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36o CONGRESSO VEGETARIANO MUNDIAL
FLORIANÓPOLIS SC
Gratidões Nereida Daudt
6 de novembro. Agradeço a Gorete ter me recebido com um sorriso hoje pela manhã, quando cheguei aqui no sítio do acampamento, em Ratones. Agradeço também seu marido Alexandre que me acompanhou pelo local para, literalmente, um reconhecimento de campo. Com ele pude adiantar as variantes para a montagem das barracas e facilitar a chegada do pessoal do Rio. Agradeço à Ana ter chegado sorridente mesmo depois da longa distância. Agradeço sua confiança nas providências que me solicitou. Agradeço sua existência que me possibilita participar de uma “aventura” boa como essa: criar espaços; construir uma cozinha num galpão vazio; compartilhar emoções ao montar as barracas, fazer o suco da chegada e também o almoço, vencer limites e aprender de amor e de brincar. Agradeço a gargalhada da Angelina quando me avistou dentro do galpão, “empoleirada” na hora que ela chegava carregada de mochilas e outras coisas mais. Agradeço Gesine sua colaboração no suco da chegada. Agradeço ter me falado que as flores amarelas em frente ao galpão não valiam a pena serem coletadas porque murchavam muito rápido. Agradeço seu lindo buquê de azáleas cor de rosa e lírios brancos pequenos. Agradeço a Sueli seu abraço delicado na chegada, seu olhar amoroso e sua importantíssima ajuda pra fazer o suco. Suco da Luz do Sol divino que nos saciou a fome e a alma. Agradeço Marta ter se oferecido prontamente para dar início ao tabule do almoço. Agradeço também sua atitude demonstrando vontade de colaborar com tudo na cozinha. Agradeço Geraldo ter me chamado de irmã num abraço bem apertado. Agradeço a Marisa ter se dedicado com amor visível na lavagem das verduras para o Suco. Agradeço também sua habilidade ao cortar os ingredientes para o tabule. Agradeço Ethel seu senso de humor na hora de “armar a barraca”. Agradeço Rosângela sua expressão angelical ao remexer com as mãos a sopa de aveia na panela de barro. Agradeço a sopa de aveia para acompanhar o tabule. Agradeço Lurdes ter espremido o suco que ficou tão doce! Agradeço a Mônica sua risada. Agradeço o comentário que o marido escolheu presenteá-la com uma barraca em lugar de um perfume francês. Agradeço a Jussara ter uma vibração tão amorosa que nem se importou quando finquei pé para fazer o tabule com o trigo inteiro, sem passar no liquidificador e na panela furada. O trigo tem que ser processado, porque assim serve como aglutinante dos outros ingredientes, invés de ficar separado e durinho. Errei. Aprendi. Agradeço Elizabeth ter me alcançado a panela para esquentar a pizza de forma suave e gentil. Agradeço ter me pedido desculpa por cruzar rumo a pia, enquanto eu estava varrendo. Agradeço Inês ter me abraçado com tanto carinho fazendo fricções nas minhas costas! Agradeço Zélia ter me ajudado com a barraca, mesmo sem ainda ter montado a dela. Agradeço a Gilmar ter vindo espontaneamente se apresentar para mim. Agradeço Neide ter falado comigo pelo telefone na véspera com a voz entusiasmada. Agradeço ela ter me dito: Nereida não esquenta com nada, está tudo perfeito!Vai dar tudo certo!
7 de novembro Agradeço o abraço de Bom Dia da Ana. Com ele expandi o coração porque senti que estou unida ao grupo. Agradeço Jussara ter me emprestado o saco de dormir. Com isso senti gratidão por ter uma solução para fazer os exercícios com o grupo. Agradeço Inês ter espontaneamente feito massagem nos meus pés e pernas. Pude sentir calor humano e amor. Agradeço Gilmar pela canalização do alagamento que inundava a passagem perto do galpão das vacas, colocando umas tábuas como ponte no local. Com isso senti que a solidariedade e o amor ao próximo são valores de quem está atento com o entorno. Agradeço Vera Maria e sua determinação de vir sozinha de São Paulo para se juntar ao grupo do Biochip. Com isso senti firmeza na irradiação do caminho do vivo. Agradeço Neide solucionar a colocação das bandeiras, enfiando o bambu na terra e deixando-o assim super firme. Observei seu brilho de criança feliz, descobrindo solução para uma tarefa nova. Em harmonia as bandeiras coloridas ficaram lindas! Agradeço Elizabeth ter ajudado nas frutas deliciosas desta noite. Com isso meu coração ficou pleno de agradecimento ao perceber que ela me olhou com carinho farto, quando fiz esse comentário sobre a gostosura das frutas. Agradeço Sueli ter me chamado de amadinha para que Vera Maria me conhecesse por esse apelido. Agradeço ter visto seu rosto brilhar de contentamento com a presença de seu irmão Sérgio com a amiga Ana. Agradeço terem participado de nosso banquete. Isso gerou em mim sentimento de socialização ao ver que o grupo é mesmo aberto. Agradeço Angelina ter gostado do meu sobrinho, Pedro, que encontramos na estrada do Santinho. Com isso refleti sobre o distanciamento que tenho de certos familiares e de como é gratificante a gente se relacionar com amor com todas as criaturas. Agradeço a Ethel ter a memória ótima, com grande estoque de neurônios. Isso nos ajudou a encontrar o caminho certo na volta para o sítio. Fiquei alegre e feliz com essa troca entre gerações. Agradeço Geraldo rebolar com seu bumbum durante a montagem das barracas e também de arrebitá-lo pedindo massagem para Inês. Com isso vi que suas gaiatices são cheias de carinho. Agradeço a visão que tive de Gesine hoje à tarde na estrada. Colhia flores como uma menininha sorridente. Agradeço ela ter nos apontando a entrada do sítio, logo ali. Com isso fiquei alegre de ver que o grupo quando se divide também está junto. Agradeço também ela ter retirado uma lagartixa da geladeira e colocado o bichinho gentilmente no chão. Pude ver sua doçura, em seu lugar teria jogado a pobrezinha pela janela. Agradeço Mônica ter me acompanhado no mercado. Fez tudo bem rápido para voltar logo ao convívio com o grupo. Agradeço seu gesto maternal ao retirar do meio da estrada três meninos, entre dois e três anos, que caminhavam sozinhos! Com isso senti a presença de Deus e percebi que estávamos no lugar e na hora certa. Agradeço a Rosângela ter feito um desenho de frutas para Gorete e Alexandre. Mesmo tarde da noite, ela ainda se dedicou ao próximo. Agradeço à Zélia, lógico, pelo seu pudim de chocolate! Com isso enchi os olhos de alegria! Agradeço a Marisa ter se interessado pela sacola de palha dos índios. Agradeço também ela ter me contado sobre a flor do cacau e por ter me ensinado como se planta o gengibre. Percebi que somos bem irmãs. Agradeço Marta e seu sorriso luminoso. Isso gera em mim beleza. Agradeço a Lurdes sua suavidade no falar, a paz das suas mãos e a sabedoria que irradia. Sinto muita satisfação de estar em sua companhia.
De volta ao rancho em 8 de novembro Agradeço Rosângela seu cuidado na coordenação do almoço de hoje. Aprendi que na atenção está a perfeição. Agradeço Marisa ter me contado que quando começou a criar vacas deixou de comer carne, porque conheceu a doçura da vaca. Com isso vibrou em mim sentimento de respeito e amizade. Agradeço Zélia ter conversado comigo sobre sua experiência na Fiocruz. A conversa foi tão santa que no final apareceu quem? A própria Dra. Maria Luiza gritando: Zélia! Zélia! Esta saiu batida pra lhe dar as boas vindas e abraços! Agradeço Geraldo ter colocado as bandeiras com a Beth e a Marta e mesmo assim ter me consultado se o local era apropriado. Fiquei grata e unida a eles. Agradeço Gilmar ser zeloso a ponto de coletar numa bacia toda água que usamos na pia. Pude ainda observar que ele escova os dentes sem água nenhuma, só com a escova. Isso despertou minha atenção com a água. Agradeço Neide conversar amorosamente enquanto descarregava umas caixas de compras junto com Geraldo. Senti com isso a força do companheirismo no grupo. Agradeço a Elizabeth ter sido a primeira pessoa que encontrei hoje pela manhã quando saía do banheiro. Ela estava com cara de bebê chorão e quase nem me olhou. Em seguida no abraço do grupo nas barracas, já de banho tomado ela veio sorrindo me abraçar feliz! Senti ternura. Agradeço Jussara ter me ensinado a ralar o repolho: é sem apertar pra ficar bem fininho. Agradeço sua disposição em dividir conhecimentos. Pude sentir sua grandeza Agradeço Mônica ter entrado aqui, depois de passar pelas vacas e dizer: Ai gente que amor! Ela me olha com tanto amor! Eu amo essa vaca! Isso gerou risos, mas também sentimento de pureza. Agradeço a Ethel sua pesquisa bíblica e também o beijo que me deu na testa enquanto eu descascava amendoim. Isso gerou em mim amor. Agradeço Ana sua palestra e o movimento que se desencadeou ao seu redor logo depois na cozinha do costão: a gente se abraçando, amando, festejando, vivendo, brincando e crescendo. Agradeço o abraço de galope gaúcho que ela inventou. Tudo isso me encheu de alegria. Agradeço Angelina ter me encontrado bem no momento em que a lição de hoje de Um Curso em Milagres ressoava em mim: o oposto da culpa é a santidade! Ao compartilhar com ela o fato que a santidade tudo pode, senti meu corpo arrepiar. Agradeço a Marta seu jeito de sentar de cócoras como gaúcho em roda de mate, enquanto lavava as verduras do suco numa bacia enorme, perto do local das vacas. Isso fez meu lado de criança aparecer. Agradeço Gesine ser responsável e ter o controle total dessas surpresas que teremos que apresentar amanhã! Senti firmeza! Agradeço Sueli e o brilho em seus olhos na hora da comemoração na cozinha do Costão. Senti Deus em todos. Agradeço Lurdes ter me mostrado como funciona o processador na hora do almoço. Isso gerou em mim amizade. Agradeço Inês ter me pedido para ajudar no transporte das maçãs. Agradeço ela ter me ensinado, bem na hora em que estava fitando o vazio, que é melhor pra vista sempre focar em alguma coisa. Com isso reforcei a consciência que Deus está dentro e também fora. Agradeço Vera Maria amorosamente ter sentado ao meu lado para ajudar a descascar amendoim. Isso gerou em mim fé no caminho do Biochip e nas emoções que ele desperta na gente. Acredito que pessoas assim vão sempre se aproximar de nós.
Primeiro dia de nossa feira em 9 de novembro Agradeço a Marisa ter compartilhado um pequeno espaço comigo na mesa grande repleta de materiais bem cedinho pela manhã. Prevaleceu a ternura entre nós mesmo com a falta de espaço. Agradeço ao anjo que deslocou para cima de uma cadeira uma cesta que impedia nossa movimentação. Que alívio, isso ajudou demais nossa harmonia como vizinhas de trabalho. Segundo Marisa esse anjo foi Ana. Agradeço Zélia ter ido comigo comprar a camiseta do congresso. Isso gerou em mim camaradagem! Agradeço Lurdes ter emprestado seu pano de prato bordado Biochip, quando estávamos na feirinha sem pano algum (segundo Ana, Snoopy em situação de desamparo total). Agradeço sua gentileza que me fez ver a força da fartura do grupo. Agradeço Rosângela ter me chamado para entrar logo no banheiro, porque ela já havia saído do banho. Com isso senti simpatia. Agradeço Inês ter me servido na feira um ladrilho com desenho de frutas. Foi na melhor hora, agradeço sua gentileza. Agradeço Marta ter ficado constrangida para me pedir que a levasse ao Costão no domingo. Com isso pude observar em mim uma recente grande aquisição: aprendi a dizer não sem traumas, quando me disponho a levar alguém, como nesse caso, é porque verdadeiramente isso está me dando alegria. Agradeço Mônica explicar com tanto carinho aos visitantes de sua barraca de águas coloridas que a gente chama de água, mas não tem água. “É água da fruta e da semente”. Vi que o mais importante na feira é a troca que se estabelece amorosamente entre o feirante e o visitante. Agradeço a Ethel, quando perguntei se a tinham filmado fazendo o Suco, responder que sim filmaram. Filmaram as mãos. Com isso, observei como ela tem sempre uma gracinha na hora de falar. Agradeço Elizabeth dizer que o vivo é muito leve e que por essa razão serve “big dogs” bem fartos. Com isso senti vontade de observá-la montando a pizza para galera. Agradeço Angelina ter dito que depois de fazer muito cocô no Costão estava completamente curada. Isso gerou em mim fé no poder do Suco! Agradeço Gilmar explicar para uma repórter que nesse alimento vivo que o planeta nos oferece a gente encontra tudo o que realmente se precisa. Observei que ele ama verdadeiramente as descobertas desse caminho Agradeço Neide sua maneira delicada de caminhar meio que saltitando rumo à palestra de Maria Luiza. Com isso senti beleza. Agradeço aos dois terem chegado antes no galpão e juntos terem dividido as tarefas de varrer e lavar a louça. Agradeço Vera Maria ter ido de braços dados comigo até a casa do Alexandre. Isso gerou em mim amor. Agradeço Sueli ter declamado para Angelina, quando ficamos cuidando das barracas, enquanto os outros iam até a palestra da Maria Luiza. - Escute minha palestra Angelina: - Angelina você tem luz divina...E por aí vai. Agradeço Geraldo estar com a mão roxa dentro da panela de beterraba. Cheguei a ouvir que ele estava com as duas mãos na panela. Com isso senti admiração. Agradeço Marisete ter se arrumado de banho tomado e roupa bem limpinha para irmos ao Costão. Isso gerou em mim beleza e alegria. Agradeço Jussara ter contado que o filme que Maria Luiza projetou mostrava o Biochip muito bem na foto! Com isso senti que a arte expressa na feirinha antes de qualquer coisa enche os olhos. Agradeço Gesine ter me ensinado como preparar, fazer, montar e servir a torta de banana com mamão. Isso gerou em mim agradecimento. Agradeço a chuva que tem caído todos os dias. Agradeço a chuva que caiu de noite. Agradeço os sonhos da Ana que resolveram todas as supostas pendências financeiras relativas ao congresso. Isso foi impressionante! Da noite pro dia: o dinheiro que faltava passou a sobrar. Agradeço mais ainda Ana ter nos relatado suas experiências de “apoderar-se” de seu órgão reprodutor através do pompoar! O resgate da musculatura de sua vagina, acabando com o prolapso uterino. Seus exercícios de sustentação e concentração. Sua consciência sobre a revitalização do próprio corpo. Agradeço Vera Maria ter ido comigo na loja de produtos 100% algodão. Isso gerou em mim amizade. Agradeço Sueli explicar com muita delicadeza a um grupo de congressistas, como se germina girassol. Senti felicidade em tê-la como irmã nessa travessia. À Jussara agradeço ter me dito: - Nereida, um beijo de boa noite! Foi no exato momento em que dentro da barraca estava chateada com idéias que Deus não criou. Meu ego me fazia ficar ofendida com uma conotação “agressiva” que Gilmar, no meu pensamento equivocado teria dado a frase “Brizola Vive”, em seu agradecimento nessa noite. A voz amigável da Jussara me ajudou a sentir que Deus não era aquilo, que Deus é Isso. A chuva caía, diluindo tudo... As disputas de ego não existem, elas não têm Deus.
Em 10 de novembro Agradeço a Ana sua explicação sobre a parcimônia com os chamados alimentos da passagem. Os concentrados como mel, passas secas, azeite, missô entre outros. Agradeço a Lurdes o comentário: - Ana, esta convivência com você não tem igual! Fiquei agradecida com a frase simples que disse tudo. Agradeço Zélia ser do Biochip e do Terrapia também. Isso nos une à Maria Luiza. Agradeço Marta ter revelado hoje sua falta de coragem, quando a Bandeirantes quis entrevistá-la. Isso gerou em mim identificação. Agradeço Geraldo brincar no banheiro interditado, fingindo que ia fazer cocô no vaso. Depois desse clima familiar o enxotei com a vassoura. Agradeço Inês ter tirado “o paninho do Snoopy” de cima do tampo da barraquinha na feira. Isso gerou em mim admiração. Agradeço Mônica ter lavado a merdança do banheiro entupido junto comigo. Isso gerou em mim pureza. Agradeço Elizabeth ter me ensinado a modelar pizza com as mãos. Isso gerou em mim amizade. Agradeço a Ethel ter cantado Zéca Pagodinho na ladeira do costão. Isso gerou em mim alegria. Agradeço Gilmar ter carregado todo lixo para compostagem. Isso gerou em mim respeito. Agradeço Rosângela ter comido com vontade o queijo de soja pela primeira vez na vida. Isso gerou em mim confiança. Agradeço Angelina ter me dado todo o final do suco da feira. Com isso senti muito amor. Agradeço Jussara ter me chamado para secar as folhas de rúcula e ter se rido com os modelos de pizza Dominós e PizzaHut que inventei. Isso gerou em mim mais risadas. Agradeço Marise ter me chamado de índia. Isso gerou em mim irmandade. Agradeço Sueli ter inventado a melô das vaquinhas: - “Ensina pra nós. Aprende com nós”. Gerou em mim alegria. Agradeço Vera Maria ter corrigido nossa cantoria dizendo que aprende com nós não dá. “Certo é aprende conosco”. A musiquinha gerou risadas. Agradeço Marisete e sua ajuda na limpeza do banheiro, varrendo toda aquela mistura de merda humana, com bosta de vaca, égua, patos e galinhas. Isso gerou em mim alívio. Agradeço Gesine ter montado a barraca na feira, junto com os banquinhos e sorrir ternamente pra mim. Isso gerou em mim amor. Agradeço Neide seu encantamento pela pizza tendo me ensinado o método da bolinha, tipo brigadeiro. Isso gerou em mim companheirismo. Agradeço ao grupo nele não existir nenhum relacionamento especial. Ninguém é só amiguinho de uns e não de outros. As relações se entrelaçam ao correr do dia, de forma nova: a teia se rearranja em cada momento em sintonia com as ações e sempre (ou quase sempre) correspondendo com as conversas. O presente é um presente e essa forma de viver me encanta.
Agradecimento em 11 de novembro de 2004 Agradeço Rosângela ter me contado que cantava no coral da Escola Pública onde estudou. Com isso senti alegria em cantar junto com ela. Agradeço Neide pelas compras na cidade. Isso gerou em mim agradecimento. Agradeço Gilmar pelo “Canal da Mancha”. Aproveitou um veio grande de água que corria entre as barracas e melhorou zelosamente seu escoamento para parte mais baixa do terreno. Gerou em mim amizade. Agradeço Marisete ter ajudado na limpeza da cozinha. Isso gerou em mim gratidão. Agradeço Vera Maria ter estendido meu lençol no varal. Gerou em mim reconhecimento. Agradeço Gesine ter quebrado as amêndoas com rapidez. Isso gerou em mim admiração. Agradeço Marta ter se oferecido para ajudar a descascá-las. Como essas castanhas ficaram prontas depressa! Agradeço Inês ter conversado comigo sobre o ex-marido que mora em Porto Alegre. Agradeço também quando cantamos: “Frére Jacques, dormez-vous, dormez-vous... dim, dim, dom...” Isso gerou alegria. Agradeço Zélia abrir um bocão para bocejar e ficar com cara de neném e, logo, colocar os óculos e ficar com cara de pesquisadora. Isso gerou em mim ternura. Agradeço Ana ter falado que não devíamos ficar com conversas fantasiosas enquanto preparávamos as sementes para amanhã. Isso gerou em mi certeza que falar de política, por exemplo, não acrescenta nada. É a tal retórica vazia. Discursos sobre acontecimentos distantes, coisas lá fora que não melhoram em nada nossa vida. Agradeço Lurdes ter completado que ela durante sua vida toda, nunca viu nada melhorar com a política. Isso gerou em mim o discernimento que a LUTA não está com nada. Agradeço Angelina e sua voz de soprano. Isso gera em mim harmonia. Agradeço Jussara ter trocado minha barraca para “Bangu II” porque em “Bangu I” as goteiras são muitas. Isso gerou em mim amor. Agradeço Elizabeth ter me acompanhado ao centro de Florianópolis. Com isso senti amizade. Agradeço Mônica ter organizado durante a tarde toda nossa copa-cozinha. Isso gerou em mim gratidão. Agradeço Sueli a flor roxa que ofereceu à Elizabeth. Colocamos a flor no painel do carro e, na volta ao rancho, tive um ponto de referência. Desfrutamos de sua imagem. Isso gerou em mim beleza.
Em 13 de novembro de 2004
Agradeço Sueli por ter me convidado para sentar ao sol perto da feira. Ali conversamos sobre a importância da vivência do grupo para gente se segurar no vivo. Junto estava Nique de Rio Vermelho, um participante do congresso que esteve todos os dias em nossa instalação. Ele compartilhou que quer andar em grupo para sempre. Com isso fortaleci o aprendizado de nossa co-vivência aqui. Agradeço Marise ter virado pra trás no banco do ônibus e termos vindo conversando sobre o Biochip desde o Costão até aqui. Agradeço ainda pela manhã ela ter me ensinado uma maneira diferente de tirar a cabeça do pimentão, arrancando com as mãos o vermelho que fica em volta do cabo. Com isso percebi que nosso entrosamento é crescente e nossa afinidade grande.
Agradeço a Ethel ter inventado música com refrão hilário: Agradeço Ana ser amorosa, ficando abraçada muito tempo na Marta., Isso foi bem cedinho e jorrou das duas muitas e muitas ondas de amor que nos envolveram no amanhecer. Despertar, despedida da Marta. Agradeço Marta ser lindinha e ser palhaça, quando, por exemplo, ameaçou avançar no prato de jaca do Alexandre e, em seguida, saiu de fininho só com a colher vazia. Com isso senti alegria e dei muita risada. Despedida de Florianópolis, da feira, do rancho, do Alexandre, da Gorete e da Dona Nadir que veio tomar um pouco de suco com a gente. Agradeço Inês, sua delicadeza espremendo as frutas de manhã com o sol despontando lá no fundo. Depois, de roupa bordô e azul descendo na estrada pra me mostrar esse seu vestido capa esvoaçante. Agradeço sua humildade ensinando inglês: “I am Inês”. Diz Angelina: “I am Angelina”. Com isso senti amizade. Agradeço Rosângela ter lavado parte das louças pela manhã comigo. Isso gerou companheirismo. Agradeço Maria Luiza ter contado na rodinha do Sol (Nique e Sueli) que estava se formando no congresso um grupo contra o uso de vacinas. Agradeço também ela ter comentado que Vitória Boutenko era a versão fast food do alimento vivo. Agradeço Geraldo ter meditado ao pôr do Sol. Isso gerou em mim tranqüilidade. Agradeço Lurdes ter feito trufa de chocolate com canela bem caprichada para mim. Agradeço a afetuosidade que dela transborda na forma de gestos e palavras: “Nereida, deixe que eu lavo a louça, vamos dividir”. Com isso sinto que seu foco é oferecer amor ao próximo. Agradeço Jussara ter comprado para mim a calça de abrigo verde e ter acertado o tamanho. Agradeço sua figura plena de Sol hoje pela manhã na mesa de trabalho coletivo do rancho. Isso gera em mim amizade. Agradeço Vera Maria sua conduta prestativa. Agradeço sua ajuda quando mudei a barraca outra vez de lugar. Com isso senti amor.
Agradeço Elizabeth sua delicadeza quando pediu hoje o almoço (risoto
de feno grego) na feira: - Nereida, tem um pra mim? À Angelina agradeço ter me mantido um ritmo incansável para suprir a barraca de copos e colheres durante o congestionamento do almoço. Isso deu grande tranqüilidade ao movimento de servir risoto aos participantes do congresso. Gerou em mim conforto e afeto. Agradeço Mônica ter dito que ontem sem as gratidões, o jantar ficou sem graça alguma! Senti espiritualidade. Ao Gilmar agradeço uma série de pequenas e grandes gentilezas: carregar material, lavar pratos, desimpedir a pia e apanhar meu prato de doce. Isso gera em mim admiração À Neide agradeço sua ingenuidade quando diz, por exemplo, que não entende o quer dizer “se flagra”. Agradeço sua atenção na feirinha e também na cozinha olhando sempre em volta para saber onde as coisas podem melhorar. Com isso senti afinidade maternal. Agradeço Zélia o abraço cheio de amor perto das barracas. Agradeço seu vestido bonito para a despedida de hoje do congresso. Isso gerou em mim respeito e amor. |
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