Painel móvel da força coletiva, que faz escrever e
desenhar para trocar atenção e liberdade





Equipe:
Pedro Miguel Madlum Ribeiro Faillace
pdrfaillace@gmail.com

Grupo social:
Thaís de Fátima Bittencourt Barreto de Souza
tatacjc@hotmail.com

Escola Municipal Almeida Garrett
Av. Gal Guedes Fontoura 530 – Barra da Tijuca,
Rio de Janeiro, RJ


Resumo:

O projeto foi realizado na escola Almeida Garrett, que se localiza na Barra da Tijuca, com a professora Thaís Bittencourt, que dá aulas de português, matemática e ciências para o 5o ano de manhã, e também para uma turma do projeto “acelerando” no período da tarde. Thaís ensina aos alunos tais conteúdos, e ainda por cima precisa se equilibrar a fim de que todos ali aprendam também um pouco de história e geografia, matérias que não necessariamente estão interligadas à formação dela. A observação na sua aula me permitiu perceber que Thaís se esforça para que os alunos compreendam e saibam incorporar às suas vidas elementos básicos tais como saber se expressar na redação, realizar a tabuada, além de serem conscientes com as escolhas dentro do mundo que eles vivem. A intercessora mostrou aos alunos e a mim mesmo também, que todos ali possuem um potencial indispensável para crescerem juntos, e que cada um tem a força necessária para serem o que quiserem ser. A parceira ensina tudo isso mostrando aos alunos o uso de substantivos coletivos, para que eles percebam o quanto é importante que eles aprendam juntos em classe. Acompanhei também que todos ali são encorajados pela professora a libertarem o traço, é possível realizar o tipo de desenho que mais agrada à cada um, sem ter que pensar em certo ou errado. A partir do conjunto de palavras que compõe o universo vocabular de Thaís, reconhecemos como tema para o projeto: “Não pedir desculpas é desperdiçar alguém. O amor às diferenças existe quando crescemos, trocando liberdade e atenção.” Quando ela possibilita que os alunos desenhem com liberdade, Thaís explica que não existe certo ou errado para desenhar; as coisas as cores e as formas que quem desenha deseja que tenha. E nem sempre a turma aproveita de fato toda essa liberdade que a professora lhes possibilita, pois muitos dos alunos, copiavam os desenhos que viam no livros, e não colocavam pra fora sua real expressão, a forma como enxergam o mundo. Com o nosso partido adotado, vimos que era necessário incluir espaços para que todos os alunos pudessem ser incluídos, e sendo que pelo menos um recebesse o destaque para realizar ações. Foi importante compreender que era necessário se dar chances para qualquer aluno ser escolhido e ser capaz de realizar as atividades propostas, lhes dando responsabilidade e força. Foi importante também constatar que no nosso partido adotado teríamos que arranjar modos de fazer com que todos os alunos pudessem escrever ou desenhar em alguma espécie de superfície, para que assim ninguém pudesse ser desperdiçado. Thaís nos mostrou também, que é importante incluir espaços para realizar ainda a classificação de palavras, pois ela sente que a turma precisa se fortalecer neste assunto ainda. O que importava e funcionava mais mesmo com os alunos da Thaís era fazer com que todos agissem, deixando-os instigados a partir da curiosidade, sem que eles tivessem medo de errar, pois “o erro é uma coisa muito natural”, tal como a Thaís sempre falou. As propostas de texto feitas a partir dos desenhos que levamos para as aulas com os experimentos, permitiu que os alunos crescessem com liberdade, como também está na nossa frase, sendo que sempre que quando eles expressavam o que aprendiam com atenção e liberdade, nosso objetivo estava sendo alcançado. Ao perceberem que qualquer um podia ser escolhido para responder ou se responsabilizar por diversas atividades junto à Thaís, os alunos puderam perceber que eles poderiam torcer também pelos colegas de sala, o que fazia com que eles criassem expectativas positivas a partir dos outros também. Como protótipo final construímos um painel de brim azul marinho, que mede 60cm x 64cm, com 24 bolsos de pregas com 4cm de profundidade cada um na frente, a fim de receber placas revestidas de Eucatex laminado para permitir que os alunos possam desenhar ou escrever sobre substantivos coletivos, classificação de palavras, tabuada ou ainda outros assuntos do dia, que também podem ser apagados, por conta do tipo de material que recebe e apaga tinta de marcadores para quadro branco. Foram feitas 43 placas de desenho (que medem 15cm x 15 cm cada) para que cada um não seja desperdiçado e possa desenhar, e 8 placas de texto ( que medem 11,5cm x 21cm cada) para que cada um possa escrever conforme Thaís os peça ou não. Os painéis possuem capacidade para receber 8 placas de texto e 16 placas de desenho ao todo. Atrás de cada um, foram feitos bolsos que medem 24cm x 33cm para facilitar o transporte das placas. E entre os dois painéis, foram construídas três dobradiças de brim (que medem 4cm x 7cm) que possibilitam que o objeto possa ser usado e transportado em qualquer superfície e qualquer lugar da escola, uma vez que ele se sustenta. O material é usado para permitir mostrar aos alunos que todos ali possuem o potencial para desenharem ou escreverem o que quiserem. E tais atividades sempre acabam atendendo aos pedidos que a professora Thaís realiza em classe, para que cada um ali observe que se um pode fazer, é capaz que todos consigam também realizar qualquer coisa, em qualquer canto da escola Almeida Garrett.

Conclusão Pedro Faillace

Refazer projeto na barraca esse semestre foi uma aposta enorme que fiz comigo mesmo. Chegar em um lugar e refazer um processo que eu já conhecia, com pessoas que eu não conhecia, após não ter concluído o processo do semestre passado, devo admitir, foi um tanto quanto assustador. Eram muitas as incertezas, mas a certeza que eu tinha ao retornar, foi muito maior do que todas as incertezas que eu trouxe comigo: eu queria viver esse projeto, do jeito lindo que tinha que ser e que não foi no semestre passado. Fui até a Barra para procurar uma escola que não trouxesse nenhum tipo de burocracia que me impedisse de fazer projeto, e claro, uma parceira ou parceiro que quisessem muito viver essa experiência. Foi duro enfrentar um trânsito de pelo menos 1 hora quase que todos os dias durante a semana – para ir e voltar - para realizar as etapas de projeto segundo a metodologia que é necessária, mas, valeu demais a pena. Encontrei uma escola e uma parceira que realmente honra o nome que recebe: Thaís foi muito minha parceira, mais do que eu jamais poderia imaginar encontrar. E fazer projeto com ela, foi maravilhoso. Aprendi muitas coisas sobre mim mesmo a partir de tudo o que ela mostrava aos alunos, e a nossa frase-objetivo mesmo me fez muitas vezes perder horas pensando com o que significava “Não pedir desculpas é desperdiçar alguém” sem que isso estivesse ligado a um sentimento de resignação ou de se redimir para com o outro. Estava errado. Thaís me mostrou que eu posso sempre pedir desculpas a mim mesmo, eu sempre posso tentar de novo, e ela me mostrava sempre como tudo ficaria bem no nosso projeto. Comecei esse projeto em dupla, e sou muito grato pelos aprendizados que adquiri com ela, mas esse processo é muito maior do que qualquer nota que possamos vir a receber um dia, na minha opinião. Fazer projeto na barraca pra mim é troca, é viver um processo, é estar ali e sentir que as coisas que possam vir a ser construídas, possuem um significado, um sentido, além do comercial/industrial. É ter a mínima humildade de ouvir o outro e dizer que você realmente não sabe nada sobre o cotidiano que observa, mas ter a coragem, ousadia e força pra reconhecer que você quer aprender, quer construir, quer ser parte daquilo junto dele. É poder se maravilhar com a construção de um objeto que funciona no cotidiano que você observou, mas tem um componente vivo ali, tem emoção que você e a/o sua/seu parceira/parceiro depositam juntos. O projeto é meu e da Thaís, e não meu somente. Me sinto bastante impressionado com a capacidade de coisas que pude aprender esse semestre, e como consegui retirar forças de mim mesmo nos momentos mais inacreditáveis, mais improváveis dentro do tempo e planejamento que temos para o projeto. Tive vontade de chorar e entrar em parafuso algumas horas, mas vi que isso de pouco me adiantaria a vida e a produção dentro desse processo. Valia mais a pena pensar em alguma solução prática, alguma espécie de resposta que eu pudesse encontrar em alguma bobagem que eu fazia com minhas mãos, do que ficar simplesmente pensando e viajando em mil soluções filosóficas e hipotéticas, sofrendo e gastando minha energia vital com coisas que não valeriam a pena naquela hora. Por fim, posso dizer que projeto na barraca é isso: tem que querer muito, precisa ser muito forte e tem que saber que vai trabalhar muito, porque é só assim que descobrimos o real potencial da nossa força e das nossas habilidades para podermos fazer aquilo que quisermos na vida, seja lá com que idade for. Pelo menos, foi isso o que eu aprendi junto da Thaís, dos meus professores de projeto, e de todos os amigos incríveis que se predispuseram a encarar essa jornada junto comigo, estando eles dentro da barraca esse período, ou não. Só assim, eu consegui crescer com sinceridade, atenção e liberdade, igual aprendi com as crianças incríveis do 5o ano com as quais, convivi, e espero ainda reencontrar muitas vezes na minha vida.

Gratidão Pedro Faillace

Agradeço enormemente de coração à Thaís, por simplesmente ter acreditado em mim e no nosso projeto, por ter me dado força, por ter me capacitado não ter mais medo de errar, por me mostrar que as coisas iriam ficar bem a qualquer momento. Isso gerou em mim um aprendizado de que eu tenho potencial e capacidade de construir um trabalho individualmente ou em conjunto.

Conclusão Profa Thaís Bittencourt

O processo vivenciado para realização deste trabalho contribuiu significativamente para minha vida profissional e espero que para os alunos da PUC também. A experiência foi muito rica, deixando diversas possibilidades de trabalho e reflexões que surgiram por minha parte e sempre compartilhadas com os alunos. O empenho e a dedicação que os alunos da PUC demonstraram nesta parceria muito me chamaram a atenção, pois eles percebiam cada detalhe e características das aulas. Coisas que muitas vezes passavam despercebidas por mim e só depois de nossas trocas eu conseguia perceber. Esse olhar de uma outra área dentro do campo educacional fez toda diferença no trabalho que estou desenvolvendo esse ano. O projeto atendeu exatamente as minhas necessidades e da turma. Deixando as aulas mais atraentes e divertidas. E o principal resultado que para mim o julgo mais importante e que tinha mais dificuldade para atingir acredito ter alcançado por conta de todas as atividades que realizamos em prol do projeto. Hoje a turma encontrar-se mais unida, conseguindo realizar várias atividades coletivamente. E atribuo isto as experiências vividas através do projeto.

Disciplina: DSG 1002
Turma: 1AD
Professores: Ana Branco, Luis Vicente Barros, Luciana Grether, Maria do Socorro Calhau

e-mail: anabranc@puc-rio.br

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