O que aprendi com o Biochip
Aprendi que somos rede,
que as vezes é preciso parar. Respirar, afrouxar, confiar e recomeçar.
Descobri os diferentes gostos que a cenoura tem - formas diferentes geram sabores e experiências diferentes.
Tive a oportunidade de beber sol líquido e descobrir os diferentes sabores que seu verde tem.
Aprendi a acordar 5h da manhã para descascar amendoim,
aprendi a ficar em silêncio.
Muitas vezes cheguei na aula irritada, estressada, ansiosa, cansada. Mas, sempre encontrava ali, um respiro. Um espaço pra me reconectar comigo. Uma pausa no tempo.
Foram muitas surpresas e encantos.
Aprendi muito sobre olhar diferente pro que já achamos que é conhecido. Um olhar leve, que não julga, que procura encanto e se deixa encantar.
Pude aprender muita coisa, fazendo, tocando, mexendo, vivendo.
Aprendi sobre a importância e a beleza do meio,
do caminhar entre os opostos,
de aceitar,
de dar o meu melhor e confiar em ser quem sou - em quem estou sendo.
Passei por um momento muito difícil no final do ano passado e o biochip não poderia ter vindo em melhor momento. Experimentei muitas mudanças intensas e incríveis nesse período que me fizeram reconectar com a minha força e pude aprender a viver a vida, cada vez mais, com mais leveza - e o biochip foi essencial nesse processo, foi um presente. Aprendi muito mais do que sou capaz de descrever. Mas senti e ainda sinto muitas coisas se transformando em mim. Estou absorvendo o que me cabe agora, no meu tempo, do meu jeito.
Sou muito grata por tudo.
Obrigada, Ana.
17. 04 . 18
Eu sou grata à maçã,
abóbora,
repolho,
inhame,
que me lembraram que sempre podemos nos surpreender com aquilo que a gente achava que já era conhecido. Um novo olhar, encontra encantamento e se deixa surpreender.
Me encantei com as cores. O gosto do vermelho da beterraba é uma delícia, é uma cor forte e vibrante que supreende com um gostinho de doce.
O laranja da abóbora é diferente. Não esperava por ele e não ainda o que a gente sentiu quando se encontrou - e tudo bem não saber.
O roxo do repolho tem gosto de careta - fiz algumas quando provei.
O o branco do inhame é macio e silêncioso, mais um encanto.
O mais surpreendente foi misturar tudo no final e acrescentar maçã. A cor virou de goiaba, o gosto era de coisa recém inventada, saboreada pela primeira vez.
Foi muito bom poder experimentar tudo separado e depois junto. Ver como gostos, sensações, texturas e reações diferentes podem trabalhar juntas e encontrar harmonia.
26 . 04 . 18
Eu agradeço ao aipim por me revelar seus outros jeitos de ser.
Com aquela casca grossa, sempre me pareceu muito difícil descascá-lo. Aipim pra mim era duro, chato de comer. Hoje aprendi como sua casca sai fácil - eu que não entendia o aipim.
Ralando ele eu percebi diferenças,
pedaços duros,
pedaços que se desfazem,
formatos e consistências diferentes.
Depois de ralar, veio o leite do aipim. Outra forma de ser.
O leite é macio, é gostoso de mexer com a mão,
dá vontade de brincar, de passar na cara.
O que sobrou do leite, a gente deixa com o sol - “ele sabe o que faz”.
24 . 05 . 18
Concha aconchega.
Estava cansada, com preguiça e corpo mole. Deitei, coloquei as conhas equilibradas nas curvas do meu rosto.
Cada uma com sua forma, aconchegando um pedaço em mim.
Dormi num embalo só,
Descanso bom.
Hoje de manhã acordei e olhei pra praia, me dei conta de que estava com saudade do mar. Cheguei na aula e encontrei com ele, em forma de concha! Que sorte!
As conchas são bonitas de várias formas
pequena, grande
enrrugada, lisa
listradinha
bagunçada, quebradinha, inteira
frágil, casca grossa,
redonda, pontuda,
laranja,
branca,
marrom,
amarelinha,
preta,
colorida
05 . 06 . 18
Dia de virar argila.
Eu agradeço à argila,
por me fazer dançar com as mãos.
Minha mão virou argila, a argila virou mão, nem sei.
Me deixei fluir.
A argila é sabedoria da terra, se tem uma coisa que ela sabe bem é sobre o tempo.
Espero poder ter incorporado um cadinho dessa sabedoria pelos poros das minhas mãos. Quem sabe?
Me fundi com ela. Ganhei dois dedos a mais, quase pude sentí-los. Mais um tempo ali e eles seriam meus.
No final, entrei numa roda de dança de mãos.
Simbiose, fluência, harmonia.
Mãos dançantes, lambuzadas, envolvidas,
viraram uma coisa só.
Fez massagem boa - eu bem que tava precisando de um carinho hoje.
Gratidão!
07 . 06 .18
Dia de desenhar com frutas.
Eu agradeço a experiência de descascar e espremer manga - aprendi a gostar delas.
Nunca gostei de comer manga, e hoje o sabor que mais me chamou atenção foi do amarelo dela.
Foi uma surpresa boa.
As frutas são mais gostosas quando viram cores e desenhos.
15 / 05
Eu agradeço a maçã e a batata por me ensinarem que a forma surpreende,
que dá pra ser de outro jeito,
que há sempre algo novo para aprender na relação com aquilo que a gente achava que já conhecia.
“Driblar a percepção”
Obrigada ao alho poró e a aveia pelo afago no estômago, que me ajudou a lidar com o alvoroço do agrião.
22 / 05
Sou grata a terra,
aos alimentos que a fizeram,
aos bichos que a comeram e a transformaram.
Brincar com a terra e as minhocas que transportou até minha infância. Eu não gostava de computador, nem de videogame, que nem minha irmã e alguns amigos. Eu e minha melhor amiga, gostávamos de brincar no jardim. A gente levantava as pedras do lugar e pegava os insetos que moravam ali pra brincar. A gente fazia corrida de minhoca, enterro para abelhas, carinho em borboletas, era muito bom..
Além disso, mexer na terra me traz mais pra perto de mim, me puxa pra dentro.
É lindo ver a vida em movimento, ver que morrer é mudar de forma. Coisas morrem pra dar lugar pra outras coisas nascerem e por aí vai, num movimento infinito de transformação.
17 / 05
Eu agradeço a areia por ter me trazido sossego,
me permitiu por uns momentos relaxar e só ser.
Percebi que o desenho é um encontro.
Deixei vir o que quisesse, sem julgar.
Todas as formas que apareceram me remetiam ao mar.
Formaram-se ondas, peixes, algas.
Acho que são imagens que a areia traz,
histórias do lugar de onde ela vem,
que tiveram a oportunidade de se revelar ali.
Devia estar com saudades do mar
Eu agradeço pela leveza que essa experiência me trouxe,
pelo carinho que os grãos fizeram nas minhas mãos,
por cada encanto que veio com a surpresa de ver o desenho que surgia de cada movimento desse encontro.
27 / 03
Eu agradeço a corda de rami pelos entrelaços,
que me trouxeram olhar diferente para as relações - comigo e com os outros.
Como meu corpo se comunica com o corpo do outro?
As vezes a gente dá nó e é preciso afrouxar, mexer, ajustar, encontrar equilíbrio e conforto.
Tem hora que um sufoca,
Tem hora que o outro carrega todo o peso
A relação deve estar sempre em movimento, buscando o equilíbrio. Tudo bem parar e descansar um cadinho, mas ficar na mesma posição por muito tempo cansa,
começa a incomodar,
começa a machucar.
A relação é troca constante,
é vai e vem
e a gente se encontra no meio.
Se relacionar com a corda sozinha foi diferente. É mais difícil. Mostrou que preciso saber mais sobre me relacionar comigo mesma. Explorar as possibilidades do meu corpo, entender como meu dedão se relaciona com a cabeça, como meu joelho conversa com meu pescoço - aprender a ouvir, o que meu corpo fala.
Sou grata por esses inícios que se despertaram em mim.
Gabriela Pinheiro
13 . 03 . 18
Eu agradeço a corda de sisal pela oportunidade de estar conectada com os outros.
Isso gerou em mim um sentimento de pertencimento,
de não estar sozinha,
de que é muito mais gostoso quando compartilhamos,
de que cada um de nós tem um papel essencial no todo.
Agradeço também pela surpresa do desenho final,
que me fez perceber a importância de confiar (em mim e nos outros)
e de ter paciência (comigo e com os outros).
e de respeitar o tempo e o ritmo (meu e dos outros).
15 . 03 . 18
Agradeço a corda de sisal por me fazer rede.
Percebi que todos somos parte dessa rede, vivemos em conjunto e as vezes é preciso ter calma, afrouxar, ter paciência, respeitar o tempo do outro, respirar
parar de ficar querendo dar ordens, como se eu soubesse o jeito certo, melhor
Quando tudo parece meio sem saída,
espera,
respira,
confia,
ajusta
Quando saímos da nossa rede para fazer parte de outra, precisamos também respirar, afrouxar e rebolar.
Às vezes nos estrangulamos.
Têm certas configurações que nos sufocam - e mais uma vez a gente respira, afrouxa e ajusta.
Pode ser que esse não tenha sido a melhor forma de entrar,
podemos tentar diferente
Sai, ajusta, se observa, se percebe, rebola
convida o grupo a rebolar com você
confia
Fazer e ser é mais do que falar.
20 . 03 . 18
Eu agradeço a cenoura, por tantas formas e sabores.
Isso gerou em mim surpresas e encantos.
Obrigada por expandir minha visão, meu universo.
Investigar a cenoura me ampliou.
A cenoura ralada fininha é mais doce
Em fatias e laços ela é macia e faz carinho na boca
Em degraus ela de desfaz, é crocante, tem gosto forte e dá vontade de sorrir quando come.
Em bolinhas é firme e concentrada, tem perfume forte e é bem crocante
Tantas formas
e gostos
e cheiros a serem exploradas
e a comemos sempre da mesma forma
que desperdício de encantos!
A cenoura quer ser explorada
É bonito ver como ela se expressa com cada um de nós, de forma única e especial. Não só o gosto, mas as formas também surpreendem.
Amei descobrir que a cenoura entende como fazer o encontro do céu com a terra.
E agora vamos beber esse encontro. Que sorte!
A cenoura líquida foi a maior surpresa.
Suco sem água, “só” com tudo que a cenoura é
Beber o encontro do céu com a terra
10 . 04 . 18
Sou grata ao repolho e a cenoura que me trouxeram surpresa e encanto.
Bom ver como eles podem se relacionar de outra forma. Como podem viver sem ar.
Quantas cenouras e repolhos cabem num potinho de vidro?
Desconfio que infinitos
Ralar o repolho foi novidade pra mim, me deu vontade de comê-lo diferente, como se fosse algo totalmente novo - e era.
Isso desperta em mim vontade
e a importância de olhar e se relacionar com as coisas de forma diferente
Se permitir fazer de um jeito que eu nunca fiz
e redescobrir aquilo que pra mim eu já achava sabido.
Cortando, ralando, desenhando com os alimentos de formas diferentes me faz recebê-los de forma diferente,
É um novo encontro, uma nova relação.
E numa nova relação a gente sempre descobre algo novo sobre nós mesmos
São oportunidades de nos (re)conhecermos.
12 . 04 .18
Sou grata pela experiência de hoje, fermentar foi novidade, me trouxe surpresa.
Nunca tinha pensado em preparar comida pra gente e pra terra - numa atitude humilde de gratidão e retribuição.
Que delícia!
Fermentar e germinar são processos que exigem tempo,
paciência,
confiança
amor e afeto
Confiar e deixar ser, deixar acontecer.
Essas reflexões se encaixam muito no meu momento agora,
traz clareza,
afago
gratidão!
24 . 04 . 18
Sou grata pelo filme La belle verte, por ter gerado em mim interesse em um novo olhar
trouxe encantamento
um novo olhar pras coisas,
mais simples
Cheguei hoje atrasada, esbaforida,
turbilhão de pensamentos
O filme me fez desligar,
mudar a frequência, aterrizar
Estou absorvendo ainda,
cedo demais para escrever
00 . 04 .18
Eu agradeço ao trigo, ao amendoim, ao pilão, a máquina de moer
pela experiência de fazer pão com intenção.
De valorizar o processo,
de dar lugar ao afeto de cada um aqui,
cada um com seu ritmo,
sua força,
seu tempo,
sua história.
E tudo isso,
todos nós,
nos encontramos na massa do pão.
O pão com intenção.
Enquanto batia o pilão, seguia o ritmo da minha respiração e senti muita energia presente.
03 . 05 .18
Eu agradeço as sementes de girassol e trigo,
que me deram a oportunidade de ver a vida acontecendo de outra forma, mais de perto.
Acompanhar as sementes virando planta foi um processo muito bonito e cheio de encantos. Era uma surpresa sempre boa acordar e me deparar com aquela fonte de vida, sempre em movimento!
Foi diferente a sensação de cortá-las da terra na aula. Por um lado um apego, por outro um sentimento bom de colher o que eu plantei.
Obrigada também ao verde e todas as suas formas, cheiros e gostos.
Beber verdes
e cada um com seu sabor
tinha verde que dava vontade de rir
e tinha verde que fazia careta
Foi incrível beber as plantas
Força líquida
Sol líquido