Juliano Valença CONCLUSÃO 2017.1
Juliano Miranda Valença Biochip 2017.1
Eu agradeço a corda de sisal, por me mostrar a confiança em rede. Onde o tempo é coletivo, assim como a pressa e a insegurança. A corda nos mostra o espaço que a estrela pode fazer dependendo da quantidade de gente envolvida na roda. A maior dificuldade é fazer o círculo, porque demora um tempo até entendermos a dinâmica da corda e o espaço que podemos ocupar.
Rio, 14/03/17
Eu agradeço a corda de sisal, pelo fato de me proporcionar confiança, segurança e paciência. Receber outra estrela me mostrou como é chegar em um outro sistema. Sistema de troca e recepção. Essa experiência gerou em mim conforto e paz de espírito.
Rio, 16/03/17
Eu agradeço a cenoura pelo fato de me proporcionar uma experiência degustativa muito interessante. Onde tive a oportunidade de reconhecer a diferença dos sabores através do corte, formato que fazemos com o alimento. O doce do brigadeiro de cenoura, o “terra” da casca, o poder e possibilidades de cada pedacinho do vegetal no seu laço entre o céu e terra. Tudo isso gerou em mim leveza, calma e serenidade. Muito obrigado a cenoura.
21/03/17
Eu agradeço a corda de rami pelo fato de me proporcionar a experiência de dividir o mesmo espaço com outra pessoa buscando o conforto e as possibilidades ergométricas. As múltiplas possibilidades de posições nos oferecem um leque a partir da folga e tensão da corda. Tanto em condição dupla, quanto individualmente, onde descobri novas formas com o meu corpo. Relaxamento dos membros. Obrigado a corda de rami.
11/04/17
Eu agradeço a beterraba, abobora, repolho, maçã e o inhame, pelo fato de me proporcionar uma experiência visual incrível. Onde pude perceber a diferença entre cores à partir do corte do alimento. No caso da beterraba, quanto mais fino e menor o pedaço, mais escura fica a beterraba. A textura e sabor do inhame batido no liquidificador é maravilhosa. Só me recordo de comer inhame cozido na água fervendo. Essa experiência de comer o alimento em natura é sensacional. A maça, serve como “adoçante”.
18/04/17
Eu agradeço ao trigo e aveia por me proporcionar a experiência de fazer o pão. O exercício de religação com os meus antepassados se dá através do pilão, ritmado, sem pressa. Depois, a moenda onde botamos a aveia, trigo, alho, cúrcuma e orégano. Agradeço a técnica e sabedoria dos antigos nesse processo de feitura do alimento mais completo para o ser humano.
04/05/17
Eu agradeço a chicória, hortelã, trigo, girassol e couve. Pelo fato de me ensinar os tons de verde. A textura das plantas, assim como sua densidade e principalmente buscando minha autossuficiência. Diferente do modo predatório que vivo hoje, consumindo alimentos de onde desconheço a procedência. O meu contato com a comida se torna distanciado, influenciando diretamente nos meu atos, humor e estado de espírito. O aprendizado é saber que tudo está ao nosso alcance, basta ter o conhecimento da técnica, carinho e respeito.
Rio, 23/06/17
Juliano Miranda Valença
G2- Biochip
Acredito que a experiência de fazer o Biochip me fez aprender
mais a amar as coisas. A vida pode ser linda, deve se tornar linda quando conhecemos o potencial da terra e dos alimentos. Que nos dá fonte de vida e alegria para continuar na caminhada.
Sempre num exercício de autoconhecimento e respeito com o nosso próprio tempo. As diferenças são a força matriz do que nos rege, e é lindo ver as diferenças em tudo. Tanto num degrade de cores do nosso suco de repolho, como nas cores da cenoura fatiada de diferentes formas, cada pedacinho cortado de forma peculiar que trazem um gosto especial e único a partir do seu corte, textura e tamanho.
Eu agradeço a oportunidade de ter essa experiência, de conviver com o biochip e suas possibilidades, conhecer uma nova forma de viver o mundo, experimentando a terra, literalmente experimentando a terra em natura. Sentir o poder dos alimentos que vem do chão, suas cores e desejos. Eu quero ser parte da terra, parte do amor encarnado de coração e vida. Muito obrigado por ter tido essa oportunidade.
Eu agradeço à areia pela sua textura e capacidade de nos fazer reconectar com o passado. Lembrar da infância na praia onde passava horas olhando cada pedacinho, cada grão. Perceber o prisma que a areia faz quando bate o sol. É muito bom sentir a diferença que existe na quantidade, do grão ao que conhecemos como areia. Em suma, o coletivo, uma maior quantidade junta que nos faz ter uma experiência áspera. O que não sentimos apenas com o grão. Agradeço a experiência e sabedoria de cada pedacinho da areia.
Eu agradeço ao filme: La Belle Verte por me apresentar deforma leve os problemas do mundo. A sabedoria está em ter que botar um olhar estrangeiro para realmente decifrar os problemas do homem que vive a serviço de contaminar o globo. E´ só apenas desse olhar estrangeiro que temos a consciência do estrago que estamos fazendo com a terra. Seja pelo capitalismo desenfreado, vida na metrópole, alimentação primitiva, além de todos os erros que cometemos todos os dias.
La Belle Verte nos mostra as possibilidades de um mundo mais harmonioso, com uma vida mais conectada e principalmente com mais respeito a mãe terra.