6 10
05 Inez Arieira
Centro Comunitário União Faz a Força - Rocinha
Massa de modelar comestível
http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/anabranc/portugues/experimentos.html
Eram 23 crianças
do Centro Comunitário União faz a força, vieram com dois professores e um
monitor; as crianças eram maiores que o grupo anterior, elas estavam na faixa
de 10 a 12 anos e vinham de várias escolas; chegaram às 10 horas e saíram às 11 e meia.
Eram crianças
alegres, cheias de vida; os desenhos que fizeram com as massinhas ficaram
lindos; flores, sol, escultura com 3 dimensões; como
as crianças eram maiores, os desenhos eram mais elaborados.
O fato de ser no
bambuzal faz a grande diferença, pois no meio da natureza as crianças puderam
se expressar mais tranqüilamente sem as interferências que dispersam, como o
barulho dos pilotis..
Começamos
mostrando as hortaliças e sementes, depois de brincarem com as massinhas
tomamos o Suco de Luz do Sol; terminamos com a roda de fogo cantando para o
fogo pegar, as crianças colocando suas folhas e fazendo desejos.
No final, ainda na
roda, todos recebemos um docinho de banana recheado com amendoim germinado,
canela e passas e brincamos com eles de adivinhar de que cor era a massinha
pelo gosto, de olhos fechados, Geraldo ajudou tentando adivinhar, acertou todas; algumas crianças quiseram adivinhar também.
Socorro e Patrícia não puderam ir, mas em compensação juntou muita gente em
volta para ver e participar da oficina.
Eram crianças
alegres e cheias de vida – na hora da roda em volta do fogo fizeram desejos, e
uma criança, quando passamos pela ponte, desejou que as águas dos rios fossem
limpas; ficaram encantados com os macaquinhos que
pulavam nas árvores no bambuzal.
6.10.05 Patricia Berwanger
Centro Comunitário União Faz a Força-Rocinha
Cheguei
resfriada ao galpão. Desanimada. Quieta.
Inez
e eu subimos 10:10 com as massinhas. As crianças chegaram 10:15. as mesas e bancos ainda não estavam arrumadas. Nos
apressamos. Inez levou as crianças na barraca das
hortaliças. Fiquei arrumando bancos, pranchetas e aventais com Laza e Ana.
As
crianças vieram em nossa direção de mãos dadas com Inez,
sorrindo. Cercada de amor Inez mostrou como sentar.
Fui recebê-las e deixei Laza dividindo as massinhas.
Mostrei também como sentar no cavalinho. Pedi que uma amarrasse o avental no
colega ao lado. Algumas meninas amarraram de suas amigas. Os meninos ficavam
encabulados pois não conseguiam. Alguns nos pediram
para amarrar.
Elas
olhavam com atenção pedindo a próxima atividade. Explicamos a massa de aveia
germinada, como pintamos nas cores rosa, amarelo e laranja.
As
crianças começaram a desenhar. Uma menina me pediu para que eu lhe mostrasse
como brincar. Eu agachei ao seu lado e comecei a amassar a bolinha na mão,
sentindo a massa. Ela fez o mesmo. Começou a sentir a massinha na mão. Deixei-a
com a experiência. Depois de 10 minutos, ela vem em minha direção com um
sorriso na face e me mostra uma cestinha com frutinhas dentro modelada nas 3 cores de massinha. Fiquei muito feliz. Aquela menina que
me aparentava ter dificuldades, me surpreendeu com sua habilidade derrubando
meu pré-conceito e me mostrando que esse trabalho intuitivo e emocional
desabrocha nas crianças o verdadeiro aprendizado.
Basta ver
os desenhos feitos por essas crianças que sabemos então, que elas são muito
criativas. Uma facilidade de entender, brincar, imaginar e copiar incrível!!
Saí sem
me sentir resfriada do galpão. Feliz. Sorrindo.
29 9 05 Inez Arieira Centro Comunitário União Faz a
Força - Rocinha
Massa de modelar comestível
http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/anabranc/portugues/experimentos.html
Massa de modelar colorida e comestível para as crianças:
A massa com aveia foi feita hoje no galpão pela manhã, pois
as crianças viriam à tarde (13 horas). Em vez de amassar com o pilão o urucum,
bati no liquidificador o urucum que já estava de molho no limão com um pouco
d’água – a cor ficou ótima quando esprememos dentro de um pano de voil, ficou mais escura, uma cor laranja barro bem mais
forte e viva que as outras vezes (depende também da qualidade do urucum, se ele
está velho não fica bom).
-Bati a curcuma ralada no
liquidificador com água; a massa ficou pegajosa, pois espremi no pano, mas foi
líquido demais na massa; tive que dar a liga com a farinha de
mandioca também já tingida de amarelo com a curcuma e
a consistência ficou ótima. Vi que o melhor é ralar muitas raízes de curcuma para dar bastante líqiuido
e a cor ficar forte.
Crianças do Centro Comunitário União faz a força - Rocinha
As crianças
chegaram às 13:15; eram 19 crianças na faixa de 9 a 11 anos e 7 crianças na
faixa de 12 a 14 anos; com as crianças menores vieram 4
educadores acompanhando e com as maiores vieram 2.
Socorro e Patrícia
levaram as crianças menores até a barraca das hortaliças, e eu e Laza seguimos depois com os maiores; como começou a
chuviscar voltamos para os pilotis.
Na barraca de
sementes Socorro, Tissa e Bruna mostravam o processo
de germinação para as crianças, e eu e o Laza ficamos
fazendo as 3 bolinhas de massas (1 de cada cor)
coloridas para as crianças. As crianças tomaram o Suco de Luz do Sol e cantaram
“tem bioporã ..”, uma canção indígena que é um agradecimento ao
alimento. Depois as crianças foram para as mesinhas de bambu e banquinhos para
brincar com as massinhas, e alguns provaram; tinham mais duas crianças que
vieram com a mãe para a feirinha e se sentaram junto com o grupo. As crianças
eram soltas, alegres e inquietas – o barulho dos pilotis contribuiu para as
crianças ficarem inquietas e não conseguimos explicar muito o processo de fazer
a massa – entreguei! Estava tudo certo.
Laza preparou o
fogo ao lado dos pilotis ao ar livre, perto das árvores, garoava, fizemos uma
roda grande, cantamos parabéns para Ripper que estava
junto e mais uma outra pessoa que fazia aniversário. O fogo pegou! As crianças
colocaram suas folhas secas e cantamos a canção para o fogo pegar, estávamos
todos em roda, Leda com seu carinho e dedicação distribuiu um recipiente
transparente com 3 docinhos
para cada criança, estava lindo e depois distribuímos balões coloridos numa
vareta que Leda tinha preparado, pois no dia 27 tinha sido dia de São Cosme e
Damião. As crianças se despediram e saíram às 15:20.
29/09/05 Patrícia Berwanger Centro Comunitário União Faz a
Força- Rocinha
Foi muito especial!
Hoje recebemos por volta de 25 crianças da Rocinha. Eles
chegaram sem uniformes, desordenados e agitados. Não consegui me apresentar, faltaram olhares. Mostrei algumas hortaliças
para um grupinho. Eles eram bem espertinhos, pois conheciam a beterraba, a
hortelã, só confundiram o nabo com a cenoura....
Nas sementes, vi Socorrinho se
espichar para falar com todas as crianças. Elas não eram como nas outras
escolas, um grupo, um movimento. Elas eram mais individualizadas, soltas, não
seguiam a nenhum líder, tinham vontade própria e seguiam seus instintos.
Na barraca do suco expliquei para uma ou duas crianças o
processo. Optei por não gritar. Estava muito barulho e parecia que nós não
estávamos conseguindo chegar nas crianças.
Quando sentamos para brincar, foi a coisa mais
desorganizada da minha vida: E caí cadeira, berra criança e arranja azulejo que
ta faltando... UFA!
Mas quando demos as massinhas, pareceu que a varinha
mágica da fada havia passado por lá. Elas se agitaram menos. Brincaram,
desenharam. Uma criatividade marcante que ainda não tinha visto em nenhum
grupinho antes. Uma liberdade de aceitar e simplesmente brincar.
As crianças tinham muita proximidade humana, não tinham
barreiras. Antes mesmo da oficina acabar, Marcio, um
menino muito engraçadinho veio me pedir abraço de tchau. Fiquei emocionadíssima. Os outros também deram abraço fácil e
gostoso. E ficaram encantados por termos lhes dado as
massinhas, as bolas e os docinhos. E claro, muita atenção e amor.
Agradeço a Socorrinho pela
energia na explicação das sementes, me admirei com sua força e talento para
falar em público, ultrapassando os barulhos no pilotis.
29/9/2005 Socorro Calháu Centro Comunitário União
Faz a Força - Rocinha
Hoje cheguei ao galpão um pouco mais tarde do que das
vezes anteriores. O fim do ano se aproxima e a quantidade de compromissos
começa a crescer e meu tempo começa a ficar complicado. Embora eu deseje outra
coisa, minhas escolhas, por enquanto, ainda são por muito trabalho.
Infelizmente perdi a conversa de mãos dadas e, principalmente, a oração. Rezei
sozinha.
Encontrei Patrícia no campus. O tempo estava daquele
jeito. Escuro.Muita possibilidade de chuva. Eu não queria que chovesse. Queria
sentar no chão, fazer uma fogueira bem legal, me divertir, enfim, sem
preocupações com água, vento ou coisas desse tipo.
Quando entrei no galpão encontrei todos trabalhando. Abracei
e beijei os que tinham braços e rostos livres. Falei com Ana que eu estava com
uma grande dor na coluna. Ela me aconselhou a montar barracas. Fui. Já consigo
montar as barracas sem errar muito. Mas ainda erro. Fico confusa com tantos
cordões e bambus. Tudo tão artesanal e tão lógico! Ainda não transito pelas
barracas com naturalidade. Minha cabeça quadrada funciona como se a lógica e a arte não
pudessem conviver no mesmo objeto (preciso conversar com Ripper
sobre isso!) e eu não consigo ficar à vontade. Erro muito até conseguir. Quando
consigo fico feliz feito criança. Rezo.
Montamos a feira no pilotis, pois
a chuva começou a gotejar. Laza chegou e fiquei muito
feliz em vê-lo. Abracei. Conversei com Laza sobre o
tempo e ele sugeriu algumas estratégias para driblarmos a chuva e não deixar
que ela atrapalhasse a nossa oficina. Tissa ficou no
galpão com Inez preparando as massinhas e o resto do
material. Subiram quando a feirinha estava quase pronta. Inez
e Tissa arrumaram as mesas com as placas e os aventaizinhos, prepararam a vitrine também. Eu estava
inquieta, com MUITA dor. Na tentativa de me dar algum alívio, Inez
fez um pouco de massagem nas minhas costas. Aliviou. Meu coração
ficou mais feliz.Agradeci, mais uma vez ter uma dor assim. Agradeci à Inez também, sua preocupação em
me ver mais confortável.
Às 13 horas e um pouquinho as crianças da Rocinha chegaram
e com elas a esperança de que a chuva e a minha dor passassem. Corri na frente,
me apresentei. Eles me disseram seus nomes. Apresentei o Laza
que vinha logo atrás de mim. Patrícia e Inez chegaram
em seguida. Eram 24 crianças, eu acho. Havia também quatro educadores com elas.
No momento da chegada das crianças a chuva deu um tempo e
isso permitiu nossa ida à barraca do Tuica que estava
dividida em duas partes. As crianças se dividiram entre as duas. Marcio, um
menino do grupo caiu e machucou o joelho. Inez foi
muito carinhosa com ele. Chorou. Parou. Recomeçou a chover e tivemos que sair
dali apressadamente.
Fomos para o pilotis. Era a vez
da barraca de sementes. No pilotis havia uma enorme
quantidade de pessoas. Havia muito barulho e a acústica, por causa da chuva,
estava muito ruim. Falei bem alto para que as crianças pudessem ouvir e
compreender.
Bruna estava ao lado tentando ajudar, e ajudou mesmo.
Enquanto eu falava do processo de germinação ela ia reforçando a minha fala,
fazendo considerações e animando as crianças. Inez, Tissa e Laza também reforçavam e
faziam o que podiam para manter as crianças concentradas. As crianças provaram
o amendoim, a lentilha, o trigo e o girassol. Quando acabei minha voz estava
sumida, não conseguia mais falar naquele tom. Fomos para o suco. Eu não
conseguia mais falar alto, embora tentasse. Marta chegou e ajudou a servir o
suco. Bruna continuava ao nosso lado tentando nos ajudar a explicar às crianças
como o suco era feito e a cantar “tembiuporã”. Todo
mundo junto e o tanto de amor que estávamos sentindo tornou aquele momento
muito especial vencendo o barulho, a falta de espaço e a inquietação das
crianças. Agradeci.
Finalmente às massinhas. As crianças estavam ansiosas por
isso. Fomos para a sala de aula. Minha coluna doía muito, minha voz ainda não
estava em condições de falar com 28 crianças ao mesmo tempo. Nos dividimos
outra vez. Inez explicou como fez as massinhas. Ela, Tissa e Laza haviam dividido a
massinha em bolinhas, por cor. As crianças adoraram, começaram a modelar.
Quando dissemos que poderiam provar, alguns ficaram meio incrédulos, provaram
aos poucos. Os educadores divertiam-se junto às crianças. Tentaram cantar
algumas músicas, mas o barulho no pilotis era muito
grande.
Depois de muita brincadeira Laza
saiu para preparar a atividade da fogueira. Chuviscava e eu achava que não
conseguiríamos fazer a fogueira com o chão tão molhado e aquela garoa fina.
Minhas costas doíam horrivelmente. Mesmo que houvesse chão seco eu não
conseguiria me sentar nele e isso me deixava muito inquieta.
Fomos para fora com as crianças com a intenção de fazermos
a fogueira assim mesmo. Ana levou Ripper que fazia
aniversário. Havia mais um aniversariante.
Fizemos a roda em pé, Laza havia
recolhido folhas secas e distribuiu entre as crianças. Ele acendeu a fogueira
enquanto cantávamos a música do “fogo não pegou”. Fiz meu pedido desejando vida
longa para Ripper, Ana puxou “parabéns pra você”. Laza cuidou, o tempo todo, para que as crianças não se
machucassem no fogo. Fez com seu corpo um muro de proteção. As crianças fizeram
seus pedidos.A chuva recomeçou e precisávamos ser rápidos. As crianças estavam
agitadas. Luzimar deu uma embalagem com três docinhos para cada criança. As crianças adoraram. Nos
despedimos das crianças com aqueles fantásticos abraços de sempre. Os
educadores iam leva-los ao
planetário para brincarem um pouco mais, pois tinham até as 16 horas para voltarem para a Rocinha.
Minha dor estava muito forte. Me despedi
de todos. Fui pra minha sala tentar fazer um carinho na minha coluna e tentar
entender o que estava acontecendo com ela.