LETICIA VIEIRA CONCLUSÃO 2016.2
Eu agradeço ao repolho verde, ao repolho roxo e à cenoura pelo fato de possuírem cores vibrantes e diversas, além de texturas especiais, o que gerou em mim uma experiência visual e sensorial de contato com a natureza. Hoje vivi a surpresa de aprender que aquilo que comemos também pode ser uma forma de arte! Saio dessa aula com uma nova capacidade; de reconhecer nas frutas e legumes suas cores e suas formas e, assim, imaginar milhões de figuras maravilhosas! Por último, queria agradecer à tenda onde temos aula, hoje foi minha primeira vinda aqui e isso gerou em mim um enorme sentimento de acolhimento e paz interior, esse lugar é fantástico!
Eu agradeço aos bichinhos que vivem dentro do repolho roxo, do repolho verde e da cenoura pelo fato de produzirem a fermentação. Incrível como a natureza está trabalhando e atuando sem que eu veja e, quando menos espero, apresenta resultados bárbaros! Confesso que me surpreendi quando meu potinho foi aberto e borbulhou como um espumante! Durante esses dias que levei ele para casa observei a troca de cores mas não podia imaginar que ao abrir o pote encontraria algo completamente novo e diferente do que deixei! Para mim isso foi uma demonstração de que a natureza é capaz de fazer muito mais do que a indústria produz gastando milhões de reais. Sem falar no sabor que ficou uma delícia. Estou muito realizada em comer algo que eu trabalhei lado a lado dos colegas e da mãe para preparar.
Eu agradeço à maçã, ao repolho, à beterraba e à abóbora pelo fato de possuírem cores vibrantes e lindas que produziram uma verdadeira obra de arte nas jarras. Quanto ao sabor exótico que cada um dos sucos produziu, também quero agradecer. Toda essa experiência de misturar os sabores e criar em cada mistura um resultado diferente produziu em mim uma onda de inspiração e criatividade. Gostaria de compartilhar essa experiência com meus amigos e familiares, saio da aula com vontade de falar para todos o quão lindo é o roxo da beterraba e o quão docinho é o sabor da maçã! Sinto que enxergo meu alimento de forma muito mais apurada e com muito mais intensidade, comer não é só uma obrigação com o nosso corpo, é um momento de criação e desenvolvimento pessoal.
Eu agradeço à argila pelo fato de ter me passado tanta informação sem que eu formulasse nenhuma pergunta oralmente, bastou o toque para que ela entendesse, me reconhecesse e, assim, me ensinasse coisas que, por meio de palavras, não consigo explicar. O poder do toque e a capacidade de se comunicar por meio dele é incrível; ao carinho, ao aperto, à força bruta, cada toque produz um resultado. Aquilo que os físicos precisaram estudar por anos para concluir, que toda ação produz uma reação, a natureza há milênios já sabia. Essa constatação e reflexão gerou em mim uma adoração e respeito ainda maior pela mãe. Por último, quero também agradecer à flor de jambo por me surpreender com seu sabor. Primeiramente, ao olhar para ela, jurava que tinha um gosto amargo. Porém, ao me atrever a experimentar, percebi que era doce e saborosa. Meus pré-conceitos foram no mesmo momento desconstruídos e isso é um dos maiores prazeres na vida!
Eu agradeço aos meus ancestrais que desenvolveram a técnica de produzir o alimento que utilizamos na aula de hoje. Em especial o pilão. Quando usei o instrumento e olhei para um ponto fixo à minha frente, fui capaz de me desprender de tudo aquilo que está atualmente me deixando nervosa e preocupada. Aqueles poucos minutos que fiquei ali foram como uma meditação, esvaziei meus pensamentos e me concentrei no simples e poderoso movimento que realizava. Isso foi muito especial para mim porque tenho uma dificuldade muito grande de me desprender dos problemas cotidianos.
Eu agradeço às conchas pelo fato de me fazerem também uma concha. Foi assim que me senti em contato com elas. Primeiro nos reconhecemos; toque, observação, cheiro. Aos poucos as conchas foram se adequando ao meu dedo, se confundindo com minha pele. Depois de um tempo eu era como elas, me sentia concha. Nesse momento, fechei os olhos e parecia que cada uma delas queria me contar sua história. Senti o tempo, as viagens, a brisa, o movimento do mar. Cada uma dessas conchas viajou anos e foi parar em uma praia. Difícil falar o que as conchas me disseram, é poesia que não se escreve e não se reconta, é experiência que precisa ser vivida para ser entendida. Mais uma vez a natureza produziu conforto, arte e conhecimento em mim.
O BioChip na minha vida
Depois desse semestre maravilhoso ao lado de pessoas incríveis, que o Biochip me permitiu conhecer, tenho muito o que agradecer e compartilhar. Por mais que hoje tenha sido a última aula, com a festa da prova, tenho certeza que esse semestre foi apenas uma semente plantada na minha mente e no meu coração. Saio desse curso renovada e preparada para olhar o mundo com mais paz e sabedoria.
Primeiramente, gostaria de agradecer a todas as aulas inesquecíveis, das quais a mais marcante para mim foi a do conhecimento da terra, em que tive a oportunidade de vencer meu medo de minhocas e outros insetos. Isso gerou em mim um sentimento muito especial de entendimento que aquilo que eu temia era, na verdade, parte de mim, era o que compunha meu corpo.
Além dela, claro, impossível não lembrar do dia das conchas, da areia, da argila, da corda e os filmes fortes que assistimos. O mais incrível disso foi compartilhar tudo com pessoas que vinham de cursos diferentes, que tinham ideias diferentes e cada um tendo um contato diferente com o mundo do Biochip, cada um aplicando os ensinamentos na sua vida. Isso, obviamente, foi uma troca imensa e muitas foram as vezes que ouvi frases dos colegas que me emocionaram.
Hoje, especialmente, foi um dia de fortes emoções e o próprio nome é marcante para mim, “festa da prova”. Com o Biochip descobri a importância de provar, experimentar e trocar o medo e o preconceito pelo amor. Tudo que antes eu achava que não ia gostar, sem nem ao menos colocar na boca, tive a oportunidade de provar e constatar que, na verdade, gosto muito! Isso irei aplicar na minha vida para além dos alimentos, provar não é algo que se limite a comida, provar é dar a chance para novas amizades, novos cursos, novas artes, novos livros e tudo aquilo que ainda não conheci.
Especialmente quanto a comida viva, eu era uma ignorante no assunto. Não conhecia ninguém que se alimentasse de tal forma e nunca tinha sido apresentada aos seus benefícios e relevância para o ser humano e para a terra. Hoje, sou uma pessoa consciente de que o alimento não é uma mercadoria e que não devemos submeter a nossa nutrição ao dinheiro. Hoje também posso afirmar que eu sou capaz de preparar meu próprio alimento vivo e fazer dele uma verdadeira obra de arte! Além disso, graças aos vídeos que assisti e os ensinamentos que a Ana nos passou, sei os malefícios que a indústria alimentícia faz e como as mazelas da sociedade estão intimamente ligadas ao modo do homem se nutrir.
Como estudante de direito, tenho ainda outra consideração a fazer sobre o Biochip. Minha rotina é muito estressante na faculdade, muita competição por estágios e notas altas e horas sentada em frente ao computador. As 4 horas semanais que passei a ficar na tenda com a turma do Biochip tornaram-se um verdadeiro refúgio emocional. Parecia que eu estava fora de todo aquele universo exigente e desgastante do direito por um tempo. Isso, claro, foi para além das quatro horas com o passar do semestre e, hoje, posso dizer que mesmo com todo o estresse que a rotina do curso me traz eu sei lidar com isso de forma muito mais estável e pacífica.
Por último, gostaria de dizer que me tornei uma grande fã e divulgadora da ideia do Biochip! Incentivo todos os meus amigos a conhecerem o curso e visitarem a feira. Entendo que tudo aquilo que aprendi não deve ficar limitado a mim, mas deve, na verdade, alcançar o maior número de pessoas possíveis!