Gratidões de Laura Pinheiro da Cunha


16/08

Agradeço a força da corda pelo fato de ter me sustentado. Gerou em mim segurança para eu ser eu.  Agradeço pela presença daqueles que me sustentaram. Gerou em mim uma sensibilidade ao próximo, já que um simples movimento em um dos cantos, faz com que toda a teia se transforme.  Agradeço pela oportunidade de expressar meu corpo num ambiente académico e conservador, que é a PUC. Gerou em mim uma energia para dar continuidade. A retirada da corda  simbolizou a saída de uma fase infantil, e o início da vida adulta, com responsabilidade e compromissos. 

21/08

Agradeço ao meu grupo participante ativo da teia. Agradeço a corda pelo fato de estar sempre esticada quando tensionada. Estar dentro da teia com um grupo menor de pessoas, gerou em mim uma sensação de familiaridade e pertencimento com elas. Estar em outra teia, com o meu grupo em teia, me fez perceber que cada indivíduo é uma teia com seu próprio tempo e estrutura. Ao entrar numa nova teia é aplicado uma nova força, seu tempo e estrutura se transformam. 

11/09

Agradeço ao repolho roxo e verde e a cenoura pelo fato de aproximar as pessoas.   O grupo criou um vínculo ao decorrer das aulas, agora estamos “cozinhando” juntas ação que antes só praticava sozinha, algo corriqueiro, entre familiares, amigos mais chegados.   “Cozinhar” com o grupo, desconstruindo o repolho roxo me fez sentir bem com aqueles ao meu redor.

13/09

Eu agradeço a cenoura, o repolho verde e roxo por me dar a energia necessária para passar meu dia na PUC Levei meu vidro botei junto comigo o dia todo, para baixo e para cima. Criei certa parceria com os legumes, assim ele me fez companhia. Agradeço  ao ritual antes de comer, pelo fato de ser cantado por todos. Fazendo com que eu valorize o momento de se alimentar, me fez apreciar o instante.   

18/09

ROXO,LARANJA,VERMELHO,liquido,REPOLHO,ABOBORA,BETERRABA,solido Agradeço a abóbora pela capacidade de mutação, gerou em mim uma mudança de percepção, da forma como eu ligo com o objeto alimento. Uma mudança de percepção que antes, trivial .

02/10

Eu agradeço a mandioca, pela sua casca: descascavel simetricamente. Descascar suas camadas de pele que os protege dos males do mundo, me faz sentir como se eu fosse especial e privilegiada por saber a grandeza da mandioca.  Sou grata pelo aipim pelo seu potencial de mutação. Seu liquido leitoso me remete o leite materno. Sou grata por tomar o leite materno de pés descalços na tenda entre as arvores, me faz aproveitar um tempo infantil que infelizmente não me pertence mais. 

04/10

Sou grata pela lentilha por ser semelhante comigo, pelo fato de fazer muita força para nascer. me faz sentir parte de um de todo. Vivendo em sintonia aquilo que me rodeia. 

11/10

Eu agradeço aos cientistas do filme Futuro Roubado por desmascararem as grandes corporações assassinas. Me fez sentir mínima, como uma vitima, com esse sentimento veio a raiva da impunidade. Essa aula vem como uma alternativa a esse estilo de vida importa a minha pessoa. A cada dia que passa sou mais grata à CENOURA\MAÇA\TRIGO\ABACATE\ AVEIA\PIMENTÃOVERMELHO\ COUVE\REPOLHO\BETERRABA Sou grata pela Ana Branco, que mostra que nada que é imposto precisa ser seguido e que sair deste “vortex” não é complexo. Complexo e exaustivo é viver nesse meio conturbado atual compreendendo o que ele significa.

19/10

Eu agradeço aos resíduos finos, as folhas, as sementes, por se transformarem em terra fértil. Saber o que é a terra me faz sentir conforto e que o fim é lindo.

DIA DAS CONCHAS

Eu agradeço a concha e sua capacidade de me tornar criança de novo. É difícil, ao ouvir que a concha remete um tempo infantil, eu não me forçar a pensar que a concha é como se fosse uma maquina do tempo. Me obrigo a pensar no meu tempo inocente, tento achar um ponto de interseção entre a concha e a minha infância. Poderia dizer que me lembra de uma vez que fui pra praia com meus pais e voltei com o bolso cheio de concha, ou da inocência transparente. Tocando as conchas, amontoei-as, deixei uma em cima da outra. Não queria que nenhuma ficasse sozinha. Afim na minha brincadeira de faz de conta, era uma grande família. Cada concha tinha um a tarefa que precisava ser cumprida, elas se separavam, mas sempre se juntavam de novo. Me tornei uma criança, ao tentar compreender complexidade da forma e crescimento da concha.

30/10

Eu agradeço ao amendoim, abacate, tangerina, goiaba, manga, abacaxi, abacate, pela sua capacidade de transformação e de união dos aqui presentes. Sou grata as cascas que protegem os frutos dos males exterior, consequentemente nos protegendo também. Me sinto grata pelo alimento, crio uma parceria com aquilo que me sustenta.

DIA DA ARGILA DO MANGUEZAL

Agradeço a argila trazida do manguezal, por se comportar como um fluxo constante de transformação. Sua textura é macia, volátil e conta com pedrinhas e conchas que se destacam, salpicadas em sua estrutura. Absorvendo para si todas as transições que já ocorreram no meio que se desenvolvem, assim como eu. Sou moldável, anteparo de todos os estímulos possíveis que me circulam. Sou muito semelhante à argila, porem meu meio é aterrorizante.