GABRIELA GAIA MEIRELLES CONCLUSÃO 2015.2
GRATIDÕES – BIOCHIP 2015.2
Por: Gabriela Gaia Meirelles
18/08/15
Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de me fazer olhar
nos olhos dos meus amigos e fazer ceder amor. Agradeço também por me sentir
conectada com tudo que é vivo e respira, e por me sentir pertencida. Essa
conexão gerou em mim um elo invisível que segurou meu corpo e minha mente
no presente, me puxando pra realidade, e me encheu de luz e de cor.
20/08/15:
Eu agradeço à cenoura pelo fato de ter me mostrado a
beleza da diversidade. Nunca somos os mesmos e tão pouco as pessoas com
quem convivemos o são. Assim como a cenoura, cada forma que assumimos ou
cada ótica que adotamos muda nosso jeito e nossa percepção sobre nós e
sobre o outro, e a cenoura me mostrou que mudar é uma delícia!
Cenouras cortadas de forma miudinha formaram um doce delicioso, enquanto os
quadradinhos vindos de dentro da cenoura apresentaram muita crocância, mas
sabor menos doce. Rodelas de cenoura, assim como as pétalas, foram mais
salgadinhas. Todos esses sabores geraram em mim uma gratidão. Gratidão
pelos desenhos, pela profusão de cores, por partilhar esse momento especial
com a turma e gratidão por, como a cenoura, poder estar na ponte entre o
céu e a terra, de várias formas.
25/08/15:
Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de me fazer tentar
ser solo. As redes em grupo me pareceram confortáveis, enquanto as redes em
dupla abriram mais espaço para experimentações e diferentes designs. Já a
rede individual ampliou meu conhecimento sobre o meu corpo e seu centro de
equilíbrio, mas também em deixou mais insegura. Isso gerou em mim uma
reflexão sobre o coletivo x individual e como eu me porto diante do mundo.
Entender o porque a preferência pelo coletivo e o medo da solidão é um
passo a mais para me comunicar comigo mesma e com os outros também.
1/09
Eu agradeço à cenoura pelo fato de me fazer laranja, e de
nos permitir estarmos juntos, em volta de uma mesa, às 11h da manhã de uma
terça feira, conversando sobre o nada e brincando com cores. Eu agradeço
também ao repolho roxo e ao repolho branquinho – fói uma delícia brincar com eles!
Isso gerou em mim felicidade boba e simples – felicidade de cosquinha na
barriga.
3/09
Eu agradeço a soja e as cenoura e repolho fermentados por
unirem todos nós em prol de um aprendizado e também de uma refeição
deliciosa. Agradeço também – e mais uma vez – à cenoura, que vem me
acompanhando nessa trajetória e se mostrando de mil e uma formas a vida
pulsante que emana dos alimentos.Isso gerou em mim sorrisos que ecoaram
pelo resto do dia, além de uma sementinha de ideias prestes a germinarem.
08/09
Eu agradeço à ABÓBORA, ao REPOLHO ROXO ao INHAME e à BETERRABA por me
nutrirem em cor e sabor nessa 3ªf. cinzenta. Cada alimento teve uma textura
singular, uma cor específica e um sabor único. A abóbora, com sua textura
cremosa e cor alaranjada vibrante, adocicou meu paladar. O repolho roxo,
com seu lilás escuro, cor de suco de uva, me desafiou à novos sabores. A
beterraba (quase vinho) me encheu de surpresas – uma espécie de purê, base
onde as outras cores ganharam textura e corpo.
Agradeço também à maçã, cor caramelada que adocicou de vez a experiência.
Tudo isso gerou em mim gratidão e novas possibilidades de conexões e
misturas.
10/9
Vou ver todos os documentáros agora, que entrei de férias! Mas estou lendo o livro do Capra e agradeço profundamente aos ensinamentos que o livro vêm me passado, à nova perspectiva sobre mudanças de paradigmas do qual O Ponto de Mutação fala, e por existirem pessoas que não vejam as coisas de forma preto e branco ou ciência ou misticismo, ou natureza ou progresso e etc. Estamos todos juntos. E isso gerou em mim uma sensação de esperança com relação ao mundo.
15/09
Eu agradeço às sementes germinadas por me fazerem criar
uma reconexão com a terra. Descobri que não há coisa mais linda que
alimentar com água e luz uma semente, depositá-la gentilmente no conforto
da terra, e depois vê-la crescer e se espichar para além-terra e surgir
balançante no ar, fios verdes fortes e bonitos. Isso gerou em mim uma
admiração sem tamanho, e uma aproximação da natureza, seja nas coisas mais
ínfimas (um brotinho nascendo), como nas mais majestosas (como uma árvore
imponente ou um rio).
17/09
Eu agradeço à argila pelo fato de me fazer sentir. A
argila me deu respostas à não-perguntas e, com silêncio, complacência e
carinho, foi moldando vírgulas para desconstruí-las, e acumulando pontos e
mais pontos de vista, cacos, fragmentos, tudo saindo de mim e chegando a
mim, ao mesmo tempo.
A argila também me lembrou que somos todos um corpo só e que as coisas se completam no outro, sempre no outro. Isso gerou em mim reflexões que ainda ecoam aqui dentro e sofrem digestão lenta.
Gabriela Gaia.
22/09
Infelizmente não pude ir à aula. Vou ver todos os documentáros agora, que entrei de férias! De qualquer forma, agradeço à você, Ana, por me apresentar esses filmes, os quais eu jamais teria conhecimento sobre se não fosse pela aula. Estou ansiosa para enfim vê-los J
24/09
Eu agradeço ao girassol, ao trigo e ao suco verde por me encher de cor e de energia nessa manhã morna de quinta-feira. Agradeço a meus amigos que plantaram com cuidado e carinho suas sementes, e agradeço à Ana, que nos ensinou que, por mais lindas que as coisas estejam, é preciso desapegar-se delas e deixar que vivam de outras formas na gente ( no caso, quando cortando as graminhas para fazer o suco e jogamos o “resto” no biodigestor). Isso gerou em mim gratidão e sensação de que é preciso desapegar para ver nascer novas cores na gente.
29/09
Eu agradeço ao filme La Belle Vert por mostrar de forma engraçada e divertida uma sensação cada vez mais presente na forma como vejo o mundo. Isso gerou em mim um pensamento: essa estranhar cada vez maior meu e de alguns amigos com relação “ao mundo e como as coisas estão” não é tão solitário: outras pessoas devem pensar e sentir como eu. E a aula de biochip, inclusive, me ajudou a ver que sim, há outra alternativa.
01/10
Eu agradeço às diferentes areias por me mostrar que na natureza tudo é diferente, e ser diferente é NORMAL! O importante é aceitar essa biodiversidade, que está em tantas cores, tantas espécies, tantas formas e sabores, e porque não, está entre nós?! Isso gerou em mim uma sensação de união: eu e natureza, eu e meus amigos, eu e tantos desconhecidos: somos diferentes grãos de um mesmo universo.
08/10
Eu agradeço aos filmes Futuro Roubado e A Carne É Fraca
por me fazerem ter certeza da opção de não comer carne. Isso gerou em mim a
sensação de que a escolha é difícil e o caminho árduo, mas o propósito vale
muito, muito a pena.
13/10
Eu agradeço às conchas da Ana por falarem comigo. Falarem através de cores, de imagens, de formas. E, como mágica, por fazerem sair de minhas mãos palavras que não eram eu quem dizia, mas sim elas. Agradeço principalmente pela pequenez e delicadeza das conchinhas 5, as menores. Que beleza, que minúcia, que cuidado em estar! A história que a Ana contou depois, também tem que entrar nessa gratidão. As conchas estão sempre ao nosso redor, basta conseguirmos olhá-las (o que não é tão fácil, com esse olhar endurecido que construímos para com o mundo). Gratidão imensa.
20/10
Eu agradeço às raízes de aipim desidratadas por me fazerem ver a versatilidade dos alimentos e me mostrarem novas possibilidades de cozinha e de pensamento. Ah, e como não, por me fazerem provar coisinhas gostosas no fim! Rsrsrs . Isso gerou em mim pensamentos borbulhantes, e cada vez mais hidratados por uma nova forma de ver e sentir o mundo.
22/10
Eu agradeço às terras de compostagem por tanta coisa que nem sei por onde começar. Talvez, pelo medo inicial. Medo de bichinhos, do desconhecido, da temperatura quente da vida. Depois, pela desconstrução, desconstrução lenta, de sentir a minhoca nos dedos e gostar da sensação, de sentir o cheiro de terra em movimento, de ver a vida se reciclando até chegar, enfim, na terra fresca que conhecemos. Agradeço à mãe natureza por nos dar de comer e beber e nos ensinar que o ciclo da vida é infinito. Agradeço aos bichinhos que decompõem tudo que é vivo, inclusive a gente, fazendo esse ciclo se completar. Agradeço à tudo que respira e que é vivo. Agradeço à aula por nos mostrar a beleza de completar o ciclo, e ser gentil, e dar à terra de comer como a terra nos dá. Isso gerou em mim ... Tanta coisa, que nem sei escrever. Mas gerou principalmente vontade. Vontade de fazer diferente. Tomara que um dia eu consiga... Tomara.
27/10
Eu agradeço ao roxo da cebola, ao verde do aipo, ao vinho das passas, ao amarelo da cúrcuma, ao laranja da cenoura e ao vermelho do pimentão, ao branco do alho, da cebola e da maçã pela experiência que me proporcionaram, unindo sabor, cor, cheiro e saciedade em uma mesma mistura deliciosa. Isso gerou em mim uma explosão interna de sensações mornas e tenras.
29/10
3/11
Eu agradeço à semente de amendoim germinada por ser tão versátil e nutritiva, nos proporcionando comidinhas deliciosas tanto doces quanto salgadas. Agradeço aos lindos desenhos feitos, e ao afeto das trocas de arte/sabor. Foi tudo uma delícia! (tanto que comi demais rsrs). Isso gerou em mim sorrisos sem fim.
10/11 - Bibiografia
Eu agradeço aos baloeiros por fazerem do fogo uma arte sem igual. Agradeço à Ana por, em sua aula de bibliografia, ter falado sobre o fogo, o fogo e a paixão, e o medo que nós temos dos dois, e de sua força, por ambos serem desconhecidos. Agradeço também ao poema de Maturana. Agradeço à tudo que não sei explicar mas sinto, como sinto o fogo e como sinto a paixão, que pode ser por um homem, por uma planta, por meus amigos, por minha família, por desconhecidos, por alimentos, por cores, por tudo. Isso gerou em mim uma faísca, faísca de fogo querendo se alastrar e iluminar num clarão todo o meu ser.
12/11 – Baloeiro + documentário
Eu agradeço à conversa de hoje e ao documentário por me mostrarem uma realidade que eu desconhecia totalmente: o balão como arte, e a sua criminalização sem sentido. O cuidado, a paixão, o amor que todos que fazem balões têm é uma das coisas mais lindas, e proibir essa arte me soa sem sentido, uma atitude criminosa (muito mais que a de soltar balões). O fogo chega onde quer ser queimado, e o balão é arte linda, arte pura, arte coletiva e minuciosa. Essas reflexões geraram em mim um pensamento sobre a mídia: o quanto somos manipulados a acreditar no que eles querem? Qual o poder da mídia sobre a gente, em esferas que vão do micro ao macro? E por aí vai...
17/11
Eu agradeço à todos os desenhos lindos natalinos que fizemos hoje! Agradeço
ao chocolate que adornou os desenhos, agradeço à todas as frutas e sementes
germinadas e à criatividade dos meus amigos, que criaram formas
maravilhosas e inusitadas, tudo com muito, mais muito sabor. Agradeço
também à Luisa e ao Marcelo, que nos auxiliaram nos desenhos. Agradeço à
Ana, que nos forneceu os ingredientes e orientou na elaboração das receitas
que faremos para a Festa da Prova. Isso tudo gerou em mim um desejo: de que
esse natal seja (ainda que um pouco) mais vivo!
21/11 – FESTA DA PROVA!
Eu agradeço ao mundo. Eu agradeço à comida. Eu agradeço à natureza. Eu agradeço à minha mãe. Eu agradeço à essa matéria iluminada. Eu me agradeço por ter me permitido tentar. Eu agradeço ao pessoal da feirinha. Eu agradeço à Ana. Eu agradeço à oca. Eu agradeço aos bichinhos. Eu agradeço à água. Eu agradeço à Ana de novo. Eu agradeço aos meus amigos de biochip. Eu agradeço aos monitores. Eu agradeço às delícias que comemos. Eu agradeço, eu agradeço... Meu corpo é só gratidão. Cada sabor experimentado é uma porta aberta, uma porta antes desconhecida, oculta por vozes que me criaram e me moldaram: você DEVE ser isso, você PRECISA daquilo, você É aquilo outro.
E então, biochip. E então partículas de silício. E então informações poderosas. E então tembio porã. E então roda. E então fogo. E então Ana. E então tudo branco, tão branco, tão claro, tudo tão simples, tudo tão terra, tudo tão vida...
Sempre achei vegetarianismo um blábláblá elitista. Sempre tive medo de cozinha. Sempre me disseram que eu não sabia cozinhar, como sempre me disseram que eu precisava de carne, como sempre me disseram tantas coisas...
E nessa aula, ninguém disse: eu ouvi. Eu ouvi a argila, eu ouvi as conchas, eu ouvi as areias. Eu ouvi as cores dos alimentos. Eu senti as cores dos alimentos. Eu vivi as cores dos alimentos. Eu vi que mudar não é caro, mudar não é nada: mudar é preciso. Assim como é preciso navegar.
É preciso navegar pela cozinha. É preciso ir a fundo e ouvir cada coisinha que nos cerca. É preciso tecer redes, viver em redes, ser corda de sisal se ajustando conforme a dança. É preciso ver borboleta nascer. É preciso dar de comer à terra. É preciso beber luz. É preciso ir de vagar. É preciso abrir o peito e agradecer.
Essa aula foi um divisor de águas na minha vida.
Gratidão imensa, gratidão com pernas gigantescas para abraçar o mundo. Gratidão.
GRATIDÃO FINAL DO CURSO:
Parece que aos poucos tomo consciência de tudo que me cerca, como se um mundo se abrisse sob meus olhos e me fosse vedado um véu que recobrira minha retina. Há quanto tempo eu venho dormindo?
Minha coluna por vezes dói, é tanta curva, é tanto caminho, é tanto ninho de ódio e rancor e desilusão... É tanta queimada, peixe morto, gente indiferente, eventos que voam com ventos, futilidades... E de repente, Biochip. De repente, um oásis no meio do deserto, uma tribo de esperança, um lugar para descansar a alma e nutrir o coração.
Entrei no curso com um único intuito: desvendar o “mistério Ana Branco”, de quem todos os meus amigos falavam tanto. Pra mim, vegetarianismo e tudo isso era irreal. Cheguei meio ressabiada, o que esse povo tem que todos falam?!
Na primeira aula, me encantei. Alguma coisa, não sei o quê, a energia daquela tenda, a calmaria daquele olhar de Ana, aquela energia vibrando forte e unindo os alunos... Na primeira aula, já me senti diferente: a alma leve, o sorriso na boca, e uma sensação: as coisas estão ficando boas.
E de fato ficaram, cada vez melhor. À cada aula, me sentia impelida a mudar. Mudar a forma de ver o mundo, a forma de me alimentar, a forma de ver a natureza e as pessoas ao meu redor. E para explicar toda essa mudança interior para os amigos e familiares? “O biochip, a informação contida nos alimentos, a conexão entre os seres humanos e os animais e vegetais...” Muitos não entendiam, e não entendem até hoje. Muitos acham que é fase, coisa de jovem, adolescente rebelde-hippie. Muitos acham corajoso, bonitinho, fofo – mas longe deles.
Tanto faz. Tanto faz porque descubro aos poucos que o que como é o que sou, e entro em paz comigo, e entro em paz com os outros, e entro em sintonia com o universo, descobrindo que as revoluções são interiores. Não quero convencer ninguém das minhas verdades. Quero sentí-las. Quero aprender a falar baixo, a viver baixo, agachadinha, olhando para as conchas miúdas e para o olhar das crianças. Quero paz e não imposições predatórias (sejam elas ideológicas ou físicas).
Chega de relacionamentos abusivos (inclusive de mim comigo mesma). Chega de alimentação compulsiva. Chega de imposições. E o Biochip foi o start, a porta que se abriu e me desvendou os olhos.
O seu olhar, Ana, me lembra o de minha avó. E toda vez que te vejo e te abraço forte, abraço minha avó, minha avó que tanto amo, minha avó espírito sábio, minha avó porto seguro. Te abraço e te saúdo e te agradeço por tanta luz e tanto espírito e tanto caminho percorrido e a percorrer.
Tudo que aprendi, tudo que comi, tudo que vivi em Biochip está guardado no coração e nas entranhas, e me motiva viver uma nova vida, uma nova visão sobre a vida, uma nova Gabriela.
Gratidão. Gratidão. Gratidão.
Olá Ana!
Sei que estou um pouco atrasada já que o prazo de entrega das gratidões era
ontem, mas fiz questão de entregar as gratidões junto com essa surpresa e
então resolvi ficar até agora preparando-na.
Concluído tudo, eis aqui o email com as gratidões e...
Uma gratidão audiviosual da festa da prova!
Link do vídeo sobre a festa:
https://www.youtube.com/watch?v=GCnJ0RJuTn8&feature=youtu.be
É o primeiro video que gravei na câmera nova (que você viu eu conversando
com o Rafa, ele me ensinando...). Achei que o Biochip também me ajudou
muito a acreditar que eu posso fazer aquilo que sempre pensei que não
soubesse ou pudesse, e esse vídeo é uma prova disso.
Gratidão por tudo, Ana!
Já sinto uma saudadezinha boa!
forte beijo e os melhores desejos de boas festas,
Gabriela Gaia Meirelles
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