Gabrielle Donati CONCLUSÃO 2017.1
Agradecimentos - Biochip
Aluno: Gabriele Ozório Donati
Professora: Ana Branco
09/03/2017
Agradeço a corda de sisal por me mostrar que a calma e a paciência me guiarão a econtrar meu lugar no círculo da teia. Mas para que eu consiga fazer isso, preciso escolher o momento certo, aonde a teia está em constante movimento.
14/03/2017
Agradeço a corda de sisal pelo fato de me fazer sentir mais confortável em rede do que sozinho e por me fazer entender como o movimento, por mais que a gente não compreenda como, nos faça se aproximar mais e se organizar melhor. Isso gerou em mim uma maior confiança, sentindo-me confortável em largar controle e deixar as coisas fluirem.
16/03/2017
Agradeço a cenoura pelo fato de conter tantas formas e sabores esperando serem descobertas. Isso gerou em mim a consciência de que a forma que tratamos, a atenção que damos e o esforço e carinho que exercitamos, tem implicação direta na unicidade de uma criação nossa. Duas obras podem ser iguais, mas ao mesmo tempo são diferentes e únicas. Como a cenoura que contém sabores escondidos, a forma e a montagem da obra definem o seu sabor.
21/03/2017
Eu agradeço a corda de Rami pelo fato de me proporcionar um equilíbrio comigo mesmo, o qual eu não haveria consciência caso eu não usasse a corda de Rami. Esse equilíbrio me gerou uma confiança comigo mesmo e no meu próprio corpo, descobrindo novas posições. Já as posições que eu já conhecia. Ficaram mais fáceis e menos forçado. Isso me faz pensar no que isso poderia ser aplicado na vida, no trabalho e nas relações. Criar uma corda de apoio proprio que segure parte do peso que essa vida movimentada traz. Deixando suas experiências de vida mais leves e prazerosas.
28/03/2017
Eu agradeço ao repolho pelo fato de me fazer perceber que eu sou uma pessoa mais passiva do que ativa. Eu espero as pessoas terminarem de recolher os ingredientes para si, pois não quero que lhes faltem nada, mas de consequência acaba faltando para mim. Também aprendi a desapegar do meu perfeccionismo para poder completar as tarefas. Isso gerou em mim um sentimento de tristeza mas também de alegria. Pois me fez perceber que a maioria das pessoas correm atrás de seus próprios objetivos sem pensar muito no seu redor. Mas fico muito feliz por dois motivos: primeiro que algumas pessoas que já haviam terminado, pararam para ajudar os outros. Segundo, porque mostra que eu mesmo peço ajuda tomando iniciativa, em vez de esperar isso dos outros.
30/03/2017
Agradeço a semente de soja, ao repolho, a cenoura, ao tomate, a cebola, limão galego e a todas as outras naturezas vivas que se transformaram em alimento vivo para sustentar a nossa força vital, pelo fato de me purificar por dentro. Hoje acordei enjoado, sem vontade de comer e quase não vim para a aula. Me esforcei para vir e depois de comer os repolhos fermentados com queijo de soja, recuperei minha vitalidade e me senti 110%. Esses 10% a mais foram graças ao sentimento que a comida gerou em mim. Que foi um sentimento de muito agradecimento o que me gerou também uma grande vontade de ajudar ao próximo e fazer parte de uma verdadeira comunidade. O processo de doar o alimento para o próximo também foi uma experiência fundamental para a completude do todo.
11/04/2017
Eu agradeço aos pigmentos vivos por me trazerem tanta cor e beleza natural. Permitindo que eu me submerja em um mundo de arte viva.
18/04/2017
Eu agradeço às sementes germinadas e desidratadas.
02/05/2017
Eu agradeço ao trigo, girassol, couve e chicória pelo fato de me demonstrarem que cada verde tem seu tom e, apesar de serem parecidos, terem sabores bem distintos. Eu gosto de pensar que a natureza por si só pode nos ensinar muito sobre o nosso mundo e as pessoas ao nosso redor. Sempre a uso como uma analogia aos humanos, pois afinal, são todos seres vivos. Cada pessoa pode ter um externo parecido, mas cada ser é único na sua própria existência.
09/05/2017
Eu agradeço ao brócolis, pimentão, batata, maçã, agrião, cebola e cebolinha, pelo fato de juntar todo mundo em uma grande roda de felicidade e amizade, e poder compartilhar com todas essas pessoas algo que é fruto de trabalho em equipe e muito amor.
11/05/2017
Eu agradeço aos grãos de areia pelo fato de me fazer descobrir o efeito das formas, aceitar que as coisas tem movimento próprio. Quando tentava fazer uma forma, a areia do lado era empurrada, criando um formato completamente diferente daquele que eu esperava ou desejava. Cada grão afeta o outro em movimento. A gente não controla, somos controlados. Ao entender que a forma se criava sozinha, acabei descobrindo uma borboleta. Através do encanto com esses efeitos, o mundo em volta sumiu e só só. .voltou quando a areia já tinha “terminado seu processo em mim”.
Conviver com o Biochip nesse primeiro semestre de 2017 foi uma experiência muito diferente que gerou em mim uma necessidade de ponderar sobre a proveniência dos meus alimentos e seus efeitos sobre o meu corpo, saúde mental e espírito. De uns 2 anos para cá, resolvi mudar a minha alimentação drasticamente, cortando a maioria da base animal da minha alimentação e substituindo-a por uma com base de plantas e vegetais. Não tive um motivo para querer mudar, as motivações vieram ao longo do tempo, pois por consequência dessa mudança comecei a pesquisar mais sobre a indústria do alimento. Mas de início, foi por puro instinto. Uma sensação de que eu precisava mudar algo, mas não sabia bem o que mudar e como. Isso acabou me trazendo problemas de saúde simplesmente pelo fato de não estar preparado para realizar essa mudança de estilo de vida. Acabei ficando desnutrido e constantemente ficava doente. Mas como já mencionei, com o tempo fui ganhando conhecimento e o Biochip foi uma grande revelação para mim. A minha alimentação sempre foi um simples ato de sobrevivência devido a educação que meus pais me deram. Em casa sempre foi comida pronta, um prato típico na minha casa era: Frango, arroz branco e feijão. Tudo esquentado no micro-ondas. Café da manhã era biscoito e leite e os lanches também. Tudo industrializado. Não parávamos para comer, a gente sempre se alimentava e ao mesmo tempo fazia alguma outra tarefa.
A experiência que eu tive com o Biochip colocou a prova todo esse meu costume e me revelou algo que eu já buscava há algum tempo mas não sabia como encontrar e nem o que era. Biochip me ensinou que a alimentação é muito mais do que simplesmente se nutrir. Alimentação é amor, é carinho, é um gesto de solidariedade, é confraternização, é compartilhar, é sorrir, é se entregar pro outro e perceber como tem muito mais na vida além do nosso próprio umbigo. Que só se pode estar saudável se você cuidar de quem está ao seu redor. Biochip é a alimentação do corpo, da mente e da alma. É um exercício diário e constante e não momentos específicos para se saciar. A alimentação “moderna” tem como origem o mesmo sentimento presente na sociedade que se instalou no mundo: o egoismo. É uma alimentação que pensa somente em si, na sua própria necessidade e vontade. O Biochip rompe essa barreira e nos mostra um novo caminho para a alimentação, um caminho altruísta. Que pensa não só em si, mas também nos outros e na natureza.
Também aprendi que Biochip é também uma forma de arte, aonde é possível elaborar pinturas incríveis com tons de cores muito específicos e de que tudo na natureza é um convite para se criar. Entendendo isso, sou muito mais capaz de aproveitar as sutilezas das coisas. Hoje em dia nenhuma refeição é igual. Gosto de deliciar-me com as nuances nas cores, no tato e no aroma. Minha refeição agora é o dia todo, todo o dia. Porque alimento é muito mais do que simplesmente ingerir algum produto, é a sua postura diante da vida e do mundo.
Em conclusão gostaria de agradecer muito. Gratidão para a Ana que nos ensinou com muito carinho e paciência. Sou grato pelos conhecimentos que adquiri durante esse período. Gratidão pelas pessoas que conheci nesse curso, muita diversidade de pessoas mas todas incrivelmente única e especial para a experiência que tivemos. Sou grato pelo Biochip por me ensinar a agradecer; eu que sempre levei as coisas por certo e garantido. Agradeço por sempre compartilharmos a nossa refeição oferecendo para o outro, em vez de pegarmos para nós mesmos. E, por final, agradeço à terra, por nos fornecer o maior presente que existe: a vida.