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AVICRES - Nova Iguaçu

24 de Novembro de 2005

Inez Arieira - 24 11 05 - AVICRES - Mesquita

As crianças da AVICRES chegaram às 13:45; eram 18 crianças na faixa de 7 a 10 anos que vieram com Sonia (coordenadora pedagógica), e as professoras Sandra, Ana e Cida. Tissa foi ao encontro deles. Socorro levou todos para ver e conversarem sobre as hortaliças e sementes. As crianças estudam em outras escolas e vão para a Escola dos Pequenos Lavradores como apoio, para aprender justamente sobre plantar, colher e germinar. Quando Socorro trouxe as crianças para as mesinhas que estavam montadas ao ar livre no bambuzal, senti logo que eram crianças diferentes; sentaram escutaram as explicações, atentamente, de como as massinhas de aveia eram feitas, tingidas com o líquido da beterraba, curcuma e urucum, cada uma com uma cor viva e diferente da outra: o rosa shocking da beterraba, o amarelo da curcuma e laranja barro do urucum. O ambiente estava tão harmônico e agradável que me senti muito bem em interagir com cada criança, conversando com eles sobre os desenhos que eles estavam fazendo com a massinha. O Suco de Luz do Sol, foi servido com todos sentados em volta da mesa; cantamos "tem bioporã.." e senti que gostaram muito do suco. Fizemos uma roda em volta do fogo que o Laza preparou, cantamos a canção do fogo e fizemos pedidos para ele. Na saída, Zélia distribuiu um pedaço de torta de frutas para quem quisesse, e Leda distribuiu os docinhos. As crianças saíram às 15:00.

Patrícia Berwanger - 24.11.05 - AVICRES - Mesquita

A feira estava borbulhando de alegria. Já passava de uma hora. Eu estava na dúvida se a escola viria ou não. De repente encontro uma professora procurando alguém! Nos encontramos... Fui até a van receber os sedentos meninos naquele calor de 40º ! Me apresentei. Eles eram 18 crianças todos grandes! Sorridentes foram em direção à feira. Na barraca das hortaliças, eles sabiam os nomes de muitas folhas e raízes. A escola tem horta!! Sentadinhos nas mesinhas, calmos e comportados desenhavam como uma dança no vento. Uma sintonia digna de aplausos! Cuidadosos e atentos não deixavam a massinha correr para o chão, preservando-a. Muitos não quiseram comer ou não gostaram. Outros gostaram muito e comeram bastante massinha. Os meninos mais velhos queriam mesmo é ver todo o processo de produção da massinha!! O suco foi a mesma coisa. Alguns nem experimentaram por causa da cor!! Foi tão leve essa oficina... Os professorem gostaram muito do suco e da pesquisa biochip!

Socorro Calhau - 24/11/2005 - AVICRES - Mesquita

Hoje cheguei a tempo de participar da conversa de mãos dadas. Que bom! Ana havia chegado e quando entrei no galpão pude sentir sua presença azul. Abracei Ana e os demais feirantes que estavam por perto com as mãos livres. Patrícia e Laza já estavam lá. Inez demorou mais um pouco do que o de costume, mas chegou na hora certa nos tranqüilizando. Ana começou a conversa de mãos dadas falando da viagem, das aventuras dela e de Marta por esse mundo a fora, do tanto de suco que espremeram. Falou dos problemas com a fronteira e de sua travessia audaciosa. Ela parecia ótima e muito feliz. Marta tinha a fisionomia cansada, mas parecia igualmente feliz. Depois que Ana contou todas as aventuras, rezamos. Chamei de novo o anjo da FÉ. Em seguida, saímos para armar as barracas. Laza não veio conosco. Ficou em outra atividade. Hoje as crianças chegariam às 13 horas, fato que me preocupava, pois eu tinha que dar aula às 14:30 horas. Fim de semestre, muita coisa confusa acontecendo. Armamos as barracas, dessa vez com Ana andando e trabalhando entre nós e entre os nós. Isso foi muito bom. Quando as crianças chegaram já passava bastante das 13:30 horas. Começamos as atividades pela barraca do Tuica. As crianças disseram que tinham horta e que comiam todas aquelas verduras que estavam expostas na barraca. Como sempre estranharam o rabanete. Passamos pela barraca da ANNE onde conheceram a grama de trigo, o cacau (alguns já conheciam) e curcuma. Vieram 18 crianças entre sete e dez anos de idade. Me chamou atenção Lucas (?), um menino com um brilho muito intenso no olhar. Respondia as perguntas e participava com muita alegria. Fomos para a barraca das sementes onde expliquei o processo de germinação e provamos o amendoim, a lentilha, o girassol e o trigo. As crianças estavam muito concentradas e atentas. Inez, Laza e Tissa estavam mudando as mesas de lugar por causa do forte sol que estava fazendo no local. Terminada a apresentação das sementes fomos para a mesa das massinhas. Olhei o relógio e já eram 14:15 horas. Eu precisava ir embora, infelizmente. Ajudei na colocação dos aventais e saí de mansinho com o meu coração muito apertado. Rezei para que a oficina fosse, como sempre, um sucesso!


28 de Abril de 2005

Socorro Calhau - 28.4.05 - AVICRES - Mesquita

O encontro de hoje com as crianças de Mesquita me fez pensar muito sobre a Educação. Pensar o quanto a sociedade está marcada por uma idéia de infância equivocada que tem sido a base de tantas práticas educativas escolares e até mesmo da prática educativa das famílias. A infância, histórica e socialmente, tem sido vinculada à idéia de falta, carência e incompletude. Está estabelecido, em algum lugar, a necessidade de nossa interferência na vida delas para preencher todos esses vazios. E assim, lá vamos nós exercer o controle e o poder sobre elas criando uma relação de submissão as nossas regras, as regras de um mundo concebido por nós. E aí ignoramos as formas de lidar com a realidade desses seres tão singulares. Pior, não desfrutamos de uma convivência de troca e aprendizado mútuo. Quando nos damos a oportunidade de olhar para a vida de outro ângulo, como a que estamos nos dando através do alimento vivo, e escolhemos uma nova maneira de estar no mundo, começamos a enxergar que incompletos e carentes não são as crianças, mas nós, adultos entorpecidos. Hoje, com os alunos da Avicres, tive a certeza do quanto estamos equivocados na educação das crianças, principalmente nas escolas, o quanto temos a aprender com elas e deixar que elas sejam simplesmente o que são e nos ajudem na tarefa de educá-las. Nossa função deve ser: simplesmente amar, respeitar e partilhar a vida com esses serezinhos tão especiais. Praticar com eles uma nova possibilidade de (re)nascer, (re)pensar, (re)conhecer, (re)começar e (re)desenhar nossa forma de estar no mundo. Agradeço à Tuane, Roger, Mateus, Vitória, Luciane, Paulinho, não me lembro dos outros nomes, mas guardo um calorzinho gostoso no coração deixado por cada abraço, uma doce lembrança para a vida toda.Agradeço por me darem esse "sacode" gostoso, essa aula que vale mais do que mil doutorados. Isso gerou em mim "infantilidade".

Sueli Carvalho - 28.4.05 - AVICRES - Mesquita

Hoje compareceram 10 crianças de 4 e 5 anos, (AVICRES) e logo assim que cheguei perguntei o nome de cada uma e falei o meu,disse que íamos brincar de modelar e fazer um passeio pela feira. Fizemos uma rodinha sentados no chão e novamente falamos nossos nomes.Contei a história da sementinha e cantamos: "semente... sementinha..." Colocamos os aventais com a ajuda das coordenadoras e Socorro,todos sentaram nos banquinhos e receberam três cores: amarelo, rosa, laranja, cada uma foi feita da maneira descrita no relatório anterior. Cada aluno ganhou uma prancheta branca para poder modelar e as cores sobressairem,e um deles perguntou se podia comer,expliquei que aquela massinha era feita com aveia germinada e que tinha um sabor salgado. Quase todos provaram.Tinha uma menina que modelou a mãe e o pai,notei que pela pouca idade eles gostavam que nós conduzissemos as idéias para modelar. Fizemos modelagens sugestivas.Uma borboleta e um gatinho. Contamos histórinhas breves inventadas na hora e até uma pequenina música que falava do rabo do gato. Robson copiou a modelagem da borboleta e fez uma onde colocou olhos grandes.Falei que ela deveria estar com vontade de comer massinha colorida.Perguntei se alguém conhecia música ou de gato ou de borboleta, e uma menina começou a cantar uma de borboleta. Coloquei um pouco da semente germinada de aveia em cada prancheta e pedi para que eles provassem o seu sabor,também falei que dentro dela tinha um leitinho. Mostrei como fazer a germinação,notei que Sandra a coordenadora se interessou perguntando quantas horas levava para germinar. Mostrei o trigo já germinado e com o narizinho de fora e que a aveia não colocava narizinho para fora. Ficamos ali com eles e depois fomos fazer um passeio pela feira,pois os feirantes já começavam a chegar. A primeira barraca que visitamos foi a da semente. Mostrei a semente de girassol e perguntei se eles sabiam o nome dela ,alguns responderam que era coco de rato. Logo a seguir ajudei soletrando:"Gi-ra... e um foi logo completando:"girafa" Percebi que eles repetiam em coro quando perguntávamos alguma coisa:"vamos ver as cores que moram dentro das frutas e os desenhos que podemos fazer:"Vamos!" Percorremos a feira inteira e muito interessante é que os adultos que estavam em torno também participavam conosco,com muita alegria. Ora provando as massinhas,ora participando com muitos sorrisos e falas.Quando estávamos na barraca do Suco de Luz,ficaram muito atentos e eu disse:"dona mágica vai retirar com aquele saquinho o suco que mora dentro das folhas!".Elizabeth preparou vários copinhos com o suco e ofertou para todos.Cantamos Tembioporã ,expliquei que os índios guaranis agradeciam o alimento cantando daquele jeito. Duas meninas não quiseram tomar uma delas até tentou mas deixou o copo quase cheio. Teve uma menina que repetiu três vêzes fez até um bigodinho. Encerramos com a pequenina fogueira,Patrícia enrolou os jornais para podermos começar.Cantamos:"Acendi uma fogueira e o fogo não pegou então tive que abanar pro fogo poder pegar..." .Cada um pegou uma folha seca e sugeri que fizessemos pedidos e o meu foi:para trazerem todas as crianças do mundo!".Patrícia mostrou para eles o espírito do fogo,idéia sugerida por Pablo (aluno da Pirilampos do semestre passado)as cinzas que sobravam ele disse:"É o espiríto do fogo!" Finalizamos com abraços bem apertados. Conclusão: Agradeço essas crianças vindas de longe pra brincar e encantar toda a feira.Gerou em mim muita alegria, e cada vez mais me dando a certeza dos ensinamentos que elas me transmitem:verdade e simplicidade e neste momento o verdadeiro aprendiz se faz presente. Agradeço poder ver Socorro com seu olhar atento,sua modelagem do gatinho com um rabo muito longo.Gerou em mim uma infantilidade que não tem idade. Agradeço a suavidade de Patrícia,buscando no galpão tudo que pedíamos e também do seu olhar para o fogo olhando pra ele até o fim e saudando o seu espírito com muita delicadeza.Gerou em mim poder lembrar a toda hora que podemos ser fortes sem ser brutos.

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