CONCLUSÃO 2015.1
Luiza Dreyer de Souza Rodrigues
Convivências com o BioChip
Professora Ana Branco
Dia 06/03/2015 - APRESENTAÇÃO DA PESQUISA CONVIVÊNCIA COM O BIOCHIP
Quero agradecer a Ana Branco por ter dedicado sua vida, seu corpo e alma nessa pesquisa.
Depois da aula de apresentação, emocionadíssima, fui agradecer à Ana, chorando, e ela chorou comigo! Ela me falou que há vinte e três anos ela se dedica à alimentação viva. Vinte e três é meu número da sorte desde pequena, é meu número místico. Desde a primeira vez que me deparei com a feira em 2010, me encantei e quis fazer BioChip. Porém, diversas circunstâncias não permitiram que eu fizesse. Demorei 5 anos para conseguir me matricular nessa disciplina, e agora, com vinte e três anos, vejo que Deus estava esperando o momento certo para me colocar nesse caminho.
Quando nasci, Ana Branco renascia com a alimentação viva, e agora chegou meu momento de renascer.
Dia 10/03/2015 – DESENHANDO COM CORDAS DE SISAL EM GRUPO.
Agradeço à corda de sisal que me ensinou que em rede eu não tenho o controle das coisas, e que em rede, a lógica não fez sentido. Quando eu deixei fluir e parei de falar o que as pessoas deveriam fazer, eu relaxei. Não confiei e me apoiei na rede sem as mãos de primeira, porque ao deitar eu caí para trás, e quando apoiava meu peso na corda, a Julia e a Ana eram puxadas, não aguentavam. Reparei que a Ana estava fora da roda, e a Julia estava sendo puxada todo tempo pela corda. E aí fiquei pensando várias coisas e analisando os outros, até que mais uma vez vi que eu estava controlando demais. Tenho o costume de tentar controlar situações, pessoas, coisas, e esse exercício me mostrou quanto desgaste isso gera em mim e não muda nada.
Gerou em mim vontade de confiar no caminho natural das coisas, de ter fé em um poder superior que irá colocar tudo em seu devido lugar (mesmo não sendo o lugar que eu queira). Hoje vindo para a faculdade de bicicleta me estressei com muitas coisas que atravessaram meu caminho, porque eu me sentia no “controle da situação”, quando não estava. É como se o mundo girasse a meu redor e todos que tivessem que agir como eu acho ideal, e quando isso não acontece (quase sempre) eu me irrito, ou seja, vivo me irritando por causa de mim mesma. Foi como a experiência na rede na qual me desgastei desnecessariamente e coloco a responsabilidade no outro. Vejo o erro do outro, quando na verdade minha dificuldade é lidar com meus erros. Isso acontece diariamente comigo. Esse exercício me deu vontade de mudar esse padrão comportamental. Gratidão.
Dia 12/03/2015 - DESENHANDO COM CORDAS DE SISAL EM 4 GRUPOS.
Eu agradeço à corda de sisal por ter me mostrado que quando eu saio do “controle” consigo CONFIAR, consigo me entregar e me conectar verdadeiramente com todos da rede. Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de não ter conseguido “controlar” o equilíbrio dela ontem, que gerou em mim a vontade de ficar calada durante o processo de equilíbrio das forças, e deu certo. Como nosso grupo não tinha uma pessoa sequer controlando, entramos em sintonia e nos “comunicamos” pelo movimento, e esse movimento de todos na rede gerou o equilíbrio, e depois do equilíbrio diversão, risadas e descontração! O resultado foi bem diferente do que o resultado da aula passada, na qual eu fiquei frustrada por não conseguir controlar e não conseguir confiar. Dessa vez eu pude confiar sem ter que mandar ou estar no controle, que é ter fé e entregar a Deus!
Eu agradeço à experiência de nossa rede de sisal receber uma rede e depois entrar numa rede de outro grupo. Mais uma vez, nenhum integrante de nossa rede tentou controlar o processo, só que o primeiro grupo que entrou na nossa rede estava com “líderes” que tentaram controlar o processo (como eu, anteriormente) só que, ao entrar no nosso círculo, se permitiram contagiar pelo silêncio e pela entrega, e as únicas palavras que saíam de nossa boca eram: “UHUUUL” “SE JOGAA! ” “REBOLAA” “CONFIA! ”, a maioria em uníssono. Muito diferente de só uma voz se destacando falando “FAZ ISSO” “ESTÁ ERRADO” “VAI PARA LÁ”.
Isso gerou em mim a vontade de não querer uma posição de liderança (como costumo ter quase sempre) e sim uma posição de igualdade, de sintonia, de entregar e compartilhar a alegria de NÃO ESTAR NO CONTROLE!
Eu agradeço à conclusão do exercício da corda de sisal na qual uma pessoa se retirava do círculo de cada vez, os que permaneciam reequilibravam, confiavam, e depois saía mais uma pessoa. Quando éramos seis na roda, estávamos com a corda estendida, a corda ficava estável. Com três pessoas ainda havia rede e entrega, até com duas! Porém, quando só restou uma pessoa e a corda de sisal, a corda toda foi ao chão. Isso gerou em mim vontade de confiar mais nas pessoas e de vivencia cada vez mais redes em minha vida. As redes nos permitem dividir tristezas e multiplicar alegrias. Tendo consciência de que as pessoas que se aproximarão de mim serão pessoas com alguma vibração parecida com a que estou emanando.
Eu agradeço à aula de hoje, porque estou largando remédios psiquiátricos, e por isso hoje estava MUITO irritadiça e triste, achando que isso tudo era por falta do remédio, que teria que aumentar a dose ao invés de diminuir. Mas ao chegar na aula e fazer o exercício, fui contagiada pela energia positiva de todos que potencializou a energia positiva que existe dentro de mim e superou a energia negativa que estava me consumindo.
Gratidão Ana Branco por tornar esse momento possível.
Dia 17/03/2015 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO COM CENOURA
Eu agradeço à cenoura que me mostrou que sua partemais nutritiva e importante é a que faz a conexão da terra com o céu. Ao mesmo tempo que mantenho meus pés no chão, tenho que me conectar com o infinito da vida.
A parte da cenoura que descartamos costuma ser a parte mais nutritiva. Isso me mostrou como somos desatentos e como repetimos padrões de comportamentos sem questioná-los. Eu agradeço à cenoura por me mostrar sua complexidade. Ela quando cortada em tiras, é possível destacar o miolo, e fica um círculo tão lindo que a professora Ana Branco usou como brinco e ficou linda! O miolo tem um sabor diferente da parte de fora. Ele é menos doce e menos saboroso. Também descobri que, dependendo da forma que é preparada, surgem diferentes sabores por exemplo, a parte de fora, quando ralada muito fininha fica SUPER DOCE.
As diversas formas e os diversos sabores gerados por essas formas me mostraram que TENHO TUDO EM MINHAS MÃOS, só me falta a paciência, o cuidado, a atenção e a criatividade para transformar problemas em soluções. Tirar de um evento/coisa mil possibilidades. Não me cristalizar, ser capaz de me reinventar diariamente.
Gratidão Ana Branco por me ajudar a abrir mais uma janela da percepção.
Dia 19/03/2015 - DESENHANDO COM CORDAS DE SISAL EM DUPLAS.
Eu agradeço à corda de rami pelo fato de ter me conectado de forma direta com a Vera. Nós duas somos fortes e somos altas, e criamos confiança uma na outra. A entrega foi total. Fizemos algumas acrobacias e palhaçadas pois já sabíamos que tínhamos o circo em comum. Em nenhum momento houve um posicionamento de lideranças, estávamos nos organizando e movimentando de forma orgânica. Isso gerou em mim um sentimento de gratidão por ter conseguido sintonizar com minha parceira através da corda, me gerou um sentimento de irmandade e pertencimento. Quando “entramos” no sisal do outro e quando “recebemos”, ficamos tranquilas e alcançamos o equilíbrio rebolando. As pessoas das outras duplas tentavam me dar conselhos usando a lógica, mas eu não me aborreci nem tentei ensiná-los, só fiz a minha parte: REBOLAR E CONFIAR. Gratidão!
Dia 24/03/2015 - DESENHO INDIVIDUAL COM CORDA DE SISAL
Agradeço à corda de sisal por me mostrar que meu corpo está conectado da cabeça aos pés. Ao mover uma parte do corpo, sem perceber, estou influenciando outras partes dele. Além disso consegui alongar mais do que eu costumo fazer nas aulas de circo, o que me mostrou que meu corpo é capaz de realizar tudo que desejo, só preciso estar em sintonia com as forças físicas, mentais e espirituais que o fazem mover.
Inicialmente isso tudo gerou em mim um pouco de aflição, porque sou apressada e queria conseguir fazer uma rede comigo mesma o mais rápido possível. Porém, o trabalho teve que ser aos poucos, tive que me permitir sentir a corda e que ela me sentisse. E então o sentimento passou a ser alegria, deixei meu corpo brincar de forma aleatória com a corda de sisal, e fui encontrando movimentos interessantes.
Todo esse exercício me lembrou uma frase que eu adoro do filme “Efeito Borboleta”: “ O simples bater de asas de uma borboleta pode gerar um furacão do outro lado do mundo. ”
Gratidão.
Dia 27/03/2015 - Filme: PONTO DE MUTAÇÃO B. CAPRA
Quero agradecer ao filme “Ponto De Mutação” por me mostrar que o maior problema da sociedade contemporânea está na percepção. A percepção individualista, a percepção alimentada dentro das salas de aula, a percepção da ciência tradicional que acha que pode fragmentar um todo e estuda-lo em partes, quando na verdade as partes não falam pelo todo. O todo é um sistema vivo, composto por inter-relações. Somos fruto da interação com o meio ambiente, não somos independentes dele. Todo mal que fazemos, consciente ou inconscientemente, contra esse meio ambiente, é um mal que fazemos a nós mesmos. O conteúdo desse filme me deu inspiração e satisfação, pois ele ratificou e fundamentou muitos dos meus pensamentos.
Dia 31/03/2015 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO COM PIGMENTOS VIVOS
Eu agradeço à abóbora, seu formato e sua cor laranja que me fizeram lembrar minha avó. Pela primeira vez pude sentir o sabor daquele laranja, o que gerou em mim vontade de experimentar receitas com um ingrediente especial: a cor laranja. Eu agradeço à beterraba, sua cor forte e seu sabor intenso, que me fizeram lembrar da minha infância o que gerou em mim paz de espírito. Eu agradeço ao repolho pela sua bela cor. O repolho foi o que eu escolhi ralar primeiro, mas na hora do suco foi o que eu menos quis tomar. Só que depois, ao misturá-lo com os outros sucos, o repolho deu um toque especial no resultado final. Isso gerou em mim vontade de me permitir ousar o novo, ou o que não gosto e dar novas formas e sabores a ele. Eu agradeço ao inhame, sua cor branca e sua textura, que gerou em mim vontade de fazer outras receitas e de misturá-lo com outras cores. Eu agradeço à maça, que veio no fim da degustação, mas foi no momento mais especial no qual todas as cores se misturaram e a cor e o sabor que foram criados, jamais poderão ser imitados. A mistura de todos os sucos ficou muito interessante e despertou meus sentidos e criatividade. Mas também achei muito importante ver a unidade das cores e sabores. Eu nunca tinha sentido o sabor do roxo, do branco, do laranja foi uma experiência incrível.
Dia 07/04/2015 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO COM FERMENTAÇÃO
Eu agradeço à fermentação, que me mostrou uma nova forma de preparar alimentos, uma forma pré-digerida que facilita o processo de digestão. O que gerou em mim alegria, por estar absorvendo um novo conhecimento dentro da alimentação viva, por estar quebrando preconceitos e me permitindo ousar, experimentar o novo.
Dia 09/04/2015 - RECONHECIMENTO DOS FERMENTADOS
Gostaria de agradecer à aula de fermentação por me ensinar uma nova forma de consumir um alimento cru. Um alimento pré-digerido e muito nutritivo. Também pude ver o egoísmo de minha parte associado à pressa, que me fez pegar um pedaço da soja germinada. Se todos fizessem o que eu fiz, não haveria soja suficiente para nossa refeição. Na hora eu não vi essa minha atitude como egoísta, mas depois parei para refletir e vi que estou egoísta em alguns momentos da minha vida:
“Cuidar do outro é cuidar de mim/ Cuidar de mim é cuidar do outro. ”
Sou grata à Ana Branco por ter sinalizado minha atitude egoísta, e principalmente por realizar uma disciplina tão especial com tanto amor. Está mudando minha forma de ver e lidar com a vida.
Dia 14/04/2015 - RECONHECENDO AREIAS
Sou grata aos grãos de aveia por terem me permitido ver o universo na palma da minha mão, que gerou em mim a consciência do meu tamanho, mínimo, e a importância da diversidade. Sou grata aos grãos de areia pelo fato de me fazerem lembrar uma época em que eu era inocente, criativa, que não julgava pessoas e coisas, ou seja, não perdia meu tempo. Gerou em mim vontade de me buscar mais e mais qualidade de vida, viver no momento presente, a possibilidade de viver sem julgamento!
As vezes sinto uma guerra dentro da minha cabeça. Críticas, julgamentos,
exigências, frustrações, expectativas, e essa prática de hoje me deu
vontade de alimentar minha inocência, colocá-la ao sol. Deixar a criança
que existe em mim se manifestar mais e mais, um dia de cada vez.
Gratidão.
Dia 18/04/2015 - Filme: CAMELOS TAMBEM CHORAM de Byambasuren Davaa e Luigi Falorni.
Gostaria de agradecer ao filme “Camelos também choram” que me apresentou tão intimamente um contexto muito diferente do meu, de uma família nômade que se encontra no deserto da Mongólia. A parte que mais me emocionou no filme foi o momento do ritual para a camela Ingen aceitar seu filho Botok. A família já tinha tentado de tudo, mas Ingen o rejeitava, não demonstrava nem um traço de instinto maternal e deixou Botok à beira da morte. E então chamam um violinista do vilarejo mais próximo para através da “magia da música” levar a Ingen a fazer aquilo que não conseguiu de nenhuma outra forma: se conectar com seu filho. E durante o ritual, o filho consegue se conectar com a mãe, e é o momento em que Ingen começa a chorar. O brilho no olhar dela mostra o quão intenso estava sendo aquilo tudo para ela. A reconexão se deu, e eles passaram a andar juntos, como mãe e filho.
O filme me mostrou o valor da música dentro do processo de cura, que gerou em mim vontade de me aprofundar mais e mais no meio musical, e conseguir alcançar e fazer os seres vivos alcançarem locais que antes não tinham acesso.
Mas teve um momento do filme que me deixou triste, o momento em que a família adquire uma televisão. Eles, que antes tinham uma rotina só deles, vão se igualar a todos aqueles que ficam sentados em frente à uma caixa quadrada, vão perder o que os diferencia, seus costumes, seus rituais, almoçar e jantar juntos. Gerou em mim tristeza pois vejo essa alienação diariamente.
Dia 21/04/2015 – 2ª AULA INAUGURAL
Eu agradeço à Ana Branco por compartilhar um pouco da história dela com sua mãe. Me arrepiei da cabeça aos pés, me emocionei e senti que estou no caminho certo. Aprendi com a Ana que a mãe dela falava “busque as frutas que tem o brilho do amor de Deus” e agora, toda vez que vou na feira escolher uma fruta, escolho aquela que tem um “brilho especial”. E para tornar o dia mais especial ainda, depois da aula a Ana comentou que ela era muito parecida comigo quando jovem. Saber disso me fez ter esperança na minha cura mental, física e espiritual. A Ana é a maior revolucionária que já conheci.
Dia 28/04/2015 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO COM DESIDRATAÇÃO DE SEMENTES GERMINADAS
Eu agradeço à aula do pão essênio que me mostrou que existe o fogo da vida e o fogo da morte. O fogo da vida está dentro de nós, o fogo da morte está fora de nós e sua temperatura é maior que a do nosso sangue. O que gerou em mim uma reflexão a respeito do que eu me construo como ser. Quais são as peças que eu escolho para me compor. EU busco escolher peças da vida, mas há algo em mim que ainda me prende às “peças da morte”. Estou passando por um momento delicado, em que tenho que superar comportamentos repetitivos, doentios e cristalizados em mim. A alimentação viva tem me ajudado a perceber que eu não sou a única “problemática”. Muitas pessoas passam por problemas parecidos e que isso tudo ocorre devido à acidificação do sangue, ao pensamento de escravo. Agradeço do fundo do meu coração à minha professora, à minha musa inspiradora Ana Branco, à turma, ao sol, ao ar, à água e ao fogo da vida. Gratidão eterna.
Dia 05/05/2015 - DESENHO DE INVESTIGAÇÃO COM DESIDRATAÇÃO DE RAIZES
Quero agradecer ao Tipiti, prática indígena para preparar a farinha de mandioca, que me mostrou que duas pessoas trabalham melhor do que uma. Que o valor da vida está no compartilhar. Que, quando se partilha, é possível multiplicar o que há de bom.
Quero agradecer aos índios que me ensinam a viver em sintonia com a natureza, me ensinam a pensar nas próximas gerações antes de tomar qualquer decisão, que me ensinam que a terra oferece tudo que eu preciso. Infelizmente muito da cultura indígena foi “engolida” pela modernidade, e atualmente muitos deles comem industrializados, perderam os dentes por causa da ingestão de açúcar, não produzem mais as roupas que usam, preferem ficar na frente da televisão do que observar as estrelas. Mas, sinto esperança quando a Ana fala que foi tida como “representante” por várias tribos indígenas. A Ana ensina para nós o tipo de alimentação que os índios gostariam de fazer.
Quero agradecer ao forno solar, aonde foi colocada a mandioca ralada para secar. Ana falou que aprendeu com a sua mãe que fazia caixas com lâmpadas dentro para deixar os pintinhos quentinhos. Me remeteu meus tempos de criança quando ia na fazenda, e também quando resgatava passarinhos feridos nas ruas e fazia de tudo para eles ficarem quentinhos, algodão, ursinho de pelúcia... Quem me dera se eu soubesse do “forno de pintinho” antes!
Dia 08/05/2015 - RECONHECENDO A TERRA NO PROCESSO DE COMPOSTAGEM
Agradeço ao Tapuru "Papa defunto”. Nós temos o Tapuru dentro de nós, por
isso que quando morremos precisamos ser enterrados logo. Caso contrário sai
tapuru de dentro dos ouvidos, da boca, da orelha.
Quando nosso corpo padece, surgem milhares de vidas a partir dele, vidas
rastejantes, vidas voadoras, milhares de possibilidades diferentes!!! Ou
seja, temos a morte dentro da vida. E a vida dentro da morte. Dentro de
nós, já temos os organismos que vão fazer a transição do nosso corpo de
ácido (podre, em decomposição) para alcalino.
No processo de compostagem quando o início da decomposição se dá, o cheiro
é forte, parece de fezes, e um dos bichos mais importantes nesse processo é
o papa defunto é ele quem vai transformar o ácido, o podre, em alcalino.
Por isso não é bom usar a água que sair da composteira como adubo, o meio
ainda está muito ácido. Depois, quando não se encontra mais papa defunto na
terra, é porque a parte mais acida do processo já passou... E os papa
defuntos saíram de suas cascas e se transformaram em outros bichos,
principalmente em minhocas. Nessa fase, a terra não tem mais cheiro ruim,
tem uma consistência pegajosa como uma massa consistente, mas ainda precisa
de mais tempo para virar terra fértil.
Ao longo desse processo de alcalinização, os bichinhos, que antes eram
grandes, vão cada vez mais diminuindo de tamanho, e a terra está boa para
uso quando não se consegue mais ver os bichinhos, eles são microscópicos, a
terra tem um cheiro de terra boa, está soltinha e seca.
Também tenho que agradecer ao pescador de Pedra de Guaratiba que foi para o mar com um saco de farinha e uma cebola, pescou o peixe, fez um pirão com a agua do mar, e inspirou a Ana a fazer o Bolinho de Nanã, uma das receitas mais gostosas que comi até agora!
Gratidão da Aula de Desenho com Cores
Gostaria de agradecer ao desenho com cores que me mostrou que quanto mais simples mais gostoso. A natureza já tem tudo que precisamos e não é preciso pagar caro, importar, porque o que nosso corpo precisa eh o que esta a nossa volta, o que nasce da terra e que passarinho come. Isso gerou em mim vontade de abrir os olhos e a percepção para o simples.
Gostaria de agradecer a Ana Branco por não ter aceitado meu docinho vivo porque continha alfarroba. Ela me mostrou o que é não compactuar com um sistema que comercializa a vida, que destrói a natureza e se aproveita da nossa ignorância. Isso gerou em mim vontade de deixar de ser ignorante, e para isso em primeiro lugar eu tenho que assumir que não sei nada. Parar de achar que estou no controle porque é isso que o sistema quer que eu pense.
Gostaria de agradecer a Dadal, que me mostra a importância da humildade e da boa vontade, que gera em mim vontade de botar a "mão na massa".
Gostaria de agradecer a historia do "boichip", a Ana seguindo os bois para observar o que eles comem para pegar e fazer o suco de luz. Me mostrou que as respostas para minhas perguntas estão todas na natureza. Gerou em mim vontade de me desvincular cada vez mais desse sistema capitalista que nos ensina que remédio esta na farmácia, e que comida vem dentro de um saco e fica nos supermercados.
Gostaria de agradecer a Anna que me ofereceu seu desenho e gerou em mim gratidão.
Gostaria de agradecer a Camila Habdalla que me ofereceu seu desenho e gerou em mim sensação de pertencimento, amor.
Gostaria de agradecer a Camila Maia que me surpreendeu ao me dar seu desenho e gerou em mim mais vontade de amar o próximo.
Gratidão da Aula “Bibliografia”
Queria agradecer a Ana pelo toque que ela me deu durante a aula -quando eu reclamei que estava com muita dificuldade de largar o açúcar, diferente dela que largou sem problemas-, que me mostrou como eu não tenho me respeitado. Meu tempo, meus defeitos, minha realidade.Como eu não me aceito e como isso é impactante na forma que olho a vida.
Percebi que isso está afetando meu desenvolvimento, minha cura. Porque eu olho para o ideal que quero alcançar, e não pra mim.
Me nego e com isso não vivo. Sobrevivo.
Acaba que eu não consigo ver minhas qualidades porque estou preocupada com a negação dos meus defeitos.
A doença é o caminho para a cura. Mas o mais importante é o caminho!
Gerou em mim vontade de parar de me comparar com os outros.
Parar de querer me encaixar, ser igual.
Gerou em mim vontade de me aceitar, de ver meus defeitos como algo MEU, como oportunidade de me tornar alguém melhor.
Eu julgo muito as pessoas. E sinto que isso acontece primeiro comigo. Eu me julgo muito e sou exigente demais. Na maioria das vezes tenho dificuldade de reconhecer minhas qualidades mas SEMPRE sei um defeito que posso apontar.
Gerou em mim vontade de sinalizar diariamente minhas qualidades em oração.
Valorizar minhas vitórias diárias (que são muitas).
Gerou em mim vontade de viver por inteiro. Aceitar minhas falhas, respeitar meu tempo, diminuir exigências e expectativas e não me levar tão a serio.
Gratidão Aula filmes “A Dança das Sementes”, Bio Floresta e Youssef Nasser
O filme sobre Nasser me mostrou que a riqueza está no simples.
Por ter me mostrado que quando plantamos numa horta e retiramos todo o mato, não respeitamos as vidas que ali existe. Só estamos preocupados com nossa vida, e plantamos somente o que nós vamos comer. E isso desequilibra o solo, e a natureza responde com pragas, que nada mais são do que agentes que irão ajudar no reequilíbrio desse sistema e também são sinalização de que algo está errado.
Gerou em mim surpresa porque eu sempre achei que uma boa horta era "horta da disney" organizada, limpa, com tudo alinhadinho. Quando isso não é natural. Isso é pensado pelo homem. E o homem está há muito menos tempo na terra do que a natureza.
Gerou em mim vontade de mudar a forma que estou fazendo a horta no meu prédio. Passei um dia inteiro capinando mato para deixar o solo "pelado" e agora não farei mais isso. Vou deixar tudo crescer junto, e manter todas as.plantas na mesma altura.
Gostei da bio floresta que me mostrou a importância das sementes nativas e não modificadas industrialmente.
A natureza é perfeita, quando o ser humano intervém achando que sabe mais que ela, acaba criando sua própria destruição. Porque esta preso ao ego, ao dinheiro, ao poder. E toda criação com essas raízes acabam por sucumbir mais cedo ou mais tarde.
Gerou em mim humildade em relação a sabedoria da Mãe Natureza. Respeito.
Também gostei de aprender que abacaxi ajuda na recuperação do solo acido, e que as folhas da poda podem ser colocadas na própria terra para ajudar a preservá-la.
Gratidão da Aula “Les Ballons” com Tura e Monica
Gostaria de agradecer ao documentário “Les Ballons” que me mostrou um “outro lado da história”. Antes de assistir o filme, eu não tinha IDÉIA de quanta história tem por trás de um balão no céu. De quanto tempo demora a ser feito, de quantas pessoas envolvidas no processo de produção, do amor que move os baloeiros, do poder de união que os balões exercem ao reunir milhares de pessoas para assistir o “espetáculo do balão”.
É um evento tão poderoso que a mídia inventou essa história de queimadas para ofuscar o brilho dele! O mais estranho: a Globo colocou uma imagem de uma queimada e filmou um balão de papel (intacto) falando ser a causa do fogo. Mas se o fogo pegou por causa do balão, COMO ELE ESTÁ INTACTO?
E é impressionante sentir na pele poder da mídia, eu fui enganada por anos…
O que gerou em mim vontade de sempre questionar e buscar investigar as
“verdades” que me são colocadas.
SÓ NO BRASIL O BALÃO É PROIBIDO! Pelo mundo inteiro países pagam para que o
Tura solte na Europa e na Asia os seus balões… E aqui, em sua terra natal,
onde tudo começou, ele foi silenciado e considerado bandido. Tudo que
trabalha coletivamente nossa mídia faz questão de “detonar”. Porque
admiramos o pensamento norte americano, que dá valor ao EGO, ao dinheiro.
Manifestações de arte coletiva não dão lucro, colaboração não dá lucro, o
que é feito pela própria população não visa o lucro.
Isso gerou em mim vontade de valorizar nossa cultura popular, me envolver
ainda mais com o que acontece nas ruas, com o que é compartilhado, com o
que é colaborativo.
Gostaria de agradecer à professora Ana Branco, que vem passando esse
documentário desde o início da disciplina “Convivência com BioChip” para
mostrar que o que vale não é o que fazemos por dinheiro. O QUE VALE É O QUE
FAZEMOS COM O OUTRO!!!
O que gerou em mim gratidão por ouvir de fora pra dentro algo que
sempre ouvi de dentro pra fora (essa gratidão se resume basicamente a
tudo que ouvi e aprendi no curso).
.
Para que serviu conviver com BioChip?
Conviver com BioChip me ajudou no meu processo de auto conhecimento.
Em primeiro lugar aprendi que a importância não está no reconhecimento do meu SABER e sim do meu NÃO SABER!
A certeza de que terça e quinta, entre a correria do meu dia a dia, eu iria para a sala de aula no meio do mato, colocar os pés na terra, aprender a agradecer, a aceitar, a compreender, escutar os conselhos da Ana, foi o que me fez encarar esse período de outra forma!
Eu era uma pessoa extremamente ansiosa, controladora, sem fé (por mais que
rezasse diariamente), não sabia receber nem dar amor.
Digo que “era” não porque deixei de ser tudo isso, mas porque estou em
processo de desconstrução desses padrões comportamentais e já não me vejo
da mesma forma que antes.
Aprendi que tenho que respeitar meu corpo, meu tempo, meu templo.
Aprendi que dentro de mim tenho o remédio para todas as doenças.
Aprendi que a graça do comer vivo é compartilhar. Compartilhar receitas,
experiências, palhaçadas, amor..
Aprendi a tratar os outros com igualdade não é tratar todos de forma igual.
É RECONHECER o outro e respeitar os limites de cada um. A igualdade está na
postura respeitosa, não na “uniformização do outro”.
Aprendi que a união faz a força, e as redes movem o mundo. Nunca estou sozinha. Nunca faço algo sozinha.
Aprendi que minha memória afetiva é o que me prende à alguns vícios como o
açúcar, e que preciso levá-la em conta na hora de preparar minhas receitas
vivas. Levar em conta minha história de vida, minha família, minhas
lembranças, os cheiros, sabores… Só eu consigo ter acesso a essas
informações. Não posso depender do outro para isso.
Aprendi que tenho que respeitas e agradecer às minhas recaídas. ELAS FAZEM
PARTE DO CAMINHO. Se eu não me aceitar ninguém mais o fará.
Conviver com o BioChip me ensinou a ter paciência com a dificuldade dos
outros. E que se eu me irrito, é porque eu também estou com dificuldade mas
não quero assumir.
Conviver com BioChip me ajudou muito no meu resgate de amor próprio.
Aprendi que cuidar de mim não é cuidar de mim para os outros verem. Cuidar de mim é me namorar. Me observar, me massagear, me encantar, me respeitar “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza”.
A minha vida se forma a partir do olhar que eu dou às coisas. Então é importante refletir sobre o tipo de olhar e postura que tenho com as pessoas, lugares e coisas ao meu redor.
Aprendi que, com as ferramentas que Deus me dá, sou capaz de conseguir aquilo que achava que não conseguiria sozinha.
Aprendi que minhas doenças são ótimas oportunidades para meu auto conhecimento, não posso tentar mascará-las, preciso acolhê-las, entendê-las, e agradecer por ter tido a oportunidade de evoluir.
Aprendi a importância de me conectar com o fogo da vida.
Desde o início das aulas, tenho buscado “comer vivo”, recaí muitas vezes, mas a experiência de colocar vida - e não morte- dentro de mim, não tem igual. Meu templo me agradece de diversas formas.
Aprendi que quando tenho diarréia não preciso me preocupar, e sim
agradecer. Na minha primeira semana de aula (e mudanças alimentares) tive
muita diarréia, náusea, dores, febre… Fui perguntar para a Ana o que estava
acontecendo e ela falou para eu AGRADECER! E eu entendi que esse era um dos
melhores presentes que podia receber: meu corpo reagindo!
Conviver com BioChip me ensinou que não preciso ter medo de envelhecer.
Esse medo é para as pessoas que morrem “definhando”. Eu ERA uma dessas. Mas
atualmente meu objetivo é morrer ILUMINADA, como a história que a Ana
contou sobre sua mãe que me encheu os olhos d’água e o coração de paz.
Eu aprendi tanta coisa que se for escrever tudo vai faltar papel!!!
Conviver com BioChip me ensinou que o fogo é um ser vivo, como a água, a argila, as folhas, os frutos… Desde então eu acendo uma vela diariamente e peço por todos que amo: meu pai, minha mãe, meus irmãos, minha avó, meu avô, meus irmãos, pela Ana Branco, pelos índios, pela Mãe Natureza.... E AGRADEÇO POR MAIS UM DIA!
Eu orava de forma “automática” e “distante” e aprendi que Deus não está lá em cima, está dentro de mim. Então posso orar como meu coração me guiar!
Há mais de 4 anos (desde que entrei na PUC) eu sinto uma imensa vontade de fazer o BioChip. Mas como diz uma frase que amo “Deus não ajuda os que querem, Deus ajuda quem SE AJUDA”. E naquela época eu queria ajuda, mas não estava me ajudando. Então, o universo fez com que eu esperasse, amadurecesse. Nesse meio tempo, eu, projetada pra fora, buscando “mudar o mundo” convivi com AnarcoPunks [1] que lutam contra o capitalismo, com comunistas que querem acabar com a divisão de classes, com minha família (por amor) tentando me “moldar” num molde que eu não me encaixava, só que eu não sabia expressar isso, me revoltava e me afastava das pessoas que mais me querem bem nesse mundo.
Convivi com muitas pessoas que buscam a mudança de fora para dentro, na verdade, sinto que a maioria das pessoas são assim. Assim como eu era.
E só depois de muito “apanhar eu pude entender que a mudança mais difícil - que todos não querem fazer - era a mudança de dentro pra fora! Percebi que eu estava girando em torno no meu próprio rabo, sem chegar a lugar algum, voltando sempre aos mesmos pontos.
Aprendi que “bater de frente” não é o melhor caminho.
Sou taurina e sempre encarei as situações da vida “entrando de cabeça”, e até sentia certo orgulho disso, sem imaginar o quanto me fez mal.
Com a Convivência com BioChip eu pude conhecer e aprender com a revolucionária mais cascuda, com a criança que existe dentro dela, com uma mulher que literalmente vive as mudanças que quer no mundo.
Aprendi o porquê vivemos em guerra, tudo que fazemos (na sociedade moderna) envolve guerra. E aprendi que por comermos comida de escravos, nos comportamos como escravos, que é o que o sistema quer. Que sejamos submissos, obedientes, que tenhamos medo.
EU ESCOLHI NÃO VIVER MAIS NO MEDO.
EU ESCOLHI O SIMPLES, O TRABALHO, O REAL.
EU ESCOLHI SER FIEL A MIM MESMA, A MINHA FAMÍLIA, A MINHA HISTÓRIA.
“E que assim seja.”
Vertente do movimento Punk que promove políticas anarquistas através da ação direta, ocupações, uma “tribo” que busca viver a margem do sistema capitalista.