Porque apoiamos o trabalho do BiochipPuc-Rio

 

Em 1997 a parceria Biochip – Projeto Terrapia ( -1- ) se estabelece de modo informal,compartilhando com a prof Ana Branco nossas vivencias pessoais e  processos de trabalho.

A ciência e a arte são  manifestações do mesmo impulso de interpretar a natureza, como disse Rocha e Silva.  A parceria do Departamento de Artes e Design Puc-Rio com o Centro de saúde Escola Germano Sinval Faria – EnspFiocruz , através desses 2 projetos, se complementam no “ modo de fazer” e no “ modo de entender”  a relação humana com a natureza em torno.

Mas é preciso situar o que vem acontecendo na área da Saúde Pública para que possamos entender a relevância do Biochip neste contexto.

 

                        A Promoção da Saúde

A ciência biomédica há muito tempo vem se ocupando de entender as razões do adoecimento humano coletivo e como interferir na saúde  de uma comunidade. Essa é a matéria de que se ocupa a Saúde Pública . O paradigma biomédico , no entanto,  “ encontra-se hoje declinante em sua onipotente pretensão de proporcionar saúde exclusivamente pelos meios da tecnociência ”como afirmou o prof.  Carvalho  A . I.- 2002, vice – diretor da Ensp, ao se referir ao recente movimento da Promoção da Saúde ( I ).

Em 1974 , uma proposta elaborada pelos canadense de reorientação de serviços de  saúde , reuniu as primeiras idéias do que hoje se trata de Promoção da Saúde. Mas foi no fim dos anos 80 e início dos anos 90, que uma reflexão sobre a crise da saúde pública” , de alcance internacional,  analizou a gravidade do problema com  a seguinte afirmação : “ a incapacidade da maioria das sociedades de promover e proteger sua saúde, na medida em que suas circunstâncias o requeiram” ( OPAS- Organização Panamericana de Saúde,  1992;1993 ) .

-          1Biochip- Grupo Aberto de Estudo Pesquisa e Desenho com Modelos Vivos, Depto de Artes e Design  Puc Rio  http://wwwusers.rdc.puc-rio.br/anabranc

-          Projeto Terrapia - trabalho de promoção da saúde através da alimentação, cuidados ambientas e práticas naturais em saúde

-         Essa expressão, embora negativa, apontou para a necessidade de  uma reorientação fundamental da saúde pública . O foco , agora  na saúde , é acompanhada do compromisso de toda a sociedade, e não apenas o campo biomédico, se envolver no processo. Assim, Avançar no conhecimento e na prática de e para a saúde, como meio para alcançar uma melhor qualidade de vida “ ( Ferreira e Buss , 2000) ( II ), é a meta.

-         Lembramos, no entanto, que a construção desse novo campo constitui-se um grande desafio para todos nós profissionais da área, pois que nossa formação de base se estruturou no conhecimento das doenças. Pouco ou nada sabemos sobre a saúde.

Essa mudança paradigmática , por sua vez, ocorreu em decorrência dos inúmeros estudos sobre a influência dos hábitos de vida na saúde de uma comunidade . Embora  a saúde e doença sejam processos inerentes ‘a vida, eles são condicionados pelo modo de vida, condições de vida e estilos de vida ( Castellanos, 1998).

Assim a  Promoção da Saúde  se constitui mais como um movimento que revê a abordagem da saúde pública, organizando práticas,  abrindo as portas para a interferência de outras disciplinas ( no caso aqui, a arte ) e conta  com o compromisso da sociedade nesse processo. Com isso se faz necessário a construção de novas tecnologias, como por exemplo, a da Comunicação em Saúde.

 

 Biochip – Arte e Informação

Dentre outros aspectos, o Biochip tem como eixo básico o trabalho de  Arte e a Informação que são fundamentais na construção da Comunicação em Saúde. A simplicidade dos materiais ( pigmentos retirado dos modelos vivos, como se refere a prof.Ana  )e a beleza favorecem e estimulam a observação da natureza, sensibilizando os participantes para o seu próprio modo de estar no mundo( sua própria natureza).Aliado ao prazer do sabor ( sabor = saber) , esse conhecimento se materializa no próprio corpo físico. A Arte, como linguagem universal, comunica, agrega e  afeta as pessoas em todas as culturas, promovendo uma ação transformadora.

 

Biochip e o trabalho de grupo

O Biochip se apropria da teoria da autopoiese ( III )( que concebe o ser vivo numa rede de interações, interferindo-se mutuamente), e tem construída nesta base o seu trabalho de grupo. Estar no mundo em rede , nos coloca diante do desafio de juntos, coletivamente, construirmos o conhecimento sobre a saúde. Entendemos saúde como o estado de saudação ( saúde = saudar) que encontramos , individual ou coletivamente , nos momentos em que agradecemos e apreciamos a vida que passa dentro de nós. Como disse Maturana, a saúde é um assunto humano e não biológico. Essa caminhada, portanto, se encontra dentro da complexidade do viver humano.

Baseada na solidariedade , voluntariado e no trabalho de grupo, o Biochip reune a chave desse “modo próprio de fazer “.

Encontra-se novamente a analogia com as diretrizes do Mov. Da Promoção da saúde no Brasil ( Proj. BRA 98/006 ) onde diz ser necessário que as ações :

a)          - assegurem a saúde individual

          -propiciem a saudável inter - relação das pessoas e destas com seu ambiente...

-         garantam a cidadania da população...

Para tanto exige o envolvimento e a participação ativa:

b)            dos diferentes setores do governo

-         dos diferentes segmento da sociedade

-         das pessoas em caráter individual.

 

 

Biochip e Alimentação Viva

Apoiada nas pesquisas recentes sobre os Alimentos Vivos , adaptando as nossas condições climáticas e a nossa diversidade, o Biochip apresenta uma riqueza de “ Chips vivos”  (*)das sementes ou dos vegetais tropicais, experiência esta que ainda não se encontra na literatura internacional.

Com a licença poética que é dada aos artistas, o discurso do Biochip se contruiu apoiado em várias teorias atuais sobre a relação do alimento e as funções no corpo humano. As mais presentes são:

Teoria dos mecanismos de Intoxicação e Desintoxicação ( IV )

Teoria Enzimática ( V )

Teoria Mucóide (VI)

Teoria Acido-básica  ( VII)

Teoria da leucocitose digestiva (VIII )

Dieta Hipocrática ( IX)

Teoria da organização de campos eletromagnéticos nos seres vivos ( X )

 

(*) Chip vivo – expressão usada pela prof. Ana ao se referir as sementes germinadas que contém altos índices de silício, responsáveis por armazenar informações .

 

Elas são organizadas num discurso que incentiva as pessoas para as práticas naturais de autocuidado e do auto conhecimento.

Trabalhos recentes sobre o intestino , nosso segundo cérebro, uma das maiores glândulas e grande centro imunológico , esclarecem e apontam para o novo paradigma da alimentação: absorção intestinal que, por sua vez está diretamente relacionado ‘a  higidez dos intestinos ( XI ). A Alimentação Viva reúne  condições ideais para a regeneração intestinal, que  em última instância vai se refletir no estado de saúde geral.

 

Conclusão

 

Como vimos, o trabalho realizado pela professora Ana Branco encontra-se perfeitamente coerente com o movimento da promoção da saúde e se constitui uma parceria importante no trabalho do Projeto Terrapia. Sem contar com a relevante contribuição que vem dando ao movimento ecológico, baseado na simples expressão : “preserve a natureza, principalmente a sua “

 

Nossa gratidão e reconhecimento

 

 

 

Referencias Bibliográficas:

Carvalho A . I ., ,2002.  Promoção da saúde como caminho para o desenvolvimento Local - A experiência de Manguinhos – RJ in: Zancan,L.Rio de Janeiro: Abrasco / Fiocruz

 

Ferreira & Buss, 2002. O que o Desenvolvimento Local tem a ver com  Promoção da saúde? Promoção da saúde como caminho para o desenvolvimento Local - A experiência de Manguinhos – RJ in: Zancan,L.Rio de Janeiro: Abrasco / Fiocruz

 

Maturana H. e Vilela F. , 1990. “El árbol del conocimiento “,Santiago de Chile Editorial Universitaria,.

Maturana H. 1998, Da Biologia à Psicologia – Porto Alegre .3a ed. Ed Artes Médicas,

-          

Wigmore  A .1982, Be your own doctor New Jersey, EUA . , Avery publishing group inc, Wayne

______      1983 The Hippocrates diet and health program  

______      1985 The weatgrass book     

______      1986. The sprouting book,     

 

Póvoa H. 2002 .O cérebro desconhecido. Rio de Janeiro Ed. Objetiva ,.

 

Lopez D. A 1994.  Enzymes – the fountain of life, San Diego, EUA, The neville Press, Inc,

 

Gray R. 2000. The colon health handbook-New health throug colon rejuvenation, Reno, Nevada-20a ed., Emerald Publishing

 

Vasey L‘1991, Equilibre Acido-basique, Genève-Suisse, Edition Jouvence,

 

Kouchakoff P .1992 In:-Dr Soleil  Você sabe se alimentar? São Paulo, Ed Paulus,

 

Gual G ,1986. Tratados Hipocráticos vol III – sobre la dieta , Madrid España Editorial Gredos,

 

Cousens G.  1986. Spiritual Nutrition and the rainbow diet, Cousens,G. – Ed. Cassandra Press , San Rafael, Ca. 94919

    ______      2000 Concious Eating , ib idem

 

Wagner D. & Cousens G. 1999, Tachyon Energy – A new paradigm in Holist Healing, Berkeley-Ca- EUA, North Atlantic Books.

 

 

 

Maria Luiza Branco Nogueira da Silva

Coordenadora do Projeto Terrapia

Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria

Escola Nacional de Saúde Pública

Fundação Oswaldo Cruz