Maria Luiza Freire CONCLUSÃO 2017.1
Maria Luiza Freire Mercês
Biochip 2017.1
Professora: Ana Branco
Matrícula 1113445
09.03.2017
Agradeço à corda por trazer a importância da vivencia em rede, em comunidade. Ao longo dos tempos, perdemos o contato, a necessidade de convivência com os outros. O outro, que passamos a ignorar, é reflexo de nós mesmo e é parte fundamental de todas as arestas de confiança e nós e no resto. Estamos sempre correndo dopados, sem nos responsabilizar com os fluxos desencontrados que o mundo vem rumando. Temos responsabilidade única sobre esse outros, nosso reflexo, que essa verdade é a mesma responsabilidade que temos sobre nós mesmos. O ambiente que nos contorna é também uma comunidade, que vem sofrendo cada vez mais com a falta de cuidado e olhar que perdemos nesses fluxos desencontrados. Se sentir parte de um todo é fundamental para nosso desenvolvimento interno. O ato de silenciar nos permite olhar para dentro e descobrir a nós mesmos. Cada qual com seu fundamentalismo para o todo. Somos todos peças fundantes do resto, cada um (a) fundamental para que o todo funcione perfeitamente.
14.03.2017
Agradeço à corda de sisal, pelo fato da reflexão que gerou em mim. Incrível perceber como em menores redes, o processo se dá com maior facilidade, ainda que seja com o acolhimento de uma rede pela outra que a harmonização dos desenhos aumente. Internamente, também percebi como as pessoas possuem perfis diferentes dentro da dinâmica, algo que se expande para as outras dinâmicas de relacionamento de nossas vidas. Notei como as diferentes gerações encara a questão da confiança e do “deixar levar” de forma distinta. Não existe desenho perfeito, mas sim aquele que possibilitamos com o nível de entrega com o qual mergulhamos nas situações cotidianas. Internamente, também perceber como, à medida que as pessoas iam saindo da corda, as que restavam se distanciavam e se estrangulavam pela corda. Demonstra como precisamos viver em rede para desenvolvermos essas confianças: em nós e nos outros.
16.03.2017
Agradeço à cenoura, pelo fato de modificar as percepções do todo e das partes em mim. De percebermos a importância e diversidade que um todo pode gerar. De como cada um(a) é peculiar, mas único/a. De como a relação com os alimentos é a relação com nós mesmos e que, portanto, ao vermos essa diversidade, percebemos como somos sistemas complexos, mas únicos. Gerou em mim a reflexão da vida, das concepções e pré-conceitos (que são nossos), da fluidez das coisas e sua possibilidade de mutabilidade. Tudo é possível de mudança quando se há paciência e cuidado. As múltiplas relações em rede são a cenoura dissecada por diferentes “mãos”.
28.03.2017
Agradeço ao repolho, à cenoura, ao pote de vidro, e ao ambiente, pelo fato
da complementariedade para fermentação que, mesmo estando exposto a um
ambiente onde não sabemos o que vai conseguir, ou não, entrar no pote e
criar bolhinhas, se expõe de qualquer forma. É importante perceber como
estamos expostos ao ambiente o tempo todo, e é importante que estejamos
expostos visto que é necessário para perceber o ambiente. Se expor é também
a possibilidade de conseguir ou não, não se expondo nos eximimos de
experiências que nos podem ser tão ricas. Se expor também quer dizer não
saber o resultado do que virá e, portanto, é tão importante nos arriscar e
deixar que venha a experiência da forma como deve acontecer.
30.03.2017
Eu agradeço à cebolinha, ao aipo, à cúrcuma, ao grão de soja, , à água, à cenoura, ao tomate, ao sal, ao azeite, ao limão por gerarem em mim uma experiência sem julgamentos ou pré-conceitos ou rotulações. Por deixar aceitar o que vem e o que gera. Permitir-se sem adjetivar. Por compreender que o processo para formação vai além das fôrmas, é um caminho de auto-conhecimento, tentativa e erro sempre, e do descobrimento do resto a partir do eu.
04.04.2017
Agradeço pelo filme La Belle Verte, pelo fato da reflexão que gerou em mim quanto a relação do ser humano com o mundo. Como o ser humano vem tratando a vivencia em comunidade e a vivencia com o meio ambiente. De como cada vez mais essa vivencia é nociva. Se estamos vivendo em comunidade – sempre – devemos entender o meio ambiente como parte da comunidade. É de forma sufocante pensar que estamos aos poucos destruindo o mundo que tudo tem para nos dar, mas ao mesmo tempo é preciso acreditar que nós somos e devemos ser a mudança para que o mundo que tudo nos prove, não se esvaia.
11.04.2017
Eu agradeço à abóbora, ao inhame, ao repolho, à beterraba e à maçã pelo fato das cores, sabores, sensações e percepções diversas, que geraram em mim uma nova forma de entender e reverenciar, apreciar e, quem sabe, até amar. Agradeço à cura que a beterraba gerou em mim, pelo trauma de infância que tinha de comê-la. Agradeço ao novo entendimento de como apreciar cores e sabores, entendendo a importância do alimento, que é completo e pode nos oferecer tudo que precisamos (desde a nutrição, até a beleza das cores e do cheio para o olfato). Essa é a cozinha da vida, aqui aprendemos a nos relacionar com tudo e todos.
25.04.2017
Eu agradeço ao aipim, à água, aos instrumentos do estojo, às bacias, ao pano e à minha parceira de tipiti, pelo fato da calma e da união de forças que gerou em mim a necessidade de tornar cada processo mais leve. A rotina desvairada nos dopa de tal forma que não percebemos nada ao redor. Não percebemos que o outros que passamos a repelir é força oposta, porém complementar. A soma das forças opostas permite que caminhemos juntas/os, ainda que em direções contrárias. Permitimos que o oposto seja notado como potência e não com estranheza, desconfiança ou demérito. As forças opostas se somam para criar algo, sempre, ainda que não reconheçamos essa criação como válida/nutritiva. Por isso a necessidade de trocar mesmo com quem nos é diferente, todos somamos para a criação de uma força comum.
09.05
Eu agradeço a batata, a maçã, ao brócolis, ao pimentão, a cebola, ao agrião e a aveia pelo fato de mostrarem como a alimentação viva pode ter vários formatos. Assim, percebemos como desde o início do curso, que não pode pré-julgar a forma e nem estipular o quanto que aquele alimento pode nos proporcionar. Assim estamos minimizando as possibilidades, deixando de realmente deixar que cada coisa dê sua máxima potência. Descobrir sobre como a temperatura do ingerimos pode acabar com o equilíbrio do nosso organismo faz repensar o quanto a nossa forma de cozinhar e ingerir os alimentos é “natural”. Será que estamos aproveitando o máximo dos nutrientes?
18.05
Eu agradeço as conchas pelo fato de gerarem uma nova forma de percepção sobre as coisas. Perceber de onde vêm e qual a história de cada concha, perceber com outro olhar – um olhar real e cuidadoso – o que cada concha passou para estar ali modifica também a nossa própria forma de perceber. O olhar também é maculado pelas nossas próprias experiências, mas o quanto estamos deixando de observar o que nos é posto a frente por conta desses filtros? É preciso apreciar as coisas que o universo nos coloca a frente.
30.05
Eu agradeço ao mamão, maça, manga, goiaba, limão, ao amendoim, pelo fato de mostrarem como os diferentes alimentos se organizam nos desenhos de cada um. Assim percebemos como cada pessoa enxerga o mundo de uma forma e mantém uma relação com os alimentos que é única. Ainda assim, cada unicidade é linda e tem sua própria sensibilidade. Olhamos o mundo de uma forma que é complementar a do outro, apesar de diferentes.
01.06
Eu agradeço a este momento na nossa sala de aula por apresentarem como ensino pode ser diverso e plural, como ele pode abraçar a todos dentro de suas peculiaridades. Vivemos em um momento em que as gerações já não mais se identificam com um sistema de ensino engessado e pouco horizontal. Não nos identificamos porque este não nos faz conhecer e apresentar o máximo do nosso potencial. Somos sempre tolhidos e massacrados por esse sistema. Perceber que é possível que novas formas se aprender, ensinar, trocar, tenham tanto impacto sobre é um sopro de alívio frente a tantos retrocessos atuais.
08/06
Eu agradeço ao coco, ao amendoim, à banana, à canela, à panela de barro no fim o que mais chama atenção é o interesse e a participação coletiva no processo. Ver cada pessoa interessada e contribuindo para a feitura da canjica mostrou como juntos somos mais fortes e potentes. É muito gratificante perceber como no final de tudo estávamos fluindo no processo de forma tão natural, demonstrando como é possível que a gente se una e viva em comunidade.
Comidinha para a turma: Bolinhas de Grão de Bico Germinado e Baroa:
Ingredientes
Grão de Bico Germinado
Batata Baroa
Páprica picante
Cúrcuma
Azeite
Sal
Pimenta
Gergelim Germinado
Modo de fazer:
1) Deixei o Grão de bico germinando: 12 horas na água e depois mais 10 horas no pote de vidro com filó, ao ar livre.
2) Deixei o Gergelim germinando: 08 horas na água e depois 08 horas no pote de vidro com filó, ao ar livre.
3) Comprei Batata Baroa orgânica e bati no processador com Páprica picante, Cúrcuma, Sal, Pimenta e Azeite.
4) Sequei o grão de bico e retirei a casca que envolve o grão.
5) Envolvi cada grão germinado na massa de baroa e depois passei pelo gergelim para dar maior consistência à bolinha.
6) Depois é só servir J
O que partilhei com a turma sobre o curso esse semestre?
O curso me ensinou muito mais do que a prática de cultivar sustentavelmente e honrar nosso alimento, como a arte que vem da terra. O curso me ensinou a importância de vivermos e estarmos em comunidade. De entendermos o outro como potência, de aceitar que a diferença é também uma complementariedade. De que o outro também é um espelho de como o estamos percebendo. Se nos abrimos à experiência que o outro pode nos proporcionar, estaremos usufruindo do máximo de nossa própria potência.
Por vezes acredito que falta o olho no olho, que gerará uma empatia por consequência. Essa rotina nos faz esquecer da importância que essa complementariedade tem na nossa própria constituição subjetiva. O curso ensina muito isso, a reverenciar à terra e à nós mesmos, somos todos parte de algo muito maior e não donos desse algo.
A gente percebe, sendo parte de um processo tão completo como é o preparo daquilo que ingerimos e que nos faz estar vivos, que essa rotina nos impede de pararmos de estar dopados ao que nos rodeia. Faz tanta diferença quando nos entendemos parte do meio, nos entendemos parte do processo. Assim sabemos que assim como dependemos do equilíbrio desse processo, também sabemos que esse processo para se dar na sua máxima potência, precisa de nós e do nosso esforço. Ser parte e estar em consonância com tudo, essa é a nossa essência.