Apoios para formar grupos e sinalizar pensamentos





Equipe:
Amanda Filgueiras
filgueiras.amanda@gmail.com
Márcia Valéria
mvvdamotta@gmail.com

Grupo social:
Maria Gracinda Cardoso Garcia Conde
m.gracinda@globo.com

Escola Municipal Didia Machado Fortes
Rua Desembargador Antônio Pereira Pinto, 430, Barra da Tijuca,
Rio de Janeiro, RJ
CEP: 22793-070


Resumo:

Nosso projeto foi feito na Escola Municipal Didia Machado Fortes, com Maria Gracinda Cardoso Garcia Conde, professora de estudos sociais, ciências, português e matemática, que leciona para o 4o ano. Durante os encontros, recolhemos suas frases e observamos as atividades que acontecem em aula. O objetivo da intercessora era colocar os alunos para pensar, se expressar e interagir um com o outro, além de querer tornar a vida deles mais alegre, buscando sempre conversar com os alunos, incluindo assuntos de fora da sala de aula para fazê-las perceber que o conteúdo dado está presente nas vivências de cada um. Esse objetivo foi bastante expressado no terceiro encontro, em que a parceira deu um exemplo que estava presente na vida dela, da piscina de sua vizinha que tem um sistema de filtragem natural, relacionando com a matéria dada em ciências, focada na preservação da natureza. A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular de Gracinda reconhecemos como tema para o projeto: “Gente feliz... Lê, multiplica, divide seus pensamentos, sentimentos. Compartilha a ideia de um mundo melhor: com água cristalina, alimentos e educação para todos” Essa frase foi relacionada com a observação de atividade citada acima, tendo ela dito que, naquele momento, ela queria estimular na turma a ampliação de leitura de mundo, estimular a consciência do pensar. Queria gerar um efeito coletivo na turma, para que eles se percebam como pessoas. Através dos experimentos, reconhecemos o Partido Adotado, que seria promover encontros em roda, em que os alunos pudessem vestir a matéria e compartilhar seus pensamentos. Construímos trinta e cinco almofadas de bagun e oxford coloridos, com formatos diferentes, medindo em média 91x54cm, e um colete em forma de coração, feito de oxford, medindo 95x55cm, com pregas de forma que as crianças pudessem colocar cartões feitos de papel cartão e papel contact. O material está sendo usado para promover atividades em roda, incentivando o grupo a se aproximar e a expor suas opiniões quanto à matéria.

Amanda Filgueiras

A disciplina de Projeto, para mim, não serviu apenas para o crescimento educacional, mas também para o pessoal. Eu aprendi a comer bem, a gostar do suco de luz que eu recusava nos primeiros meses, a gostar de crianças, a abraçar... Foi muito importante para que eu me libertasse de coisas que me impediam de pensar, criar e enxergar o mundo de uma maneira mais criativa. Eu fui já esperando esse crescimento pessoal, havia decidido ir desde a oficina que tivemos na barraca, no projeto 1, só não esperava aprender muito mais do que pensava. Eu não esperava que eu, que me recusava a comer vegetais, e achava nojento um suco com verduras ou legumes misturados, passaria a comer frutas e legumes e a tomar o suco de luz. Um grande aprendizado que eu esperei ter e tive foi aprender a gostar de crianças. Quando cheguei na Dídia pela primeira vez e as crianças ficaram encantadas comigo, eu fiquei pensando “O que eu faço?”. No primeiro abraço que recebi de uma criança de lá, eu não sabia o que fazer. Mas elas foram me conquistando, me mostrando como gostar delas, e ao final eu as abraçava forte e fiquei muito emocionada ao receber a homenagem que uma das crianças fez: Cortou e pintou de rosa o cabelo da barbie dela e disse que era em homenagem a mim. Agradeço à Márcia por se disponibilizar a se deslocar para longe e passar três finais de semana hospedada na minha casa para concluir nosso projeto, também por me colocar pra cima nos momentos que eu queria desistir e pelas ideias ótimas que ela sempre tem. Isso gerou em mim que a força de vontade é maior que os obstáculos, e nós mostramos isso uma para a outra durante o período. Agradeço à Gracinda por ter dito, ao final da apresentação da G2, “Eu ensinei essa menina a abraçar”. Eu percebi que ela estava me ensinando apenas quando ela falou, e eu realmente aprendi isso. Isso gerou em mim que os ensinamentos não são passados apenas por palavras, e me fez perceber que foi isso que aconteceu durante o período inteiro, eu não aprendi apenas por palavras, talvez mais pelas vivências.

Márcia Valéria

No primeiro dia em que pisei na Sala de Aula entre as Árvores, confesso que cheguei com certa prepotência achando que só porque eu havia ido bem no meu projeto 1 iria tirar aquele projeto de letra, mas depois de um semestre eu percebi que o projeto foi tudo, menos fácil. Ao longo dos anos pensei que quanto mais fechada eu ficasse, mais difícil seria de me machucar novamente, e durante esse período de projeto me despi de uma série de dessas armaduras. Deixei a arrogância de lado, escutei mais, arrisquei, errei, errei, errei de novo, aprendi, tentei, briguei, perdoei, amei, percebi. Poderia escrever uma página das coisas que eu fiz, mas citando a coisa que mais fiz esse período é que vejo o quanto me transformei: Eu chorei. Houve um momento na minha vida que eu havia parado de chorar, talvez as lágrimas tivessem secado ou simplesmente achei que não chorar me tornaria forte, eu sofria em silencio não por mim, mas para poupar as pessoas que eu amava de sentirem a minha dor. No entanto, quando eu não consegui chorar a morte de minha avó Eunice, percebi que ali eu devia começar a mudar. Aos poucos fui voltando a chorar, mas nada exagerado, lágrimas silenciosas derramadas apenas pela perda dos meus outros avós. E só chorei mesmo a ponto de soluçar na morte de minha avó Albina, que foi quem ajudou a me criar e é a perda que mais me doi até hoje. Contei essa história apenas para dizer que o projeto me tocou de uma forma que cada nova apresentação me fazia chorar. Eu me colocava no lugar daquelas pessoas, no lugar de Gracinda, no lugar das crianças, eu sentia a cada novo agradecimento que era escrito as minhas lágrimas rolando, a cada novo “Isso gerou em mim...”, pois o que vinha em seguida era não apenas um agradecimento, e sim uma descoberta de mim mesma. Quando ao final da apresentação Ana me perguntou uma palavra, eu disse “compaixão”, pois de longe foi o agradecimento que mais me fez chorar e o que eu mais fiz sem perceber. Agradeço à Amanda pela frase “Já estou tão acostumado a conviver com você que nem estou te estranhando aqui em casa”. Isso me deixou assustada, pois eu estava pensando a mesma coisa momentos antes dela falar. Botando no lápis, nós convivemos diariamente há quase um ano e não foi estranho estar na casa dela. A família dela foi tão receptiva que me senti em casa, obrigada por terem se tornado a minha família durante três finais de semana. Agradeço à Maria Gracinda por, enquanto fazia a experimentação final do nosso projeto, ter organizado com as crianças um pequeno sarau, e durante esse sarau leu o poema: No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade, e falou: “ Muitas pessoas na época ficaram perguntando do que se tratava a pedra no caminho de Drummond. Problemas? Amores? Até que um dia perguntaram ao próprio autor a que ele se referia e ele respondeu: É apenas uma pedra”. Na minha vida, passei por muitas pedras no meu caminho, muitas vezes me perguntei o porque daquelas pedras estarem ali e fazia uma tempestade em copo d’água, quando na verdade eram apenas “pedras”. Refletindo sobre isso agora, vi que no meu caminho haviam pedras, algumas eu deixei de lado, removi, outras contornei, mas a maior das minhas pedras, que foi o bullying, eu escalei. Isso gerou em mim que vão sempre existir pedras, mas cabe a mim decidir o que farei com cada uma delas.

Maria Gracinda

Participar desse projeto pela segunda vez foi extremamente enriquecedor. Amanda e Márcia desenvolveram várias atividades criativas e instigantes com meus alunos. Todas as vezes que elas chegavam em nossa sala, sabíamos que teríamos momentos de reflexão e conhecimento. Minha gratidão é para Ana Branco por mais essa possibilidade e às meninas queridas por mostrarem aos meus alunos uma visão da vida mais ampla e humana. Obrigada.

Disciplina: DSG 1002
Turma: 1AC
Professores: Ana Branco, Luis Vicente Barros, Luciana Grether, Maria do Socorro Calhau

e-mail: anabranc@puc-rio.br

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