Gabriela Schiller CONCLUSÃO 2016.2



Agradeço às aulas de biochip por terem me colocado fora da minha zona de conforto, pois acredito que é só quando isso acontece que conseguimos evoluir de algum jeito.

Ter tido contato com minhocas, com terra, com alimentos os quais não estou habituada e até alimentos que não gosto... Tudo isso foi muito importante para que eu pudesse abrir minha cabeça e ter novas experiências. Ao longo das aulas, compreendi o valor não só da alimentação, mas do preparo - algo que nunca dei tanta importância.

Compreendi que a alimentação é um ritual, e que é possível nos alimentarmos melhor apenas mudando nossas escolhas e driblando nosso paladar que é tão cheio de vícios.

Agradeço a aula da festa de natal pois em seu início definimos a receita de comida viva que traremos no dia da festa da prova. Agradeço pela liberdade que nos foi dada de podermos escolher quaisquer ingredientes, pois eu escolhi fazer sushi vegetariano vivo. Comida japonesa é uma grande paixão minha, e poder ter a experiência de fazer sushis vivos gerou em mim o conhecimento de que não há restrições quando se trata de uma boa alimentação, podemos fazer tudo apenas com alimentos vivos. Sendo assim, acredito que criar versões vivas de comidas que amamos seja um meio de introdução a essa nova alimentação muito eficaz, pois além de tudo é prazeroso. Faz bem para o corpo e para a alma.

Eu agradeço a corda de sisal pelo fato do momento de tensão que ela proporciona. Isso gerou em mim a consciência da minha importância e ao mesmo tempo da minha insignificância em relação ao todo, pois mesmo no momento em que eu saí da rede, a mesma se manteve funcionando perfeitamente.

Eu agradeço a corda de sisal por ter me mostrado que é possível confiar na rede mesmo após a mesma ser redesenhada, pois entendi que não importa a configuração das cordas de sisal e as mudanças no desenho que fazem, mesmo nós saindo da rede em que estamos e entrando em uma nova rede. Isso gerou em mim o sentimento de que podemos confiar no "novo", no desconhecido.

Eu agradeço às cenouras por terem me mostrado seu universo de formas e sabores - um universo até então pouco explorado por mim - pois isso gerou em mim o entendimento de que um mesmo alimento pode ser apreciado e consumido de várias maneiras diferentes, cada uma com seu sabor particular.

Eu agradeço ao repolho branco, ao repolho verde e à cenoura por terem permitido que a mesa na qual eu estava "trabalhando" funcionasse em equipe, dividindo os cortes entre todos do grupo, assim como os equipamentos do estojo, pois isso me mostrou o quanto é mais prazeroso e produtivo quando o trabalho é realizado em grupo, de forma cooperativa, incluindo a todos, do que individualmente.

Eu agradeço à aula de hoje por ter me mostrado que tudo é uma questão de escolha, pois isso gerou em mim o sentimento de que eu tenho esse "poder" de fazer minhas próprias escolhas - não apenas em relação à alimentação, mas qualquer outra questão. A atividade da fermentação me mostrou que nem tudo (na verdade, quase nada) está sob nosso controle, e que isso não é um problema, e sou muito grata por isso.

Agradeço a argila por ter me mostrado que simplesmente aproximar as partes construídas por cada um não representa sua união, entendi que o verdadeiro coletivo não se faz apenas por aproximar essas partes, mas sim por de fato uni-las, estabelecendo conexões, contato entre elas.

Agradeço a abóbora, ao repolho e a beterraba por terem despertado em mim um olhar diferente para esses alimentos, olhar este que passa batido no dia-a-dia, mas que hoje me permitiu enxergar e admirar a beleza de suas cores, e também seus sabores.

Agradeço ao pilão por ter me proporcionado uma experiência de sincronismo entre movimento e coração. Soltando o batedor do pilão conforme as batidas do coração, senti que a respiração também entrou em sincronia, e acredito que entendi naquele momento o que fazer algo "de coração".

Agradeço a terra por ter me mostrado como ela é completa e perfeita por si só, possibilitando a seus organismos evolução e multiplicação, tornando-a cada vez mais alcalina e aveludada. Teve uma frase em específico dita pela Ana que me fez pensar: "o medo ocupa o lugar do amor". Agradeço, assim, a terra, por também ter gerado em mim o sentimento de que venci meu medo/nojo de minhocas e etc, e consegui apalpar e mexer na terra.

Agradeço a cebola, que apesar de não ter sido manuseada por nós, foi esquentada no final da aula, enquanto comíamos as sopas, para mais uma vez enganar nossos sentidos. Consegui sentir o cheiro da cebola e isso provavelmente me ajudou a gostar mais ainda da sopa servida, pois gerou em mim a sensação de que tratava-se de uma sopa como as que eu estou habituada a comer (apesar de não ser), facilitando esse novo paladar. Assim pude entender que a alimentação é feita de escolhas que, somadas, constroem nosso hábito. E não é fácil nos desabituarmos a comer da forma que comemos, mas a cebola me mostrou que há diversas coisas que podemos fazer para driblar os bloqueios que temos e, aos poucos, irmos confundindo nosso cérebro até nos acostumarmos com novas formas de alimentação.

O filme Super Size Me foi muito impactante. Agradeço por ter assistido e compreendido ainda mais o quanto os alimentos que ingerimos interferem não apenas na nossa aparência, mas também saúde e psicológico. Isso me fez repensar em todo o meu hábito alimentar em todas as vezes que fiz más escolhas - e confesso que não foram poucas as vezes em que isso ocorreu. Para mim, o filme funcionou como uma auto reflexão.