GABRIELA DE VICQ CONCLUSÃO 2017.2



Gabriela de Vicq

Biochip 2017.2

Corda de Sisal

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de termos esperado o tempo necessário para que cada um do grupo se enrolasse nela – o que gerou em mim paciência, ao invés de ansiedade.

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de termos que organizar o desenho através do movimento, e não através da lógica, o que gerou em mim a compreensão de que as sensações e as ações tem muito mais impacto do que os pensamentos racionais. Ao invés de pensar, falar e analisar, devemos só balançar e deixar que a teia se reorganize orgânica e holisticamente.

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de termos nos tencionado para chegar ao conforto – o que evidenciou a necessidade da tensão e da vibração para que as coisas fluam. Isso gerou em mim confiança e entrega.

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de ter sentido falta da pressão que ela fazia no meu corpo e da sensação de pertencimento a uma teia – o que gerou em mim a percepção de que, juntos, desenhamos melhor.

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de termos, pela primeira vez, virado de costas na hora do conforto. Ao fechar os olhos, vivi uma sensação nova, algo como um quase-cair. Parecia que eu dependurava sobre um abismo, que tinha um oceano enorme embaixo. Minha vontade era de mergulhar. Foi uma sensação que durou e se espalhou pelo corpo; e foi ótimo experimentar o equilíbrio entre estar com os pés no chão e o corpo entregue à gravidade.

Eu agradeço à corda de sisal pelo fato de termos adentrado em outro grupo (e ter deixado outro grupo entrar). Essa dinâmica de primeiro vivenciar o caos, para depois encontrar o equilíbrio, gerou e confirmou em mim a consciência de que o novo assusta, mas que sempre há espaço para novos desenhos.

Cenoura

Eu agradeço à cenoura pelo fato de ter me mostrado a infinidade de possibilidades possíveis a partir de um mesmo objeto. Pessoas diferentes, com as mesmas ferramentas e o mesmo alimento, foram capazes de criar coisas maravilhosamente diferentes. A contemplação desse resultado e o encantamento com a criatividade alheia gerou em mim uma enorme paz - um sentimento oposto à ansiedade, insegurança e comparação com os outros (sentimentos constantes no dia a dia).

Eu agradeço à cenoura pelo fato de termos comido as texturas de todos da turma – e ter ingerido um pouquinho de cada energia, que passou pelas mãos de cada um. Isso gerou em mim um bem estar genuíno. A percepção de que cada forma tem um sabor diferente também gerou em mim uma confiança nas infinitas possibilidades que habitam em um só ser.

Corda de Rami

Eu agradeço à corda de rami pelo fato de termos a compartilhado com outra pessoa, o que gerou em mim uma confiança e total entrega a alguém com quem eu nunca tinha nem conversado. É uma sensação bonita e verdadeira, que não costuma acontecer espontaneamente no dia a dia. Estamos sempre tão ocupados e tão cheios de medo, que não nos abrimos totalmente e deixamos os outros entrarem. A oportunidade de ter me aberto e confiado plenamente nesse outro me fez muito feliz.

Eu agradeço à corda de rami pelo fato de também ter tido a experiência sozinha, e ter percebido que as possibilidades são mais vastas quando estamos acompanhados. Isso gerou em mim uma saudade boa de me sentir entregue a uma outra pessoa, vivendo a sensação de quase-mergulhar de olhos fechados. Perceber, entretanto, que ainda podemos criar teias sozinhos também foi uma ótima sensação de potência e segurança.

Ponto de Muta çã o

Eu agradeço ao filme Ponto de Mutação pelo fato de ter me feito refletir sobre tantos assuntos em tão pouco tempo. Ao falar sobre preconceito, destruição do meio ambiente, crise na política e explosões nucleares, o filme mostra como tudo está conectado e interligado. Com isso, percebi que todos os eventos do mundo estão relacionados e estão frequentemente definindo e redefinindo o todo. Perceber que temos essa relação com o meio ambiente, e que estamos interagindo constantemente com ele (ao invés de só existirmos à parte dele, usufruindo tudo o que é produzido naturalmente) gerou em mim a compreensão de que o que fazemos com a natureza também nos afetará, já que estamos inseridos nessa teia de ação e reação.

Eu também agradeço ao filme pelo fato de ter evidenciado, através das conversas entre os três protagonistas (tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão parecidos), que a forma como estamos vivendo a vida e existindo no mundo não vai nos levar a lugar nenhum. As ações humanas de exploração da natureza, assim como a visão materialista e capitalista de querer sempre mais só vão levar a humanidade ao caos. Essa percepção gerou em mim uma vontade genuína de mudar as coisas como elas são, começando com simples gestos que posso fazer sozinha. Respeitar a natureza e respeitas meus iguais é o primeiro passo para caminhar em direção a um mundo mais fraterno e orgânico.

Potinho de Fermenta çã o

Eu agradeço à experiência de ter feito o potinho de fermentação pelo fato de ter me conectado com o alimento, mais uma vez, de uma forma tão presente e verdadeira. O fato de ter me dedicado a ralar o repolho roxo por tanto tempo gerou em mim calma e paciência - diferente do que ocorre no dia a dia, quando cozinhamos e preparamos os alimentos de forma apressada e desconectada. Acabamos comendo alimentos industrializados ou cozinhando alimentos sem ao menos prestar atenção no que estamos fazendo. A oportunidade de estar presente e conectada com o repolho me fez querer sentir mais isso no meu dia a dia.

Eu agradeço ao repolho roxo pelo fato dele ter uma cor tão forte e viva, o que gerou em mim uma profunda admiração pela natureza, pelas cores e suas migrações.

Eu agradeço aos potinhos em que a fermentação deu “errado”, pelo fato de termos presenciado algo que nunca tínhamos visto antes: a espuma estourando quando o pote era aberto. Isso gerou em mim a percepção de que coisas simples e pequenas podem arrancar sorrisos.

Eu agradeço à salada fermentada que comemos, pelo fato de ter sido feita com as mãos de todos os alunos da sala. Cada um de nós cortou uma parte do repolho ou da cenoura, levou para casa e fermentou. Hoje, podemos comer a mistura da energia de todos, o que é uma coisa muito bonita. Além de ter ficado super saboroso, o fato de termos celebrado a salada e o queijo gerou em mim uma felicidade autêntica por estar ingerindo aquilo que preparamos com tanto carinho.

La Belle Verte

Eu agradeço ao filme La Belle Verte pelo fato de apresentar uma realidade completamente diferente da que vivemos, com um planeta cuja população é mais evoluída que a nossa. Foi incrível enxergar a nossa sociedade sob a ótica de alguém de fora, sentindo em mim todo o estranhamento e toda a incongruência no modo em que vivemos. Perceber a nossa própria cultura como algo completamente sem sentido é sempre doloroso, principalmente porque percebemos o quanto é difícil transformá-la. Mas o fato do filme mostrar que as pessoas podem passar por uma “reprogramação” é muito positivo, e gerou em mim uma sensação de esperança e de otimismo.

Fazendo P ã o

Eu agradeço pela experiência de ter investigado as sementes germinadas pelo fato de ter rodado a máquina para moê-las e de sentar e, com os braços, bater nelas repetidamente. Esses movimentos repetitivos geraram em mim uma forte conexão com os nossos ancestrais, e não dava vontade de parar de fazer aqueles movimentos nunca mais. É muito louco como não conhecemos esses movimentos – os terceirizamos e deixamos que outras pessoas os façam para gente, sem termos nenhum contato com o processo. É mais louco ainda como instintivamente sabemos o que fazer, e como temos gravadas em nós essas informações milenares. Essa percepção também gerou em mim um conforto de saber que ainda há tempo para experimentar todos esses movimentos que a humanidade tem desprezado e negado ao longo dos anos.

Também agradeço por ter comido o pão pronto enquanto assistia ao filme na aula seguinte, pelo fato de ter podido experimentar o resultado de todo o esforço da aula anterior. Isso gerou em mim mais vontade de fazer parte do processo, ao invés de comer sempre comer coisas prontas produzidas por terceiros.

Aipim

Eu agradeço ao aipim pelo fato de ter o ralado com muita presença e concentração, e isso gerou em mim uma paz de espírito imensa. Ver que ele se transformou em farinha também me mostrou como é fácil nós mesmos produzirmos o nosso alimento, ao invés de comprar uma farinha pronta no super mercado. Isso gerou em mim animação e vontade de ter cada vez mais esse tipo de experiência.

Eu agradeço ao aipim por, depois de o ter limpado e o ralado, ter feito em dupla a dinâmica de tirar a água dele torcendo um pano, pelo fato de ser uma sensação muito gostosa ir apertando a farinha e ir vendo o leite pingar aos poucos. Isso gerou em mim diversão com coisas pequenas.

Eu agradeço ao aipim pelo fato de ter apertado e separado a farinha com as mãos, o que gerou em mim uma sensação muito gostosa e agradável. Agradeço também pelo fato do amido ter ficado nas minhas mãos, o que gerou uma sensação de maciez que nenhum creme hidratante é capaz de reproduzir.

Eu agradeço ao leite do aipim pelo fato de parecer com água de coco e de ter um gosto muito agradável. Agradeço também pelo fato de falarem que ele é um veneno, e de ter percebido que as pessoas julgam muito mais do que realmente sabem – e que o leite de aipim não é veneno nenhum. Isso gerou em mim a compreensão de que rótulos e críticas são, muitas vezes, desnecessário e ilusórios, e que temos que experimentar e tirar nós mesmos nossas próprias conclusões.

Eu agradeço à farinha de aipim pelo fato de termos a colorido com diversas cores diferentes, criando um verdadeiro desenho vivo. Isso gerou em mim felicidade por ter produzido, com as minhas próprias mãos, todas as etapas daquele alimento: desde limpar o aipim, o espremer, o esfarelar, até cortar pimentão e coentro. Observar o resultado vivo dessa comida, celebrá-lo e comê-lo gerou em mim muita serenidade e plenitude.

Camelos Tamb é m Choram

Eu agradeço ao filme Camelos Também Choram pelo fato de me ensinar a importância que o povo oriental dá às coisas pequenas. Além disso, mostra como eles não são apegados às coisas materiais como o povo ocidental. Isso gerou em mim a percepção de que a felicidade está nas coisas simples da vida, e que não precisamos necessariamente viver enredados nessa cultura materialista, tecnológica e capitalista. Também agradeço ao filme pelo fato de mostrar a empatia que os nômades têm, ao se sensibilizarem com o camelo rejeitado pela mãe. Isso gerou em mim muita emoção.

Desenho de investiga çã o com clorofila

Eu agradeço à clorofila pelo fato de ter me mostrado a quantidade de vida que existe dentro das plantas, o que gerou em mim admiração profunda pela natureza. Eu agradeço ao hortelã pelo fato de ter um cheiro tão gostoso ­– e um gosto tão diferente no suco, amargo ­–, o que gerou em mim curiosidade. Eu agradeço ao degradê de verdes que se formou quando as jarras foram colocadas lado a lado, o que gerou em mim satisfação. Eu agradeço à clorofila pelo fato de ter me feito vencer um preconceito – de que suco só de folha seria ruim –, o que gerou em mim felicidade e surpresa por perceber que o resultado ficou gostoso e diferente. Eu agradeço à clorofila pelo fato de ter me transmitido tanta vida, o que gerou em mim energia e luz.

Aula de desenho de investiga çã o com altera çã o de temperatura

Eu agradeço à investigação de alteração da temperatura pelo fato de ter me ensinado uma nova forma de cozinhar, o que gerou em mim curiosidade e conhecimento. Eu agradeço à temperatura quente pelo fato de tornar a comida mais aconchegante, o que gerou em mim conforto. Eu agradeço à aula de investigação por ter me ensinado que a temperatura ideal para cozinharmos é aquela que nossas mãos aguentam, o que gerou em mim interesse. Eu agradeço à aula pelo fato de ter tido a oportunidade de cortar cenoura e maçã, o que gerou em mim presença e conexão. Eu agradeço à comida que fizemos pelo fato dela ter sido preparada pela mão de todos os alunos e da Ana, o que gerou em mim felicidade e satisfação.

Reconhecendo a terra no processo de compostagem

Eu agradeço à terra pelo fato de ter me ensinado sobre a vida eterna, o que gerou em mim uma sensação de paz e conforto. Saber que eu posso continuar existindo – apenas em uma outra forma –, e saber que posso voltar para onde vim é algo muito bonito e reconfortante. Eu agradeço à terra pelo fato de ter me feito perceber que quero ser enterrada ao invés de cremada, o que gerou em mim felicidade por saber que voltarei a fazer parte da natureza. Eu também agradeço à terra pelo fato de ter feito com que eu perdesse o medo das minhocas e dos gongôlos, o que gerou em mim uma maior conexão com a natureza. Além disso, eu agradeço à terra por também ter me ensinado sobre a morte, o que gerou em mim compreensão sobre os ciclos da vida. Eu sempre tive muito medo da morte e de perder aqueles que amo, e enxergar o fim da vida como parte do processo de transmutação é muito bonito.

Reconhecendo conchas

Eu agradeço às conchas pelo fato de terem me levado de volta à minha infância, quando eu catava conchas com a minha mãe na praia, o que gerou em mim saudade e amor. Eu agradeço às conchas pelo fato de ter me proporcionado uma meditação tão profunda, o que gerou em mim presença e conexão comigo mesma. Eu agradeço à concha vermelha, em especial, pelo fato de ter sido a primeira em que bati o olho e por ser tão bonita, o que gerou em mim uma sensação de cumplicidade e de conforto. Eu agradeço à Ana pelo fato de ter deixado com que eu ficasse com a concha vermelha, o que gerou em mim uma felicidade genuína. Eu agradeço às conchas pelo fato de ter formado um desenho lindo quando eu as dispus na minha mão, o que gerou em mim uma sensação de prazer. Eu agradeço às conchas pelo fato de terem me levado para o fundo do mar e terem me feito sentir como uma delas, o que gerou em mim uma sensação de profundeza e de sabedoria. Eu agradeço às conchas pelo fato de carregarem tanta história nela e por terem dividido esses conhecimentos comigo através do nosso contato físico, o que gerou em mim sabedoria e crescimento.

Reconhecendo argila

Eu agradeço à argila pelo fato de ter tanta sabedoria acumulada e por ter me transmitido um pouquinho desse conhecimento, o que gerou em mim crescimento. Eu agradeço à argila pelo fato de ter me ensinado sobre presença e paciência, o que gerou em mim paz de espírito e conexão. Normalmente eu sou muito ansiosa e não valorizo tanto o processo, priorizando o resultado, mas só brincar com a argila sem me preocupar com um objetivo foi muito gratificante. Eu agradeço à argila pelo fato de ter trazido à tona minha criança interior, o que gerou em mim alegria. Eu agradeço à argila por ter me levado de volta à minha infância, quando eu brincava de argila na aula de artes da escola, o que gerou em mim saudade e carinho por aquele tempo.

Desenho de investiga çã o com frutas

Eu agradeço ao desenho de investigação com frutas pelo fato de ter sido uma surpresa colorida no meio do meu dia, o que gerou em mim felicidade. Quando cheguei na sala e vi todas aquelas frutas dispostas, uma sensação muito calorosa se aflorou em mim. Eu agradeço aos cremes de abacate e de goiaba pelo fato de serem muito gostosos, o que gerou em mim satisfação e vontade de reproduzi-los em casa. Eu agradeço à tangerina pelo fato de ter sido cortada em um formato de borboleta, o que gerou em mim alegria. Eu agradeço ao desenho pelo fato de ter me mostrado que todas as possibilidades são lindas, gerando em mim muita satisfação por não precisar competir com ninguém. Eu agradeço ao desenho pelo fato de ter me mostrado que comida é arte, o que gerou em mim paz. Eu agradeço a minha amiga Lina pelo fato de ter me dado o desenho dela, que estava muito gostoso, o que gerou em mim felicidade e satisfação.

Les baloons

Eu agradeço ao balão pelo fato de ter me mostrado como o processo é mais importante do que o resultado, o que gerou em mim vontade de ser mais calma e paciente. Eu agradeço ao balão por ter me mostrado o poder do fogo, que tão sabiamente levanta o papel e depois apaga, o que gerou em mim confiança na natureza. Eu agradeço ao balão pelo fato de ser tão bonito voando pelo céu, o que gerou em mim profunda admiração. Eu agradeço ao balão pelo fato de me mostrar que é possível haver uma atividade coletiva, que una todos os tipos de pessoas, o que gerou em mim fé e admiração. Eu agradeço ao balão pelo fato dele ter me mostrado como as coisas simples são lindas e importantes, o que gerou em mim profunda alegria. Eu agradeço à aula sobre balão pelo fato de, no final, nós termos segurado o balão em cima da fogueira, o que gerou em mim diversão. Eu agradeço à fogueira que ficou acesa durante a aula pelo fato de ser tão hipnotizante, o que gerou em mim concentração e admiração pelo fogo sagrado. Eu agradeço à fogueira pelo fato de fazer calor, o que gerou em mim sensação de acolhimento. Eu agradeço ao filme que assistimos pelo fato de ter nos mostrado a história dos baloeiros e ter mostrado a paixão deles pelo balão – coisa linda de se ver –, o que gerou em mim muita emoção. Eu agradeço ao debate que tivemos depois do filme pelo fato de ter me mostrado como a Rede Globo foi manipuladora quando fez uma campanha contra os balões (para atrair para si sua audiência), o que gerou em mim indignação. Eu também agradeço ao filme pelo fato de ter mostrado como os baloeiros são reconhecidos fora do Brasil enquanto aqui são vistos como criminosos, o que também gerou em mim desgosto, indignação e raiva.

Apresenta çã o da bibliografia e conversa sobre o fogo

Eu agradeço à Ana pelo fato de ter me ensinado que o fogo é sagrado, assim como a água, a terra e o ar, o que gerou em mim conhecimento. Eu agradeço a essa aula pelo fato de ter me feito perceber que o ser humano não estuda o fogo – e só o apaga – o que gerou em mim uma certa surpresa e indignação. Eu agradeço a essa aula pelo fato de ter me ensinado que o fogo não é um vilão e sim um ser da natureza, o que gerou em mim respeito. Eu agradeço à aula pelo fato de ter me feito perceber que o fogo não queima florestas – e só queima as folhas secas, e não aquelas que estão vivas – gerando em mim compreensão. Eu agradeço à Ana pelo fato de ter compartilhado com a gente todo o seu conhecimento em forma de livros, o que gerou em mim curiosidade e vontade de lê-los.

Festa da prova

Eu agradeço a todos os meus colegas de turma pelo fato de terem preparado comidas tão maravilhosas, o que gerou em mim conforto e alegria. Eu agradeço a todos os meus colegas por terem dividido suas impressões sobre o curso, o que gerou em mim muita emoção e empatia. Eu agradeço ao meu namorado pelo fato de ter aceitado o convite de conhecer a tenda e o Biochip, o que gerou em mim profunda felicidade de poder compartilhar todos esses ensinamentos com ele. Eu agradeço a mim pelo fato de ter conseguido preparar uma comida gostosa e por ter conseguido compartilhar com meus colegas a minha história, ainda que estivesse emocionada e nervosa, o que gerou em mim tranquilidade e sensação de pertencimento. Eu agradeço ao Biochip pelo fato de ter me proporcionado a prova mais linda que já tive, o que gerou em mim muita felicidade. Eu agradeço em especial a Luisa e a Maria Eduarda, pelo fato de, respectivamente, terem preparado o macarrão de abobrinha e o suco de goiaba com abacaxi e água de coco: duas delícias que amei ter experimentado e que geraram em mim profunda satisfação.

Receita : Tabule

- Trigo sarraceno germinado

- Hortelã picado

- Cebolinha picada

- Pepino cortado em pedaços pequenos

- Cenoura ralada

- Tomate cortado em pedaços pequenos

- Sal e azeite

Para que serviu conviver com Biochip nesse per í odo? Penso nessa pergunta e me parece difícil descrever em palavras tantas sensações e tantas gratidões – acho que elas, por si só, já mostram como foi essencial passar duas horas embaixo daquela tenda, duas vezes por semana, no meio das árvores. Eu já tinha ouvido falar sobre o curso, e só esperava saber quando seria o momento certo. No meio do ano, senti. E o timing não poderia ter sido mais perfeito.

No início de 2017, fui atrás de uma aventura que já sonhava havia um tempo: fiz um mochilão de dois meses no sudeste asiático na companhia de duas amigas-irmãs. Nessa viagem, pude perceber o quanto o meu feminino estava adormecido. Sou uma pessoa muito pró-ativa, independente, auto-suficiente, corajosa e determinada – ou seja, muito masculina. Sinto que o dia-a-dia corrido me faz sufocar toda minha parcela sensível, acolhedora e vulnerável. Nessa viagem, tudo isso veio à tona e me alertou de como eu tinha que abraçar cada vez mais esse feminino sagrado que mora dentro de mim. Durante dois meses, vivi de corpo e alma todas essas questões e foi muito gratificante. Mas quando voltei, encontrei muita dificuldade em continuar acessando diariamente toda a sensibilidade e a sabedoria feminina. Comecei um novo estágio – ainda mais focado em pressão e resultado do que o antigo – e senti que passei o primeiro semestre vivendo no modo automático, deixando de lado todos os ensinamentos que a Ásia me trouxe. Quando escolhi fazer as aulas de Biochip, ainda não sabia que era o Universo me dando uma oportunidade de resgatar o meu feminino.

Desde a primeira aula, me encantei com a simplicidade das atividades e do efeito que aquilo causava em mim. Quem diria que se enrolar numa corda ao lado de pessoas desconhecidas poderia ser tão divertido e tão preenchedor? Por ser uma pessoa muito ansiosa, tenho dificuldade de focar no momento presente. Estou sempre pensando no futuro, no que ainda vai acontecer, ou me lembrando das coisas que já passaram. As aulas de Biochip foram um exercício constante de me manter no presente. Às vezes, só de passar vinte minutos cortando uma cenoura, eu me sentia muito mais conectada do que em qualquer outro momento do dia. O processo ganhou outra dimensão para mim, que antes só pensava em resultado. Ao brincar e conversar com a argila sem nenhum propósito, fui contra uma crença minha de que sempre temos que chegar em algum lugar e produzir algo. Ali, o objetivo não era fazer um objeto com a argila. Era apenas estar ali com ela, no momento presente, absorvendo toda a sua sabedoria. Com as conchas, a mesma coisa. Todos esses exercícios me ajudaram muito a ficar no presente e percebê-lo como uma grande bênção.

Toda a questão sobre a alimentação também foi muito importante para mim. Perceber o momento da preparação do alimento como um ritual sagrado mudou toda a minha concepção sobre alimentação. Antes, eu cozinhava correndo, querendo logo acabar para comer. Agora, o processo se tornou muito mais rico e importante. O ato de cozinhar ganhou novas dimensões para mim, agora sendo visto como um ato de cuidado e amor próprio. A percepção de toda as possibilidades de cores, texturas e formatos (principalmente na aula da cenoura) também foi uma descoberta maravilhosa. Poder enxergar arte dentro dos alimentos foi uma das coisas mais lindas que aprendi no curso. Além disso, ver que podemos nos alimentas com coisas muito mais naturais, simples e fáceis de fazer foi incrível. Na correria do dia-a-dia, nos enchemos de venenos e, com o curso, pude ter autonomia e perceber que não é isso que eu quero para minha vida. A possibilidade de mudar e me reinventar caiu como uma luva.

As aulas trouxeram muita leveza para a minha rotina. O encontro com a minha criança interior, que estava tão escondidinha, foi muito bonito. Ver que podemos nos divertir com coisas simples e tão pequenas, que podemos nos encantar com coisas que só as crianças se encantam, foi um aprendizado que vou carregar comigo para sempre. Além de todos esses inúmeros aprendizados, o convívio com a Ana e a construção de uma relação com a turma foi muito bacana. As trocas, as conversas e as escutas foram muito emocionantes e me fizeram crescer muito.

Ana, eu só tenho a te agradecer por compartilhar todo esse seu conhecimento e todos esses segredos sobre a vida e o Universo. A pergunta que mais me fiz durante as aulas foi: como ninguém nos ensinou isso ainda? Como nós não sabemos disso? E é realmente muito chocante perceber que a grande maioria dos seres humanos não conseguem enxergar a verdade na simplicidade das coisas. E eu realmente sou muito grata por você ter mostrado isso para mim e para todos aqueles que passaram pela tenda! Você é realmente muito especial.

Eu agradeço ao Biochip pelo fato de ter ampliado a minha forma de enxergar o mundo, o que gerou em mim crescimento e alegria profunda.