JOANA GREGORY CONCLUSÃO 2016.2



Dia 06/09/2016
Agradeço a corda pelo fato de me fazer testar minha confiança no outro, ao soltar o peso do meu corpo dependendo da sustentação do grupo. Pelo exercício de trabalho em grupo, já que eu tenho muitas dificuldades em depender de outros e não apenas de mim mesma. O exercício também me proporcionou uma sensação de relaxamento, ao deixar a corda sustentar meu peso, e descobrir qual ponto do meu corpo é o ideal para sustentação. Ao fim do exercício senti uma leveza no corpo, depois que tirei a corda, me senti relaxada, como se tivesse tirado um peso do meu corpo; e tirei, quando me deixei levar pelo trabalho e me libertei completamente do meu peso.

Dia 13/09/2016
Eu agradeço aos alimentos, ao repolho verde, o repolho roxo e a cenoura que me permitiram conhecer a origem das cores e observar também como elas são fortes e não se misturam mesmo pressionadas dentro de um recipiente. O que me fez ter um conhecimento maior sobre a disposição das cores. Também um novo conhecimento sobre comer alimentos vivos. Além disso agradeço a experiência de ter manuseado os alimentos, ralado, cortado, o que me fez esquecer de tudo que se passava na minha cabeça e focar apenas naquele trabalho manual, trazendo uma sensação de paz.

Dia 15/09/2016
Eu agradeço aos alimentos vivos, ao potinho de repolhos e cenoura que levei para casa na última aula, e observei nele como as cores desses alimentos não se misturam e o contraste das cores. Ao conhecimento do processo da fermentação, uma completa novidade para mim, que cozinho tudo antes de comer. Foi bom aprender um jeito mais saudável e de certa forma mais espiritual, pois fico mais em contato com os alimentos. Trabalhar com os alimentos, manuseá-los, essa experiência de reza com os alimentos vivos foi como uma terapia para mim pela manhâ, antes da minha tarde cansativa de aulas. Ter essa aula antes de todas me faz um bem de verdade, já começo o dia com muito mais calma do que normalmente começaria.

Dia 27/09/2016
Agradeço a argila por me dar uma visão prática de como o homem é capaz de alterar as formas da natureza, o que pode ser positivo ou negativo. Como com a mão podemos alterar as formas da argila, fazendo mais força, ou modelando. De novo digo que me sento em algum tipo de terapia, me permitindo usar minha força em algum que não me traz mal. Agradeço pela oportunidade de sentir a terra em minhas mãos e estar em contato com a natureza trazendo calma para o meu dia após essa meditação, essa saída do caos que é a faculdade para dentro da natureza e suas energias.

Dia 22/09/2016
Agradeço ao filme que assistimos, “camelo também choram”. O filme me fez sair do meu mundo, da minha realidade, e observar algo muito diferente do meu dia a dia. Numa comunidade onde os habitantes vivem em maior contato com os animais e a natureza. Em mais sintonia com por exemplo os camelos e entre si. Me proporcionou uma reflexão sobre aceitação e respeito, respeito dos humanos pelos animais e as tentativas de fazer o camelo albino ser aceito pela mãe. E as pessoas conseguem com que a mãe deixe o camelo mamar, permitindo assim que ele sobreviva. O filme traz uma reflexão sobre aceitar e diferenças e ajudar uns aos outros, o que os habitantes daquela área da Mongólia fizeram pelo camelo albino é um exemplo a ser seguido, algo que podemos aplicar em nossas vidas. Ajudar uns aos outros, e ajudar todos a serem incluídos apesar das diferenças. Afinal, somos todos seres vivos e temos emoções, todos merecemos respeito e de jeito nenhum merecemos exclusões. Precisamos de apoio para sobreviver. Precisamos aceitar todos, a exclusão só fere vidas. Tanto no filme, como na minha realidade, compaixão pode salvar uma vida e mudar a visão de mundo de alguém. Faz bem para mim, para todos ao meu redor, não só humanos mas todos os seres vivos dar e receber amor, apoio e aceitação.

Dia 06/10/2016
Eu agradeço as conchas por terem me feito refletir. Ao segurá-las e senti-las não sei se consegui “virar concha”, mas tê-las em mão me trouxe uma sensação muito boa de nostalgia, uma memória de infância, quando eu ia à praia com meus pais e meu irmão, viajava para a região dos lagos. Na praia, eu criava uma missão, eu procurava conchas e buscava a mais bonita da praia. Começava sozinha essa busca depois convencia a família toda e entrar nessa missão e juntos procurávamos e competíamos sobre quem achava a concha mais bonita. Nessa época tínhamos uma união que hoje em dia não existe mais e devido a todas as memórias difíceis eu esqueço que tivemos bons momentos juntos. Nessa aula as conchas me lembraram desses momentos e me levaram para muitos anos atrás, para uma época maravilhosa. Essas memórias mexeram comigo, me deram saudade, mas felicidade pelas recordações. Eu agradeço muito mesmo por essa aula. Há muito tempo não lembrava de bons momentos com meus pais. Me deu amor no coração, fechei os olhos e foi como se eu tivesse na praia de arraial do cabo com 8 anos de idade e várias conchinhas na minha mão. Acho que de certa forma consegui virar concha sim, virei as conchas que eu encontrava nas minhas aventuras de criança.

Dia 18/10/2016
Agradeço ao alimento vivo, agradeço ao aipim, nunca cheguei nem perto de fazer farinha, sempre achei mais prático comprar tudo no mercado. Tendo essa aula vi como era simples, e que não tinha porque eu me prender as limitações comerciais. É muito mais saudável e gostoso transformar os alimentos você mesma. Além do gosto ficar melhor, o sentimento de troca de energia que é gerado durante o preparo é impagável.

Dia 20/10/2016
Agradeço ao pimentão, o coentro, a lentilha e a cebola, pelo fato de que nunca tinha pensado em combinar esses ingredientes, não sabia que a mistura de tais alimentos podia dar tão certo. Fizemos bolinhos e de todas as comidinhas que fizemos ao longo do período acredito que foi essa a que eu mais gostei. Gerou em mim uma sensação de satisfação e felicidade, pois sei como é difícil me agradar quando a questão é comida. Toda a matéria de biochip me fez refletir muito e buscar novas combinações, tentando encaixar no meu gosto, aprendi a fazer alimentos de uma forma muito mais saudável do que a que sempre utilizei.

Dia 01/11/2016
Agradeço a terra de 1 mês, a terra de 6 meses, a terra de 12 meses pelo fato de poder observar como os animais se utilizam do que nós descartamos, por me proporcionar a experiência de parar e observai animais que em muitos momentos sinto um certo nojo. Hoje, pelo contrário, estava os observando com muita atenção, e vendo cada movimento que eles faziam. Acho que nunca tinha parado para observar de fato, apenas evitava o contato. Isso gerou em mim então uma sensação de conexão maior com a terra e a natureza, aspecto que gostaria de explorar mais e agora me pergunto por que passei tanto tempo evitando esse tipo de contato.

Dia 08/11/2016
Agradeço ao aipo, ao arroz de cevada (o qual eu desconhecia até esta aula), ao pimentão, a cenoura, a maça e ao curry. Esta foi uma das poucas aulas na qual esquentamos o alimento. Não muito, apenas até a “temperatura ambiente” ou a “temperatura do nosso corpo”. Aprendi que não é necessário ferver uma comida. Ou expô-las â temperaturas absurdamente altas para que o alimento fique gostoso. Pelo contrário, quando submetemos o alimento a esse cozimento “tradicional” acabamos perdendo toda a essência daquela comida. Isso gerou em mim

Dia 22/11/2016
Agradeço ao fogo, elemento pouco valorizado pelo homem mas tão incrível. Agradeço ao conhecimento da energia do fogo, da vida própria que ele possui. Particularmente, fogo me dá um certo nervoso, tenho medo de acidentes. Mas na verdade, o fogo não é um monstro como ele é mostrado por muitos. Fogo é energia, calor, vida. É consequência mais do que causa. É um elemento com o qual o ser humano pode viver em completa harmonia. Agradeço por essa aula ter gerado em mim uma curiosidade, uma vontade de estudar mais sobre tal elemento tão simples e complexo ao mesmo tempo. Agradeço aos livros que guardam tanto conhecimento, de todo os tipos, antigos e atuais, nos permitindo explorar cada vez mais as pequenas coisas.

Dia 01/12/2016
Agradeço a oportunidade de conversar com os baloeiros, não fazia ideia que a arte de soltar balão era tão incrível. Na verdade, só tinha a visão passada pela mídia, de perigo, ilegalidade. Fico grata pelo fato de ter conhecido melhor essa arte, tomado conhecimento de que não, não é algo que se solta apenas em época de festa junina e quando cai faz tudo pegar fogo. Agradeço muito pelo conhecimento que adquiri, um tipo de tabu e um estereótipo que foi completamente desmentido depois de assistir o documentário e ouvir o casal de baloeiros. A conexão com o fogo, os desenhos, todo o processo de montagem e a emoção no rosto dos participantes do documentário ao ver seus balões no céu, num vôo que dura aproximadamente 15 ou 20 minutos mas que para eles são os minutos mais incríveis e que fazem todo o trabalho valer a pena. Descobri que soltar balão é arte e não crime. Descobri que é uma das artes mais bonitas e emocionantes que tem. Entrei junto na torcida para regulamentação de tal arte, não existe absurdo maior do que privar o ser humano de cultura, demonizando o fogo e reprimindo conhecimento e experiências. Espero um dia poder assistir um show de cores e iluminação, com o céu coberto de balões. A partir de hoje, está na minha lista pessoal de “coisas que preciso ver antes de partir”.

Minha experiência com o Biochip em 2016.2

Já tinham me falado sobre essa eletiva, porém hesitei um pouco em botá-la na grade. Nunca fui uma pessoa que fica muito em contato com a natureza, fico o meu tempo todo perdida só nessa vida caótica.

Comida não me dou muito ao trabalho de fazer, comprava congelados, achava mais fácil. Afinal, eu sempre errava do tempo de cozimento mesmo e acabava estragando tudo.

Mas resolvi tentar, me dar uma chance de olhar as coisas de um jeito diferente. E funcionou. Não me lembro quanto tempo fazia que eu preparava uma comidinha de verdade, cortando, ralando, misturando. Toda terça e quinta eu tinha uma sessão terapêutica. A aula de Biochip era como “a calma” do meu dia. Parar por 2 horas, para mexer com a terra, com os alimentos vivos, abrir um pouco mais a cabeça.

Parando para escrever aqui minha experiência com o biochip, lembrei que tinha um certo nojo de manejar alimentos com cheiro forte e terra, principalmente terra. Na aula de biochip eu manejei ambos, e naquele ambiente me entreguei totalmente a experiência, não faço ideia agora do que era que me dava nojo numa coisa tão natural e tão agradável de fazer. Agradeço por isso, a experiência com o biochip me fez entender melhor o que é o alimento vivo e principalmente como é bom a conexão que podemos ter com o alimento vivo, a terra, os elementos da natureza em geral.

Na aula que você, professora, falou sobre o fogo, fiquei encantada. Despertou em mim vontade de ler mais sobre o assunto, de observar o fogo, que é de fato tão incrível e cheio de vida. Elemento que é muitas vezes demonizado pelo homem, culpado por destruição. Imagem que eu acabava aceitando já que nunca parei para observar. Mas é tão incrível, o poder do fogo, a vida que ele contém.

Os baloeiros. Nossa. Que incrível. Que arte maravilhosa, e tudo possível por causa do fogo. Gostei muito do documentário sobre o grupo de baloeiros. Não conhecia tão bem essa arte e fiquei emocionada. Emocionada porque é maravilhoso de se ver voar e lindo de se ver fazer. Emocionada pois é uma tristeza imensurável que tal arte seja considerada um crime no Brasil.

Agradeço a convivência com o biochip pois fui completamente tirada da minha zona de conforto, e valeu muito a pena. Agradeço muito por ter aprendido que para cortar alimentos sem me machucar eu preciso encostar a faca na unha (pois é, eu não sabia nem o básico!). Agradeço pelo conhecimento sobre alimentos e as receitas que aprendi, uma nova forma de alimentação que pretendo aplicar na minha vida. Agradeço pela sensação de união com todos que eu tinha na tenda da aula, agradeço por ter me sentido em harmonia com a natureza e com todos ao meu redor. Agradeço pela minha paz do período, terça e quinta, de 11h as 13h.

À Ana Branco,

Gratidão.