Gratidões de Marcela Rocha Moura
16/08
Agradeço à corda de Sisal pelo fato de poder observar que quanto mais pessoas estiverem na teia, mais perto estamos das pessoas. Além disso, mais forte é a nossa ligação e confiança. Gerou em mim a certeza de continuar no caminho da bioconstrução. Às vezes me sinto sozinha na Engenharia Civil, mas quando encontro outros que admiram e trabalham com isso, me sinto mais confiante. Quando encontro meus amigos empenhados e ligados no movimento da agrofloresta e agricultura urbana, sinto uma teia a mais dentro da minha. Isso me dá muita força e confiança.
21/08
Agradeço à corda pelo fato de me lembrar que estamos todos conectados. A turma, a corda, as outras turmas que já passaram, as pessoas que teceram a corda, a planta que gerou a fibra do sisal e suas raízes conectadas com nossa mãe Terra. Gerou em mim a certeza de que todos somos um. Podem tirar um elemento de nossa teia que juntos nos adaptamos. Vamos dançar e dançando lentamente nós expandiremos a rede que nos une.
23/08
Agradeço à cenoura pelo fato de ter vivido diversos sabores e as diversas possibilidades de forma. Gerou em mim a reflexão que um indivíduo pode assumir várias formas, se encaixar em vários cenários e ser sempre diferente. Temos um universo de opções com uma Peça/Objeto/indivíduo, basta explorarmos a nossa criatividade. Trazer ideias do céu à Terra. Agradeço também à Ana por dissolver o preconceito com a cabeça da cenoura. Ao mesmo tempo que os “nojinhos” foram batidos no liquidificador, muitos conceitos foram redefinidos. Gerou em mim a noção de que cada parte de um indivíduo, armazena informações específicas valiosas, como por exemplo a conexão dos dois mundos: Céu e Terra, Folha e Raíz.
28/08
Eu agradeço ao relógio antigo por me mostrar o quão distante estamos do passado. Gerou em mim um sentimento de clareza que o modelo no qual meus pais cresceram não é mais atual. Os líderes que agem da perspectiva comando-controle estão fadados ao fracasso pois são obsoletos. Já estamos na era do microchip e holograma. Não precisamos mais agir como máquinas pois não somos máquinas. Agradeço também à Ana por proporcionar esse encontro tão gostoso e que me dá tanta força para seguir em frente e continuar o trabalho de resistência, resiliência e transformação.
04/09
Agradeço ao meu pai pela oportunidade de estudar na PUC. Gerou em mim uma grande transformação. Me descobri como pessoa e profissional. Graças ao meu pai que aceitou bancar meus estudos, pude conhecer grandes mestres que levarei para o resto da minha existência. José Carlos Ripper, Vicente Barros, Mário Seixas, João Bina e Ana Branco são as pessoas que conheci por estar na PUC que me regaram e me germinaram. Conviver com eles me nutriu tanto que pude voltar pra mais perto da minha matriz. Alcalinizou meu corpo e minha mente. Me fizeram renascer artista, bioconstrutora.
06/09
Eu agradeço aos camelos pelo fato de me mostrarem o poder transformador da musica. Gerou em mim muita emoção por observar a arte salvando individuos. Todos os camelos param para assistir ao espetáculo, todos se emocionam em conjunto. Acredito que com a arte vamos curar toda a dor e sofrimento presentes na sociedade e no mundo. A arte salva, a arte cura.
11/09
Eu agradeço ao tempo por mostrar que tudo na vida tem a sua hora certa. Gerou em mim a certeza que não ter cursado Biochip antes foi por que não estava na hora certa. A hora certa é agora. Agora que estou melhor preparada para receber e assimilar todo o conteúdo transmitido nas aulas. Ao mesmo tempo, o próprio tempo me ensinou a brincar com o tempo da vida. Antes do alimento entrar em decomposição o processo de fermentação é uma pré-digestão. Existe o tempo certo pra consumir o alimento fermentado e quando esse tempo passa, não é legal não. Fermentar é mais uma forma de comer poesia.
13/09
Eu agradeço ao repolho, pelo fato de termos nos encontrado no momento certo, no lugar certo. Gerou em mim um prazer enorme gastronômico por poder ingeri-lo vivo com tanto amor envolvido. Lembrei das duas vezes que tentei fermentar e fiz tudo errado. A primeira eu comecei certo mas não pressionei o suficiente, daí não tinha água e uma amigo questionou isso. Botei água e a fermentação não deu certo. Na segunda vez botei sal. Ajudou a sair a agua mas na hora de comer tava muito salgado. Que o repolho de hoje seja o primeiro de muitos fermentados na minha vida.
18/09
Eu agradeço às cores pelo fato de colorirem meu corpo e minha alma. Geraram em mim a emoção da transformação e o sabor da simplicidade. É fácil, é possível, é lindo e saboroso. Agradeço às cores por me mostrarem que “não ter tempo” não é desculpa. Afinal, o tempo no fogo não é necessário. Todo dia antes desse encontro eu venho direto da aula e concreto. Entro na sala entre as árvores meio cinza e saio cada dia mais abóbora, roxa, beterraba e principalmente saio colorida de luz.
20/09
Agradeço as sementes que germinadas crescem e criam raízes. Por faltar essa aula serei obrigada a voltar período que vem pois não posso viver sem saber produzir essas torradinhas.
25/09
Eu agradeço ao filme “La Belle Verte” por me lembrar da simplicidade do dia-a-dia. A rotina corrida tem que ser quebrada. Temos sim tempo para tudo. Acordar, nadar, brincar, comer pela manhã e à tarde cuidar das culturas e estudar. O paraíso existe e de pouquinho em pouquinho, vamos desconectando as pessoas e transformando o mundo a nossa volta. Seja bem vinda nova era de aquário.
27/09
Eu agradeço à areia pelo fato de ser tão fluida e aveludada que gerou em mim uma enorme paz. Fui capaz de dissolver problemas que estavam me sugando. Tempo. Dar tempo ao tempo e aproveitar o tempo. O tempo nos faz ser infinito. Deixamos de ser maciço e podemos assumir todas as formas possíveis. Com o passar dos anos podemos nos permitir não ter apenas uma forma e sim nos desenvolver para nos moldarmos com o vento, água e sol. Sem esquecermos de onde viemos pois essa é a nossa essência. O quartzo e a mica presentes são os minerais herdados da rocha mãe.
02/10
Eu agradeço ao aipim que teceu em mim um fio da grande corda que une os nossos ancestrais à mim. Gerou em mim a memória viva de ser natureza. A simplicidade harmônica da tão amada farofa. Abençoada mandioca. Sagrada Mãe Terra. É uma honra participar desses encontros. Uma corda é feita de muitos fios. Tentaram arrebentar a corda e de fato conseguiram arrebentar muitos fios. Outros fios foram perdidos, queimados, enterrados. O saber tecer segue vivo dentro de nós. Estamos aos poucos reconectando os fios amarrando as cordas. Tecendo a nova era. Obs. Que prazer beber a agua que sai da farinha.
04/10
Eu agradeço a vida por poder ter vivido o dia de hoje. Que bolinho, que receita, quanta luz! Gerou em mim um orgasmo gastronomico. Se tem algo vivo que vou comer muito nessa vida ainda é esse bolinho com farinha.
09/10
Eu agradeço à Ana Branco por quebrar tantos paradigmas na minha vida. Gerou em mim uma nova visão da comida viva. Comida viva pode ser quentinha, da pra fazer sopa e strogonof SIM! Gloria a deusa eu vivi pra comer o que eu comi. Conhecimentos de utilidade publica. Todos deveriam ter acesso a essas informações. Agradeço também à Aveia que nasceu e viva se transformou em mim. A vida acontece em diversas temperaturas. Como é bom se nutrir de vida, de amor e de poesia. Uma vitamina com banana, uma sopa ou um strogonof? Tem opção de aveia para todos os climas e horas do dia.
16/10
Agradeço aos diferentes tons de verde, pelo fato de serem tão parecidos mas tão diferentes. Geraram em mim o reconhecimento do valor da biodiversidade. Ao mesmo tempo que a hortelã tão cheirosa dá um líquido tão amargo, a grama de trigo tão novinha e pequenina é tão doce e saborosa. Já a couve gigantesca tem um verde que só ela. Agradeço a clorofila por pelo fato de preencherem minha vida a tanto tempo por fora e a partir de hoje preencherão minha vida por dentro. Isso gera em mim tanta vida que me ponho a sonhar com tudo que eu quero plantar e colher pra beber com ela. Viva a vida viva.
23/10
Não encontrei a gratidão que escrevi e também não lembro a aula que foi. Acho que faltei.
25/10
Agradeço às Conchas pelo fato se se formarem em camadas. Gerou em mim a epifania de que cada camada conta a historia de uma parte da nossa vida. Toda parte conta. Toda parte é importante. Toda parte parte. O tempo passa. Por pior que seja o momento, por pior que seja o incomodo da concha por causa da areia dentro dela, transformamos em pérola. Com arte transformamos e salvamos o mundo. Essa é só uma das histórias contadas nas camadas. Ao longo do caminho podemos sim mudar. E que bom que mudamos e transformamos. Se somos o que somos hoje, é porque fomos o que fomos ontem. Quantas camadas escondem seu brilho natural?
06/11
Agradeço a escrita pelo fato de registrarem no infinito do tempo tanta história e conhecimento. Lembrei de minha estante e da ordem cronológica que meus livros foram chegando. Um vai trazendo o outro e contando a minha história de por onde fui passando e o que eu estava buscando. A dieta do arco íris e o evangelho dos essênios em breve estarão lá também. Agradeço as 7 cores do arco íris que me lembram que toda cor é importante e que quando juntas em harmonia, cada uma em seu lugar, formam um arco mágico e único. Geram em mim a clareza da importância e da beleza das cores nos alimentos. Além das cores a falta delas também é fundamental. Fazer jejum é uma peça chave para essa clareza que estou buscando. Estou ainda começando com ele, mas não tem sido fácil. Ainda bem que comecei.
08/11
Agradeço ao laranja do fogo por me pintar de corpo e alma nesse meu novo ciclo que se inicia. Desde as eleições, no calor desse momento todo, queima em mim tudo o que não me serve. Entreguei a ele magoas e sentimentos que não cabem mais dentro de mim com a certeza de que estou abrindo espaço para o novo e que o velho se transformará em cinzas e vai nutrir a nova Marcela que surge. Agradeço aos baloeiros por quebrar esse tabu da queima. Nada queima sozinho ou sem motivo. Pra queimar não basta ter lenha e fogo. Precisa da lenha certa. Reconhecer que o fogo é vida, o fogo é um ser e trocar com ele é um poder que transcende. Falar com o fogo, pedir com o coração e saber ouvir. Hoje proíbem nosso povo de fazer sua arte onde nasceram, mas o fogo desses corações baloeiros não se apaga. A chama arde dentro do peito deles. Ou se queima por dentro e morre (e muitos acredito que morreram de tristeza). Para alguns esse fogo os leva longe, leva pra cruzar oceanos e acender essa chama em outros corações. Fogo queima mas o fogo também aquece, também leva aos céus as nossas preces. Eles não vão nos apagar.
13/11
Agradeço mais uma vez a todos os mestres que vieram antes de mim e me inspiram. José Carlos Ripper, Ana Branco, Johan von Lengen, Gernot Minke e Ernst Gotsch (que pessoalmente ainda não conheci), minha eterna gratidão a vocês. Conhecer a historia de cada um me da tanta força de continuar. Quando assisto as crueldades e loucuras do homo sapiens maltratando a própria mãe me dói tanto. Dói muito profundo em lugares que eu mesma nem alcanço. Antes de me afogar nessas emoções, me lembro de cada um. Me lembro que pra nenhum deles foi fácil chegar aonde chegaram e se não fosse por cada um eu não estaria onde estou hoje, com os sonhos e projetos que tenho hoje. Pensar o tanto que cada um é fundamental para eu ser quem sou hoje pois cada um germinou sementes raras e preciosas em meu coração. Posso até chorar com essa ganancia e sofrimento mas eu estou viva e conectada com uma rede de amigos lindos e tenho o dever e a honra de semear em mais corações essas sementes. Ninguém vai impedir que a primavera floresça.
22/11
Agradeço à vida por existir com todos os privilégios e oportunidades que me trouxeram no dia de hoje para esse ultimo encontro. Comer a torta viva foi um verdadeiro orgasmo gastronômico. Imaginar as mil possibilidades com outras frutas e outros sabores me fizeram renascer. Pro Natal farei duas. Espero encantar e emocionar as pessoas com quem eu for compartilhar. Agradeço à Terra por nos ofertar com tanto amor e abundancia uma diversidade muito grande de sementes, sabores e saberes. Geram em mim a certeza de onde quero chegar e ao mesmo tempo a paciência de aceitar o momento presente e me transformar a cada dia. Nenhuma arvore nasce grande de um dia pro outro. Em breve eu chego lá.
Para que serviu conviver com o Biochip nesse semestre
Conviver com o biochip serviu para limpar minhas lentes. Antes eu achava que via um mundo colorido. Eu até via, mas estava com as lentes sujas. Depois de limpar percebemos o quão embaçada estava a nossa visão. Encerro o período com a clareza do porque das minhas escolhas. Encerro com um sentimento de privilégio sem igual de todas as oportunidades que tenho. Ter acesso a essas informações tão sagradas e fundamentais que tentam nos privar de todas as formas é um privilegio. É uma honra ter essas sementes desses conhecimentos germinadas no meu corpo e na minha alma. Sei que quando chegar a primavera eu florescerei e ainda vou dar muitos frutos e semear esses limpadores de lente da nova era em muitos corações. "Meu corpo é o reflexo da minha mente e o conhecimento é a abundancia para minha cura." Gratidão Ana por auxiliar na minha cura. É uma honra poder viver e aprender com você.