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Escola Municipal Luiz Delfino

Gávea

Rio de Janeiro,22 de junho de 2005

 

Prezada Professora Ana,

 

Em nome da Direção, dos Professores e Alunos da Escola Municipal Luiz Delfino, gostaria de agradecer a oportunidade que nos foi oferecida de conhecer um pouco sobre o Grupo Aberto de Estudos, Pesquisa e Desenho com Modelos Vivos.

Um carinho muito especial para a Suely e para a Socorro, que, com sensibilidade e competência, souberam tão bem interagir com nossas crianças. Estou certa de que aquelas que participaram das atividades da Oficina se lembrarão, sempre, da experiência vivida, pois guardarão na boca o gosto bom das sementes germinadas e da massinha comestível e o paladar diferente do Suco de Luz do Sol. Não se esquecerão do calor do fogo, nem do respeito amoroso à nossa terra, à nossa água e ao nosso ar.

Esperamos, sinceramente, que este Projeto continue iluminando muitos corações, assim como iluminou os nossos.

Um grande abraço da Silvia Viola.

 

1 de Dezembro de 2005

Inez Arieira - 1 12 05 - Escola Municipal Luis Delfino

Hoje cheguei bem cedo, e o Laza também; fizemos as massinhas juntos e ele trouxe 1kg de aveia já germinada. No semestre que vem ele fica responsável pela barraca das massinhas para as crianças junto com a Paula. Às 9:50 chegaram as crianças da Escola Municipal Luiz Delfino - Gávea, junto com as professoras Ângela e Maria Claudia; eram 19 crianças na faixa de 7 anos; alguns já tinham vindo na feirinha, outros não. Socorro ficou com eles nas hortaliças e sementes, mostrando e explicando o processo de germinação das sementes. Depois fomos todos para as mesinhas e banquinhos já montados, com pranchetas e aventais; cada criança ganhou 3 bolinhas de massinha, cada uma de uma cor, e brincaram fazendo seus desenhos com elas e provando quando queriam. Explicamos como as massinhas eram feitas. Várias crianças perguntaram se podiam misturar todas as massinhas. Fizeram árvores, cestinhas, flores.. Como não podiam ficar muito tempo, fomos logo para a barraca do Suco de luz do Sol, alguns não quiseram provar, e vários repetiram, uma criança tomou 3 copinhos, mas antes de tomar o suco cantamos "tem bioporã ..", uma canção guarani de agradecimento ao alimento. Fizemos a roda em volta do fogo que o Laza preparou, todos sentados na terra, no meio do bambuzal, cantando a música pro fogo pegar, colocando sua folha seca no fogo e fazendo o seu pedido. As crianças estavam bem tranqüilas; saíram e se despediram às 11:15.

Patrícia Berwanger - 1 12 05 - Escola Municipal Luiz Delfino - Gávea

Eles chegaram bem cedo hoje, talvez a oficina mais cedo que já presenciei! Foi muito bom, pois para muitos alunos era a segunda vez aqui conosco nas massinhas comestíveis. Enquanto Socorro estava com eles nas hortaliças e nas sementes germinadas, Laza, Inês e eu estávamos arrumando as mesinhas e banquinhos. Paula, a nova integrante da barraca das massinhas do próximo semestre, chegou sorridente para nos ajudar. Quando as crianças chegaram fui ensiná-las a sentar nos cavalinhos. Muitas disseram "eu já sei como é!" Foi aí que percebi que elas já tinham vindo antes para a feira. Fiquei muito contente de experimentar uma turma pela segunda vez, para ver os seus progressos. Elas não viam a hora de brincar!! Falavam que iam desenhar isso e aquilo outro. Uma das meninas chamou-me para sentar do seu lado. Eu fui e naquele momento percebi que isto realmente era tudo que eu queria. Passar a minha última oficina desenhando como uma criança! As massinhas foram distribuídas. Inês na mesa ao lado explicava o processo de geminação. Comentei com Paula que eu achava difícil para as crianças entenderem só no falatório. Disse que seria legal pensar numa forma delas espremerem a beterraba ralada em cima da massinha para colori-la. Acho que assim o processo será mais completo. (E muitos alunos como os do Avicres tiverem essa vontade.) Quando as massinhas começaram a ser entregues, alguns falaram "vou levar para o meu pai!" Eu disse que mais tarde a massinha já não estaria tão boa. Disse que a hora de comê-la e desenhar com ela era agora, pois agora ela estava viva, colorida, e depois não, estaria dura. A menina Raquel concordou e disse que a sua massinha da última vez realmente tinha endurecido a noite. Quando os desenhos começaram olhei para uma árvore e copiei sua forma, com suas folhas e troncos. Passei o desenho para todos da roda compartilharem. Quase todos comeram. Percebi que muitas crianças não gravavam os nomes curcuma, urucum, aveia... Mas quando expliquei para duas amiguinhas ao meu lado, uma delas prestou bem atenção e mais tarde respondeu direitinho: 8 horas na água e 8 no ar!!! Raquel me encantou! Estava tão feliz desenhando... Disse quando chegou que gostava muito das massinhas. E na hora do suco, tomou 3 copinhos! Ela gostava muito do suco. Peguei um papel do curso e do suco e coloquei no seu bolso para ela mostrar a sua mãe e trazê-la aqui. Nos abraçamos bem gostoso! Quando um grupinho vem mais de uma vez, eles começam a se relacionar melhor com as massinhas, o suco, os docinhos, o fogo, com o vivo em geral. E eles gostam!

Socorro Calhau - 01/12/2005 - EMLDelfino - Gávea

Hoje, quando cheguei ao galpão, já havia começado a conversa de mãos dadas. Me incluí entre Marisa e Leda. Seria a última oficina do ano, coisa que me entristeceu e me alegrou. Entristeceu por saber que íaamos interromper um ciclo que foi bacana, cheio de emoção e alegria. Alegrou pelo mesmo motivo, um ciclo a menos significa novos ciclos a caminho, algo novo se refazendo. Ana falou novamente sobre a viabilidade econômica da feirinha. Projetou trabalho pela graça, mesmo que seja um tímido começo. Comida de graça na PUC!!! Convocou novos feirantes. Rezamos, de novo chamei o anjo da FÉ. As crianças chegariam em seguida. Inez estava preocupada com a possibilidade das crianças já terem chegado. Eram 10:45. Propus ir na frente para ver se as crianças já haviam chegado e ficar com elas até que eles montassem as mesinhas e aprontassem a oficina. Laza providenciou um avental para mim. Inez me deu abacia com as massinhas para eu carregar. Fiquei agradecida. Levei a preciosidade, assim como quem carrega um tesouro. Essa era germinada por Laza, feita por ele, com ajuda de Inez. Bela e corajosa iniciativa. Assim que chegamos as crianças apareceram. Estava tudo cronometrado para dar certo. Hoje teríamos a Luiz Delfino, parceirinha tão querida, eu estava adorando a idéia de ver Sílvia novamente. Silvia na fogueira é um encantamento! Fiquei um tanto desapontada quando percebi que ela não estava no grupo. Mesmo assim fiquei muito feliz ao reconhecer algumas crianças que já haviam participado da oficina no primeiro semestre: Joebson, Quimberli, Raquel, Mariana e mais alguns. Ao todo 19 crianças cheias de alegria e expectativa diante da oficina. Silvia estava em uma reunião na escola. Ângela e Ana Claudia, professoras, acompanhavam as crianças, com o mesmo astral dela. As crianças me contaram que estavam vivenciando um projeto de alimentação saudável na escola. Estavam aprendendo muito sobre o assunto. As professoras contaram que era um desdobramento de nossa oficina, frutos de nossa irradiação amorosa. Isso é muito interessante, pois dá continuidade a nossa intenção de afetá-los. Disseram que estavam reconhecendo os alimentos pelas cores. Perguntei se eles estavam germinando sementes. Alguns disseram que sim, outros que tentaram, mas não conseguiram. Têm um pouco de dificuldade em acreditar que girassol é também comida de gente e não só de papagaios. Fizeram um reconhecimento dos alimentos pelas cores para mostrar que estavam sabidos. Ainda alguma dificuldade com o rabanete, a alface americana que pensam ser um repolho, o nabo daikon e o alho poró. Quanto ao resto, bastante intimidade, até com o aipo. Revisitamos a grama de trigo na barraca da Anne, cheiramos a curcuma e classificamos junto aos alimentos amarelos. Vimos tomatinhos pequenos, aipim e mamões papaia. Fomos para a barraca das sementes relembrar o processo de germinação. Pude verificar que algo havia ficado da primeira oficina. Provamos semente acordadas e manuseamos sementes adormecidas. Ângela contou que estava grávida de dois meses. Cantamos para a semente que estava na barriga dela. A essa altura as mesas e demais apetrechos já estavam devidamente organizados. Fomos para lá. Inez, Laza e Tissa assumiram a atividade. Inez explicou como foi feita a massinha, demonstrou, mostrou a vitrine. Tissa fez o mesmo na outra mesa. Hoje tínhamos a doce presença de Paula, ajudando na oficina. Ela ficou na mesa com Inez. As crianças provaram a massinha. A preferência pela amarela é visível. Modelaram diversas formas. Conversaram muito, contaram casos. Havia uma das crianças doente, porque caiu da laje de sua casa. Harlem nossa menininha linda iluminada da oficina do primeiro semestre também não viera. Faltou à aula hoje. Também não tivemos Cristiam o menino encantado do semestre passado. Que pena!! Ainda bem que ele deixou um rastro de luz que nos ilumina até hoje. Ângela lembrou que precisavam sair às 11:15. Fomos para a barraca de suco. Mostramos os ingredientes. Expliquei à Ângela o processo e os ingredientes. Laza serviu o suco. Cantamos "tembiuporã". Brindamos. Duda ofereceu seu avental à Ângela que prontamente aceitou. A maioria das crianças tomou o suco, alguns repetiram. Ângela tomou o dela e o das crianças que não quiseram. Adorou. Dali fomos para a fogueira. Laza já estava com o bolso cheio de folhas secas para as crianças. Assim que sentamos ele cuidou de acender o fogo. Inez puxou a música da fogueira. Algumas crianças disseram que seus desejos tinham sido atendidos. Outras disseram que ainda estavam esperando. Laza explicou que alguns desejos demoram mesmo, é preciso ter persistência. Eles concordaram. Pedi ao fogo que continuassem trazendo as crianças da Luiz Delfino e junto com elas todas as outras, também pedi amor para todos. As crianças começaram a colocar suas folhas e a fazer pedidos. Alguns secretos, outros não. Quando o fogo partiu nos levantamos e Inez distribuiu os docinhos. As crianças adoraram. Nos abraçamos forte. Pedi que levassem um grande e carinhoso abraço para Silvia. Partiram. O rastro de Cristiam continuou a nos iluminar. Nesse momento, lamentei, de fato, ser esta a última oficina do ano.


16 de Junho de 2005

Socorro Calháu - 16/6/2005 - EMLDelfino - Gávea

Hoje não quero falar sobre as seis crianças que vieram, às 10 horas, da Luiz Delfino, alegres, sapecas e cheias de energia. Também não quero ficar gastando palavras dizendo seus nomes: Ana Beatriz, Luan, Renan, Quiberli, Gustavo e mais uma que não guardei o nome de cabeça, só no coração, nem da menininha Vitória, neta de um professor da PUC, menos ainda da Maria Clara, filha do segurança Amarildo, que estavam na feira, passeando com a avó e a com a tia, e juntaram-se a nós dando um colorido muito lindo ao nosso encontro de hoje. Não estou querendo falar que estivemos na barraca do Tuica fazendo contato com as verduras e legumes e que as crianças adoraram tocar, cheirar e dizer os nomes das hortaliças. Tampouco quero contar que na barraca das sementes provamos todas e refiz o caminho da germinação, reproduzindo as etapas, usando os vidros, a água e as sementes trazidas por Maria Helena, nem que depois provamos cada uma das que estavam germinadas e o amendoim fez o maior sucesso. Não vou falar também que quando a Sueli chegou fiquei SUPER FELIZ e que esperamos que a mesa estivesse pronta para irmos correndo para lá brincar com as deliciosas massinhas que ela prepara com muito amor. Nesse relatório, não vou informar que depois da massinha, a prova do suco foi linda, cantamos "tembiuporã" e brindamos a PAZ. Não vou dizer também que o meu coração sentiu uma falta ENORME da Patrícia, que não veio hoje. É sobre a fogueira que eu quero falar. Quero contar toda a emoção que senti nesse momento, com Silvia, a coordenadora, que acompanha as crianças em todos os encontros. Na fogueira, na hora dos pedidos ao fogo, Silvia pediu para fazer um agradecimento e um pedido e falou emocionada sobre a importância desses encontros para ela, para a educação, para a escola pública, para a vida. Falou do quanto estava afetada pelo nosso amor e respeito à Mãe Terra. Disse que acreditava, sinceramente, que cada criança que participou dos nossos encontros, ao longo do semestre, estava tocada pelo nosso encantamento pela vida. Falou que acreditava, esperava e desejava que essas crianças contaminassem as outras com a energia que levavam dali para a escola. Falou da necessidade da escola diminuir seu ritmo, ficar mais devagar e coerente, queria muito ver uma educação diferente acontecendo, a alegria e a vida sendo as matérias mais importantes . Fiquei muito emocionada com sua fala porque amo a escola pública. Fui professora da rede e deixei plantado lá uma parte grande do meu coração. Quero deixar registrado nesse relatório o quanto essa participação na feirinha restaurou em mim a Esperança numa outra qualidade de educação, que anda tão desacreditada. Conhecer a Silvia e o seu compromisso com a vida foi uma benção muito grande para o meu coração de professora que se importa muito com a educação pública. Preciso dizer também o quanto isso trouxe, ainda mais, paz ao meu coração. Os doutorados em educação não são nada quando descobrimos que podemos tocar as pessoas que estão na escola, de outro jeito, não com a cabeça, com os livros, com os processos de formação tradicionais. Um outro toque, algo singelo, sutil, óbvio. Realizamos durante o semestre uma formação que não precisou despender rios de recursos públicos, como sempre acontece. A formação da qual participamos aqui na feirinha, gastou, quando muito, alguns grãos de aveia e pigmentos de beterraba, curcuma e urucum. A única coisa que usamos sem restrição, nem economia foi AMOR. Mas amor não se gasta, se investe. Quanto mais colocamos, mais ele aumenta e mais temos para colocar. Amor da Sueli que doa seu tempo no preparo das massinhas, à luz das estrelas, orando. Amor da Ana Branco que monta a feirinha e arma as barracas rezando e acreditando na sua escolha amorosa. Amor de todos os feirantes, que contagiam as pessoas que passam, com sua fé na vida, no vivo. É maravilhoso saber que podemos construir outra qualidade de escola no lugar daquela que está desacreditada. É incrível constatar que outra coisa é possível e que talvez já esteja sendo gestada pelas Silvias, Cristians, Harllens, Luans e outros anjos que passaram, ou não, por aqui, e por outros caminhos que também existem, nos ensinando e ajudando a brincar de ser feliz. Hoje eu só quero falar de Esperança, Alegria e Gratidão! Com amor, Socorro

Sueli Carvalho - 16.6.05 - E M Luis Delfino - Gávea

Hoje recebemos 6 crianças e mais duas visitantes, Vitória e Maria Clara. Como sempre, as crianças percorrem a barraca das sementes, das hortaliças e da Anne, antes de começarem a fazer a massinha colorida. Socorro conduziu suavemente esse movimento. Sentamos e começamos. Hoje fizemos ao vivo nossa massinha cor-de-rosa. Quiseram mexer na máquina rodando a manivela, também ralaram a beterraba para retirar o rosa que mora dentro dela. Percebo que eles gostam muito de mexer na feitura da massinha. Fizeram as modelagens e expliquei que cada um no final poderia levar para casa a massinha. Ana Beatriz disse: "Vou levar para minha mãe!". Fomos visitar a barraca do suco de luz, Marise explicou tudo para eles. Socorro ficou por ali, enquanto eu preparava nossa fogueira. Sílvia falou que não poderia ficar até as 11:30 hs, pois tinha uma solenidade no colégio. Fizemos nossa roda e nossa fogueira, e cada um fez seu pedido para o fogo. Ana Beatriz pediu para que sua mãe ficasse curada, pois estava doente. Na vez da Sílvia ela agradece poder ter passado por todos os momentos ali, agradece a nós e diz que tem certeza de que cada criança não iria mais esquecer tudo ali vivido, e ela também. Foi lindo! No final pedi para que cada um esquentasse as mãos no fogo e tocassem no coração e também expliquei que o nosso abraço seria de coração juntinho. Todos se abraçaram, inclusive os alunos entre si. E dei até breve! Conclusão: Agradeço ter conhecido Sílvia, essa coordenadora tão disposta e atenta a perceber o novo. Vejo muito amor no que ela faz junto às crianças. Gerou em mim poder saber que do outro lado da Marquês de São Vicente (Escola Luis Delfino) existe a partir de agora mais outros corações batendo junto com os nossos. Quando comecei neste semestre Ana disse: "Vou te dar um presente surpresa para trabalhar junto com você!". Fiquei imaginando quem seria. Logo depois ela disse quem era: Bina, nossa querida Bina (Ana Roberta), mas ela não pode vir. E aí veio outra surpresa de presente! Socorro, grande irmã de percurso. Agradeço a Deus! Sou uma abençoada! Senti falta de Patrícia, que estava na aula de bambu, mas agradeço o encontro que tive com ela no caminho e seu longo abraço onde grudamos nossos corações. Gerou em mim muita alegria.


9 de Junho de 2005

Patrícia Berwanger - 9.6.05 - EMLuis Delfino - Gávea Hoje o grupinho foi muito harmonioso. Quando cheguei nos pilotis avistei a criançada já sentada com a mão na massa. Sueli me apresentou ao grupo. Socorrinho muito meiga, perguntou-me qual era o meu apelido, para que as crianças pudessem saber. Eu disse "Tissa"! Pronto, estávamos apresentadas. Eu agachei e comecei a falar com algumas crianças individualmente. Karine desenhou um lindo Sol! Sua colega ao lado tentou copiá-la, mas não conseguiu. Eu disse que o Sol dela não precisava ser igual ao de Karine, nem igual a qualquer outra pessoa. Disse para ela criar um, fazendo o desenho que ela quisesse, pois cada um representa como quer o seu Sol! Ela então começou a rodar a massinha entre as mãos fazendo uma bola e abriu um sorriso como quem diz "Já sei"! Sueli perguntou às crianças o que acontecia quando tirávamos água das folhas. Joebson disse: "Se for flor amarela, saí liquido amarelo!" Sueli explicou o que acontecia com as folhas verdes, como faziam a fotossíntese e explicou a função da Dona Mágica. As crianças se levantaram e foram assistir ao suco. Quase todas provaram. Karine não. Na hora do fogo fizemos um círculo grande. Então apareceu o anjo do vento, tão forte que o fogo acendeu num minuto! E foi embora no mesmo tempo. Mas antes nós cantamos e os fizemos pedidos bem suaves. Agradeço a Sueli por me mostrar muitas verdades. Uma delas: o livro "evangelho da paz". Agradeço pela alegria diária e por ser tão delicada com as crianças. Agradeço a Socorrinho pelo amor com que conduz a sua vida! Me ajuda a acreditar na beleza das pessoas.

Socorro Calháu - 09/06/05 - FEVUC EMLDelfino

Por causa da FEVUC, a feirinha hoje aconteceu no pilotis. O dia estava maravilhoso. Resolvi esperar as crianças no espaço tradicional da feirinha para que não ficassem perdidas. Sueli me ligou mais cedo avisando que havia alguma coisa acontecendo na Rocinha e isso estava retendo o trânsito e ela ficou preocupada por ainda não ter conseguido chegar. Eu soube aqui na PUC que havia um confronto entre policiais e bandidos. Falei para ela ficar calma, como se isso fosse preciso, Sueli é pura paz. Rezei. Encontrei Silvia e as crianças às dez em ponto. Vieram oito crianças, havia outras atividades acontecendo na escola e foi preciso dividir as crianças. Passamos pela FEVUC, o que deixou as crianças excitadíssimas. Havia um stand com fantoches que causou o maior reboliço entre elas. Queriam pegar, brincar, levar, enfim. Fomos direto para a mesa das sementes conhecer pelo nome aquelas que ainda estavam dormindo e provar e as que já haviam sido acordadas pela germinação. Falei sobre a vida, o processo de germinação e sobre a alegria. Silvia puxou a canção da "sementinha" que Sueli sempre canta. Provamos, gostaram. Adoraram o amendoim e a ervilha.Repetiram. Passamos para a barraca do Tuica onde cheiramos e tocamos verduras e legumes. Não conheciam o nabo nem a batata Yacon. Tocamos o funcho, a alface, a couve, o brócolis, a cenoura. Fomos então para a barraca da Anne. Nesse momento nossa querida Sueli chegou. Agradeci sua chegada aos anjos da Mãe Terrena.Tudo bem com ela e com todos os que passavam pela Rocinha. Sueli se apresentou e foi arrumar a mesa para a nossa atividade de massinha. Patrícia também chegou. Meu coração agora completou a festa. Apesar de estar faltando a Ana, senti de alguma forma a presença dela, olhando de longe a atividade com aqueles olhos brilhantes, um sorriso lindo que surge toda vez que as crianças dizem aquelas coisas maravilhosas para nós. Meu coração escolheu pensar que a Ana estava ali a nossa volta montando barracas como sempre. Cheguei a ver seu sorriso misturado nos sorrisinhos lindos daquelas crianças alegres e inquietas. Não sei porque, acho que ela estava ali. Vimos o quiabo que as crianças disseram que detestavam. Tentei dizer algo em favor do quiabo, algo que mudasse essa opinião. Nada feito. Havia um cacau. Fiz brincadeiras de adivinhação com o cacau. Custaram a descobrir, ficaram admirados. Havia um menininho muito especial chamado Joebson que me encantou em especial Fomos para a mesa de massinha. Sueli mostrou os ingredientes. Falou sobre a aveia, o urucum , a beterraba e a curcuma. Ela trouxe uma beterraba e um ralinho "muito legal", pequenininho. Explicou como fez a massinha e disse que aquela era a massinha verdadeira. Harllen, uma menininha linda de trancinhas prestou muita atenção e disse que iria levar sua massinha para a mãe almoçar. Provaram as massinhas gostaram. Fizeram bonecos, bolas , pratos, pizzas e cocadas. Patrícia brincou com eles. Marise avisou que o suco já estava pronto e nos convidou para a prova. Fomos para a barraca do suco. Cantamos tembiuporã e Marise traduziu a letra para todos. Provaram o suco. Silvia, como sempre, adorou. As crianças também gostaram, umas mais, outras menos, mas todos gostaram. Fomos para a área externa do pilotis fazer nossa tão esperada fogueira. Silvia falou que essa era a hora que ela mais gostava. Fizemos a roda, sentamos, Sueli acendeu a chama e cantou a música para o fogo pegar. Pegamos folhas secas para os pedidos ao fogo. Sueli pediu saúde e alegria para o Daniel e sua mãe. Pediu também por todas as crianças do mundo. Pedi amor para todos, depois vieram os pedidos de paz, amor e alegria. Três crianças pediram para fazer o pedido silenciosamente, com os olhos fechados. Foi muito lindo, me emocionei muito nessa hora. No final nos abraçamos forte para guardamos no coração e no corpo todo a magia daquele momento. Sueli tem razão, o Cristian deixou mesmo um rastro de luz naquele lugar.

Sueli Carvalho - 9.6.05 - EM Luis Delfino - Gávea

Hoje foi muito diferente o movimento para eu chegar à feira, havia um trânsito interminável. Quando cheguei, Socorro já estava conduzindo as crianças e, explicando os detalhes do cacau, na barraca da Anne. Logo a seguir sentamos nos banquinhos "cavalinhos", como sempre chamamos onde sentamos. Eles sempre adoram esse movimento de sentar. Mostrei a aveia germinada e expliquei que era com ela que fazíamos as massinhas, comecei a falar como se fazia a massinha cor-de-rosa: tínhamos que ralar a beterraba bem fininha, depois espremer sua cor em cima da massa passada duas vezes na máquina de moer e com um pouco de sal. Expliquei que aquela massinha podia comer, e provei na frente deles , cada cor ; amarela, rosa e laranja. Disse que a que eu mais gostei naquele dia era a massinha amarela. Separei dois pedaços e coloquei em frente dos olhos e disse que estava vendo muita luz , e eles prestaram a maior atenção depois começamos a provar , Silvia e Socorro foram as primeiras. Silvia lembrou que : "esta pode comer , mas a outra massinha comprada não pode ." Fui logo completando que ela não podia comer porque não era de verdade como a nossa. Pedi para que eles aquecessem as mãos esfregando uma na outra, pois as massinhas adoravam o calor de cada mãozinha. E começamos a modelar! Patrícia chegou e ficou o tempo todo junto das crianças. Fomos até a barraca da Marise e ela explicou um pouco sobre o suco e, o canto do Tembioporã. Cantamos e provamos, alguns repetiram , outros (poucos) não quiseram. Fomos fazer nossa fogueira e percebi que no chão estava a marca da anterior, aproveitamos e fizemos outra em cima para reforçar. O fogo como sempre se apresentou lindo e ficou bem no meio da nossa roda, e então começamos a fazer nossos pedidos jogando nossas folhas secas. Falei: " Que todos os Daniéis pudessem ser felizes e saudáveis e que as mamães deles também!". Havia um menininho chamado Joebson que fechou os olhos e segurou sua folhinha com muita vontade e fez seu pedido em silêncio. Tudo parou! E todos também ficaram em silêncio olhando para ele. Que beleza! Não vou esquecer! Nos despedimos e abraçamos todos aqueles corações quentinhos. Eu, Socorro e Patrícia saboreamos nossos comentários daqueles momentos reais que passamos junto com as crianças. Salve esse dia! Conclusão: Agradeço a voz suave de Socorro quando atendeu o telefone dizendo que eu viesse em paz. Gerou em mim a certeza de que quando "estamos parceiras" as partes envolvidas em uma mesma situação comungam em qualquer momento e com isso a meta é compartilhada. Agradeço Patrícia sempre chegar na hora exata para alegrar meu coração. Gera um fluxo de beleza e harmonia com sua presença. Agradeço ver Sílvia conduzindo as crianças tão integrada e soltando sua criança interior, quando fala do seu apelido: "Silvinha" . Gerou em mim muita ternura Agradeço aquele momento em que passei na fogueira com todas as crianças, em especial, a Joebson aquele menininho que na hora de fazer seu pedido com a folha seca fechou os olhos e ficou em total silêncio. Gerou em mim o propósito claro daquele momento, onde todos estavam envolvidos numa mesma situação: O NOSSO PEDIDO DE PAZ! Agradeço poder reencontrar a menininha chamada Harllen com sua mãe visitando a feirinha e mostrando tudo com a maior desenvoltura, foi logo para a barraca das sementes.Gerou em mim a certeza que já havia uma semente plantada dentro dela. Viva as crianças! Quanta verdade!


2 de Junho de 2005

Socorro Calhau - EMLuis Delfino - 2.6.05 - Gávea

Assim como a Mãe Terrena não faz um dia igual ao outro, os encontros com as crianças também são diferentes, singulares, únicos. Hoje, para nosso contentamento, as crianças da Luis Delfino voltaram. Cheguei às 10 horas e elas já estavam lá fazendo aquele burburinho gostoso, como passarinhos em manhã de outono. Fui me aproximando de mansinho e me apresentei para elas, disse meu nome e cada um se apresentou falando o seu nome. Sueli estava preparando a sala de aula e cuidando para o sucesso da atividade com as massinhas, e por isso fiquei sozinha com as crianças. Rodeamos as bancas de verduras do Tuica e começamos a explorar o nome, a textura, o cheiro e a cor das verduras e vegetais. Percebi que havia uma menininha muito linda, chamada Milena, que não conseguia ficar parada. Falava sem parar, mexia-se muito, mudava de lugar a toda hora. Quando eu perguntava alguma coisa, ela respondia prontamente, mais para interagir comigo do que para dar uma resposta que fizesse sentido com a pergunta. As professoras interferiam sempre pedindo à menina que aguardasse a sua vez, que ficasse quieta, que se acalmasse. Passamos então para a barraca das sementes. Fui apresentando as sementes às crianças e explicando o processo de germinação, falando sobre a vida das sementes e a nossa própria. Nossa menininha inquieta estava cada vez mais falante, agitada, queria mexer em tudo. Seus olhinhos brilhavam de um jeito muito especial. Queria que eu mostrasse tudo rapidamente, não conseguia esperar nada, tinha pressa, urgência. Com minha cabeça de professora pensei assim "como essa menina é acelerada, não se concentra, provavelmente não vai conseguir compreender as coisas que estou dizendo", que pena. Sueli deu uma passadinha por lá , se apresentou e voltou a organizar a mesa para nos esperar. Continuei com minhas explicações, provaram as sementes. Tuica emprestou o canivete para partirmos o pinhão germinado. Todos adoraram o sabor. Partimos, então, para a barraca da Anne. Pesquisamos o quiabo, o limão galego, a grama de trigo. Nossa menininha inquieta continuava na sua dispersão e tagarelice. Às 10:40 fomos para a mesa, que já estava pronta, encontrar com a Sueli e fazer a atividade com a massinha. Hoje haveria uma grande novidade, inclusive para mim: fazer a massinha ao vivo e à cores. "Muito legal!" Ao chegarmos à mesa Sueli foi tratando de saber os nomes. Ela trouxe a aveia germinada e começou a falar com as crianças sobre a germinação. Perguntou então: "Vocês sabem como se faz para germinar as sementes?". Para minha enorme surpresa e impacto, nossa menininha agitada foi logo respondendo. Bota na água, espera 8 horas, depois lava bastante com água limpa, vira e espera de novo, mais 8 horas. Fiquei impactada. Como? Milena que não havia parado de falar nem um segundo, que esteve se dispersando sem parar, respondeu de pronto, com todos os detalhes, a pergunta da Sueli. Minha cabeça acadêmica, deu uma volta de 360 graus. A grande máxima da pedagogia que afirma "que as crianças agitadas não aprendem nada, não prestam atenção e atrapalham o grupo todo" foi por terra. Aquela menininha linda curiosa e inquieta havia aprendo a germinar sementes em poucos minutos. Sua resposta de pronto e tão completa fez com que as outras crianças aprendessem dessa vez aquilo que não haviam guardado na primeira vez, ou seja, Milena, não só aprendeu, como também ensinou. Eu mesma levei um tempo grande para germinar meu primeiro vidro de girassol, errei muito nas primeiras vezes, perguntei à Valerie não sei quantas vezes. E agora estávamos ali, vendo Milene rasgar os tratados de pedagogia com aquele sorrisinho lindo. Sueli cantou a música da "sementinha". Depois distribuiu a massinha. Todos se empolgaram. Começaram a modelar. Sueli começou a falar dos ingredientes que ela usava para fazer as massinhas. Eu mostrava a cada uma o urucum, a curcuma e a aveia. Sueli então começou a preparar a massinha. Foi explicando cada coisa que fazia, moeu a aveia, colocou limão no urucum, misturou com a aveia. Fomos, estão, para a barraca do suco ver a Marise espremer a clorofila. Cantamos tembiuporã. Provamos do suco. A maioria experimentou e gostou. Nossa surpreendente menininha não quis provar. Lamentei. Insistimos com ela. Sueli fez inúmeras e tentadoras propostas. Nada. Que pena! Fomos para a roda, nos sentamos no chão, cantamos a música da fogueira. Hora dos pedidos ao bom e velho "vovô fogo". Foi lindo! Todos pediram: saúde, paz, alegria, felicidade na escola, coisas ligadas ao sentimento. Somente uma criança pediu para que todos nós ficássemos ricos. Patrícia completou em seguida, "ricos de saúde". Sueli acha que Christian deixou um rastro de luz que afetou essas crianças. É possível. Nos abraçamos. Nos despedimos. Foi singular, de novo.

Patrícia Berwanger - 2.6.05 - E M Luis Delfino

De longe vi as criancinhas sentadas nos banquinhos de bambu. Andei mais depressa para não perder mais nada... Ao alcançá-las, elas foram se levantando andando em direção a Dona Mágica. Lá estavam Sueli e Socorrinho explicando o interessante líquido verde, mais conhecido como suco da luz do sol! Sueli soltou a música Tembioporã e eu com muita empolgação, cantei junto para a meninada! Depois da cantoria, Sueli ofereceu um copo com um dedo de suco para Milena beber. Ela recusou. Mas a sua colega ao lado aceitou e bebeu livremente. Sueli me deu um copo e dei para a menina que estava ao meu lado. Ela bebeu tudo de uma golada só! E sorriu. Pedi para ver a sua língua e como todas as crianças adoram ficar com a língua colorida, ela me mostrou orgulhosa sua linguona!!! Quando chegou a roda do fogo (minha brincadeira predileta), Socorrinho chamou as crianças e todos nós demos as mãos! Na hora dos desejos, Sueli pediu " que vocês tragam todas as crianças do mundo!!" e as crianças fizeram pedidos mais simples e modestos como "que todos possam ir na festa junina..." . Recebemos abraços. Elas se foram pedindo para levarem as massinhas com elas. Agradeço a Socorrinho e a Sueli por me pedirem tão carinhosamente para que eu escrevesse minha vivência. Percebi, primeiro, que esse trabalho existe por causa da troca e se eu não trocar, não posso interagir com o grupo. Segundo, que quando eu escrevo o que vivi, eu reaprendo tudo de novo. E o mais importante percebi que agradecer é um exercício diário!! Agradeço ao sorriso tão delicado que a Sueli me dá sempre quando eu chego. É uma aceitação muito sincera. Agradeço a Socorrinho por vê-la brilhar ao doar seu atarefado tempo para interagir com as crianças. E ao seu maravilhoso relatório do dia 2 do 6.

Grata. Patricia.

 

Sueli Carvalho - 2.6.05 - Escola M Luis Delfino

Hoje 10 crianças fizeram a convivência na Feira. Começaram sendo guiadas e orientadas por Socorro. Quando cheguei, eles já estavam rodeando a barraca das sementes. Socorro explicava cada detalhe. Logo após, todos foram convidados a conhecer nossas massinhas coloridas. Ganharam seus aventais e sentaram nos banquinhos que apelidamos "cavalinho". É um sucesso, pois as crianças o acham bastante diferente e gostam muito de fazer o movimento para sentar nele. Perguntei o nome da semente que coloquei em cima da mesa, alguns responderam: "É trigo!", expliquei que aquela semente era parecida, mas se chamava aveia. Milena (vi seu nome no crachá) foi rapidamente explicando: "ela fica 8 hs na água e 8 hs no ar". Mais uma vez surpreendeu-me esse mestre chamado criança. Comecei a cantar a música das sementes e depois pedi para que eles cantassem junto comigo "Sementes....sementinhas...." A grande novidade hoje foi fazer a massinha junto com eles. Levamos a máquina de moer, um banco para segurá-la, um saco para colocar nossa mão, limão, urucum e aveia germinada. Passamos a aveia germinada duas vezes pela máquina, para que ela ficasse bem macia. Esprememos o limão por cima do urucum e fomos, com as mãos dentro do saquinho, tirando sua tinta. A seguir misturamos na aveia e fomos amassando até conseguirmos uma cor alaranjada. Expliquei que poderíamos dar sabor colocando um pouquinho de sal e orégano. Foi o que usei na massinha que já estava pronta. Visitamos a barraca da dona mágica (é como chamo Marise) e vimos ela tirar o líquido que mora dentro das hortaliças com seu simples saquinho de espremer. Patrícia neste momento chegou, sorri para ela e pedi para que puxasse o canto "Tembioporã". Ela retribuiu o sorriso e deixou que eu soltasse a voz. E cantei bem alto! E logo todos cantaram também. A seguir fomos receber provinhas do suco que Elizabeth colocou nos copinhos. Algumas das crianças foram logo dizendo que não iam querer. Expliquei que às vezes temos por hábito ir logo dizendo que não queremos provar. Perguntei para Milena, a garotinha que disse: "Não vou querer!" se ela gostaria de sentir o sabor do suco com um gole pequeno no copinho. Novamente ela disse: "Não vou querer!" Fizemos nossa roda para acender nossa fogueira, e cantamos para o vovô fogo e também jogamos nossas folhas secas e fizemos pedidos em voz alta: "Paz, mais crianças, que a festa da escola (sexta-feira) ficasse bem alegre. Notei que nenhuma criança pediu bicicletas e barbies. Comentei que Cristian (antigo visitante) havia deixado o eco de sua voz ainda por lá, pois pediu: "Felicidade para todas as crianças do mundo!". Houve um único menino que pediu para que ficássemos ricos. Patrícia foi logo soltando a voz: "Ricos de saúde!" e deu um sorriso. Todos deram tchau para o fogo e foram pegar suas massinhas coloridas para levar. Expliquei que eles poderiam colocá-la na salada do almoço. Vários abraços e ...até lá! Conclusão: Agradeço poder fazer a massinha ali naquele lugar com as crianças, gerou em mim solidificar o "aqui e agora", que estou sempre lembrando nesta convivência com elas. Agradeço Ana Branco (aliás desde o início deste novo momento que estou vivenciando), vê-la tão alegre participando furtivamente (pois suas mãos não param de armar, desarmar, arrumar, cuidar....) dessa convivência com as crianças. Gerou em mim uma ampliação deste movimento com o Alimento Vivo, vendo no outro irmão o tanto de devoção existente. Que Deus nos abençoe! Agradeço Socorro vê-la tão suave explicando cada detalhe das sementes, hortaliças, texturas, aromas....Gerou em mim saber com certeza que posso sempre contar com ela. Grande parceira! Agradeço Patrícia soltar duplamente sua voz: no canto do "Tembioporã" e quando completou "Ricos de Saúde" em alto tom. Gerou em mim alegria tê-la por perto.

 


5 de Maio de 2005

 

Sueli Carvalho - 5.5.05 - Escola M Luis Delfino

 

Hoje a Esc.Luís Delfino trouxe outro grupo,desta vez vieram 8 crianças de 7 anos. Quando cheguei a coordenadora tirava fotos das crianças junto as hortaliças da feirinha.Me apresentei para o novo grupo,dizendo:"sou Sueli!" e olhei para o crachá que cada um trazia no peito,fui falando nome por nome e olhando para aqueles olhinhos e trazendo para mim cada verdade.

Iriamos começar aquela convivência... A seguir fomos até a barraca das sementes,apresentei Angela que estava cuidando de todas elas:lentilhas,girassol,grão de bico,alpiste...Mostrei os saquinhos com as sementes sem ser germinadas e falei:"que estavam dormindo e que para elas acordarem precisariam de duas coisas:água e ar".Cantei a música das "sementinhas...",notei que a coordenadora já sabia de cor e cantou comigo. Mostrei o tule e seus furinhos e todo o processo de germinação.

A seguir dei para cada um uma semente de girassol,expliquei como tirar a casca e pedi para olharem o seu narizinho e que depois provassem o seu sabor.Carolina disse que tinha gosto de amendoim.Taina disse que não ia provar,fui logo dizendo que ela não sabia o que estava perdendo.E ela provou e gostou.

Saimos dali e fomos fazer as massinhas de modelar:rosa,amarelo,laranja.Falei que o calor de cada mão ia fazer um carinho quentinho na massa e ela iria ficar macia e com isso iriamos modelar.

Foram várias as modelagens:peso para fazer ginástica,arraia,coxinha de galinha,avião,ninho de passarinho com ovinhos amarelos... A coordenadora Sílvia também fez sua modelagem:um barquinho.Socorro disse que preferia passear nele em vez do avião.Falei que eu também preferia,pois poderia sentir o vento e o sol.

Mostrei para eles a semente de aveia e coloquei em cada prancheta para eles provarem,notei que vários alunos faziam enfeites complementares com os grãos nas modelagens. É muito bom podermos a cada semana ter um grupo de crianças diferente,pois com isso podemos ampliar nosso convívio com o Alimento Vivo com os pequeninos.

Falei que iríamos fazer uma brincadeira que eles iriam adorar e que ela começava com a letra f e acabava com a.Perguntei se alguém sabia o que era.E um menino disse:"fogueira!".Aproveitei e disse:"Você vai ser meu ajudante!".Sentamos em círculo no chão e colocamos o fogo no meio.Perguntei se algúem sabia alguma música que entrasse a palavra fogueira.Uma menina lembrou:"Acende a fogueira iá iá..."e Sílvia se empolgou e cantou até o fim.Cada um recebeu uma folha seca e pedi que cada um de nós fizessemos um pedido.Fiz o meu em voz alta:"Que eles trouxessem todas as crianças do mundo!.Demos as mãos e agradecemos,logo depois nos despedimos com abraços apertados.

Conclusão: Agradeço aos 4 meninos e 4 meninas que compareceram para brincar na feira.Suas modelagens interessantes de se ver, o olhar de cada um para cada explicação dada.Não vou esquecer!

Agradeço a coordenadora Sílvia tão disposta e alegre participando conosco sentada no banquinho e modelando um barquinho que até nos inspirou a contar uma breve historinha

Agradeço saber de Socorro que ela prefere passear de barco ao invés de avião.Gerou em mim sincronicidade,pois também prefiro.

Agradeço Patrícia chegando mesmo quase no fim,mas foi muito bom tê-la por perto,pois gera em mim a felicidade de ter um jovem por perto e com isso poder ampliar o ato de ser mãe.

 

 

Socorro Calháu - 5/05/05 - E M L Delfino - Gávea

Debaixo daquele lindo teto azul que a mãe colocou hoje para nos deliciar fui para o encontro com Sueli e as crianças. Que grata surpresa! Silvia, aquela coordenadora com brilho nos olhos e sem medo de ser criança, estava lá com um novo grupo de alunos. Desta vez da 1ª série, seis e sete anos, crianças enfim. Sueli hoje também estava mais especial do que nunca. Um certo ar de mistério, muito de ternura e algo de moleca. Amorosa, gentil e delicada. As crianças? Ah, as crianças estavam encantadas com os miquinhos travessos que saltavam pelas árvores atrás de amendoins germinados. Que sabidos... Depois? Depois foi aquele "amar num dar sem conta". Barrigas batendo palma. Olhinhos vivos e brilhantes.Tudo com muito gostinho de banho de cachoeira, lua cheia na roça, cambalhota na areia, sol da manhã, flor de jambo, fermentado de Lurdinha e Norma. Viajamos para a floresta. Alguns foram no barco da Silvia. Outros no avião do Wesley. Lá, uma casa e muita brincadeira com os animais e as árvores. Muitos ninhos de sabiás, periquitos, araras e curiós livres. Fizemos ginástica, embaixo das árvores, com halteres amarelos sabor pizza. De repente uma arraia só para brincar, não para comer. Ali estavam as crianças! A infância como experiência, como acontecimento, como um rompimento com a história, como revolução... Deleuzianamente. Depois a fogueira, as músicas, as mãos entrelaçadas. Tantas mãozinhas quentinhas, inquietinhas. Folha seca, abano. E o fogo pegou! Nos despedimos com aquele abraço que inunda nosso coração de luz e calor. Até logo pessoinhas maravilhosas! Agradeço à vida por ter me escolhido para estar nesse mundo, com essas pessoas, nesse lugar e nessa hora. Isso gerou em mim a lembrança do meu amado Mário Quintana que disse mil vezes: "Todos esses que aí estão atravancando o meu caminho, Eles passarão Eu passarinho". Com muito amor Socorro

 

 


7 de Abril de 2005

Socorro Calháu - 7.4.05 - E M L Delfino - Gávea

A experiência com as crianças da rede municipal reafirmou em mim crença de que não há nada mais revigorante do que estar por perto delas. A vivacidade, o brilho dos olhos e aquelas mãozinhas inquietas fazem brotar em nós um profundo sentimento de gratidão. Interessante também na professora e coordenadora igualmente interessadas mergulhando de cabeça em uma experiência diferente. Isso também é muito reconfortante e desconstrói em nós a idéia que circula de que a educação pública é menor. Balela! Educação é educação, no público e no privado, e gente é gente, que reflete toda a luz que porventura possa ter percebido, recebido ou ter trazido de casa. Agradeço à experiência com a maninha de modelar comestível por reafirmar em mim a fé na educação pública. Isso gerou em mim a crença de que outro mundo é possível, basta irradiar.

Patrícia Berwanger - 7.4.05 - E M L Delfino - Gávea

As crianças estavam em volta da barraca de grãos germinados olhando e escutando com atenção a explicação da Sueli. Eu estava contente por estar perto de tantas crianças. O olhar delas era de pura curiosidade e prazer por estarem ali experimentando algo tão novo e diferente. Penso que um mundo novo se abriu para elas hoje. Percebi que para algumas tudo foi mais magnífico do que para outras. Um menino me chamou atenção, Luis Henrique, que estava muito bloqueado. Todos provaram a massinha sem pré-conceitos, experimentando cada cor. Outros como o menino mencionado acima, disse que não queria comer, mas assim que olhei de "rabo de olho" ele bem estava colocando um pedacinho na boca. Todas as crianças desenharam ou pelo menos amaciaram a massinha e todas menos um menino, levaram seus bolos de massinha para comer no caminho. Essa rápida experiência gerou em mim uma felicidade enorme de estar em contato com as crianças. E vi meus reflexos nelas. Isso me fez conectar mais com a minha infância e com a delicadeza dessas crianças da escola pública. Grata, Patrícia.

 

 

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