Gratidões de Lucas Sousa Albuquerque
19/03/2019
As pedras nos pés, as cerdas das plantas, o peso do outro na rede, a força da teia para conduzir...Todas essas coisas formam um único movimento através do entrelaçamento de ações.
Cada ponto interligado pelas ações do outro ponto, cada percepção condicionada a ação d outro. As percepções não existem sem o complemento do todo e sem o meu movimento a percepção dos sentidos de outra pessoa é modificada. Sendo assim, o Caos e o equilíbrio transitam em uma linha tênue.
Sou grato a essa percepção.
28/03/2019
Agradeço a corda de rami pela percepção diferente que ela me fez ter do próprio corpo. Às vezes a melhor forma de olhar ao redor é movimentar outras partes do corpo, como os pés. Graças a essa aula eu consegui perceber que o todo, a teia, existe em vários níveis. Assim como a ação de um componente da teia só existe por conta da minha ação, o movimento do meu corpo depende do todo na teia.
Ao movimentar os meus pés eu acabo mexendo minha cabeça por consequência, assim como para me equilibrar na teia dependo do movimento do outro. Só me equilibro por conta dos braços e pernas. Assim como a teia apenas se sustenta pela interação de todos os indivíduos que a compõe. E todo esse equilíbrio é nato, natural. E a toda essa percepção do que é o equilíbrio no universo, demonstro minha gratidão.
02/04/2019
Eu agradeço a maçã, a semente de girassol, às plantas com as quais o suco foi produzido. O sabor do suco me surpreendeu de forma positiva e um modo que me abriu horizontes.
O alimento advindo da terra, no caminho da alcalinização, é um caminho que eu não conheço, porém hoje eu vislumbro seguir. Agradeço a cada uma dessas estrelas, pelo caminho novo a se buscar, e pelo sabor que senti em minha boca hoje.
Por fim, fica a fim de registro, que a maçã deixou um gosto bem marcante no suco, sobrepondo-se a outros legumes, frutas e verduras.
04/04/2019
Agradeço ao filme “Os camelos também choram” por ter me mostrado a conexão do sentido, do sentir. No caso a audição, através da música o homem conseguiu se conectar ao animal que não amamentava o seu filhote. A música se tornou um ponto de conexão entre a mãe camelo e a sua cria. Um filme bonito e dotado de aprendizados.
Outro agradecimento vai para o vislumbre que tive de um povo que tem na natureza a sua forma de viver. Uma vida simples que possuí uma riqueza enorme no que diz respeito a consciência do que é o animal e a natureza.
11/04/2019
Eu agradeço aos legumes e frutas pelas cores que nós temos. Não só pela cor, como pelo sabor que cada uma delas tem. O sabor do roxo, do branco, da abóbora... Tudo provido pela natureza, nada artificial.
A reação do sol nas frutas e legumes nos explana a cor. Porém, eu agradeço por ter descoberto o sabor de cada uma dessas cores.
Por fim, agradeço a aula, por mais uma vez ter me propiciado o contato com a minha própria comida. Fazer e produzir o próprio alimento tem um valor ímpar na minha aproximação com o meio ambiente que me circunda.
Compreender as cores, as texturas e sabores me ajudam a crescer, não apenas como pessoa, mas profissionalmente, na medida em que entendo o mundo que me circunda. E a essa percepção, eu sou grato.
09/05/2019
Agradeço a mandioca e ao povo Tupi Guarani por me mostrar o valor da raiz sagrada. Quando mal preparada a mandioca se torna um veneno. Porém, os benefícios ao prepara-la do modo certo, com as mãos, cantando a música de agradecimento (Vai Kamu Dja), são enormes.
Isso gerou em mim um conhecimento maior sobre a terra e a relação dela com o sagrado indígena e, em última instância, um conhecimento maior sobre a comida que eu como e como ela se torna ruim a partir da forma como eu a preparo. E a esse conhecimento, sou grato.
25/05/2019
O filme “A Bela Verde”, gerou em mim um profundo senso de responsabilidade e uma mudança na forma com que eu lido com o mundo. O que é a evolução, como medi-la?
O fato é que a quantidade de tecnologia e aparelhos que possuímos não nos torna mais evoluídos. O convívio em comunidade é que nos traz a verdadeira evolução como espécie, como pessoas. Entender o próximo nos ajuda a entender a natureza e o meio em que vivemos. Esse é o verdadeiro significado de evolução.
Sou grato a essa percepção.
18/06/2019
Agradeço mais uma vez a forma de preparo certa da comida, o contato com os ingredientes para fazer a canjica. Apesar de não ter comido por ter alergia a banana, o cheiro, as cores, as texturas.... Tudo isso vai além do design, é uma forma de vida.
Algo que eu também gostaria de agradecer é o contato com a natureza que tenho todas as vezes que preparamos a comida na aula. Os micos que ficam ao redor, a vida que eles sentem na comida que nós preparamos.
Agradeço a banana, o coco ao amendoim da mesma forma que venho agradecendo as outras formas de vida que nos alimentam e alimentaram durante todo o semestre.
Infelizmente perdi o registro das outras aulas que compareci, por isso não tenho as datas, porém vou escrever acerca do meu aprendizado:
Aula sobre fogo
Ao entrar na tenda e me deparar com uma fogueira, fiquei surpreso com o fogo e com o calor que ele emana. Mas além disso, fiquei surpreso porque não é comum fogo na sala de aula, na nossa rotina. Isso acontece porque temos medo do fogo, nos foi ensinado que fogo é destruição e acredito que uma parte da minha surpresa se deve ao medo que tive inconscientemente.
No entanto, ao decorrer da aula e da fala da professora, percebi que o fogo não é isso que nos é ensinado. O fogo é vivo, e mais do que isso, o fogo da a vida. É a partir do fogo que preparamos nosso alimento, é a partir do fogo que geramos calor para nos aquecer. Perder o medo do fogo, aprender a manter ele vivo ao invés de apagar, tudo isso me deu uma percepção maior do fogo e da natureza como um todo.
A título de curiosidade, após uma fala da professora eu fiz uma pesquisa e descobri que é através das queimadas que o solo se fertiliza. Claro que queimadas naturais e não criminosas, porém o solo de uma floresta após uma queimada fica rico em nutrientes. É a renovação da natureza em seu estado puro.
A essa descoberta e a esses ensinamentos, sou grato.
Aula sobre balões
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer sobre o ensinamento que é trabalhar naquilo que ama, naquilo que gosta. Como o palestrante disse durante a conversa, existe o "baloeiro de verdade". Aquele que ama o que faz, que sente prazer, e isso eu vou levar pra minha vida, fazer o que amo e que gosto.
Agradeço também sobre a percepção de que os balões não são tão perigosos como a mídia tradicional apresenta. Existe uma lacuna enorme sobre o que nos é contado e sobre o que é a verdade de fato. Descobrir que existem dispositivos que cortam o fogo, que dão segurança aos balões, mudou minha percepção do balão.
Gostaria de agradecer as artes feitas e apresentadas com balões, as cores, os desenhos e todo o design que é criado em cada balão. Os tamanhos que podem ser pequenos ou grandes, as variadas formas de fazer aquilo que ama.
Por fim, gostaria de agradecer ao palestrante, que demonstrou como o trabalho dele é feito, do amor que ele tem pela arte, do amor que ele tem pelos balões. Ficou nítido que ele se emocionou diversas vezes ao falar daquilo que ama, e essa experiência, o fato dele ter compartilhado com a gente, me agregou muito em conhecimento e valor.
Conclusão
Durante esse período, aprendi muito sobre o meu convívio com a natureza e com o ambiente ao meu redor. Aprendi que o alimento vindo da terra, de forma natural, é diferente do alimento que encontramos diariamente nas geladeiras e freezers da vida. A aula que tivemos sobre a mandioca foi esclarecedora quanto a isso, a raiz que é um veneno, na verdade quando preparada da forma correta, nos dá aquilo que precisamos para uma boa vida. Esse é um ponto muito importante porque a partir dos aprendizados no biochip, comecei a mudar a forma como me alimento, comecei a preparar a minha comida e hoje vejo como a pergunta que a Ana Branco fazia é verdadeira: "Como assim as pessoas não fazem a própria comida?". Aprendi o caminho da alcalinização e vou continuar nesse caminho a partir desse período.
Aprendi que faço parte de um todo, aprendi que nós não fazemos parte da natureza, nós somos a natureza. Desde as aulas com as cordas de sisal, em que percebi que meu movimento depende do movimento do outro, pude ver como a natureza está conectada e interligada com tudo ao redor.
Aprendi também as cores, as texturas da comida que preparamos, que tudo isso é design em seu estado puro. A natureza produz diariamente padrões de fibras, de texturas de cores que nem mesmos programas de computador conseguem reproduzir. É incrível como coisas tão complicadas parecem ser simples de serem feitas, como uma teia de aranha, como uma semente de girassol. Eu estou concluindo o curso de publicidade e estou no meu último período, e consegui obter ensinamentos que em nenhuma matéria antes eu tive.
Aprender sobre o ambiente, sobre o fogo que não é morte, é vida, me agregou muito como pessoa e como profissional. Hoje eu consigo ter um olhar diferente para os padrões que me são apresentados que antes eu não percebia. Um simples ato de ir a feira já não é mais o mesmo.
Quero deixar registrado também em como a aula em ajudou a passar por um período complicado. As aulas eram sempre antes do meu trabalho, trabalho com edição de vídeos e as melhores peças que eu fiz foram após as aulas. Isso porque, no meio da loucura de escrever monografia e trabalhar, eu não tinha tempo para respirar e apesar de adorar o que faço, as coisas estavam ficando maçantes para mim. As aulas do Biochip me ajudaram a desligar e relaxar um pouco tanto dos problemas do trabalho quanto dos problemas pessoais. Chegar no trabalho renovado após um pouco de contato com a natureza me ajudaram a fazer aquilo que gosto com um pouco mais de leveza.
O Biochip serviu para mudar a minha percepção sobre a comida, sobre o fogo, sobre o trabalho sobre cores e texturas e eu sou muito grato a todo esse aprendizado.