Gratidões de Amanda Andersen
12 de outubro 2014 , desenho na horta
Agradeço a Barbara pelo fato de me oferecer seu lindo desenho, aonde a combinação encantadora de cores e ingredientes me remeteu a um triangulo, gerando em mim me deliciar com o perfeito equilíbrio entre temperos, texturas e sabores, muito gostoso!
Agradeço o João Victor pelo fato de me encorajar a arrancar o nabo da terra, com jeito e precisão, gerando em mim deixar o dó de lado e colher da terra um lindo nabo branco, longo e firme, para o desenho em mandala.
Agradeço a Eva me contar sobre ser espírita, sobre o envolvimento de seu pai e a conversão da sua mãe (do judaísmo), gerando em mim aprender mais sobre essa filosofia e refletir como a espiritualidade tem vários caminhos, e que o comprometimento e a disciplina em estudar e praticar é essencial em todos.
Agradeço o Paulo, a Virgínia e a Isabela nos receberem no seu pedaço de terra e compartilharem com generosidade, responsabilidade e consciência seus legumes, sua água, sua terra e seu ar, todos os recursos que empregam com carinho para manter aquele espaço vivo, gerando em mim desejar que continuem abençoados com muita abundancia, alegria, plenitude, prazer e saúde.
Agradeço a cenoura e o nabo enraizados, as flores de capucin, de brócolis e de cenoura delicadas, a cebolinha verde e ereta (que tive o prazer de colher), pelo fato de se entregarem as minhas mãos durante a colheita e me alimentarem integralmente, gerando em mim me sentir plena, conectada, enraizada, delicada e ereta como elas.
Agradeço a super professora Ana pelo fato de compartilhar o que ama e faz sentido para ela conosco – o encontro com pequenos produtores orgânicos, a troca solidária e alegre entre o grupo e um creme rosa apimentado e uma deliciosa farofa de couve-flor e coentro – gerando em mim saborear uma comida saudável, ética e fresca temperada com muito amor e sabor, e aprender sobre educação, criatividade, saúde, comunidade, comprometimento, fé e Vida através da alimentação e da conexão com elementos vivos. Que simples!
17 de outubro, desenho com alteração de temperatura
Agradeço o BioChip ser completamente underground, gerando em mim ter certeza que, como a cenoura, toda a criatividade que ocorre nas profundezas da terra tem repercussão tangíveis e materiais no ar.
Agradeço a Suzana me oferecer de lamber e raspar a panela, pois sabe da memória afetiva que tenho deste ato, gerando em mim perceber que não tive vontade naquela hora, talvez porque tenha me alimentado com as minhas mãos, e refletir que talvez seja isso que goste mesmo, esse gesto de me lambuzar com as mãos e boca.
Agradeço a Ana, mesmo as voltas com uma sinusite, fazer não 1 mas 2 deliciosas e nutritivas receitas – sopa de aveia e surpresa de pomme/ pomme – gerando em mim me encantar com sua capacidade de alimentar tantos alunos.
Agradeço a ‘pomme de terre’ e a ‘pomme de l’air’ por me lembrarem o tempo que passei francófona em Paris e em Bruxelas, gerando em mim gostar de ter essa experiência na história da minha vida e pensar em todos os amigos por lá.
Agradeço a aveia germinada pelo seu cheiro de cereal fresco, e textura mais molinha que outros cereais, gerando em mim perceber que é um alimento de fácil digestão, nutritivo e gostoso, e ter vontade de fazer biscoitos de aveia.
21 de outubro, 'Futuro Roubado' e 'A Carne é Fraca'
Agradeço a Vanessa me explicar o que tinha perdido no começo do filme, gerando em mim contextualizar as imagens observadas de órgãos reprodutivos cada vez mais ‘bisexuais’ ou ‘feminizados.’ Curiosa transformação da natureza.
Agradeço a Suzana e a Vanessa ficarem apos o termino do filme e conversarem sobre os sentimentos que o filme ‘A Carne é Fraca’ suscitou, gerando em mim reconhecer que não fui a única a me sentir profundamente incomodada pelas imagens.
Agradeço o Instituto Nina Rosa registrar e divulgar a realidade da indústria alimentar, gerando em mim compartilhar o filme com a minha família e acreditar que a consciência pode levar a uma mudança de hábitos.
24 de outubro, desenho de investigação com manutenção de temperatura
Agradeço a Luciana ir sozinha ao Geringonça no SESC da Tijuca, gerando em mim conversar com ela e aprender sobre seu percurso no Carnaval e na PUC, e achar bacana sua pesquisa. Torço para que seu doutorado sobre a África vá adiante!
Agradeço a cevadinha amornada no bafo ter uma textura e forma parecida ao arroz integral cozido, gerando em mim satisfazer essa memória de um alimento íntegro, digesto e bem completo, que sacia.
Agradeço a Ana me dar uma carona de volta para casa na sexta a tarde, gerando em mim finalmente conversar sobre a gratidão que ela escreveu um tempo atrás e que ainda não tinha tido tempo de analisar junto com ela.
Agradeço a maçã e a uva passa darem um sabor doce especial ao risoto de cevadinha, gerando em mim perceber a importância desse sabor nos alimentos, e que isso torna a refeição mais festiva!
28 de outubro, desenho de investigação com frutas
Agradeço a Dadal nos ensinar como descascar frutas e bater cremes rosa da goiaba, amarelo da manga e verde do abacate com abacaxi, gerando em mim desenhar como uma criança, círculos, espirais e elipses, e alimentar meu corpo e alma com isso.
Agradeço o Edu me ofertar seu desenho com quatro círculos de cores bem distintas e uma mancha toda misturada, gerando em mim apreciar tanto a cor pura quanto a cor resultante das misturas.
Agradeço a Dadal me dar os restos da goiaba batida com abacaxi assim como os amendoins descascados, gerando em mim fazer um mega círculo rosa recheado com sementes brancas e me sentir fortalecida para a Vida.
4 de novembro, apresentação da sala de aula entre as árvores e bibliografia
Agradeço a Ana ter criado um espaço de ensino, aprendizado e transmissão a partir da costura de diferentes influências e sua experiência única, gerando em mim me sentir acolhida e segura para aprender, conhecer e crescer.
Agradeço a Solange ter falado comigo o quanto estava passando mal, gerando em mim mostrar para ela uma posição deitada ideal para acalmar sua respiração e deixar a ansiedade passar, e ficar deitada ao seu lado até que isso aconteça. Gerou eu me atrasar alem da hora da aula do BioChip e ter uma aula para repor semestre que vem, e assim prolongar o meu aprendizado!
7 de novembro, reconhecendo conchas
Agradeço a Ana não ter me avisado que faria essa aula na sexta, gerando em mim privilegiar uma reunião de trabalho urgente pois achei que estava perdendo a aula dos filmes (que poderia assistir quando quisesse). Gerou em mim ir tranqüila e focada a reunião, e estar 100% presente. Gerou eu querer tocar e reconhecer conchas quando soube por email que tinha sido essa a aula e fazer isso com conchas que vieram do sitio da minha avó depois que faleceu, e que agora estão na casa dos meus pais em Angra. Gerou eu agradecer por ter uma família com quem comemorar meu aniversário (com risoto de cevadinha e torta viva!) e ter objetos que me lembram meus antepassados e minha história.
7 de novembro, ‘A Dança das Sementes,’ ‘Fase Agrossilvicultura,’ e ‘Horta Brasileira’
Agradeço o Ernst Gosch regenerar a terra na qual vive, gerando em mim me inspirar dele para regenerar um terreno baldio perto das casa dos meus pais em Angra.
Agradeço o filme do Y Nasser mencionar que provavelmente foram as mulheres que deram início a agricultura, e filmar uma mulher dizendo que cuidar da terra é uma maneira de se cuidar e de se conhecer melhor, gerando em mim querer cuidar cada vez mais da terra para me conhecer melhor.
Agradeço o ‘Super Size Me’ e ‘Conexão Dioxina’ não estarem mais disponíveis no YouTube, gerando em mim ter mais uma aula o BioChip para repor semestre que vem e assim dar continuidade a esse aprendizado com o próximo grupo.
11 de novembro, ‘Les Baloons’
Agradeço o Etienne Chambol pelo fato de fazer um documentário sobre os baloeiros e os balões, gerando em mim perceber que o olhar do outro, do estrangeiro, valoriza a cultura brasileira.
Agradeço o Tura pelo fato de compartilhar sua paixão e conhecimento conosco, gerando em mim desejo de me dedicar com a mesma convicção e garra as minhas paixões.
Agradeço a Ana pelo fato de me perguntar como comemorei meu aniversário e dizer ‘100% vivo!’ quando contei do jantar que fiz com a família, gerando em mim confirmar que estou de fato 100% viva e saber que essa possibilidade estará sempre presente, pois já alcancei esse patamar.
Agradeço a Vânia me contar de sua chegada no Rio, gerando em mim torcer para que tudo flua naturalmente na sua adaptação e transição a vida de carioca.
14 de novembro, preparação para a prova e demonstração de Festa Natalina
Agradeço a convivência com o BioChip pelo fato de me dar coragem de ouvir meus sentimentos e adotar atitudes que correspondem a minha verdade, gerando em mim maior saúde, vitalidade e bem-estar no meu dia-a-dia.
Agradeço o BioChip pelo fato de ensinar técnicas de auto-conhecimento, e me mostrar outros aspectos da minha natureza, gerando em mim me assumir, me aceitar e viver com mais prazer, leveza e liberdade.
Agradeço o BioChip por promover encontros entre alunos da PUC e da comunidade, gerando em mim fazer novas amizades e me encantar com todos que conheci.
Agradeço o BioChip pelo fato de me dar inúmeras oportunidades de desenhar com cores originais da terra, germinar sementes, e experimentar e saborear esses desenhos, gerando em mim me deliciar com essas criações e entender nas vísceras as mudanças e transformações promovidas por esse gesto.
Agradeço o BioChip pelo fato de me dar o tempo e o espaço necessários para continuar minha pesquisa em desenhos, dança, movimento, sons e musica, e refletir sobre o processo criativo, gerando em mim ALEGRIA de fazer o que amo e desejo de fazer isso todos os dias pelo resto da minha vida.
Agradeço o BioChip pelo fato de incluir uma passeio a horta, com direito ao desenho mais íntegro que já conheci, gerando em mim querer TERRA para cultivar cores e sabores que me alimentem, e germinar e plantar e cuidar de seres vivos diariamente para estar pronta para cada vez mais terra em minha vida.
Agradeço o BioChip pelo fato de ter nascido de um projeto inter/ multidisciplinar, gerando em mim reconhecer que a multidisciplinaridade promove a criatividade e saber que escolhi e escolho um caminho original e multidisciplinar e internacional para ser cada vez mais criativa, pois me divirto e aprendo e cresço muito assim.
Agradeço a Manu por me oferecer seu desenho de Natal (mesmo já tendo oferecido seu azulejo, veio me falar que me ofereceu seu desenho, pois tinha pensado em me dar o azulejo mas acabou dando ao Onaldo que ainda não tinha recebido um azulejo), gerando em mim fazer uma torta em casa aquela noite e reproduzir a forma que ela tinha feito, de um círculo com duas luas em cada lado, e que aprendi representa o sagrado feminino.
Agradeço a Sueli me oferecer um lindo desenho de arvore de Natal, aonde vi também uma lagartixa e uma menina, gerando em mim me deliciar com a transformação gerada por degustar esse alimento.
Agradeço a Vanessa me dar prontamente uma bola verde de abacate quando a única bola verde de abacate caiu do meu desenho no chão, gerando em mim experimentar e saborear todas as cores e sabores disponíveis aquele dia.
15 de novembro, festa da prova
Agradeço a Barbara ter participado da festa da prova preparando um bolinho de aveia, fazendo um molho, assistindo os depoimentos, presenciando a festa e também compartilhando sua experiência, gerando em mim ficar feliz dela comemorar a vida com o BioChip e em compartilharmos esse aprendizado.
Agradeço a Ana falar em resposta ao meu depoimento que estou pronta para fazer doutorado e que já estou gerando conhecimento novo ao escrever as gratidões, gerando em mim confirmar que já estou nesse caminho e que agora só falta formalizar um processo que já iniciei, e que farei isso no meu tempo, respeitando meu alinhamento entre o céu e a terra.
Agradeço a Flavia dizer que quer ser feirante e conversar comigo sobre dança, gerando em mim torcer para que venha mesmo dançar conosco as quintas.
Agradeço meus colegas fazerem comentários tais como ‘está gourmet,’ ‘você é muito sofisticada,’ gerando em mim confirmar minha satisfação com o resultado do meu desenho, da minha reza para a festa da prova.
Agradeço a Manu dizer que sou uma inspiração para ela, gerando em mim gostar de estar trocando e comunicando, sinto-me viva e plena por conta disso.
Agradeço o Edu, a Flora e a Manu me abraçarem depois da minha prova oral, gerando em mim relaxar e sentir que completei essa etapa com louvor.
Agradeço o gambá aparecer na sala de aula entre as árvores no momento da minha prova oral, gerando em mim pensar nos gambazinhos que encontrei na gaveta do meu quarto em Angra quando era adolescente, na vez que tinha um gambá na sala da casa dos meus pais, e no Richard, com quem compartilhei esses momentos. Confio que o gambá lembre ele de nós dois, como me lembra a mim.
Agradeço o Idjahure me dizer que gostou da minha fala, e que estava fisicamente concreto e visível como no prato que preparei, gerando em mim acreditar que estou me expressando de forma clara e coerente.
Agradeço o João Pedro Rebelo dizer que meu prato estava uma delícia, só de olhar, gerando em mim perceber que o amor e carinho colocado aí eram visíveis, e que isso alimenta.
Agradeço ele dizer ‘até terça’ ao se despedir, e complementar ‘no BioChip’ quando fiz cara de confusa, gerando em mim entender que o BioChip continua em nós, é só querer. Gerou eu pensar em maneiras de dar continuidade a essa convivência com o vivo.
Semana após o BioChip, convivência com o vivo no meu jardim
Agradeço a manga (a primeira a dar no pé de manga esse ano, que estou namorando o semestre todo) pelo fato de se entregar na minha mão quando coloquei a mão direita embaixo dela ainda pendurada no galho, gerando em mim me surpreender com essa oferenda inesperada e muita gratidão por esse presente.
Agradeço a manga pelo fato de gozar um liquido translúcido e esbranquiçado do cabo que a conectava a árvore, gerando em mim a chupar e lamber, me deliciando com seu sabor cítrico apimentado, e sentir minha língua e boca levemente anestesiadas e dormentes e queimando. Gerou em mim desejo de me entregar e gozar como a manga, completamente, com total naturalidade e harmonia.
Agradeço a manga me chamar com a energia mais sutil possível, gerando em mim chegar a ela apos plantar um trigo germinado na terra, em desenho de espiral, e a receber quando estava pronta, no momento certo para ambas. Gerou eu gostar dessa maneira de encontros e milagres acontecerem.