Juliana Rangel CONCLUSÃO 2016.1
Agradecimentos das aulas de Biochip
Dia 07/03/2016
Senti curiosidade enquanto desenhávamos nossa teia. Não sabia direito o que iria acontecer. Nos
conectamos pelas cordas, e para sair da sala -a nossa zona de conforto- foi difícil. No caminho vi
algumas teias de aranha, perfeitas, conectadas também. Me senti parte de uma teia de aranha.
Esticamos as cordas e confiamos uns nos outros deixando nossos corpos se entregarem ao
conforto, me senti invadida de paz. Fechando os olhos senti que fazia parte de tudo aquilo, não só
da teia, mas das arvores a minha volta, do chão nos meus pés, dos sons dos bichinhos ao nosso
redor, do ar, os movimentos todos faziam sentido. Quando desfizemos a teia era outra, estava
relaxada, como se estivesse acordando de um sonho bom. Deu saudade.
Dia 11/03/2016
Eu agradeço a corda por nos conectar. Ela mostra tudo e todos trabalhando em conjunto,
resolvendo os problemas por meio dessa conexão e percepção do que o outro precisa para
podermos equilibrar nossa estrela. O que também acontece na nossa vida cotidiana. No entanto,
nada disso está relacionado com a linguagem, ela não nos ajuda nesses momentos. é o
sentimento que vem de dentro, quase como um impulso que proporciona o entendimento
completo do todo. Agradeço a corda por me ensinar que as coisas mais importantes não precisam
ser ditas e sim, sentidas.
Dia 14/03/2016
O desenho com a cenoura foi importante para que eu aprendesse que o corte influencia
diretamente no gosto dos alimentos. Podendo assim, utilizar a criatividade de acordo com o
objetivo que queremos atingir com um prato. É muito interessante porque na verdade não acho
que conheça bem os alimentos que ingiro e por isso não aproveito ao máximo como deveria. A
cenoura pode ser doce, salgada, crocante, cremosa etc. É uma boa pratica para o nosso ser
criativo e para não desperdiçarmos nutrientes, nem alimentos.
Dia 21/03/2016
A corda de rami me ensinou mais uma vez conexão de tudo o que existe. A natureza compartilha
energia, e nós, como seres provenientes dela, também compartilhamos. Todos os seres vivos são
igualmente importantes para a construção desse equilíbrio que devemos viver. Por isso é
importante que nós, humanos, modifiquemos nossa atitude perante a vida. O respeito à terra, ao
outro, ao seu corpo, isso tudo é necessário para que o equilíbrio aconteça. As cordas são um
perfeito exemplo disso. Quando nos amarramos nas cordas, encontrei possibilidades de
movimento e de conforto através dos momentos de desconforto. Consegui perceber meu corpo
todo interligado. Um lado ajuda o outro a se mover, a se curar, a resolver problemas que
aparecem para nos desequilibrar. Não devemos destruir a nossa natureza, o nosso equilíbrio, para
encontrar conforto. Devemos trabalhar junto com ela para encontrá-lo.
Dia 01/04/2016 Agradeço ao repolho e a cenoura por fazerem parte do meu aprendizado em fermentação. Tenho percebido cada vez mais que os alimentos tem múltiplas possibilidades e que não podemos nos contentar apenas com a alimentação convencional a qual somos submetidos desde que nascemos. Também gosto da relação que construímos com o alimento a partir do preparo. Isso gerou um cuidado maior com o que vou botar para dentro do meu corpo. Gratidão pelos nutrientes que trabalham dentro de mim, que trazem vida. Ainda vou descobrir os efeitos da fermentação no resto desses dias e agradeço pela sensação de novidade e curiosidade que essas práticas têm despertado em mim.
Dia 11/04/2016 Agradeço a argila pela sua maleabilidade. Me trouxe uma sensação de liberdade total. Senti a terra me dando várias possibilidades de criação. Fiz muitas formas com a argila, a terra estava ali para mimm, para que eu e ela trabalhássemos juntas e formássemos cada vez mais possibilidades. Essa é uma prática que o homem vem esquecendo. Trabalhar em conjunto, respeitar o outro, conviver.Agradeço a argila mais uma vez pois com ela veio o cheiro do mangue, aquele cheiro de vida e amor, que às vezes a gente esquece um pouco nessa “concrete jungle”.
Dia 24/04/2016 Agradeço a todos os alimentos que usamos hoje por trazerem energia para o meu corpo e me permitirem a descoberta de novas formas de me nutrir. Os gostos variam totalmente com o corte e me provaram que no fundo uma batata e uma maçã podem ser realmente muito parecidas. Pomme de terre et pomme. Essas me ensinaram mais uma vez a me permitir mais a experimentar coisas que normalmente julgamos estranhas. Misturar todos esses alimentos foi uma forma de expandir meus horizontes .
Dia 09/05/2016
Para mim as conchas sempre representaram lembranças. Fui uma criança que cresceu na praia e
em toda areia que eu pisava, além de brincar de castelo e procurar tatuís, também catava
conchinhas. De vez em quando ainda pego umas conchinhas hoje em dia, e há alguns anos atrás,
juntei tantas que fiz delas um espelho. Mas nesse espelho eu raramente vejo o meu reflexo, e sim
muitas lembranças da praia e do mar e da minha infância. Brincar com as conchinhas me traz paz,
me faz voltar a ser criança, é como uma onda de amor invadindo o coração, alguma coisa que
desperta os males do mundo. Enquanto a Ana contava a sua história com os caramujinhos me
identifiquei porque vivo uma parecida. Eu brincava tanto com os tatuís, era coisa de arrastar o
dedo na areia molhada e apareciam vários. Depois que eu cresci eu parei de vê-los. E volta e meia
quando estou na praia eu lembro deles com uma sensação de que aquele lugar sofreu algum
desequilíbrio ecológico. É provável que o único desequilíbrio tenha sido dos meus olhos. Eles não
vêem mais igual na infância, quando eu descobria as pequenas maravilhas do mundo. Talvez se eu
prestar mais atenção elas voltem a se mostrar para mim. Agradeço as conchinhas por me
lembrarem da minha essência infantil inocente, mas desbravadora.
Ponto de mutação
O filme é muito sensível, muito bonito. Agradeço por ter auxiliado para esse maior entendimento
da interconexão do mundo. Nós, seres humanos, nos desenvolvemos tanto em alguns sentidos
mas somos tão atrasados em outros. Nosso pensamento continua cartesiano, nossas escolas
funcionam da mesma forma que ha 50 anos atrás, alguns conceitos continuam medievais. Ao
longo dos anos já percebemos que somos responsáveis por mudanças climáticas, pela destruição
de ecossistemas. Vivemos em um mundo onde 800 milhões de pessoas passam fome e 1% da
população tem mais dinheiro que os outros 99%, e nós achamos normal. Nós não convivemos,
nós sobrevivemos destruindo o outro. Desequilíbrio total. Esse filme é uma aula para a
humanidade.
Camelos também choram
Filme incrível. Agradeço por ter assistido uma obra tão delicada. Espero que um dia tenhamos
mais sensibilidade e mais sabedoria para tratar os animais como eles merecem. Com um
sentimento de fraternidade. Eles também sentem, e agimos como se fossem seres sem emoções,
passíveis aos nossos caprichos. Os humanos e os camelos desse filme me ensinaram a amar um
pouco mais.
La belle verte
Muito bonito de ver. Agradeço pelas lições tiradas desse filme. Gostaria muito de ver um dia em
que a nossa sociedade consiga ser mais avançada em relações a várias questões. Hoje existem
mais carros e celulares que seres humanos. As pessoas se tratam com frieza e violência. O ser
humano é individualista, egoísta. Matamos outros animais para comê-los, ignorando o fato de
que eles são seres tão importantes quanto nós. Nossa sociedade celebra a morte e não a vida, o
lucro e não o bem estar de todos. La belle verte é uma celebração a vida e uma grande
aprendizagem.
Dia 06/05/2016
Os filmes “Dança das sementes” e “Horta brasileira” foram muito importantes para que eu
percebesse que nós não damos tanto valor aos alimentos locais e que isso afeta diretamente no
ecossistema do nosso país. Já sabia do controle de sementes por grandes empresas como a
Monsanto. Um documentário espetacular do Michael Moore (Food, Inc.) já havia me mostrado
isso. Mas não tinha noção que o Brasil também estava perdendo a sua biodiversidade. A “Horta
Brasileira” me mostrou como o sistema de agrofloresta é totalmente possível, mais econômico e
produtivo que uma horta normal. Não conhecia esse sistema e gostei muito saber que existem
opções alternativas para o plantio.
Dia 13/05/2016
“A carne é fraca” foi essencial pra minha vida. Agradeço por ter assistido esse
documentário, que apesar de triste nos faz refletir sobre como estamos tratando nossos irmãos,
os animais. Depois que assisti resolvi parar de comer carne. Isso já era uma questão na minha
vida, sempre dizia que um dia iria parar, mas usava a desculpa de que por morar com pessoas
carnívoras seria muito complicado pedir que fizessem mais um tipo de comida para mim. Percebi
que esse discurso não passava de uma hipocrisia minha, e desde então não consegui mais comer
nenhum tipo de carne.
Dia 16/05/2016
Agradeço a mandioca por me mostrar as múltiplas possibilidades que possui. Podemos usá-
la de várias maneiras. Também agradeço por me ensinar um pouco mais a trabalhar em grupo.
Essa conexão que temos uns com os outros precisa ser aproveitada para criar um mundo melhor
com menos individualismo e mais solidariedade.
Dia 30/05/2016
Agradeço as frutas que utilizamos por me ajudarem a entender um pouco mais sobre o
funcionamento dos ácidos e neutros no nosso corpo. Não comerei mais salada de frutas da
mesma forma. Foi lindo ver como cada um montou sua arte em forma de alimento e foi mais uma
prova de que quando comemos colocamos para dentro uma oferenda para os nossos deuses
interiores. Os desenhos e os gostos estavam maravilhosos e foram muito importantes para que eu
concretizasse na minha mente que a comida é muito mais gostosa quando apresentamos um
prato com uma composição bonita.
03/06/2016
Já havia visto “Super Size Me”, já não como “fast food” há um bom tempo. O gosto me
parece horrível, o cheiro não me atrai, sei que faz muito mal para o nosso corpo, além de saber qu
o dinheiro gasto em uma promoção do Mc Donalds, por exemplo, poderia servir para comprar
alimentos muito mais gostosos e nutritivos. Mesmo assim foi muito bom reforçar essa ideia na
minha mente e poder lembrar meus amigos e família o quanto esse tipo de alimento é danoso
para o nosso corpo.
Dia 13/06/2016
A canjica de banana foi de longe uma das melhores coisas que já comi na minha vida.
Agradeço aos ingredientes utilizados, mas também agradeço muito a Ana que nos passou essa
receita maravilhosa e mais uma vez nos ensinou que não precisamos seguir os padrões impostos
pela nossa sociedade. Eu particularmente nunca gostei muito da canjica tradicional. Achava muito
doce, um gosto meio estranho também. E saber que existem outras formas de comer canjica me
alegrou muito, porque eu AMO festa junina e suas comidas. Na próxima festa junina que eu der
com certeza farei uma canjica de banana.
Dia 17/06/2016
Brincar com a areia foi maravilhoso. Me senti criança novamente. Eu brincava com os meus
dedos na areia que estava em cima da prancheta e toda vez saía um desenho diferente e
inesperado. Eu interpretava aquilo com os meus olhos infantis, minha imaginação e fiquei muito
feliz, muito relaxada. Agradeço a areia pelas múltiplas possibilidades, pela sua maleabilidade. Ela
também me ensinou a ser mais flexível nas minhas opiniões, a ouvir o diferente e aceitá-lo
melhor.
No mais, agradeço a você Ana, por me ensinar tanta coisa nova, por me mostrar que não precisamos seguir esse fluxo doentio que a sociedade nos impõe e por provar sempre que há maneiras diferentes e boas de se viver nesse mundo, mesmo que a situação política, econômica do nosso país esteja caótica. Esses últimos meses me fizeram um bem imenso, você nem sabe o quanto. Me emociona muito ver que você continua inspirando as pessoas há tanto tempo e não abriu mão de ser esse ser especial que você é para ter uma vida mais fácil, mais confortável. Porque o mais fácil nem sempre é o melhor. Muito obrigada pelo carinho, e por dividir momentos tão especiais comigo. Desejo tudo de melhor pra você sempre e espero que os seus ensinamentos rodem o mundo e inspirem milhares de pessoas. Eu mudei muito, a forma de pensar, a forma de agir, de me comunicar e me alimentar. E tentarei mudar as pessoas a minha volta, fazê-las aprenderem a CONVIVER com a natureza, e não destruí-la. Um beijo grande!
Juliana Rangel