Janelas das Palavras





Equipe:
Roberta Vinhaes
betavinhaes@hotmail.com

Maria Luiza Murce
malu_murce@hotmail.com

Grupo social:

Prof ªAlice de Oliveira Goulart
alicegolmil@gmail.com

Núcleo de Artes de Copacabana
Rua Toneleiros 21, Rio de Janeiro - RJ

Nosso projeto foi realizado no Núcleo de Artes do Copacabana com a professora de teatro e artes literárias Alice Goulart. Ela busca através de suas aulas e recursos, ir além da leitura, escrita e encenação. Seu trabalho é muito pessoal e tem como maior objetivo ver o aluno aprender mais sobre si mesmo e respeito do que sobre as matérias em si. Foi isso que nos conquistou, facilitando nossa escolha de onde realizar o projeto.

Em dois dos quatro primeiros encontros que tivemos, a professora realizou a atividade chamada “Janelas do meu nome”, onde o aluno deve, com as letras encontradas em seu nome, descobrir outras palavras e, com elas, escrever uma história sobre seu nome e sua origem. Alice sempre concilia a literatura com um assunto pessoal, criando uma aproximação entre os alunos e a matéria.

Enquanto assistíamos a dinâmica de aula, anotávamos o que víamos, sentíamos e ouvíamos e concluímos os primeiros quatro encontros com um vasto banco de dados sobre aquele universo que adentrávamos.

A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular de Alice, reconhecemos como tema para o projeto: “As palavras são como janelas que se abrem para novos significados, imagens, ações e descobertas necessárias para a valorização das identidades dos alunos”

A frase é uma ótima síntese do trabalho da professora que, se apropria das palavras em suas diversas dimensões. Um exemplo disso foi quando em uma de suas aulas, nossa parceira pediu que os alunos fizessem um poema com seus nomes e depois, um desenho para acompanhar, abrindo os olhos (e janelas) das crianças para como cada um é diferente e se expressa do seu próprio jeito.

Definido o Partido Adotado, passamos por ainda mais uma fase de experimentação, dessa vez já mais direcionado. Realizando novamente a dinâmica do quente frio, o que nos apresentou o experimento mais próximo a Frase-Objetivo, um origami com infinitas possibilidades, que seria a base para a criação do nosso protótipo final:

Origami com trinta e duas aberturas divididas em quatro categorias (ação, personagem, lugar e adjetivo) onde cada abertura revela um cartão com imagem ou palavra.

Para construir esse protótipo, estudamos diversos mecanismos e materiais e concluímos o que funcionou melhor. Construímos o origami com o tecido brim de algodão estruturado com papel paraná. Os cartões são em papel 180g plastificados que são guardados nos bolsinhos que ficam nas dobraduras.

Durante o uso do protótipo, o aluno pega um cartão de cada cor, cada categoria é representada por uma cor diferente, e, juntando o cartão sorteado de cada uma das quatro categorias, o aluno faz um esquete mostrando quem ele é, como ele é, onde ele está e o que está fazendo, para os outros alunos adivinharem. Esse protótipo explora as dimensões da palavra e as dimensões do teatro favorecendo a demonstração da diversidade de pensamento entre os alunos, valorizando o que cada um tem de especial.

Tendo a frase conceito como base, elaboramos vinte experimentos, que após utilizados, foram organizados pela professora em uma linha de quente frio de forma a nos mostrar qual estava mais próximo de sua metodologia de ensino. Com esse esclarecimento, definimos nosso partido; Deveríamos criar um objeto que tivesse diversas aberturas, com infinitas opções e que explorasse as muitas dimensões da palavra.

Roberta Vinhaes:

Quando meu namorado me conheceu, no meio do meu projeto 1, logo me disse, você tem que pegar projeto com a Ana Branco. Ele não havia feito essa matéria e a recomendou pelo simples fato deu gostar de suco verde e por achar que a metodologia de gratidões combinava comigo. Mal sabia ele o quanto além disso esse projeto vai e, mal sabia eu, o quanto eu cresceria em menos de seis meses.

Esse projeto, embora realizado em dupla, envolve uma grande família, cujo lar é a barraca, alimentação o suco de luz e a única coisa em comum entre tantas pessoas, é o amor e respeito. Em um ambiente como esse fica fácil fazer um projeto.

O outro ambiente frequentado por mim e minha dupla era a Oficina da Palavra, nome justo já que lá não se aprende palavra, se cria. A mestra das palavras, Alice, foi nossa parceira, e honrou esse título pois vivemos uma verdadeira parceria.

Nos inserindo assim em dois diferentes universos e duas diferentes famílias, criamos, após um longo processo e muitas gratidões, o origami “As janelas das palavras”.

Convivendo com tantas pessoas incríveis tão de perto, recebi um mar de aprendizado. Aprendi um novo olhar da vida (e quanta vida! ) com a Ana Branco, aprendi o poder do sorriso do Vicente, aprendi que para se dar amor não precisa se ver com a Socorro, aprendi que o desenho põe um pedaço de mim no papel com a Lu, aprendi que a sabedoria não tem idade com Raoni, aprendi que o riso da Taiane cura qualquer problema, aprendi que fazer dupla, é quando duas pessoas se dão as mãos e aceitam virar uma só com a Malu, aprendi que família pode se criar com a turma e aprendi a agradecer.

As gratidões feitas ao longo do projeto, eram inicialmente muito difícil, mas quando entendi o que eram, ficou fácil, difícil ficou parar de agradecer. Foi incrível ver que tudo o que acontece gera algo dentro de mim e por isso estamos mudando e crescendo o tempo todo.

Esse projeto, agora finalizado, vejo que representou pra mim um crescimento enorme, mas não um qualquer, um crescimento que eu acompanhei e compreendi através dos agradecimentos.

Lembro que no primeiro dia, em uma roda de gratidões, uma aluna agradeceu por ter a chance de fazer uma gratidão. Se naquele dia, meses atrás, a gratidão já foi valorizada, agora me faltam palavras para explicar sua importância mas posso dizer que, foi através dela que conheci muitas pessoas incríveis, sendo uma delas, eu mesma.

Agradeço a minha dupla Malu por ter me provado que é possível um trabalho em dupla onde as duas partes trabalhem com a mesma dedicação e esforço. Sempre preferi fazer trabalho individual por achar muito difícil dividir um trabalho de maneira justa ou lidar com as divergências de opinião, porém, nesse trabalho, Malu me provou que eu estava errada todos esses anos. Ao longo de todo esse tempo, em nenhum momento me senti abandonada ou trabalhando demais ou de menos e, dado que o trabalho durou meses, isso é alguma coisa. Minha dupla sempre demonstrou preocupação comigo e com a nossa relação além do projeto e acredito que, por isso, foi possível um trabalho tão harmônico, pois nos tratamos com respeito e responsabilidade de trabalho mas com o amor e companheirismo de amigas. As atitudes da Malu geraram em mim que a relação da dupla influencia muito no resultado final. Ter uma segunda pessoa desenvolve o pensamento, a capacidade de convivência e muitas coisas são aprendidas pelas duas partes. Enquanto antes preferia trabalhar individualmente por ser mais fácil de me organizar e saber minhas capacidades, agora que sei o que é um verdadeiro trabalho em dupla, vejo o quão melhor é, graças a minha dupla nota mil!

Agradeço a nossa intercessora Alice por ter me mostrado o poder das palavras. Desde que entrei em sua sala pela primeira vez sabia que tinha algo muito cativante sobre o nome que ela havia dado de Oficina da Palavra e, hoje, depois de meses frequentando esse ambiente, entendo o que foi. Enquanto muitos alfabetizantes ensinam palavras, a ler e escrever, Alice ensina a criar palavras, construir elas pedaço por pedaço e não só a lê-las e escrevê-las, ela ensina as crianças a enxergar além delas. Aos meus dezenove anos, sinto que acabo de aprender a língua que falo desde que nasci pois essa convivência com nossa parceira, me fez abrir as janelas das palavras. Isso gerou em mim enxergar história, beleza e vida em tudo a nossa volta. Que essas janelas jamais se fechem!

Maria Luiza Murce:

Quando optei por fazer o projeto da Ana Branco e do Vicente, estive certa que iria gostar, além dos comentários, o ambiente já me agradava, a tenda, a alegria dos professores, o suco de luz. Todos esses itens foram pretextos para eu escolher esse caminho, porém quando dei início a essa jornada vi que era muito além disso.

Sempre quando me pergunto o que aprendi e porque gostei tanto de fazer esse projeto me vem mil respostas a cabeça, que nem eu mesma sei definir.

Bom, acredito que o meu maior aprendizado durante esses meses foi a valorização do amor, agradecendo por cada gesto de outro ser humano pude perceber o quanto é importante esse sentimento. Através dele conseguimos superar muitos obstáculos, a Beta, minha dupla, foi um grande exemplo disso, nossa amizade, companheirismo e parceria foi a peça chave para o desenvolvimento de um trabalho tranquilo e planejado. Além disso contei com colaboradores incríveis: Ana, Vicente, Socorro e Lu foram grandes professores, eles conseguiram resgatar o que estava perdido a muito tempo em minha vida, a relação carinhosa de entre professor e aluno.

Além de tudo isso, acredito que aprendi o verdadeiro significado da gratidão, muitas vezes esquecia de retribuir a algumas pessoas por algo bom que ela tinha feito por mim, esse gesto as vezes passava despercebido. Com a gratidão, consegui ficar mais atenta e valorizar as coisas boas que as pessoas fazem não só à mim como a sociedade em geral.

Nunca irei esquecer do que passei durante esse projeto, as amizades feitas, os erros concertados, os conselhos e opiniões dos professores, a dupla incrível que tive, enfim todos os momentos serão guardados com muito carinho no meu coração.

Agradecer a minha dupla Roberta é muito difícil, durante todo esse processo tenho mil agradecimentos a ela, mas acho que agradecer a ela por sempre ser minha companheira em todos os momentos, tanto dentro quanto fora do projeto, pode resumir tudo. Portanto, agradeço a Beta por ao longo de todo o projeto nunca me deixar de mão, sempre se preocupando se eu estava bem, vendo minha opinião, enfim, por dividir todos os momentos comigo. Gerando em mim perceber que ter uma dupla assim que nem a Beta é essencial para o desenvolvimento de um projeto prazeroso, através disso conseguimos trocar experiências, conhecimentos e construir uma amizade de verdade.

Agradeço a nossa intercessora Alice por sempre estar disposta a utilizar e opinar em qualquer coisa que levássemos a ela. Ver que Alice realmente se importava em concluir um bonito projeto, só me fez acreditar cada vez mais e lutar para que o produto final ficasse do jeito que ela queria.

Conclusão intercessora:

O projeto delineado por vocês chegou a uma reflexão que tem como respaldo as palavras de Bartolomeu Campos Queirós (Multieducação pg.160).

“Encontrar prazer no trabalho com a língua, viver dela, tratá-la com tanta intimidade, sem rancor, sem barreiras, deve ser tarefa de todos nós, seus falantes e usuários. Sentir-se livre para falar, brincar, descobrir os mistérios das palavras

O texto e eu; se olho demoradamente para uma palavra, descubro, dentro dela, outras tantas palavras. Assim, cada palavra que, ao me encantar, também me dirige. E vou descobrindo, desdobrando, criando relações entre as novas palavras, que dela vão surgindo. Por isso digo sempre é a palavra que me escreve”Assim ao experimentarmos com os alunos o presente que nos foi dado em forma de um design útil, criativo e bem feito, concluo que só há enriquecimento nessa troca entre Educação Pública e Universidade. As cartelas do objeto construído estabelecem um link entre a oficina de Arte Literária e a de Artes Cênicas; quando os alunos são desafiados a criarem personagens, com suas características e, através de gestos e palavras determinam suas ações e os lugares onde elas acontecem (quem, como, o que, onde).

Disciplina: DSG 1002
Turma: 1AC
Professores: Ana Branco e Luis Vicente

e-mail: ana.branco@rdc.puc-rio.br

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