Gratidões de Carolina Farah
14/03/2019
Agradeço a corda de rami por ter sido ferramenta para eu entrar em contato com os colegas da aula e ter me ajudado a ter noção de peso e de contato com outras pessoas. Fizemos exercícios como o desenho de uma estrela em que trocamos energia e brincamos de um soltar o peso enquanto o outro também se soltava e ninguém caiu porque no fim, formamos uma estrutura como é a vida em sociedade.
21/03/2019
Agradeço a cenoura por ter me ensinado que a forma muda o sabor. Eu já sabia disso, mas não de forma tão gritando. Gostei da forma que se assemelha a uma batata chips, da forma redonda, mas com as bordas espetadas, que parece uma engrenagem e a que mais me surpreendeu foi a forma de brigadeiro, a cenoura, bem raladinha fica com um gosto muito doce. Então, obrigada pelo fato de ter me ensinado a ver múltiplos jeitos de mudar sua forma, proporcionando diversos sabores. Isso gerou em mim uma vontade de aprender mais sobre esse tipo de alimentação e um novo olhar para alimentos que já estamos tão acostumados.
26/03/2019
Agradeço ao filme "Ponto de Mutação" por ter me feito refletir sobre diversas questões, como a comparação do relógio antigo, feito a mão pelo homem com a ideia de que o homem é uma máquina, mas essa afirmação não é verdade, como esses relógios antigos, o homem também mudou. Também refleti sobre a ideia de que tudo está conectado, nosso corpo está conectado não apenas com ele mesmo, mas com todo o resto que está a nossa volta. Em um momento do filme afirma-se que uma pessoa doente é como um relógio com efeito e um corpo saudável seria um relógio sem defeitos. Porém, na verdade, uma engrenagem depende da outra. O filme faz reflexões também sobre a responsabilidade do homem pelos seus atos e como a natureza também está toda interligada. Essas reflexões geraram em mim um entendimento de que tudo realmente está conectado e vontade de pesquisar mais sobre esse assunto.
28/03/2019
Agradeço a folha de Rami por ter me ajudado a descobrir e entender diferentes formas de movimentos e interligar o meu corpo. Pelo fato da corda de rami ter me proporcionado tal ajuda, descobri que posso interligar por exemplo a movimentação da minha cabeça com o meu pé, fazendo tipo uma gangorra amarrando a corda nessas duas partes do meu corpo.
A corda está viva, portanto, interligado a mim. Portanto, a descoberta de novas possibilidades gerou em mim um entendimento maior sobre as conexões do meu corpo, quanto esforço minha perna precisa fazer para puxar minha cabeça, quanto em preciso diminuir a corda para ficar na proporção certa para o ocasionar um equilíbrio.
04/04/2019
Obrigada ao filme "Camelos também choram" por me "introduzir" por alguns minutos na tribo de mongóis onde o filme se passa. Me mostrou uma cultura diferente com símbolos e costumes diferentes. Quando o filme começou fiquei me perguntando se algum camelo realmente iria chorar ou se era só um título figurativo. A parte em que a mãe camela chora é muito emocionante, desde o parto do filhote que durou dois dias, vi várias semelhanças no comportamento da mãe com os humanos e os nuances da mente.
O fato da tribo estar toda conectada com os camelos e vice-versa também é bem interessante. A moça do filme tenta de inúmeras maneiras acabar com a rejeição da camela mãe com o filhote, mas cada um tem seu tempo e seu jeito. Essas observações geraram em mim o pensamento de que cada um e cada coisa é de um jeito e que as coisas podem ser modificadas, nada é conclusivo.
Achei realmente muito bom esse documentário porque aproxima o animal das pessoas, achei muito humana toda aquela situação e achei emocionante a relação maternal.
11/04/2019
Agradeço a o inhame, a beterraba, ao repolho e a abóbora por permitirem que eu descobrisse o gosto de suas cores. Ralando e depois fazendo suco desses alimentos formamos sucos que eu nunca tinha provado antes, agradeço por ter feito algo que tinha feito anteriormente.
Pelo fato de ter também descoberto a textura desses alimentos isso gerou em mim maior curiosidade para saber de outros alimentos e um novo olhar sobre eles.
25/04/2019
Agradeço ao filme "La Belle Verte" por ter me mostrado uma outra visão sobre o mundo em que vivemos e nossos costumes. Isso gerou em mim um questionamento em relação ao que realmente importa e o que na verdade é supérfluo em nossa vida e acabamos dando muito valor, inclusive para coisas que fazem mal para nosso corpo e mente. Pelo fato de mostrar uma ficção totalmente possível.
30/04/2019
Agradeço ao repolho branco por permitir que eu o rale e forme um desenho juntamente com o repolho roxo e a cenoura. Gerou em mim uma criatividade diferente, pois nunca tinha desenhado com comida em um pote. Agora estou curiosa para ver a aparência e de como vai ficar e o gosto.
02/05/2019
Agradeço a todos os integrantes da aula de Biochip e a todos os alimentos que usamos para fazer a comida de hoje. Principalmente a soja, ao limão, ao tomate e o repolho que me permitiram a oportunidade de experimentar e pensar na comida de um jeito que eu não pensava antes. Isso gerou em uma energia e inspiração.
07/05/2019
Agradeço a areia por me permitir exercitar o ato de tentar ser areia através do contato com ela. Isso gerou em mim grandes reflexões sobre meus pensamentos, tentei me desvincular do meu corpo físico e pensar só no meu eu e interior. Acho que exercícios assim me ajudam a refletir e entender mais sobre mim mesmo.
09/05/2019
Agradeço a mandioca que eu gosto tanto de comer por ter me feito descobrir um novo jeito de vê-la. A mandioca pode ser feita de inúmeras maneiras. Agradeço pelo fato da Ana ter me mostrado que não devemos falar de qualquer assunto quando estamos preparando uma comida viva porque ela está viva, como nós, devemos respeitá-la. Gostei de perceber as diferentes texturas que a mandioca teve ao longo do processo que fizemos. Isso gerou em mim gratidão e ânimo porque antes de chegar na aula estava desanimada, mas a comida viva para mim representa esperança.
14/05/2019
Agradeço a farinha de mandioca por ter me permitido uma refeição saudável antes da prova que eu tenho de filosofia agora. As formas de fazer refeições vivas me causam um sentimento de esperança, que é o que precisamos hoje em dia.
Agradeço também as pessoas da aula de Biochip que são receptivos sempre e ao conhecimento passado por cada um, cada um tem algo a adicionar para o outro, como os alimentos, cada um tem algo diferente, uma cor, um sabor, uma essência e algo que agrega de uma maneira diferente.
16/05/2019
Agradeço à natureza hoje por ser tão perfeita. Hoje foi uma das aulas que mais gostei. Observamos a terra compostada durante um mês, depois seis meses e depois um ano. Foi muito emocionante ver a vida nascendo do resto de resíduos, o papa defunto. Essa experiência gerou em mim o pensamento e ideia de que tudo se transforma e gostei de pensar sobre a questão da morte em relação a isso. Depois, o fato de ver minhas sementes de girassol e de trigo crescerem tão rápido por causa da terra composta me fizeram também pensar o poder da vida e da natureza.
21/05/2019
Agradeço a chicória, a couve, ao girassol, à hortelã e ao trigo que me permitiram experimentar as diferentes variações da cor verde nos alimentos. Cortamos e provamos o suco de cada alimento e é muito enriquecedor para mim "estudar" esses alimentos, suas cores e formas de uma maneira que eu nunca tinha feito antes da aula de Biochip. Os gostos são fortes e diferentes das comidas que estou acostumada, me parece estranho o "novo" na verdade não é novo e é bastante acessível.
É estranho eu nunca ter provados o suco desses alimentos antes que são alimentos tão básicos, baratos e simples. Isso gerou em mim uma reflexão acerca do quanto somos robôs controlados pelas empresas e indústrias. Vivemos num modo automático que não nos perguntamos porque estamos comendo, bebendo ou usando tal coisa. Não pensamos que nós somos o que comemos e eu tenho esse pensamento desde antes de começar a frequentar as aulas de Biochip, porém ao longo das aulas esse sentimento de ser o que comemos cresceu muito em mim. Eu não quero ser dor, morte, sofrimento, interesse do mercado, da indústria, do capitalismo. A partir do momento que sei dessas coisas, não possuo mais aquela ignorância antiga e isso gera em mim uma responsabilidade do que eu visto, como, uso, falo e também, acho que principalmente, do que produzo como designer e passo para o mundo.
30/05/2019
Desenho de investigação com frutas
Agradeço a todas as frutas que utilizamos, tangerina, uva, ao abacaxi, ao Kiuí e outras frutas. As mandalas ficaram lindas e muito gostosas. Agradeço a Priscila pelo fato de ter me oferecido sua mandala que estava muito bonita e saborosa. Fiquei com muita vontade de reproduzir na minha casa. Outro dia fiz uma receita viva só para mim porque não achei que ninguém teria interesse na minha casa. No final, todos quiseram comer e gostaram bastante. Então cada vez mais quero levar meus conhecimentos para minha família dentro da minha casa.
13/06/2019
Reconhecendo argila do mangue
Agradeço à argila por ter me permitido senti-la e poder fazer um pouco parte dela também. Percebi que a argila não possui partes distintas que nem eu, tipo braço, perna, cabeça, dedos… Não possui uma hierarquia e divisão. É tudo uma coisa só. No exercício tentei ser um pouco a argila e tentei me sentir como a argila, uma coisa só homogênea.
18/06/2019
Dança das sementes
Agradeço a banana por essa canjica. Hoje foi um dos dias que mais curti a comida por ter sido prático e porque a banana é uma das frutas que eu mais gosto e como por uma questão de gosto e praticidade. Antes, me perguntava quando teríamos alguma receita com banana e esse dia finalmente chegou.
Agradeço pelo fato de ter me despertado o clique de fazer a banana desta maneira, de uma maneira que nunca tinha pensado antes. Achei incrível e delicioso.
Conclusão
Durante o curso de Biochip aprendi coisas muitos importantes. Aprendi novos olhares sobre uma mesma coisa fazendo exercícios que nunca tinha pensado antes, como tentar ser a argila por exemplo. O convívio com as outras pessoas do curso também foi muito positivo porque comecei a poder enxergar um pouco do jeito que essas outras pessoas enxergam.
A aula de Biochip para mim é como o filme “Matrix”, a partir do momento que você sabe de tudo, não tem como voltar atrás, a mudança é a solução. Somos acostumados a comer, a agir, a beber e a pensar de uma maneira que fomos treinados culturalmente, acredito que vivemos uma liberdade artificial. Comer é um ato totalmente político e nas aulas de Biochip isso é gritante a partir do momento em que começamos a andar na direção contrária do que nos é imposto pela sociedade e decidimos não nos envenenar todo dia.
A comida viva é linda. Possui mais energia, cor e sabores que não estamos acostumados. Cada vez mais vejo que nós somos o que comemos. Devemos nos autoconhecer e saber o que estamos ingerindo. Em uma das aulas, Ana Branco falou que estamos acostumados com a salada do Mickey Mouse: alface e tomate. Isso me lembrou o que meu professor de Geografia falava para mim na escola, que estamos acostumados com o grande rato americano, o Mickey. Ao meu ver, é exatamente isso, vejo que não conhecemos os alimentos que o Brasil tem a oferecer, não sabemos a utilidade de cada alimento, não sabemos como limpá-los, não sabemos como cultivá-los. Hoje o que sabemos é mexer em celulares, em softwares…nada contra essas coisas, mas acabamos esquecendo das coisas mais básicas.
As aulas de Biochip com certeza mudaram meu modo de enxergar a alimentação, parecia que eu estava precisando desse “empurrão”. O exercício de agradecer também me fez agradecer a coisas que nunca havia imaginado. Agora agradeço muito a Ana Branco e sua paciência e vontade de espalhar esse conhecimento.