Clara Torres CONCLUSÃO 2017.1
Biochip
Clara Moreira Torres
14/03/2017
Agradeço à corda de sisal pelo fato de me fazer confiar e compartilhar um momento especial com pessoas que até então não conhecia. Isso gerou em mim leveza de espírito, por participar de uma atividade em grupo tão encantadora e inclusiva, na qual pude estar ao redor da natureza e confiar no restante do grupo, caminhar junto e fluir surpreendentemente bem.
16/03/2017
Agradeço à cenoura, por ser versátil e deliciosa, que gerou em mim admiração ao perceber as diversas formas e gostos que derivam de uma mesma cenoura, alimento que passei a conhecer de uma maneira completamente nova. Foi uma linda e delicada experiência, que me ensinou a ter um olhar diferente sobre os alimentos.
28/03/2017
Agradeço ao repolho roxo, ao repolho verde e à cenoura, pelo fato de se transformarem, vivos, em arte e alimento. Isso gerou em mim curiosidade e alegria por utilizar alimentos de texturas e cores lindas e diversas, e interesse pelo processo de fermentação – poder levar o pote para casa e observar a ação do tempo sobre os alimentos, e aguardar a volta para descobrir seu conteúdo me ensinou a tratar os alimentos com paciência e cuidado, e a enxergar com mais clareza a vida neles.
30/03/2017
Agradeço à cenoura, ao repolho roxo, ao repolho verde, à cebola, à soja, ao aipo, ao tomate, à cebolinha, à maçã e ao limão, por serem alimentos ricos em cor, sabor e saúde, que gerou em mim sentimentos de gratidão à natureza, à terra e seus alimentos, e de felicidade por ajudar a criar uma refeição única, feita a partir de uma combinação nova para mim, que me surpreendeu pelo tempero, pelo frescor do sabor e por seu colorido.
11/04/2017
Agradeço à beterraba, ao repolho roxo, ao inhame, à abóbora e à maçã, por serem cor, vida e terra, e por se transformarem em coisas impressionantes quando unidos. Isso gerou em mim surpresa ao descobrir novas formas e sabores para os alimentos, e felicidade em ver as cores geradas a partir deles e a maneira como se transformam e se tornam ainda mais fortes e vivas.
20/04/2017
Agradeço ao filme “La Belle Verte” pela narrativa crítica, inspiradora e divertida, que gerou em mim uma maravilhosa reflexão. Ao desconectar os terráqueos, Mila proporcionava a eles “epifanias” que os faziam rever a maneira como levavam suas vidas e mudar suas ações, o que me fez pensar que mesmo a atitude mais radical ou impensável de ser tomada pode ser realizada e transformar a vida de cada um de nós para melhor, e que todo ser humano, apesar de condicionado aos modos de uma sociedade capitalista, caótica e destrutiva, pode se libertar dela e pode também transformá-la. Gostei da maneira como os índios foram retratados, como as pessoas mais evoluídas dessa Terra, que são capazes de coisas tão extraordinárias quanto os moradores do Planeta Verde, muito mais evoluído do que o nosso.
27/04/2017
Agradeço ao aipim, ao coentro, à cebola, ao pimentão, à cenoura, à lentilha e ao limão, pelo fato de que, unidos, cada um com sua cor e sabor, se transformam em algo delicioso, que gerou em mim a lembrança afetiva do bolinho de aipim, um dos meus preferidos na infância, associada a uma maneira nova de preparo e consumo, mais delicada, carinhosa e respeitosa com o que é vivo. A farinha do aipim, branca e cheirosa, me deu uma sensação de calmaria, principalmente ao observar a fumaça, que indica que a farinha é crua, se espalhar pelo ar enquanto passávamos o pote uns aos outros.
9/05/2017
Agradeço à aveia, ao alho-porro, ao agrião, à batata, à maçã, ao pimentão vermelho, ao brócolis, ao alho e à cebola, por proporcionarem belas combinações de sabores e texturas, que resultaram em duas refeições que me fizeram refletir sobre a quantidade de sal que nos acostumamos a usar, e que muitas vezes mascara o sabor do alimento e nos afasta dele, e perceber que preciso me reeducar quanto à isso e prezar por temperos ricos e naturais.
Biochip para mim já era especial antes mesmo de começar, pois foi indicação da minha prima, que fez o curso no semestre anterior e é uma pessoa muito querida e inspiradora para mim.
Quando começaram as aulas me senti surpresa por compartilhar momentos de serenidade e empatia dentro da faculdade, um ambiente com o qual convivo há anos sem um senso real de pertencimento – um lugar que por muito tempo foi para mim nocivo, com seus ideais que considero frios, de valorização da competição e do egoísmo – e com o qual recentemente, sem dúvidas por conta das aulas de biochip, consegui me conectar e me sentir eu mesma.
As aulas são exercícios de comunhão, amor, respeito, paciência e crescimento. Conheci uma maneira nova de olhar para o mundo e para mim mesma, e a partir disso comecei um processo para me conectar cada vez mais com a terra, adquiri por ela um respeito que antes me passava desapercebido, e hoje tenho ideais que posso por em prática através da alimentação viva e do respeito e cuidado à natureza.
É muito belo e inspirador o conceito do corpo como um ecossistema, da alimentação que é viva, da simplicidade do amor pela terra, de exercitar o coração ao invés do cérebro, são coisas que quero levar comigo para sempre. Fico muito feliz e muito grata por ter convivido com o Biochip, por tudo o que essas aulas representaram enquanto crescimento pessoal e também por terem transformado o meu convívio em todas as áreas da minha vida.
16/05/2017
Agradeço às terras de compostagem de diferentes meses, pelo fato de terem me proporcionado uma conexão encantadora com a terra, através desses ecossistemas que geram vida. É fantástico conhecer o processo natural da criação da terra, é lindo ver que as minhocas nascem naturalmente, e que o alimento que não é consumido volta para a terra e gera vida, é uma maneira maravilhosa de respeitar a natureza e não gerar lixo. O papa-defunto me impressionou muito, quando sua comida acaba ele abandona a casca e muda de forma, passa a comer outro tipo de alimento, ele é o que come. A aula gerou em mim uma reflexão sobre a vida e a morte, também sobre fé, pois morrer é como sair da casca, renascer, se transformar.
18/05/2017
Agradeço às conchas, pois são lindas e maravilhosamente únicas, cada uma com um formato, uma textura, um desenho... Coloridas, brancas, pretas... Algumas lembram o mar, outras a areia, e geram em mim calmaria e serenidade ao ficar em silêncio e ouvir o barulho que elas fazem quando batem umas nas outras. Algumas conchas me lembraram dentes, outras me lembraram a textura da pele, algumas parecem pedras, umas brilham, outras são opacas, mas cada uma delas é belíssima, é um mundo. Agradeço por poder passar tempo com elas, apenas as observando e me encantando.
25/05/2017
Agradeço à argila de mangue por sua riqueza natural, por sua textura e seu cheiro, e pelas sensações que gerou em mim – de diversão, ao lembrar as brincadeiras da infância, de contemplação, ao perceber sua textura em minhas mãos, a maneira como ela seca e enrijece a pele e a sensação de suavidade após limpar as mãos, e de felicidade por estar em sintonia com algo tão lindo.
8/06/2017
Agradeço à aula de demonstração de festa junina, na qual experimentamos canjica viva, por me colocar em contato com algo tão aconchegante e delicioso, muito adorado na minha infância e feito de uma maneira ainda melhor.