Laboratório Laboratório Itinerante de Pesquisa do Aprendizado com Modelos Vivos
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IV Congresso Internacional de Agroecologia

I Congresso Brasileiro de Agroecologia

Apresentação da Pesquisa Biochip em Porto Alegre

 

Gratidões

         Ana Branco

 

dia 18/11/03

 

Agradeço a Glaci Campos, Nelson Diehl,Ana Valls, Eduardo Cezimbra, e aos organizadores do VI Congresso Internacional de Agroecologia, estar em Porto Alegre, onde nasci, região conservadora, de gente que conserva tradições, sementes, policultura.... E que convidam e desejam conviver com a transformações  que  a arte desencadeia.

É na tensão que encontramos conforto na trama viva. Para que se reconheça nossa participação na teia da via, é importante que ela esteja delineada. Quando então podemos senti-la tensionando incluindo o nosso próprio corpo.

Que bom que estou aqui, lugar de gente corajosa que acredita na regeneração respeitosa da vida na terra. Acredita que a terra é como nós, seus filhos, capaz de regenerar pela continuação, conservação e manutenção de suas funções originais. Em contato com o que lhe afeta ...folhas e sementes.....por exemplo.

Agradeço aos que conservaram as sementes nativas, crioulas!

Agradeço ao MST que através da Bionatur produz semente nativa brasileira para serem plantadas por todo o Brasil !

Agradeço a quem tem coragem de plantar a semente que colheu, sabendo que  a forma do resultado obtido é diferente dos padrões de beleza apresentados pelos desenhos animados importados que formaram nossos padrões estéticos, onde o Pernalonga come um cenourão  lisinho e uniforme. Porque a Terra com sua sabedoria reprograma as sementes, mesmo as modificadas pelo homem. Pó exemplo, na quarta vez que uma semente é plantada recupera sua condição original. Capaz de recordar no nosso corpo a nossa origem, nossa originalidade, enfim nosso ser criativo, nosso pulsar que encontra ressonância com o movimento das marés, do  sol, das estações...

Numa mesma colheita de sementes nativas, encontramos tamanhos, formas e tempo de germinação diferenciados: as ligeirinhas e as tardias... Como nós, tempos diferenciados para o despertar. E como, há quatro mil anos comemos tanto as sementes, como os resultados delas, sem a informação armazenada pelo silício contido em cada uma delas, ficamos aprisionados pela leitura externa da forma, da aparência visual, gerando a crise de percepção identificada pelos físicos atuais.

Já não sabemos mais a diferença entre o que nos fere e o que nos abençoa.

Iludimo-nos com a superfície e a aparência das coisas do mundo que nos detém.

Por isso duplicamos as formas, os objetos, o que tem densidade,  que é no que acreditamos porque pensamos que vemos. E enquanto nosso olho está direcionado para viver no escuro fica impossibilitado de ver o brilho e a alegria da explosão criativa como continua acontecendo a cada momento de pulsação da vida naTerra. Como Maturana mostra, rotacionando o olho da lagartixa em sua órbita, ela continua  vendo os insetos a sua frente, porem já não sabe mais o que fazer com êles, e morre de fome. Como nosso olho está rotacionado por valores distanciados de nossas funções originais, mesmo que a realidade  maravilhosa da vida brilhe com o Amor de Deus a nossa volta, caminhamos lentamente em direção a luz.

 

Agradeço a Nereida seu sorriso alegre no aeroporto quando nos vimos de longe!

Logo depois ria enquanto eu procurava a bolsa da barraca que estava bem atrás de mim.

 

Agradeço a Nereida a complementação do texto que escrevi sobre as descobertas em Porto Alegre, onde ela acrescenta  o “pulsar” que as sementes promovem no seu corpo quando falo da alegria que elas geram.

 

Agradeço ao Geraldo sua facilidade com os cálculos...em um minuto identificou quantos grãos de trigo tinham em cada saquinho de sacolé, para serem distribuídos a todos os 2500 presentes no auditório.

 

Agradeço ao Geraldo sua alegria quando chegou, dizendo “quero fazer, quero espremer”, louco de vontade de trabalhar.

 

Agradeço ao Geraldo a divina hóstia que trouxe do Rio pronto! pão de trigo germinado desidratado , gerando em mim a confirmação de que  declaramos quem somos, pelo resultado de nossas ações.

 

Agradeço a Nereida seu cuidado com a lavação das sementes, isso gera a felicidade de ter parceria.

 

Agradeço ao Geraldo e a Nereida estarem descobrindo junto comigo que o importante é fazer o suco para nós no meio da rua.

 

Agradeço a horta dos Capuchinhos, hoje ainda escuro, eu colhia as verduras na chuva, chorando e cantando de alegria de poder viver aquele momento ali.

Agradeço ao Gastão, sua presença ao nosso lado ajudando no que era preciso, contente de estar experimentando o alimento vivo no seu próprio corpo.

 

Agradeço ao Geraldo estrear amarradão, fixar  as bandeiras coloridas com as tiras de borracha recortadas das câmaras de pneu.  

 

dia 20 /11/03

Agradeço poder ver o céu da madrugada antes do amanhecer de hoje, a lua minguante prateada, o céu sem nuvens, cheio de estrelas.

 

Agradeço aos frades mais uma vez poder colher verduras na horta!, definiu com muita clareza onde gosto de estar, igual quando fico perto da Bia, a mesma alegria.

 

Agradeço a Nereida o nome da cor do céu da manhã “ roseclair”  , que beleza! nada como caminhar ao lado de uma jornalista que conhece as palavras.

 

Agradeço ao Geraldo seu abraço pontual as 7:15h como combinamos, chegou contente de ter conseguido, era o nosso dia no congresso.

 

Agradeço a Nereida ter acertado a cor do vestido que estaria usando para nossa apresentação...o azul da comunicação.

 

Agradeço a agilidade do Geraldo trazendo o potinho de sementes na mão para ser colocado no suco que estava sendo feito no palco.

 

Agradeço a Nereida sua oração enquanto desembaraçava os fios para ligar o liquidificador, pretexto para fazer “paredinha”.

 

Agradeço aos bentevis que cantavam enquanto colhia as folhas na horta, na hora em que o céu estava roseclair.

 

Agradeço ao Geraldo o amarelinho que botou na comida linda que fez...trigo sarraceno, chuchu, cebola, maçã e pimentão vermelho.

 

Agradeço a Nereida sua alegria incansável de mesmo querendo deitar para descansar, ir comigo buscar algumas outras cores para os desenhos.

 

Agradeço ao Geraldo reconhecer que a casa da Nereida é um “aparelho”.Reconhecendo as transformações que estão acontecendo naquele espaço.

 

Agradeço a força da Fé e a Confiança na Vida que falou, desenhou num retro projetor multiplicado em quatro telões e espremeu Suco de Luz do Sol hoje, durante a apresentação para muitas mil pessoas.

 

Agradeço aos “bonitores”terem segurado todas as ondas das mil perguntas e das mil provinhas de suco, com os vários grupos que chegavam perto da nossa tenda itinerante da Feira do Desenho Vivo.

 

Agradeço a Joana, bem cedinho na cozinha, comentar da beleza do saquinho e querer tomar de novo o suco comigo.

 

Agradeço a Glaci seu carinho em oferecer as framboesas para nós, servidas em saquinhos de papel, vermelhas e docinhas.

 

Agradeço ao Nelson sua insistência com o uso da palma !

 

Agradeço aos fãs que quiseram fotografar, quanto carinho, me deu vontade de estar no lugar deles!”admiração” diz Nereida.

 

Agradeço a Elenívenes, pela coordenação da lavação dos copinhos de vidro usados para servir o suco na Feira do Menino Deus, com a certeza de que no seu próximo exame de sangue, a diabete já acabou.

 

Agradeço a Nereida nossa relação que permitiu eu telefonar para ela as três horas da madrugada para lembra-la de botar as sementes de molho na água para o dia seguinte.

 

Agradeço a Nereida, já ter posto as sementes de molho antes de dormir, êta beleza de companheiros!

 

Agradeço ao Geraldo nosso abraço no meio da oficina no Jardim Botânico, de pura alegria de estarmos juntos brincando e ser feliz.

 

Agradeço a Nereida querer convidar a Ângela da Coolmeia para almoçar conosco  assim como convida-la para ir para sua casa no Rio de Janeiro.

 

Agradeço ao Geraldo sua flexibilidade em inverter uma situação que antes lhe desagradava em uma outra onde brinca com o mesmo fato: “bochechudo”.

 

Agradeço a equipe ser verdadeiramente solidária , não tendo nenhuma tarefa que seja rejeitada ou privilegiada.

 

Agradeço ao Daniel, ter buscado as colherinhas correndo para a oficina com frutas no Jardim Botanico, prevista para vinte e cinco pessoas, acontecer com oitenta.

 

Agradeçoa Nereida, ter revelado seu humor inteligente, alegre e divertido! Ria de tudo!

 

Agradeço ao Geraldo seu ouvido comprido, que mesmo lavando a louça na cozinha, escutava nossa conversa cobre a criação  de nossos filhos.

 

Ao perfume diferenciado das rosas arreganhadas no jardim dos capuchinhos.

Cheirava uma a uma, quanto mais aberta mais perfume exala.

Ao sol quente de hoje que deixou nos todos morenos!  

 

dia 22/11/03

Agradeço a Nereida dizer que eu devia ir até o saguão para despedir dos meus colegas. Com isso pude conhecer Clara Brandão, que vem ao meu encontro, dando um abraço e conversamos sobre como oferecemos as hortaliças frescas para nossas netas...

 

Agradeço ao Frei Ildo, que conversando sobre o alimento vivo, pediu não somente para provar o suco, como para que eu apresentasse a pesquisa para seus colegas no convento.

 

Agradeço a Fabiana e Joana, companheiras da cozinha as cinco e meia da manhã, tomarem o suco se deliciando.

 

Agradeço ao Geraldo sua flexibilidade adquirida tanto no mercado financeiro quanto com a malandragem nos botequins e morro do Juramento, com a Yoga do Hermógenes, com a barraca da Feira na Puc...tendo sempre que dar nó em pingo dágua.

 

Agradeço ao Daniel sua vontade de vir almoçar conosco.

 

Agradeço ao Gastão sua presença constante, lavando os copinhos de vidro, imprimindo as filipetas para divulgação da apresentação na Coolmeia, pedindo para ser convidado a almoçar conosco.

 

Agradeço a Nereida pedir para eu esquecer a história das lentilhas...tanto atendi ao seu pedido que nem lembro mais qual foi a história.

 

Agradeço a Nereida estar com saudade da gargalhada do neto.

 

Agradeço a Ana Valls, organizadora  do evento da Emater, dizer que está preocupada com a minha fala sobre “ a terra reprograma a semente geneticamente modificada”. Diz que isso acomoda as pessoas que ouvem e elas tem que “lutar contra a transgenia”.

 

Agradeço ao Geraldo querer saber a atuação do alimento vivo no meu corpo.

 

Agradeço a Nereida lembrar que essa história precisa ser escrita.

 

Agradeço a cara que Nereida fez quando contei como faço para perdoar quem estranho.

 

Agradeço a Nereida a camisola rosinha que me emprestou quando eu disse que ia tirar a roupa para ficar nua..dizendo não faça isso Ana que o Geraldo não está acostumado.

 

Agradeço ao Geraldo ter se oferecido para descascar o amendoim trocando de tarefa com a Nereida que ficou cuidando dos morangos orgânicos ofertados.Fez assim porque ele já faz isso com desenvoltura.

 

Agradeço ao Daniel, sua presteza em atender a todas  as nossas solicitações.

 

Agradeço ao Gastão ter tido a iniciativa de registrar todos os nomes e endereços dos presentes na apresentação da Coolmeia. Isso fortaleceu a confiança no caminho que está se apresentando.

 

Agradeço ao Eduardo Cezimbra a produção do projetor de slides e a apresentação que fez para os presentes, dizendo do movimento que faço sem o patrocínio da industria.

 

Agradeço ao Nelson e a Glaci, dizerem que vão acordar as cinco horas para irem tomar o suco nos capuchinhos demonstrando o carinho que tem por esse trabalho.

 

Agradeço a Nereida me mandar tomar banho hoje de manhã...

 

Agradeço conhecer a Ana, filha do Gastão.

 

Agradeço ter lido, sobre a “evolução do homem, partindo do macaco”...tendo o homem como o centro do universo uma visão darwiniana, que é facilmente substituída pela hipótese de Gaia, onde a terra viva redesenha a complementação do verde com o vermelho do sangue  animal.

 

23/11/03

 

Agradeço ir com a Nereida visitar Alfredo seu pai, onde vimos juntas que ele está forte, tem muita saúde e está  alguns anos num quarto de uma clínica, com isso pude ver Nereida derramando seu afeto e alegria em tomar a decisão de vingar essa pessoa que ela ama profundamente.

 

Agradeço as palavras aprendidas : flamante , com a chama do amante.

Canetear, quando o guarda anota a multa do carro.  Bangornada,  quando a porta bate na gente.

 

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