Gratidões da Clara Moutinho
29/10/2019
Agradeço ao grupo de mulheres que criou a panela de barro e à Ana por ter preparado a cevadinha germinada, mexendo com suas mãos a água morna, até a temperatura limite que suportou, nos mostrando o que é a “temperatura da vida”- isto é, se você consegue suportar a temperatura da água que está cozinhando o alimento, então a comida ainda está viva. A partir do momento que as suas mãos não aguentam mais a temperatura da água, o aquecimento mata o alimento. A beleza desse conceito me surpreende e me remete à aula em que a Ana Branco leu o texto extraído do livro “O Evangelho dos Essênios”, que diz para não congelarmos nem cozinharmos os alimentos – e, sim, para nos nutrirmos com comida viva (que nos vivificará). Por fim, agradeço ao processo como um todo do preparo de manutenção da temperatura (manter a água morna, embrulhando a panela em um pano e jornal, para deixar a cevadinha absorvendo o líquido durante a noite), pois todo esse cuidado e consciência com o alimento desperta em mim o interesse de fazer esse tipo de comida na minha casa e abandonar velhos hábitos alimentares, que já não me satisfazem mais (apesar de por vezes me sentir “viciada” no que eu fui acostumada a comer).
05/11/2019
Foi um pouco difícil me conectar com a argila – não é o tipo de atividade que estou acostumada a realizar e, confesso, é muito abstrata para mim. De toda forma, agradeço à aula, por ter me permitido ver como alguns dos outros colegas estavam compenetrados interagindo com a argila, pelo fato de ser algo diferente do que estou acostumada a fazer, o que gerou em mim a percepção de que, se eu quiser, posso desenvolver um pouco esse meu lado também – de me conectar com um elemento e investigar a sua história, tanto para aflorar a criatividade, quanto para relaxar a mente.
07/11/2019 Amei essa aula! Acho que, para mim, foi a melhor até agora. A Elenice e o Pedro foram e foi maravilhoso ver a alegria dele preparando os alimentos e o desenho. Foi lindo ver como ele se comporta, como já tem coordenação e como ficou bem na nossa companhia. Além da companhia do Pedro, a aula em si foi uma delícia: aprender a classificar as frutas em grupo e saber quais são combináveis entre si, e quais devem ser ingeridas sozinhas; aprender a transformar um gomo de tangerina em borboleta; misturar os elementos/cremes feitos pela Ana; criar/desenhar um prato; observar a mandala pronta e já não identificar mais quais foram os seus desenhos, e quais foram dos outros... Belíssima a atividade! Agradeço pela alegria que senti, pelo fato de ter me deixado tão leve, o que gerou em mim uma sensação revigorante, de energia boa e felicidade.
19/11/2019
Agradeço ao amendoim germinado, ao momento em que misturamos o amendoim e as passas e à mistura deliciosa que se formou. Agradeço também aos cremes de jaca e de banana. O preparo destas duas tortas foi especial e fiquei muito animada em fazer em casa para que a minha família também possa prova-las. Também foi muito interessante procurar receitas no site da Ana e decidir qual fazer na festa da prova. Fiquei impressionada com a quantidade de receitas diferentes e realmente me deu muita vontade de germinar grãos diferentes, mistura-los com algo mais e inserir estes pratos no meu dia-a-dia. Ao ver as receitas no site, vi que são muitas as possibilidades de combinações, cada uma mais gostosa e interessante que a outra e decidi que vou comprar mais grãos para fazer mais receitas em casa (porque os demais ingredientes já costumo ter, mas geralmente uso de outras formas). Então sou realmente grata pela aula, pelo fato de ter despertado em mim tanto interesse em preparar os alimentos vivos e ter visto, a partir das receitas, que é muito mais fácil e prático do que imaginei, o que gerou em mim ESPERANÇA de comer mais comida germinada e viva do que eu pensei que seria possível.
21/11/2019
Agradeço aos documentários pela riqueza de informações. Foi muito interessante ver a forma de plantio que um dos entrevistados implementou em seu terreno, que foi a de cultivar plantas e alimentos diferentes e bem misturados entre si. Gostei principalmente porque é o “método” que eu uso no meu pequeno jardim/horta. Uma espécie defende a outra de pragas, uma dá mais certo, a outra acaba voltando para a terra como adubo e outras explicações interessantes, que me fizeram olhar para a minha forma “desorganizada” de organizar a minha terra.
23/11/2019
Sou grata à festa da prova pela riqueza de alimentos, pelo esmero com que todos que compareceram prepararam os seus pratos, pela sintonia da turma em escutar o que cada um tinha a dizer sobre a matéria e pela sinceridade e entrega de todos ao narrar o impacto do Biochip em suas vidas. No final, eu já quase não conseguia mais provar os pratos, porque estava muito satisfeita, mas as receitas estavam deliciosas. Foi muito emocionante e revelador ficar até o final e ver todos abrindo os seus corações, alguns demonstrando que o curso foi uma espécie de cura, ou de força motriz para se reerguer. Do início ao fim a festa foi uma inspiração e me fez lembrar de algo que tento ter sempre em mente: não sabemos das dificuldades que cada um enfrenta e dos caminhos trilhados em sua vida, por isso considero importante não julgar ou criticar os outros – cada história é única, são muitas as dores e as delícias de cada um.
No caso do nosso grupo, mesmo convivendo durante o período das aulas, não podia imaginar algumas histórias e como o Biochip estava atuando em suas vidas.
Sou grata por todos termos interagido tão bem, pelas trocas de palavras, incentivos, histórias, carinho. Foram encontros maravilhosos, leves, inspiradores, que me motivam a aprimorar a minha alimentação, a minha relação com o meio ambiente e a minha forma de consumo.
O Biochip despertou em mim uma grande curiosidade e vontade de me informar melhor sobre diversos dos meus hábitos e sobre a forma (por vezes doentia) como somos induzidos a viver em sociedade.
A convivência com a Ana Branco aflorou algo que há anos estava encubado em mim, que é justamente perceber a beleza do simples, mesmo que às vezes não seja mais tão simples assim ser simples. De toda forma, eu pude dar atenção à voz interior que gritava/implorava por mudanças, por atenção/cuidado, para não chegar ao limite e acabar adoecendo, física ou mentalmente.
Pude perceber que é necessário romper com vários maus hábitos incorporados “automaticamente” na minha rotina – eu estava refém: não me dava conta do esquema restaurante – supermercado – farmácia; da indústria do envenenamento; do quão alienados, preguiçosos, desligados, escravos, doentes nos permitimos ficar, em troca de uma felicidade momentânea, ilusória, supérflua, muitas vezes vã, falsa.
As conversas e os toques da Ana me alertaram: devo me reconectar comigo mesma, devo buscar formas alternativas de viver àquelas impostas pela indústria.
Foi um processo de conscientização – muito duro, devo dizer. No entanto, apesar das lições serem desgastantes, alarmantes, profundas, são ao mesmo tempo repassadas de uma forma leve, mastigada, que vai evoluindo conforme a compreensão de cada um e a atenção e importância que cada um dê à estas lições.
É transformador.
É um caminho sem volta, eu espero. Ainda assim, tenho a impressão de que estou só engatinhando, que o aprendizado apenas começou. Na verdade, acredito que será um eterno aprendizado e que será necessário estar sempre alerta, pois o todo é muito mais complexo e delicado – mas já não sou só mais uma na manada (já possuo algumas ferramentas para julgar melhor como eu quero conduzir a minha vida e como escolher o que me faz bem – a começar pelo meu quintal e pela minha boca). Obrigada e até breve!