BENNO CONCLUSÃO 2015.1



Benno Bryskier Gleitzman

07/03

Desde que recebi a corda, pude começar a sentir toda a energia que já passou por ela em algum momento, seja quando ela era ainda uma semente, uma árvore, em seu processo de fabricação ou até mesmo a energia de todos que algum dia já a manusearam.

Quando a rede já estava formada, foi possível sentir a primeira união do grupo e tudo que cada pessoa que ali estava podia transmitir. O caminho do grupo até o lado de fora foi intensificando cada vez mais tudo que estava presente naquele momento.

A parte em que todos deram um passo para trás e pudemos relaxar foi a confirmação e afirmação de todos aqueles sentimentos e energia, de todo o processo que tínhamos passado. À volta para a barraca foi o momento em que se pode atribuir todos os ensinamentos da aula sem o mecanismo da corda de sisal, fazendo-me perceber que existem diversos fatores para nos auxiliar, porém a energia dentro de cada ser é o essencial.

Gostaria de agradecer a todos que participaram da dinâmica, desde a professora que a sugeriu, os alunos que participaram e a natureza que nos forneceu os mecanismos para tornar isso viável, que gerou em mim que tudo o que é vivo faz parte de uma rede possibilitando trabalhar o todo e/ou as partes.

11/03

Agradeço a rede que entrou em nossa pelo fato de me mostrar que quando todos estão esforçados e focados em alguma missão, por mais difícil que possa parecer, ela se torna muito mais fácil e produtiva. Isso me gerou que todos no grupo devem buscar uma sincronia

Agradeço a rede que nos recebeu pelo fato de nos ajudar a mostrar os melhores caminhos e espaços para que todos estivessem confortáveis e seguros. Isso gerou em mim um espírito de cooperação e ajuda mutua que melhoram as relações.

Agradeço a minha rede pelo bom humor e fácil adaptação entre todos os integrantes. Isso gerou em mim uma alegria de estar no ambiente desta aula, percebendo que todos ali aspiram algo em comum.

14/03

Percebi diferentes gostos nas cenouras pelo simples fato de estarem de tamanhos diferentes, cortadas ou raladas, e também pela parte usada da cenoura. Descobri que a parte do meio é mais adocicada e, em relação à parte de fora, quanto mais para baixo (parte mais funda na terra) mais doce ela fica também.

Quando cortada em pedaços maiores é possível sentir a sua crocância e consistência. Já quando está ralada, seu gosto fica mais acentuado e permanece mais tempo em sua boca.

Em relação ao suco foi possível sentir todos os sabores misturados e separados e isso foi uma grande surpresa. Além de tudo, foi acrescentado o que nós normalmente rejeitamos em nossas casas (como a casca) e que pôde ser muito útil para percebermos que tudo pode ser aproveitado de alguma forma no final, seja para a própria alimentação ou para a compostagem.

Agradeço a natureza que, por via desta aula, pode me proporcionar esta análise da cenoura, que me fez ter esses diferentes sentimentos e percepções no dia de hoje, abrindo o meu horizonte em relação à forma como fazemos as nossas coisas do cotidiano e como elas podem alterar de forma positiva ou negativa o seu fim.

21/03

Eu agradeço a corda de rami pelo fato de ter me ajudado a descobrir novos movimentos e posições que meu corpo pode gerar, tanto com o auxilio de um parceiro quanto individualmente.

Isso gerou em mim um entendimento maior sobre meu corpo, possibilitando perceber como as partes do mesmo se relacionam ou podem se relacionar caso estejamos disponíveis e abertos a isso.

01/04

Eu agradeço ao repolho pelo fato dele ter me mostrado a variedade das cores existentes na natureza, estas que tornaram possível nós usarmos todas as cores que temos hoje em dia através da fórmula molecular dos alimentos vivos e como ele se relaciona com a luz proveniente do sol, filtrando todas as cores e deixando passar a que vemos com nossos olhos.

Além disso, o repolho me fez perceber a força que a natureza pode ser capaz de exercer, dependendo da forma de sua composição, pois suas folhas vão se atrelando umas as outras de forma surpreendentemente compacta, se tornando um vegetal forte e resistente, como muitos outros elementos disponíveis no meio ambiente.

Tudo isso gerou em mim que somos puro reflexo da natureza e tudo que nós criamos, todos os conceitos trazidos por nós, foram provenientes de algum estudo que só foi possível através da vida já existente.

04/04

Eu agradeço aos micro-organismos que tornaram possíveis este processo de fermentação, isso gerou em mim uma percepção maior de que tudo o que somos e\ou fazemos é um produto da natureza e podem existir processos semelhantes dentro e fora de nosso corpo e o que podemos absorver disso, como por exemplo, o processo de digestão que pode ser facilitado para nós reproduzindo as condições ideais no meio.

15/04

Eu agradeço ao repolho roxo, a abóbora, a maçã, a beterraba e ao inhame por terem me ajudado a perceber de onde e como vêm todas às cores que nós enxergamos , seja na natureza ou não, pois todas as coisas que possuí cor artificial, foram provenientes de pigmentos e/ou estudos que tiveram sua origem na natureza. Agradeço a eles também por, pela primeira vez, sentir o gosto puro dessas cores que eles possuem e relacionar um pouco, de certa forma, os meus sentidos como o tato com a textura dos alimentos, a visão peãs cores que eu vejo e o paladar com o gosto que eu sinto. Isso gerou em mim uma percepção maior de tudo que está a nossa volta.

02/05

Eu agradeço as plantas hortelã, chicória, grama de trigo, grama de girassol e a couve por terem me ensinado, todas tendo uma cor verde aproximada, suas diferenças de gosto e textura, além da quantidade de água que elas carregam consigo. Isso gerou em mim uma amplitude ainda maior em relação à variedade de vida que podemos ter em nossa alimentação.

Filmes

La Belle Verte

Eu agradeço a todos os participantes da produção deste filme que me ajudaram a desconstruir diversos paradigmas e conceitos que foram sendo criados pela cultura de nossa sociedade atual, que tem nos afastado cada vez mais de nossas origens e princípios naturais.

As críticas através de uma forma bem humorada e inteligente nos fazem questionar de forma positiva diversas atitudes e pensamentos que nós temos e de onde estes surgiram. Também é possível imaginar o quanto poderíamos estar em paz uns com os outros e com o meio ambiente se tivéssemos uma maior consciência do verdadeiro papel de nossas vidas, convivendo de forma harmoniosa com tudo o que está a nossa volta.

O filme gerou em mim que sempre é tempo de mudarmos o nosso comportamento que não está de acordo com o melhor equilíbrio entre as opções individuais de cada um, as diferentes raças, espécies e por fim, com a natureza.

Camelos também choram

Eu agradeço ao filme por representar as diferentes culturas da Mongólia retratadas, desconhecidas por mim até o momento, e como duas comunidades tão próximas podem ter diferenças tão grandes.

Através do choque de culturas entre a comunidade fechada do deserto e a comunidade próxima à cidade, com energia elétrica por exemplo, é possível tirar diversas conclusões, como pelo fascínio do jovem Ugna, que ainda não estava tão enraizado em sua cultura, pelo novo mundo e sua conversa com seu avô sobre a televisão que tinha visto em sua viagem, na qual o progenitor tinha duras críticas.

Isto gerou em mim a necessidade que temos de dialogar quando encontramos pessoas e/ou sociedades com diferentes culturas, opiniões e pontos de vistas para chegarmos sempre a um bem comum, positivo e oportuno para todos.

Ponto de mutação

Eu agradeço ao filme pela tentativa de entendimento da atual percepção de nossa sociedade, que caminha a passos largos para a autodestruição, muitas vezes analisando todos os problemas separadamente para tentar reparar o todo.

Devemos enxergar o mundo como um todo, através das relações existentes entre todas as partes que compõe a natureza, para assim termos um devido controle e compreensão do que realmente estamos fazendo.

Isso gerou em mim que devemos mudar a forma como vemos o mundo, preservando o nosso ambiente e todas as espécies que nele habitam.

Conclusão do curso Convivências com Biochip

Participar desta vivência durante este semestre foi algo realmente gratificante, a começar pelo ambiente onde elas aconteceram, diferentemente das salas usuais, só de estar na barraca já poderia ser motivo para eu me sentir bem, longe das paredes e rodeado pela natureza.Como se não bastasse isso, tinham ali outras pessoas, que assim como eu, estavam ali por algum propósito e todos juntos puderam escrever uma breve história, porém ríquissima e que perdurará de alguma forma em cada um.

Cada qual com suas diferenças, porém todos tinham algo em comum, alguma insatisfação com o rumo em que a sociedade está tomando nos últimos tempos e buscavam naquele espaço, através da convivência com o Biochip, um aprendizado que valoriza a vida e sua essência, desconstruindo a forma como temos caminhado até então: estando imerso em uma cultura e ignorando todos os reflexos de guerras e destruição que colaboraram para a sua construção.

Além de tudo, acredito que o contexto em que este período se inseriu foi muito importante. Primeiramente na questão pessoal, pois eu tinha acabado de fazer a transição para o veganismo e estava completamente aberto e interessado para descobrir e aprender coisas novas a respeito da alimentação. Alimentação, na qual me refiro, não como o simples ato de ingerir algo, que muitas vezes nem deveria ser considerado como alimento, mas sim como um ato político, sendo este o nosso primeiro posicionamento diante da vida, pois é nesta prática que temos o poder da decisão de como queremos nos relacionar com o planeta, que nos proporciona as mais diversas variedades de obtermos a nossa energia. A partir desta consciência, é possível estabelecer a mesma conexão para a relação humano-humano, percebendo que algo não está conveniente e precisa de mudança, e é aí que entra o contexto político no qual vivemos nestes meses, com o golpe. Era naquele espaço que eu percebia a maior indignação e revolta por tudo o que estava se passando com o nosso país, aumentando as minhas esperanças de que ainda existem pessoas dispostas a protestar por um bem maior.

Aprendi a dar mais valor para a simplicidade da vida devido a multiplicidade da mesma, pois ela nos proporciona tudo que necessitamos para a nossa existência, basta respeitar e fazer parte de seu ciclo. Vivenciando, aprendendo e trocando conhecimentos vamos nos unindo para a preservação e manutenção da mesma, para que ela possa permanecer em equilíbrio.

Agradeço também pela oportunidade de desfrutar do passeio para a fazenda orgânica, foi um dia incrível em que pude pela primeira vez conhecer de perto tal produção e colher alguns alimentos, além de poder diferenciar suas formas, cores e sabores diretamente após sua colheita. Com eles, também pude realizar a investigação através do desenho e por fim, após montarmos uma linda mesa com todos os desenhos, pudemos vivenciar uma das melhores sensações que podemos ter, de oferecer algo a outra pessoa.

Outro momento muito gratificante foi a festa da prova, na qual igualmente pudemos sentir a energia de preparar um prato e oferecer aos demais. Também ouvimos algumas palavras de todos que participaram e como foi para cada um, transmitindo todas as energias positivas que tinham sido acumuladas durante este processo e deixando uma sementinha plantada dentro de cada um que fez parte disso tudo.

Agradeço também por poder entender e visualizar o desenvolvimento e a mutação da vida durante o processo de compostagem, isso gerou em mim uma compreensão de que estamos inseridos em um ciclo que está em constante renovação a cada dia que passa para que seja possível a criação de outras formas de vida.

Agradeço as conchas e a areia pela tamanha beleza e complexidade em suas formas tão pequenas e únicas, isso gerou em mim um entendimento de que nós, apesar de complexos, assim como a areia, somos apenas uma pequena partícula que compõe o todo e nada seremos sozinhos.

Agradeço a canjica de banana com amendoim por despertar em mim boas memórias de quando eu era criança através do seu sabor, mesmo que na época tivesse sido feito com ingredientes que hoje não fazem mais parte da minha dieta. Isso gerou em mim que podemos explorar nossas memórias afetivas dos sabores, mesmo que tenhamos optado por uma mudança drástica em nossa alimentação.

Por fim, agradeço imensamente a Ana Branco, pois sem ela nada disso teria sido possível. Agradeço pela forma otimista na qual enxerga a vida, a sociedade e suas potencialidades, por mais que tudo esteja de cabeça pra baixo, nos incentivando a lutar por um ideal mais justo e harmonioso para todos os seres que aqui habitam. Agradeço também pela alegria contagiante com que realiza o seu trabalho, nos mostrando a vontade e a felicidade de estar ali conosco, compartilhando conhecimento e construindo momentos únicos e essenciais. Demonstrando como poucos que o tempo não é nosso inimigo para acabar com nossos sonhos e realizações, mas sim um aliado que nos ajuda a acumular forças, sentimentos, amizades e sabedoria para alcançar nossos objetivos e aspirações.

Benno Bryskier Gleitzmann