com a rapidez da moagem. Laza constatou imediatamente que no próximo inverno teríamos que levar casaco, pois depois de Bermar não haveria mais calor fora de hora. Adeus musculação! Alertei a todos: “precisamos procurar uma academia, pois braços fortes por moer grãos, não teríamos mais”. Ana me lembrou que o trabalho físico não estava acabado, ao contrário temos muita força para fazer ainda, graças a Deus.

As crianças viriam ao meio-dia. Eram de novo as crianças do CIEP João Goulart de Ipanema, comunidade de Cantagalo. Nesta semana foi Laza quem germinou a aveia. Eu trouxe urucum em pó de Belo Horizonte, alho, cebola, beterraba. Laza trouxe a aveia, urucum com limão e mais alguns temperos. Esqueceu-se do orégano e do sal. Eu tinha sal na minha sala e fui buscar. Alguém nos emprestou orégano. Após a moagem de duas vezes, Laza dividiu a massa em três. Colocou sal em duas partes e deixou uma sem sal para que pintássemos com beterraba. Comecei a ralar a beterraba e distraidamente coloquei o caldo da beterraba em uma das porções com sal. Quando me dei conta era tarde demais. Isso significava que não poderíamos mais obter nenhuma massa doce. Lamentei. Observei melhor e vi que não deixamos aveia para a amostra nem para a moagem de demonstração com as crianças. Percebi que estávamos “distraídos” demais. Parei. Rezei para tentar compreender o que estava acontecendo. Ana diz que distrair significa “trair a si mesmo”. Por que será que estávamos traindo a nós mesmos? Laza estava resfriado/ndo e eu talvez estivesse inconscientemente com vontade de usar a beterraba com sal, pois não gosto muito do sabor da massinha vermelha. Será Isso? Não sei. Pedi a Deus e ao anjo da concentração que nos ajudassem.

Fiz a massinha vermelha com alho e sal. Adorei o sabor. Laza pintou a massinha de curcuma e a de urucum. A de beterraba ficou bem úmida, as outras não. Falei com Laza que compraria aveia com Maria Helena e colocaria na água para a demonstração de moagem e amostra nas placas.

Martha e Julia começaram a moer os grãos para as esfirras. Martha ficou maravilhada com a rapidez de Bermar, nosso novo herói. Riu, brincou, bateu palmas feito uma criança encantada com seu brinquedo. Perguntou se algum de nós tinha pimenta. Respondi que não. Que ela era nossa “pimentinha” feliz.

Laza carregou o carro da Ana. Fizemos a roda de oração. Ana falou bastante sobre vários assuntos, estava sem pressa. Falou sobre as pessoas ausentes, sobre a aula de quarta-feira, sobre seus alunos do projeto, sobre a viagem a Figueiras, sobre sua experiência e partilha com o UCEM (que eu tanto gostei!). Rosana pediu para falar em mudança e deu um depoimento emocionado sobre sua vida “sozinha”. Não entendi muito bem quando disse que estava sozinha. Sempre pensei que quando tinha mos em casa anjinhos lindos nos chamando de mãe e um marido por perto a solidão fosse só uma palavra sem sentido. Vi que não era bem assim. Ela estava sofrendo e tentando fazer alguma coisa que parecia ser dolorosa. Pensei também que as pessoas que tinham mãos de fada para “cruzinhar” e temperar as “crumidas” nunca ficassem infelizes, fossem incólumes.”Enganei-me de novo. Duda pediu para ler um poema que fez de gratidão ao BIOCHIP. Tenho a impressão de que ele também sofre com alguma preocupação e oscila entre um alívio e uma tensão. Após a leitura sua criança bonita ficou muito feliz. Que Deus o ajude. Após a oração chamei o anjo da concentração.

Subi com o carrinho preparado por Laza, que dava sinais de que seu resfriado estava piorando. Montei as mesas. Ana chegou perto desmontou a mesa que eu havia montado tentando me ajudar. Eu disse a ela que a mesa estava muito baixa e que eu estava tentando armar ao contrário para ficar um pouco mais alta. Ela se desculpou e me deixou terminando o trabalho de montar o espaço da oficina. Arrumei plaquinhas e aventaizinhos. Laza montou os bancos. Peguei a aveia com Maria Helena para as amostras e moagem. Arrumei tudo. O dia estava assim meio barro, meio tijolo. Rezei para que não chovesse antes das crianças chegarem.

Durante a montagem da feirinha vi Ana trazendo uma sandália havaiana para Norma. Vi Norma colocando a sandália um pouco sem intimidade com a peça. Cheguei perto para elogiar. Eu disse que adorava as havaianas e Norma me confidenciou: “nunca tive uma sandália dessas”. Eu falei: “Está linda!”. E ainda exclamei: “Como é que alguém pode ter vivido sem nunca ter tido uma sandália havaina?” (Isso está parecendo comercial das havaianas, deixa eu parar!). Norma sorriu o seu sorriso bonito de uma forma educada como sempre faz. Ela é o meu ideal de ser fina e educada. Apesar disso tem um quê de menina levada que ela tenta conter, mas que de vez em quando tenta escapar ao controle. Adoro quando isso acontece. Agradeci poder conviver com ela e sua criança sapeca contida.

Ao meio-dia em ponto as crianças chegaram. Fui ao encontro delas. Eram bem pequenas e somente sete, tinham quatro e cinco anos. Vieram: Priscila, Mateus, Juliana, Isabel, Tissiano e David, o mais sapeca. Me apresentei. Elas também. Beijei Sônia, a professora, Lígia e Sidnei. Ligia falou que quando as crianças são muito pequenas, os pais não autorizam sempre a saída da escola. Desta forma, o grupo ficava bem mais reduzido.Apresentei o Laza às crianças: “Pessoal, este aqui é o Márcio!”  Ligia perguntou: “Não é o Lázaro?” Marcio respondeu “Marcio Lazaroni”. Ligia então compreendeu o mal entendido com o nome do Laza.

Ligia falou que no ano que vem vai fazer um calendário completo para que todas as crianças e professores venham à feirinha. Disse que cada um que vinha aqui voltava para a escola diferente, encantado, transformado e os que não vinham ficavam curiosos sem compreender o porquê da transformação.Fui encaminhando as crianças para a barraca do Tuíca. No caminho passamos por Ana que montava as barracas. Todos se jogaram no pescoço de Ana e Érica falou: “Você tem um cheiro bom!” Ana aumentou as estrelinhas dos olhos e do sorriso. Certamente Érica sentiu o cheiro de criança sapeca que emana da Ana, ou talvez fossem as estrelinhas dos cabelos que resolveram exalar o cheiro do céu.

Chegamos à barraca do Tuíca e começamos a falar sobre as verduras e hortaliças. As crianças estavam bem desconcentradas, agitadas. Eu e Ligia chamamos e as colocamos em volta da mesa. Falei bastante sobre todas as verduras, cheiramos algumas. Laza mostrou aquelas que estavam mais perto dele. Brincamos de casar com um buquê de agrião, couve-flor e brócolis. Todos queriam fazer a caminhada até o altar. Resolvemos, afinal, fazer um casamento coletivo. Entoei a Marcha Nupcial, andamos todos agarradinhos.

Fomos para a barraca das sementes. Apresentei Maria Helena às crianças. Rodeamos a barraca e comecei a falar sobre o processo de germinação, sementes dormindo, sementes acordadas, estrelinhas no cabelo. Ligia complementou dizendo que sementes germinadas também fazem com que fiquemos muito inteligentes. As crianças se animaram. Provaram: amendoim, ervilha, girassol, soja, trigo e couza. Dali, fomos para a mesa com as massinhas. Laza, no entorno cuidava para que tudo esse certo.

Laza distribuiu as massinhas e explicou cada uma associando um pedaço de massa aos seus ingredientes. As crianças ouviram atentas. Começaram a brincar. Provaram as massinhas, gostaram. Ligia provava e incentivava as crianças a comerem e a trabalharem criativamente com elas. Havia na feira um casal com duas crianças: João e Aline (?). João entrou na brincadeira e fez um iglu, depois um dinossauro. A menina se recusou a participar. As crianças do João Goulart brincaram bastante. Assim que o tempo de concentração começou a passar propusemos que fôssemos para a barraca do suco.

Chegando ao suco apresentei Lourdinha às crianças. Ela começou a demonstrar a extração da clorofila para as crianças. Elas ficaram encantadas. Rosana serviu o suco. Distribuímos pedindo para que não tomassem antes de todos estarem servidos. Cantamos “tembiuporã”. As crianças gostaram do suco. Sidnei agora toma suco e me relatou que sua terceira filha estava chateada por não ter vindo nunca à feirinha, pois sua turma não havia sido escalada. Mandei beijos para Elisa e Natália, suas duas filhas lindas que fizeram oficina conosco. Natália muito concentrada e Elisa bem sapeca. Laza estava fotografando.

Saímos dali direto para a fogueira. Sentamos no chão e Laza começou a preparar a fogueira. Ligia cantou a música: Pula a Fogueira. Cantamos a música da fogueira. Expliquei que poderíamos fazer pedidos ao fogo que adora ouvir nossos desejos. Eu Laza fizemos nossos pedidos. Eu pedi amor, não me lembro do pedido de Laza, acho que foi para que elas sempre viessem nos ver. As crianças fizeram seus pedidos emocionadas. Laza foi buscar os docinhos e falei para eles que iríamos selar nosso encontro com aqueles docinhos e guardar no coração aquele gostinho bom. Comemos os docinhos. Estavam deliciosos. Como havia poucas crianças puderam repetir. Refizemos a roda e nesse momento João Pedro ia passando e pediu para entrar na roda conosco. Falei que sim. Ele entrou. Laza propôs uma brincadeira legal de palavras malucas que parecem indígenas. As crianças amaram!

Nos despedimos com abraços apertados, beijos e votos de nos vermos em breve. Abracei Lígia com força, agradecendo a Deus por ela estar na escola pública, o lugar mais necessário para pessoas como ela estarem.

 


Alegria, fé e uma folha seca...

(Socorro Calhau, 07/12/06) 

Cheguei ao galpão passando um pouco das 7:30. Gesine já estava lá. Juntas, forramos as mesas. Gesine fez um lindo arranjo de flores com orquídeas exuberantes que me lembraram minha mãe, que cultivava orquídeas em sua casa, em Vassouras.Hoje quem trouxe a aveia foi o Laza.  Bermar estava de volta, mas eu continuo pensando que ele ainda não está preparado para participar da feirinha, pois vive dentro de um paradigma muito diferente do nosso. Contudo, Laza o trouxe para moermos a aveia. A primeira passada foi tranqüila. A segunda, como sempre, começa a agarrar, ressecar, esquentar, enfim, é muito complicada. Precisamos umedecer a aveia já moída, mas mesmo assim não conseguimos passar a aveia toda. Eu, pessoalmente, prefiro o velho e bom moedor de ferro, mais “cascudo”, mais vivido, mais experiente e acostumado com o vivo, apesar de possuir uma memória de outras épocas e função. Lavei Bermar para que os outros pudessem usar sem que estivesse ressecado ou entupido por causa da espera. Demorei lavando Bermar o triplo do tempo que levamos moendo a aveia, o que prova que, em relação aos grãos, em termos de tempo, Bermar não traz vantagem. Apesar disso acho que ele é ótimo para fazer massa de tortas e docinhos, a massa fica maravilhosa.

Laza foi arrumar o material para a feira e eu fiquei colorindo as massinhas. Suiá me emprestou três pedaços de curcuma para amassinha amarela com alho, orégano e sal. Eu trouxe beterraba e Laza trouxe o urucum. Material da feirinha pronto, Laza foi a uma banca (acho que foi isso). Ana chegou com sua horta ambulante, linda, exuberante, ajudada por Inês Braconnot. Nesse momento todos já estavam no galpão. Quando as três massinhas ficaram prontas começou a roda de oração. Ana falou sobre o semestre, disse que foi um dos melhores de sua vida. Inês falou da experiência com a moça do posto e a horta de grama de girassol.

Hoje teríamos as crianças do CIEP João Goulart da Comunidade do Pavão Pavãozinho, que tanto nos encantam e que aprendemos a amar e respeitar ao longo deste ano, viriam com a coordenadora Lígia e o boa praça, nosso amigo, Sidnei. Teríamos mais uma turma que nunca tinha vindo à feirinha.Chagariam ao meio-dia.

Subimos. Montei nosso espaço da oficina nos pilotis, pois o tempo estava bastante incerto com ameaça de chuva para qualquer hora. Seriam 18 crianças e desta forma bastavam três mesas e duas extensões.

Ao meio-dia em ponto as crianças chegaram. Fui logo me apresentando. Chegaram: Pedro, Umberto, dois Jonathans, Isabelle, Alessandra, Humberto, entre outros. Sidnei e Ligia também, é claro. Fomos para a barraca do Tuíca.  Falei sobre a proposta da feira, expliquei sobre o alimento vivo. Afinal eram crianças de 9 e 10 anos que podiam compreender bem toda essa história. As crianças ficaram atentas, identificaram alguns legumes e verduras.

Dali, fomos para abarraca das sementes e começamos a conversar sobre as ácidas e as alcalinas. Sobre o processo de armazenamento e o de germinação. Expliquei a geminação. Reconhecemos as sementes pelo nome e provamos algumas. Nesse momento, Laza se aproximou do grupo e eu o apresentei a todos. Como Maria Helena hoje ainda não havia chegado, Laza ficou cuidando da barraca de sementes e a de empréstimos. Haviam outras baixas na feirinha hoje, o que impediu que Laza ficasse conosco o tempo todo. Como sempre, nos acompanhava com os olhos atentos e cuidadosos perguntando se eu precisava de algo.

Depois de experimentar as sementes fomos para o espaço da oficina trabalhar com a massinha. As crianças adoraram e se puseram a modelar, desenhar, provar o sabor, trocar as impressões. Havia uma menina que não queria nem provar nem desenhar. Ficou olhando, provocando o grupo. As crianças fizeram muitos desenhos e esculturas. Carol que estava na feirinha desde a montagem pediu para que deixássemos Dora fazer a oficina. Certamente que concordei. Dora é uma fofa e sabe tudo sobre sementes.

Após trabalharem bastante com a massinha fomos para a fogueira. Hoje estava tudo bastante atrasado. O mau tempo era o principal motivo. A barraca de suco ainda não havia dado conta de fazer o suco para oferecermos às crianças. Fui então para a fogueira. Como estava sozinha tratei de levar tudo: jornal, fósforos e apanhar folhas secas. Laza levou os docinhos e os deixou lá para nós, perguntou se eu precisava de ajuda.

Fiz a fogueira, cantamos a música, e começamos a fazer nossos pedidos. Pedi ao fogo que aquelas crianças pudessem um dia estudar na PUC. As crianças começaram a fazer pedidos, cada um mais lindo, embora de vez em quando, surgisse um videogame ou uma bicicleta. Olhei à frente e vi Sidnei procurando no chão uma folha seca. Vi um brilho diferente nos seus olhos. Ele passou por mim e disse: “Hoje eu vou fazer um pedido”. Abaixou-se em frente à fogueira, fechou os olhos, juntou as mãos em gesto de oração e ficou assim por alguns segundos. Levantou-se, passou por mim e disse baixinho, emocionado: “pedi minha casa própria, eu preciso conseguir”. Eu respondi: “vai conseguir, é claro”. Ele deu um sorriso lindo, cheio de fé. Distribuímos os docinhos. As crianças adoraram e repetiram as sobras dos que faltaram.

Falei com Ligia que estávamos com problemas em relação à barraca do suco, pois ainda não estavam devidamente instalados. Ligia não se conformava de ir embora com as crianças sem tomarem o suco. Eu também estava achando muito estranho. Ligia disse: “nós esperamos o tempo que for necessário!” Laza foi ao galpão saber se ainda demoraria muito. Fiquei com Ligia e as crianças, sentadas numa mesa, lá no jardim. Cantamos, brincamos, fizemos adivinhações, até que Laza retornou dizendo que a barraca e o suco já estavam prontos.

Como sempre, Lurdinha nos recebeu carinhosamente e explicou tudo sobre os ingredientes, deu maçã para as crianças provarem. Bateu no liquidificador e espremeu o suco na frente das crianças que estavam maravilhadas com seu jeito cintilante.

Na hora de servir o suco cantamos “tembiuporã”, somente uma criança não provou. Estava delicioso! Sidnei tomou e repetiu o que me causou muito espante e alegria, pois na barraca de sementes não quis provar nada, como sempre. Brindei com ele dizendo: “agora, quer você queira ou não, vai ter estrelinhas no cabelo”. Laza falou que ele já havia bebido de outra vez.

Nos despedimos desejando Feliz Natal e um ano de 2007 repleto de oficinas para as crianças do CIEP João Goulart. Fiquei pensando no quanto Sidnei havia mudado. Trouxe suas três filhas, bebeu suco e ainda conversou com o fogo. Voltei para o galpão  emocionada e feliz.

Laza

 

7 de Dezembro de 2006

 

CIEP Ipanema – 7 crianças

 

Hoje, na volta do moedor elétrico depois de sua pane, fiz um experimento de colocar a aveia para germinar durante a noite e só tirar da água no momento de ir para a PUC. Notei que a massa ficou mais dura do que quando começo a germinar ao meio-dia.

Usando o filtro com buraquinhos menores, no meio da segunda passagem, nosso moedor já tinha muitos buracos entupidos e por isso interrompemos o processo e usamos a massa como estava pois já estava numa consistência boa para brincarmos.

 

Agradeço a Socorro por quando eu cheguei no LILD já estar preparando as mesas para o trabalho. Isto gerou em mim apoio e vontade de chegar junto com ela para que não se sobrecarregue.

 

Agradeço a Maria Helena por não poder participar de feira de hoje fazendo com que eu ficasse na barraca de objetos itinerantes gerando em mim poder olhar a oficina com uma outra visão.

 

Agradeço a Ana Ligia por vir me perguntar se eu não ia participar da oficina o que gerou em mim carinho por querer que estivesse junto da brincadeira.

 

Agradeço por ver a Socorro me contar de como foi a roda da fogueira gerando em  mim vontade de estar mais atento para perceber quando foi este momento para eu poder estar presente.

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