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Creche Jardim Botânico

 

 

NOVEMBRO - Dia 30 das 10h as 12h

 

 

Relatórios de Gratidões

 

Lá vai a Margarida passeando na avenida...

Ou como prestar atenção aos passos que nossas pernas dão a partir da simplicidade das crianças

 

Socorro Calhau (30/11/06)

  

Hoje cheguei ao galpão às 7:15 e já encontrei Gesine e Inês Arieira. Eu trouxe a aveia germinada, cebola, alho, sal e orégano. Em seguida chegou Laza com o urucum, limão e demais temperos. Em vão, começamos a procurar por Bermar. Olhamos tudo e nada. Ana chegou, em seguida, e disse que Bermar havia se desligado do grupo. Ainda não estava preparado para ser feirante, tarefa que exige força, muita “energia” e força de vontade. Exige, principalmente, opção por um paradigma totalmente diferente que não é para quem “nasceu para moer carne.”  Bermar ainda precisa entender de outras possibilidades de moagem, conhecer as sementes e adequar sua força de compressão para compreender melhor a nossa escolha. Acho que um dia, talvez não muito distante, haverá tantas pessoas germinando sementes para comer que as fábricas de moedores fabricarão muitos moedores adequados a esse tipo de trabalho, só depende de nós sermos capazes irradiar a boa nova pelo mundo. Enfim, estávamos, de novo, entregues ao processo de musculação e produção de calor interno gerado pelo moedor de ferro, manual, e principalmente à tarefa de controlar o tempo de forma coerente e conseqüente com o funcionamento da feira. Que bom!

Hoje teríamos dezoito crianças da Creche Jardim Botânico às 10 horas. Teríamos menos tempo, por isso, me dediquei a moer a aveia na nossa (da Martha) boa e velha máquina de ferro, enquanto Laza arrumava o carro da Ana e nossa cesta. Laza veio ajudar na massinha, mas com o adiantado do tempo achei melhor cuidar das massinhas sozinha, enquanto ele cuidava do resto, pois precisávamos ter o espaço das mesinhas arrumado mais cedo.

Ana começou a roda de oração e falou bastante sobre as duas viagens, sobre economia e  “over meta”, bom, eu tenho sempre dificuldades com palavras em inglês, gostaria muito que o nome disso fosse outro, totalmente em português, como por exemplo,  “sobra amorosa”, ou outro qualquer que nos desvinculasse dos termos em inglês e das palavras do mundo da economia formal e que fosse voltado para o mundo da economia de energia. Ainda na roda, Ana deu boas vindas aos novos, falou da saída da Vânia, entre tantos outros assuntos. Rezamos e fizemos a mentalização.

Subimos para a montagem da feirinha às 9:50 e quando chegamos lá em cima já encontramos as crianças com as professoras nos esperando. Laza veio ao meu encontro e pegou o carrinho e as massinhas das minhas mãos e me liberou para ir ao encontro das crianças, enquanto ele foi montar o espaço da oficina.

De longe pude ver que as crianças eram bem pequenas. Eram quatorze: quatro de quatro anos, quatro de três anos e o restante de dois anos de idade. Um céu. Eu adoro os pequeninos com seus olhinhos curiosos e as mãozinhas inquietas e toda a disponibilidade do mundo para a fantasia de viver a REALidade.

Fui logo me apresentando. Pedi para que falassem seus nomes. Havia: Edgar, Bernardo, Bernardo Brigadeiro, Mariana, Ana Clara (que era claríssima feito a luz da lua), Pedro, Helena, entre tantos anjos lindos. As professoras também se apresentaram.

Fomos direto para a barraca do Tuíca, e lá, começamos a conhecer ou a reconhecer as verduras e legumes. Eles já conheciam a cenoura, o brócolis, a alface. Os outros foram conhecendo, tocando, nomeando e cheirando. Sucesso sempre para o cheiro da hortelã, do funcho, do tomilho e do manjericão. Casamos com o buquê de agrião, como sempre.

Passamos, então, para a barraca das sementes que foi montada no pilotis, pois o tempo estava muito incerto, parecendo que iria chover a qualquer momento. No caminho ensinei a eles uma música de caminhar que é assim: “Lá vai a margarida passeando na avenida, oi que Margarida, oi que margarida”, na segunda estrofe damos dois passinhos miúdos e acelerados.  Eles adoraram! Eu também, pois brincava disso quando era adolescente com minha melhora amiga, a Lucinha Bittencourt, lá em Vassouras.  Sempre que caminhávamos para qualquer lugar íamos de mãos dadas ou abraças das cantando a canção e fazendo os passos sincronicamente. Laza estava por perto, cuidando da infra e da periferia, acertando os detalhes: sementes, doces, suco, fogueira, folhas secas, tudo em sintonia comigo e com as crianças. Chegando lá comecei a apresentar as sementes. Falei sobre semente dormindo e semente acordada. Passei para o processo de germinação. Enquanto estava às voltas com a água Laza veio me ajudar a entornar o copinho. Aproveitei para apresentá-lo ao grupo. Eu disse a eles que precisávamos colocar as sementes num copo e perguntar: “Semente, sementinha, o que você quer? E coloquei no ouvido, fechei os olhos e disse a eles que elas responderam: “Muita aguinha!” Todos quiseram ouvir as sementinhas e fui colocando nos ouvidinhos das crianças e todas escutaram as sementinhas pedir água.

Depois repeti a explicação em relação à água: “Semente, sementinha, o que você quer?” e a sementinha responde: “Muita aguinha!”. Outra vez, todos desejaram ouvir as sementinhas. Em seguida começamos a provar. Provamos o amendoim e depois o trigo. Como eram crianças muito pequenas o tempo de concentração já estava terminando. Passamos, então, para o espaço das massinhas. Laza comandou essa parte. As crianças sentaram e ele trouxe as massinhas e enquanto distribuía, explicava os ingredientes e fazia a vitrine. As crianças brincaram bastante. Provaram a massinha, alguns gostaram, outros não. Mariana me fez, em massinha, na sua prancheta. Eu adorei!!

Propus que cantássemos enquanto brincavam com a massinha. Cantaram a música da “janelinha do tempo”  e depois fizemos com o corpo, de pé.

Dali, fomos para a atividade da fogueira, pois o suco ainda não estava pronto e achávamos que não daria tempo. Laza, que já havia providenciado tudo, distribuiu as folhas e acendeu a fogueira. Cantamos a música. Expliquei que o fogo adora ouvir nossos desejos. Fui a primeira a fazer o pedido e pedi para que eles voltassem sempre. Em seguida as crianças começaram a fazer seus pedidos. Estavam todos com muita fome, pois eram crianças de horário integral que almoçam às 11:30. Desta forma os pedido foram assim: Mariana pediu arroz, Pedro pediu feijão, Edgar pediu batata, Bernardo pediu um prato. Eu e as professoras rimos muito e concluímos que eles deviam estar famintos. Os pedidos de comida se seguiram até a última criança. Em seguida, Laza distribuiu os docinhos. Todos comeram e adoraram. Laza fez a brincadeira dos dedos para finalizar. Quando fomos nos despedir, Cláudia, a coordenadora perguntou se havia chance de esperar pelo suco. Laza desceu para saber se ainda demoraria muito. Fiquei com as professoras, brincando com as crianças, enquanto esperavam. Quinze minutos depois o suco chegou. Nos encaminhamos para a barraca do suco onde Lourdinha demonstrou, sem luz, pois ainda estava desligada a energia elétrica, como fazer o suco. As crianças acompanharam atentamente. Laza e Noel serviram o suco. Cantamos “tembiuporã.” As crianças provaram e tomaram meio desordenadamente. Eram muito pequenos para compreender que precisavam esperar para tomarmos juntos. As professoras começaram a fazer cara feia para o suco até que Lourdinha disse que o suco emagrecia, aí, imediatamente tomaram e repetiram. Nos despedimos com abraços apertados.

Voltei para o galpão cantando a música: “Lá vai a Margarida passeando na avenida”. Onde estaria Lucinha Bittencourt, minha melhor amiga na adolescência, que há muitos anos eu não via, pois tomou outros caminhos na vida pessoal e acadêmica, diferentes dos meus? Será que ela ainda se lembra de nossa música?Tomara que sim!!!

 

 

 

Laza

 

 

30 de novembro

Creche JB de educação infantil

 

Agradeço a Socorro por se disponibilizar em germinar a aveia gerando em mim parceria e ver o quanto é comprometida para que a oficina aconteça.

 

Agradeço Ana por me ajudar a montar as mesinhas enquanto a Socorro brincava com as crianças na barraca de hortaliças. Isto gerou em mim ação para que tudo estivesse pronta na hora da brincadeira nas mesinhas.

 

Agradeço a Socorro pelo seu encantamento em falar em brincar com a músicas do que a semente quer para germinar. Gerou em mim vontade de ter igual fascínio com gente tão pequenina.

 

Agradeço ao Alexandre por vir tão calmo ao meu encontro com a bandeja de docinhos gerando em mim tranqüilidade em um momento que estava bem afoito arrumando as mesas.

 

Agradeço a criança que ao cair da cadeira-cavalinho, prontamente se levantar para tentar subir de novo. Gerou em mim persistência pois acha que ele iria chorar e não querer subir mais.

 

Agradeço por ver tantas crianças brincando na feira gerando em mim querer brincar todo dia cada vez mais.

 

Agradeço por ver tantos professores e auxiliares com as crianças (cerca de 1 a cada 2 crianças) ajudando a oficina acontecer. Isto gerou em mim ver o quanto esta idade (2/3 anos) precisa de atenção.

 

Agradeço a pequeno garoto que após lavar a mão saiu andando para explorar a PUC. A cena dele com suas pequenas pernas e andar de quem ainda não sabe os tamanhos das próprias pernas gerou em mim ternura.

 

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